The Cure escrita por Marie


Capítulo 7
Good Luck




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Mais um dia de trabalho, mais telefones para atender, contratos para assinar, agenda para cumprir e no fim, ainda ter que estar de bom humor para todo mundo. Isso tudo não estressava o Liam, mas o deixava cansado, afinal, já fazia isso há muitos anos e não tirava umas boas férias tinha tempo.

A cada mês, a empresa crescia muito mais do que esperado, estava há 30 anos no mercado e continuava a ser cobiçada por todos os cantos do país, mas ainda tinha muito a ser feito e Liam iria conseguir fazer da L.H. Investiments uma das maiores do país.

Liam sai do transe quando vê Heather entrar na sala. Ele a observa por alguns segundos. Ela estava como sempre esteve desde que começou a trabalhar lá. Ou vestia um vestido longo, ou uma calça não muito apertada, nunca com blusas decotadas, mas algumas dava para notar os seus seios avantajados. O corpo da Heather aparentava ser muito bonito e desde que Liam começou a nota-la, a beleza que ela tinha, estava tirando a concentração dele algumas vezes.

— Bom dia. – ela deseja e ele responde rapidamente e continua a observando.

Ele vê que Heather percebe a sua observação, mas não tirou os olhos dela. Liam não iria fazer nada, mas ainda queria descobrir alguma coisa apenas a observando, assim como conseguiu saber que, aparentemente, ela já havia sido estuprada ou passou por algo parecido durante um bom tempo, como a sua prima, que sofreu durante anos com o seu próprio pai.

— Deseja alguma coisa, senhor Harris? – ela pergunta, aparentemente já incomodada com a observação dele.

— Não. – ele responde. – E você? – Liam a ouve sussurrar alguma coisa, mas não conseguiu entender. – O que disse?

— Nada. – ela sorri gentilmente. – Não desejo nada.

Ele sabia que ela estava mentindo, mas não iria entrar nisso, precisava colocar em prática o seu plano de se aproximar da Heather. Estava determinado a conhecer aquela mulher, queria saber seus segredos e ajuda-la no que precisasse, só para saber como ela realmente era atrás daquela camuflagem que ela havia criado para disfarçar o que se passava.

— Podemos conversar, Heather? – ele pede e ela o observa por alguns segundos, parada.

— Sobre o que?

— Você. – ele vai direto ao ponto.

— Não tenho nada a dizer. – ela responde, tentando ser rude. – Pare com isso, Liam.

— E o que eu estou fazendo demais? – ele pergunta.

— Já pedi para você parar de tentar se aproximar de mim.

— E o que tem de errado nisso? – ele se levanta da mesa para ir até ela.

Se tinha uma coisa que ele não iria fazer, era desistir de se aproximar dela. Descobrir tudo o que ela escondia e se tivesse sorte, conseguir se envolver com ela. Ele não estava fazendo aquilo só para tê-la no fim, mas ele queria mesmo conhecer a Heather.

— É contra a minha vontade. – ela responde e senta-se, pegando o caderno de anotações em seguida.

— Eu só quero entender porque é assim, Heather. – ele diz assim que chega à mesa dela, eles se olham nos olhos.

— Não sei se já percebeu, mas eu sou assim desde que comecei a trabalhar aqui, não é agora que você está solteiro e a procura de alguma distração que eu vou parar de ser. – ela responde firmemente e Liam se surpreende com a resposta, chega a sorrir.

— E quem disse que eu estou tentando te fazer de distração?

Heather o encara, séria. Liam faz o mesmo e não tira os olhos dela. Ele iria conseguir o que queria, nem que demorasse semanas. O que o fazia pensar que conseguiria, era que em poucos dias, ela já conversava com ele, mesmo que fosse na tentativa de fazê-lo parar, antes disso, ela simplesmente o ignorava.

— Acha que sou idiota? – Heather se levanta.

— Seja lá qual for o seu medo, nem todas as pessoas que se aproximam de você, querem fazer coisas ruins. – ele espera uma resposta, mas ela não diz nada. – Vai me dizer o que se passa com você?

— Liam… digo, senhor Harris, eu não tenho nada a tratar com você sobre minha vida pessoal. – ela se senta novamente. – Não somos íntimos, não temos nenhum compromisso além do trabalho, então pare de cobrar algo que não é do seu direito.

Ele sorri com a resposta dela. Chegava a ser engraçado a forma que ela fazia de tudo para impedir alguém de se aproximar dela, claro que o motivo não devia ser uma coisa engraçada, mas era bem visível que ela precisava de alguém próximo, só que fazia de tudo para impedir que isso transparecesse.

— Eu sei que não. – ele suspira. – Aceita tomar um café comigo?

— Não. – ele ri com a resposta dela.

— E se for para conversarmos sobre trabalho? – ele continua insistindo.

— Não sei se você se lembra, mas ontem mesmo você disse que quando uma mulher diz não, é não. – ela o encara, como se estivesse o desafiando. Liam sorri.

— Jogando o feitiço contra o feiticeiro, Heather? – ele questiona.

Estava começando a ficar engraçado, não que a Heather estivesse errada, mas ele percebeu um certo tom de humor no falar dela e isso era o que estava o deixando mais intrigado ainda por aquela mulher, ele queria e precisava conhecê-la. Só tinha que achar um modo da Heather concordar em sair com ele.

— Não, senhor. – ela responde. – Só estou vendo que isso só funciona quando o homem não é você.

Heather volta a mexer nas anotações e começa a ignorar a presença do seu chefe ali.

Talvez ela estivesse mesmo certa, mas Liam conseguia ver que ela precisava de alguém para conversar, mas tinha medo disso, pois precisaria falar sobre si mesma e pelo o que ele vinha notando, essa era uma coisa que ela se recusava a fazer.

E agora, ele estava totalmente sem ideia de o que fazer para conseguir se aproximar daquela mulher, mas não significava que ele iria desistir.

Eu vou conseguir.

[...]

Mais um dia de trabalho estava chegando ao fim e nenhuma ideia plausível havia aparecido na cabeça do Liam. Infelizmente, ele não conseguiu tirar a Heather da cabeça durante todo o dia, o que o prejudicou em algumas coisas que precisava fazer e todos estavam notando a sua falta de atenção.

Se tinha alguém que conhecia o Liam, esse alguém era o Robert, seu amigo de longa data que assim que Liam herdou a empresa do avô, conseguiu um cargo importante ao lado do amigo. Os dois nunca haviam brigado e estavam sempre juntos e por isso, Robert foi o primeiro a adivinhar o motivo pelo qual o Liam estava de tal forma e assim que a última reunião do dia acabou e os dois ficaram sozinhos na sala, ele fez questão se já ir questionando o amigo.

— Qual é o nome dela? – Robert pergunta e Liam o encara, confuso.

— Do que você tá falando?

Era obvio que o Liam sabia ao que ele estava se referindo, mas não podia entregar o jogo tão fácil assim, afinal ele preferia deixar os planos de se aproximar da Heather apenas na sua mente e não sair espalhando para os amigos que depois de cinco anos tendo olhos apenas para uma mulher, outra conseguiu em poucos dias, roubar toda a sua atenção.

— Minta para qualquer pessoa, menos para mim, Liam. – o amigo responde e Liam ri.

— Não posso falar sobre isso ainda. – ele sabia que Robert não desistiria até saber se era mesmo isso que se passava com ele, então decidiu falar, mas sem revelar quem era a felizarda.

— Então ela existe mesmo. – Robert diz e ri em seguida. – Quem diria que seria tão rápido assim para se recuperar da Lydia, hein amigão? Tá de parabéns. – Robert dá dois tapinhas nas costas do Liam.

— Não estou com ninguém se quiser saber, só estou observando uma mulher… se eu vou chegar em algum lugar, eu não sei, mas logo terei a resposta. – ele responde.

— Bom, o importante é que não deixe essa mulher tirar seu foco aqui do trabalho.

— Está um pouco difícil.

Liam queria mesmo entender como Heather estava conseguindo fazer aquilo. Ela nem se quer, nunca, mostrou interesse por ele e continuava assim mesmo com ele tentando se aproximar dela. Tudo bem que ele, de início, não queria se aproximar dela para tê-la, mas ainda assim, queria poder estar ao lado dela.

— E quem é ela? – Robert pergunta.

— Se eu disser, você vai rir. – Liam estava tentando esconder, mas sentia a necessidade de compartilhar com alguém tudo aquilo, não conseguia guardar só para si que aquela mulher estava roubando toda a sua atenção.

— E por que eu iria rir?

— Heather. – é a única palavra que Harris diz.

Ele já esperava a reação de confuso do amigo, afinal, poucos ali dentro a notavam de verdade ou lembravam o seu nome, mas ele sabia que Robert lembraria quem era ela e, com certeza, faria alguma piada disso.

— A sua secretária? – Robert pergunta depois de muito tempo tentando lembrar-se onde já havia escutado aquele nome.

— Sim.

— O quê? – ele pergunta, ainda incrédulo daquilo. – Liam, pelo amor de Deus, aquela mulher antipática e antissocial? Tantas mulheres que só faltam se jogar para cima de você aí por fora e você quer ela?

— Sim. – ele responde com firmeza.

Liam sabia que aquela seria a reação do amigo, ou de qualquer pessoa que soubesse em quem ele estava interessado. Ninguém na empresa nunca havia tentado nada com a Heather, apesar de que quando os homens se reuniam para falar das mulheres, ela era uma das mais comentadas pela sua beleza, mas nenhum deles tentavam algo com ela, ou pelo menos, desistiram depois de levar muitos foras.

— Qual é o seu problema? – Robert pergunta.

— Um dia eu vou descobrir, mas agora… - Liam para por um instante e pensa na imagem da Heather. – Eu só quero conhecê-la.

— Tudo bem que ela é linda e tem um corpo espetacular, mas você está louco.

— Eu sei. – é a resposta dele.

— Boa sorte, meu amigo… boa sorte.

— É, eu vou precisar.

[...]

Assim que chega à sua sala, Liam vê a Heather arrumando as suas coisas. Ele confere a hora no relógio e se surpreende de que ela ainda estava lá. Heather costumava sair cedo e mesmo com muitas coisas para fazer, ela sempre conseguia terminar tudo exatamente às seis da tarde e ir embora as seis e meia, mas já eram quase oito e meia da noite e ela ainda estava lá.

Ele não sabia o que estava acontecendo, mas parecia que alguma coisa estava conspirando ao favor dele.

— Perdeu a noção do horário, Heather? – ele pergunta, já esperando uma resposta fria de volta.

— Eu só estava adiantando o meu trabalho de amanhã e esperando você chegar, eu precisava falar com você. – Liam, rapidamente, vira-se para ela, a esperança era a última que morria então ele podia ter um pouco, esperando ela aceitar o convite do café que havia feito mais cedo.

— O que quer falar? – ele pergunta, rapidamente.

— Eu sei que nunca te pedi isso, mas é que agora é um caso de emergência… - Liam já sabia que não tinha nada a ver com eles, mas ficou preocupado com a forma que ela falava. – Eu adiantei todo o trabalho de amanhã e está tudo em sua gaveta para não termos problemas, mas eu preciso faltar amanhã. – ela termina de falar e Liam a fita, confuso com aquele pedido.

Durante todo o tempo que ela trabalhava ali, aquela era a primeira vez que Heather estava pedindo para faltar. Ela era sempre pontual e nunca faltou com o seu compromisso na empresa, mas Liam não podia esconder que ficou curioso com tal pedido e que queria saber o motivo.

— Você nunca pediu isso, posso saber o motivo? – ele perguntou.

— Eu recebi uma ligação agora a pouco e minha mãe está no hospital, eu preciso visitá-la ainda hoje e se o senhor permitir, quero ficar com ela amanhã. – ela pede e Liam rapidamente assente.

— Por que não disse antes? É claro que sim.

Não era por ser a Heather, mas qualquer pessoa que pedisse aquilo à ele, ele deixaria. Afinal, para o Liam, a família era a base de tudo e independentemente da pessoa, ele permitiria ficar com a mãe.

— Muito obrigada. – Heather diz e sorri, um pouco tímida.

Liam sorriu de volta e os dois ficaram se encarando por alguns segundos. Era estranho para ele tudo aquilo, afinal, estava tendo uma conversa com a Heather, mas essa nem era a parte estranha, o que mais o deixou intrigado foi o que vinha sentindo sempre que os olhos dos dois se cruzavam. Ele não conseguia explicar a sensação, mas era algo estranho, porém, ao mesmo tempo bom. Algo como um pressentimento de alguma coisa, ele só não sabia o quê e nem o porquê de estar sentindo aquilo.

Ele fica observando Heather pegar as suas coisas e em seguida, caminhar para sair da sala, até que ele a impede.

— Você está indo para o hospital agora? – ele pergunta e Heather assente. – Como você vai?

— Vou pegar um táxi. – ela responde.

— Posso te dar uma carona, acho que vai ser difícil encontrar um táxi a essa hora nessa rua. – ele estava fazendo aquilo sem segundas intenções, queria mesmo ajudá-la.

— Não precisa, eu encontro um. – e como sempre, ela tenta afastá-lo.

— Faço questão, Heather. – ele diz e ela o encara. – Posso?

Liam não fazia ideia do que estava se passando na cabeça dela, mas, pelo jeito que ela o encarava, ele podia ter certeza que Heather estava tentando encontrar alguma maldade nele, mas ela não encontraria isso, afinal, Liam faria isso por qualquer um nessa situação, ele só queria ajudá-la, mas não podia negar que ficaria feliz em ficar alguns minutos ao lado durante o caminho.

— Não se acostume com isso. – ela diz e ele sorri, Heather continua séria e revira os olhos, saindo da sala e isso o faz sorrir mais ainda, porque sabia que ela estava tentando resistir a essa aproximação dele.

[...]

Eles ficaram em silêncio durante metade do percurso até o hospital, se fosse em outra ocasião, ele obviamente tentaria pensar em alguma coisa para conseguir se aproximar dela, mas por causa da situação que o levou a estar no carro com ela, ele não poderia ser um idiota e se aproveitar disso, iria respeitá-la.

— O que aconteceu com ela? – ele pergunta, quebrando um silêncio chato que estava rodeando os dois.

— Eu não sei, não a vejo a muito tempo. – ela responde, um pouco distante daquela conversa, com certeza seu pensamento estava em outro lugar.

— Como assim? – ele ficou curioso com aquela resposta.

— Eu não quero falar sobre isso, senhor Harris. – ela responde. – Só quero chegar logo.

— Tudo bem, me desculpe. – ele não diz mais nada.

Depois de pouco mais de três minutos, Liam para o carro em frente ao hospital e Heather se prepara para sair de lá. Ele queria ter intimidade o suficiente para poder ficar com ela lá, ele não sabia o que estava acontecendo, mas Heather não demonstrava estar nada bem.

— Se precisar de qualquer coisa pode me ligar, não hesite… por favor. – ele pede e Heather assente.

— Obrigada, senhor Harris! – ela diz, abrindo a porta do carro.

— Me chame de Liam, por favor. – ele pede e ela solta um riso descontraído.

— Obrigada, Liam. – ela corrige, olhando nos olhos dele.

— Por nada, Heather. – ele diz, com um sorriso simpático estampado.

[...]

Era inexplicável o que ele estava sentindo. Não conseguia encontrar palavras para descrever o que estava acontecendo com ele. Liam só conseguia pensar no quanto estava sentindo a necessidade de ajudar a Heather, de estar com ela e conhecê-la. Ele estava tentando lutar contra aquilo, mas alguma coisa estava o obrigando a não tirá-la da mente, a se sentir atraído por ela de uma forma curiosa, algo que nunca havia acontecido.

Ele não sabia o porquê, mas só queria obedecer aquela ordem que ele não fazia ideia de onde estava vindo e que o fez ficar pensando nela durante o resto da noite.

Eu vou me aproximar dela… ah, se vou.


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Notas finais do capítulo

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