O Casarão escrita por Aurora


Capítulo 1
O Começo do Romance


Notas iniciais do capítulo

E aí cupcakes? Essa é uma história um pouco mais arriscada que decidi postar. Por isso, comentem. Juro para vocês que responderei a todos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727803/chapter/1

PRÓLOGO

O COMEÇO DO ROMANCE

 

Vou contar-lhes uma história. E é meu dever adverti-los: Isso não é um romance qualquer. Não é mais uma das histórias que vocês estariam acostumados, e talvez contar-lhes o final não seja uma escolha sábia, já que pode ser que vocês não tenham estomago para ouvir a verdade. E acredite, ela dói. Destroça, mata. Meus dedos travam ao lembrar-me do que aconteceu, não parecem querer escrever uma história tão longa e intensa para um final tão doloroso.

Essa história não termina com um “felizes para sempre” tão pouco começa com o casal do qual contarei se encontrando em uma ocasião agradável. O ano e onde exatamente se passa a estória que lhes contarei não é de extrema importância. Apenas deixem-me guia-los para onde devem ir e garanto-lhes: vocês não sentirão falta de saber essas informações.

A nossa narrativa começa em um passado longínquo em um vinhedo em terras europeias de uma família um tanto quanto abastarda de bens físicos. O vinhedo e a casa do herdeiro da tal família estavam bem localizados, o lugar quase nunca passava por secas, as pestes nunca chegavam às vinhas e a natureza era majestosa ao redor. Um rio ao sul do casarão da família delimitava o começo das terras de tão generosa fartura. Era um rio nem muito grande, nem muito pequeno, ele era do tamanho ideal para um bom passeio em sua margem e para um banho em dias quentes. Sua nascente era ao leste, onde depois de alguns metros formava-se uma pequena cachoeira e após isso suas águas corriam para oeste até chegar ao mar.

O casarão era de dois andares, muito bonito e cheio de vida, assim como o casal que ali vivia junto de seus empregados. Viola e Valentin Montes eram seus nomes, e ambos eram apaixonados um pelo outro. Todavia não me cabe descrever este casal já que apenas um deles é o foco de minha narrativa. Porém vou dar-lhes um pequeno resumo de suas aparências e de seus relacionamentos com empregados e de um para o outro; Viola era loira, feições delicadas, um nariz ligeiramente arrebitado, boca rosada e olhos ternos de um âmbar maravilhoso. Sua pele era alva e se misturava com os vestidos de tons suaves que usava. Suas mãos delicadas tocavam instrumentos com uma facilidade que mais parecia estar os acariciando. Era sem dúvida uma mulher dócil e amável à primeira vista, todos se encantavam por ela. E talvez fosse por isso que ao conhecê-la Valentin ficou completamente apaixonado. Alto, forte, um homem realmente grande tanto em músculos como em bondade, olhos amendoados que escondiam certo mistério por de baixo das longas madeixas de um loiro escuro que caiam pela face. Filho de um senhor e uma senhora muito ricos da região que acabaram por falecer deixando-o como único herdeiro. Valentin odiava ter que cuidar da vinícola, mas amava cinco coisas naquele lugar: um longo banho no rio, cavalgar pelas terras que lhe pertenciam, a ama que o criou desde muito cedo e acabou por tornar-se uma mãe para ele, o piano da sala de visitas o qual ele tocava incansavelmente para o quinto item dessa lista, Viola. Ambos, Valentin e Viola, amavam a arte e foi assim que se conheceram, em uma faculdade de arte, que alias nunca terminaram, pois Viola acabou por ficar gravida de Valentin. E é mais ou menos nessa parte que nossa outra personagem principal entra na história, que por motivos que não seriam corretos de revelar, conheço bem melhor que os outros: Aurora A. Porter.

Aurora Angelina Porter era recém-formada em letras em uma faculdade na capital, e devido ao fato de ser mulher, não havia muitos empregos dos quais gostasse, e muito menos queria ficar noiva. Sua única e verdadeira paixão sempre fora os livros. E por isso acabou por tornar-se educadora. Seu plano era cuidar de uma ou talvez duas crianças, e em dois anos mudar-se para França. Claro que o plano da senhorita Porter foi atrapalhado quando a mesma recebeu um convite de Tia Isabela, como esta a conhecia, para trabalhar na casa dos Montes. Seria tutora do filho que estava para nascer do jovem casal.

Aurora apesar da personalidade forte para uma mulher daquela época e certamente a inteligência avantajada, tinha outros atributos físicos que nem mesmo todas as qualidades que para época eram consideradas defeitos afastavam os homens dela. Tinha longos cabelos ondulados morenos, pele pálida, olhos tão escuros e cheios de brilho quanto o céu estrelado a noite, sua boca era avermelhada e um pouco maior que as das demais moças da época, um nariz arredondado e um rosto com traços delicados. Claro que o rosto não era o que mais chamava atenção para os rapazes. A senhorita Porter tinha uma cintura fina, um quadril e seios avantajados e realmente usava roupas um tanto quanto “decotadas” para a época. Ela obviamente atraia olhares; tanto de cobiça, pela parte dos homens, tanto de raiva, por parte das mulheres.

—Bom dia senhor Hans! – cumprimentou Aurora ao entrar na carruagem que a esperava a porta. Tia Isabela como sempre era atenciosa o bastante para mandar lhe buscar a porta de casa, para sua surpresa e gratidão, já conhecia o senhor que estava buscando-a.

—Um belo dia senhorita! – o senhor respondeu sorridente para a dama pela janelinha que havia para o cocheiro e o passageiro se comunicarem. – Como está nessa manhã? Parece alegre e jovial. – ele ressaltou mirando a moça de dezenove anos.

—Sim, sim! Estou satisfeita! Mais dois anos senhor Hans! Dois anos e estarei na França! – ela disse sorrindo.

—Vejo poucas jovens preocupadas em viajar em sua idade. A maioria se preocupa em arrumar um bom pretendente.

Aurora bufou.

—Ora Hans! Até parece que não me conhece! Não ligo para noivo, tão pouco para casamentos! Meu único interesse sempre foram os estudos. Quero algo mais do que isso. Algo mais amplo. Mais que uma vida enfurnada em uma casa, cozinhando para um marido que provavelmente sai todas as noites para se divertir em um cortiço! – Aurora disse aquilo enquanto o senhor a olhava sorridente.

—Sabe senhorita... Se eu tivesse uma filha, e consequentemente uma neta iria querer que esta fosse igual à senhorita. – Hans riu-se.

—Está mentindo! – a garota arqueou a sobrancelha. – Nem mesmo as mulheres gostam de meus modos! Tudo porque não me comporto como “uma verdadeira dama” – Aurora deu ênfase à frase piscando exageradamente os olhos e olhando para cima. – Oh não! Porque uma dama de verdade não lê a mesa. Uma dama de verdade não retruca os homens. Uma dama de verdade não deveria duelar.

—A senhorita é uma verdadeira dama e faz tudo isso. – o senhor disse em um tom carinhoso, quase de pai. – A senhorita lembra-me muito minha falecida esposa. Ela também era difícil, porém foi a mulher mais encantadora que conheci, menina. Foi e ainda é o amor da minha vida. Por isso te digo senhorita Porter: Não há nada de errado em ser como a senhorita, os outros que são bobos de não verem o quanto sua cabeça é mais impressionante que sua beleza.

Aurora sorriu envergonhada.

—Adoro o senhor, senhor Hans. – ela suspirou por um momento. – Queria ser parente do senhor, lhe juro.

—Eu também lhe adoro senhorita. Afinal, são anos te levando para cá e para lá para termos afeição um pelo outro. – o homem respondeu sorrindo. – Já estou por demorar muito, seu trabalho a espera.

—Sim senhor Hans, o senhor tem razão, se não se importa lerei durante o trajeto. – Aurora informou o senhor que sorrindo apenas concordou.

—E quando a senhorita não lê durante um trajeto? – depois dessa pergunta retórica o homem estalou as rédeas, e os cavalos começaram a andar.

Aurora sorriu, abriu o livro e põe-se a ler. O novo trabalho parecia fácil. Quer dizer, ser dama de companhia de uma criança? Não parecia um desafio muito grande.

“Senhor e senhora Montes” eram os remetentes da carta de boas-vindas ao trabalho, ao que parecia, tinha sido redigida pela mulher.

—Bem... – Aurora suspirou. – Vai ser uma aventura.

***

Após a travessia de uma ponte e algumas dezenas de metros de uma paisagem verdejante a carruagem parou em frente de um lindo casarão. A garota admirava a casa pela pequena fresta da cortina que cobria a janela da carruagem.

—Chegamos senhorita. – o senhor sorriu pelo pequeno buraco em que se comunicava com os passageiros. Aurora sorriu de volta.

—Sim, percebi, já tinha visto um lugar mais bonito? – perguntou ao homem. Este negou.

—Nunca, senhorita. – o senhor respondeu momentos antes de um servo abrir a porta da carruagem e estender a mão para a garota. Esta a aceitou radiante. Descendo os degraus da carruagem com sua pequena mala de mão e parando por alguns minutos para observar seu novo local de trabalho. Foi então que se deu conta que seus novos patrões estavam a sua espera.

E foi nesse momento que o casal do qual contarei sentiu algo especial pela primeira vez. “Um homem muito bonito” pensara Aurora, uma beleza singular e um olhar doce que penetrava a alma. E sem saber o motivo, aquele rapaz a cativou imediatamente. Igualmente posso falar de Valentin, que além de reparar na beleza da senhorita que acabara de descer da carruagem, notou que havia algo diferente na menina, o jeito de sorrir, de agir, de ser e sentir, bem diferente das outras damas da época.

Viola também parecia estar encantada com sua nova empregada. Cumprimentou-a e logo se encheu de risos e alegria junto com Aurora.

—Bem-vinda senhorita Porter. – disse Viola sorridente. – Devo dizer, estava muito ansiosa para te conhecer.

—Bom dia, senhora. – Aurora respondeu cordialmente sorrindo. – Senhor. Fico muito feliz em conhece-lo. – com um aceno leve de cabeça (coisa da regra de etiqueta que Aurora não suportava) ela o cumprimentou.

—Babá. Assim o deveria. – o homem disse rígido e arrogante fazendo o mesmo movimento com a cabeça. Foi um erro chamá-la assim e daquele jeito petulante. Aurora virou-se e voltou a fitar sua patroa no mesmo segundo com uma cara que expressava sua insatisfação com a resposta grosseira.

—Estava ansiosa por conhecer os meus novos patrões. Fico extremamente feliz que a senhora queira minha ajuda.

—É obvio que quero! Sinto-me solitária aqui... – Viola disse sorridente. – Ah, que grosseria, deixe-me apresentar a casa. Por favor, entre.

Convidou ela ando espaço para que a garota entrasse com sua pequena mala.

—Quer que eu... – Valentin estendeu a mão para pegar a maleta.

—Não. Prefiro que esta fique comigo.

—Que seja.

Assim, Viola foi guiando a garota pela casa. Passaram pela cozinha, onde a Ama cozinhava algo com um cheiro maravilhoso nas panelas, e na sala o piano era o que mais chamava a atenção, os jardins nem se fala, e o atelie era simplesmente divino. Por fim a dona daquela imensa casa lhe apresentou seu quarto, explicando detalhadamente todas as ideias que tinha, como se sentia e quais seriam suas funções. Valentin não as acompanhou. A senhora Montes era mil vezes mais receptiva e Aurora pode perceber isso nas primeiras semanas que passara com o casal.

Viola logo cedo estava acordada, ou na cozinha conversando com os empregados ou em seu atelie  tocando alguma música doce que fazia qualquer um sorrir.

Valentin por outro lado sempre estava fora. Pouco se mantinha dentro de casa, devido ao fato de ter que administrar o vinhedo e suas terras, já que seus pais haviam falecido recentemente. Só chegava a noite, perto da hora do jantar, quando beijava sua esposa e ia direto para o escritório para depois descer e comer junto com a sua família.

Algo curioso nos Montes era o fato dos serviçais se sentarem a mesa com os patrões. Logo, Aurora acabou por ficar a esquerda de Viola na mesa.

—Os senhores não se importam? – Aurora não resistiu e perguntou na terceira noite na casa dos Montes, curiosa sinalizando para a mesa. Valentin pareceu sorrir com a pergunta.

—Por que nos importaríamos? – perguntou Viola.

—Bem... – começou a garota. – Nunca tinha visto uma família da alta sociedade fazer isso. Até mesmo minha família, que boa parte mudou-se para a Nova Inglaterra, não o faz.

—Se quiser, pode servir-se depois que acabarmos. – respondeu Valentin seco.

—Ora Valentin! – ralhou Viola. – A garota só está perguntando. – depois se virando para a garota explicou. – Na minha casa também era assim. Sempre me posicionei contra tal atitude e graças ao bom Deus, meu marido também odeia essa regra, sendo assim, aqui empregados comem conosco. – ela explicou.

—Que maravilha! – Aurora exclamou rindo juntando as palmas das mãos enluvadas. – Realmente encantador! Sabe... Eu sempre fui contra essas regras tolas! – ela disse olhando de Viola para a Ama muito animada. Aurora insistia em ignorar a presença de Valentin devido a grosseria. Porém acho que esse fato chamou a atenção do homem e este respondeu novamente:

—Já que estamos todos de acordo agora, podemos comer? – ele perguntou ainda seco. – Gostaria de aproveitar essa noite com a minha esposa. – ele olhou amoroso para Viola.

Aurora e Viola se entreolharam e sorriram, embora Valentin fosse no mínimo grosso em relação à Aurora, este claramente amava a esposa, e isso enchia Aurora de felicidade, pois já considerava Viola como uma das mulheres mais inteligentes e doces que já havia conhecido. Quase como uma amiga.

—Como queira, senhor. Vejo que pelo jeito que come, está realmente muito apressado. – respondeu a senhorita Porter com um tom de petulância que fez uma das serviçais rir de leve e Viola sorrir novamente.

Afinal, para a época, onde uma mulher mal falava para expressar sua opinião, retrucar um homem era um ato inaceitável.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que achou? Ficou bacana? Deixe seu review e acompanhe a história! ♥
Beijinhos amorecos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Casarão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.