"Ai meu braço!", seguido de uma gargalhada.

Essa foi a cena que eu vi indo trabalhar, numa manhã ensolarada de quarta-feira. Duas crianças numa calçada com rampa usando cada uma um skate para descer. Uma deles, ao escorregar, caiu do brinquedo e bateu com o braço na parede, exclamando em meio a risadas, "ai meu braço". Os dois meninos levantaram, pegaram seus skates e foram descer novamente a rampa.

Se fosse um adulto, na nossa perspectiva encararíamos a parede com raiva por ter nos machucado, reclamaríamos inúmeras vezes e desistiríamos da brincadeira brutal.  Ainda bem que eram crianças...

Passei pela calçada e eles continuaram a brincadeira, rindo como se tudo estivesse bem. Para eles, estava tudo bem. Continuei minha caminhada, vi dois senhores (idosos) andando de bicicleta. Um vinha e o outro ia. Um de máscara; o outro, sem. Pensei "por que eles não ficam em casa? Eles precisam ficar em casa!". Só pensei. 

Continuei minha caminhada, o sol estava suave sob a pele, o clima fresco. Duas mulheres jovens estavam vindo em minha direção, ambas com roupa de academia, estavam suadas; deveriam ter corrido, imagino eu. Conversavam naturalmente, como se estivesse tudo bem. Para elas, talvez estava tudo bem. 

Ao chegar próximo ao meu trabalho, um jovem gastava água lavando o carro. Achei desnecessário, pois não se está podendo ir para muitos lugares, para mim, era um desperdício de água e, confesso que nessa calçada, eles deixam a mangueira aberta na calçada como se não houvesse o amanhã, mas deixarei essa minha indignação para outro escrito.

Alguns vizinhos conversavam entre si nas calçadas de suas casa. Tudo parecia bem. Mas ainda acho que aqueles senhores (idosos) deveriam estar em casa, porque para eles, não estava tudo bem. 

Aliás, poderia começar a ficar bem se quem está no "grupo de risco" obedecesse.