A Vampira e o Tenor escrita por Nívea Raimundo


Capítulo 17
Quase




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—E agora? Qual quarto será o dela? – indagou Gian olhando para as portas do andar onde descobrira ser o de Jane quando ele e Ignazio viram o elevador que Piero pegara parar.

—Não vamos sair batendo porta por porta também, já pensou o que pode sair de dentro de uma delas. – zombou Ignazio, encostado na parede. –É melhor nós voltarmos e amanhã a gente fala com o Piero. Ou você acha que essa noite ele vai dormir mesmo no quarto dele?

—Tem razão. Eu só estou preocupado com ele, e por nós. Não acho que vai ser saudável essa relação dele com a Jane – sussurrou Gian, com medo que alguém escutasse, e então dando os ombros – Mas ele é adulto né, a vida pessoal dele ele que sabe.

No momento em que Gian e Ignazio se viraram para pegar o elevador, Christopher saía de seu quarto, acabando por quase trombar com os meninos. Com um sorriso enigmático, o vampiro cumprimentou os dois rapazes, perguntando se eles haviam se perdido naquele andar. “Ahn, é estamos dando uma volta...”, respondeu Gian, mas quando ele e Ignazio tentaram seguir caminho, Christopher continuou bloqueando o caminho propositalmente.

—Eu acho que vocês vieram procurar pelo terceiro Il Volo. Ele está no quarto 413, mas eu não interromperia para não cortar o clima, entendem. – respondeu Christopher como se estivesse contando uma piada que deveria ser censurada, tirando apenas sorrisos amarelos dos meninos.

—Obrigada pela dica, mas nós já estamos de saída. Até uma próxima. – se despediu Ignazio, puxando Gianluca e se desvencilhando de Christopher, mas antes de chegarem ao elevador, num piscar de olhos eles estavam com o caminho bloqueado novamente. – Che? O que você quer, cara?

Fixando o olhar com o de Ignazio e de Gianluca, Christopher tentou compelir os cantores a seguirem ele para o quarto, porém falhando na ação devido à forte proteção que Piero carregava e que protegia sua família e amigos contra as ameaças sobrenaturais. “Você é muito estranho, se não sair do nosso caminho eu vou chamar seguranças do hotel”, ameaçou Gianluca, pegando o celular para discar para Barbara, porém deixando o celular cair no chão quando ele voltou a olhar para Christopher, que revelava aos dois sua natureza. “Ma che cazzo...”, exclamou Ignazio enquanto ele e Gian recuavam. Se divertindo com medo que estava provocando nos cantores, Christopher rosnou, fingindo que iria atacá-los, o que fez com que os meninos gritassem e corressem para bater no quarto 413.

De dentro do quarto, Jane e Piero ouviram a gritaria e se assustaram quando ela continuou junto à porta, acompanhado de várias batidas desesperadas pedindo por socorro. Enquanto Piero se vestia o mais rápido possível, Jane em sua super velocidade vestiu apenas um robe e foi atender a porta, quase sendo atropelada por Gian e Ignazio que entraram no quarto, eles mesmos fechando e trancando a porta.

—Gianluca e Ignazio! Che cazzo estão fazendo aqui? – perguntou Piero, terminando de vestir apenas a calça, ficando sem camisa.

—O... o, aquele cara, ele, ti-tinha olhos vermelhos, dentes... rosnava...- tentou contar Ignazio, olhando de Piero para Jane, e então um detalhe em Piero o fez olhar para o amigo novamente – Piero, que é isso no seu pescoço?

Automaticamente Piero levou a mão ao pescoço, sentindo a mordida recente, e olhando para Jane, pedindo ajuda. Jane retribuía o olhar confuso também, enquanto segurava a raiva de sair do quarto para arrancar o coração de qualquer um dos outros três vampiros que havia se revelado para Gian e Ignazio. Pigarreando, Jane chamou a atenção dos três para ela.

—Quem tinha dentes proeminentes e rosnou para vocês, meninos? – perguntou a vampira, tentando soar tranqüila e confiante para acalmar Gian e Ignazio.

—Aquele que estava com você no saguão. – respondeu Gian, bagunçando seu cabelo imaculado. – Eu sabia que tinha algo estranho, mas, mas...

—Tinha que ser aquele... – exclamou Piero, dando um soco na parede e se posicionando ao lado de Jane – Eu podia enfiar uma estaca nele agora.

—O que você disse? – perguntou Ignazio com um tom de voz agudo, sentindo que seu cérebro estava girando.

—Oookaay. Piero termine de se vestir enquanto eu me visto no banheiro, ok? – pediu Jane, dando um selinho rápido no tenor e então se virando para Gianluca e Ignazio – Tem água no frigobar, e algo mais forte se vocês quiserem. Eu já volto.

Recolhendo as roupas do chão, Jane se trancou no banheiro para se vestir enquanto pensava no que fazer. Queria matar Christopher, nisso concordava com Piero. Se revelar daquela forma para os outros dois membros do Il Volo era arriscado, poderia significar um tiro no pé para a relação dela com o Piero. Se olhando no espelho, e terminando de se vestir, a vampira tentou raciocinar com calma, chegando à única solução que a situação pedia.

Saindo do banheiro, Jane sorriu para os três rapazes ao perceber que eles haviam decido se servir de algo mais forte que Jane tinha no frigobar. Piero, vestido também, prontamente ficou ao lado de Jane novamente, apertando a mão dela, comentando que não havia entrado em detalhes com os amigos, que havia preferido esperá-la. Acariciando o rosto de Piero, Jane se voltou para Gian e Ignazio, que a olhavam com receio e expectativa. A vampira foi então até seu celular e mandou uma mensagem para a Gaia, ainda não se pronunciando para os rapazes.

“Eu preciso que o Piero seja capaz de tirar a pulseira por uns minutos”, enviou Jane, logo sendo respondida com um questionamento do motivo do pedido. “Um acidente de percurso com os dois outros do Il Volo, preciso compelir eles a esquecer o que aconteceu. Mais seguro assim.”

“Se eu fizer isso, posso abrir uma brecha desconhecida para essa proteção, tem certeza?”, respondeu Gaia com outra pergunta, iritando a vampira.

“Se fosse tão seguro, eu teria conseguido morder o Piero durante... você sabe.”

Gaia não respondeu prontamente, o que deixou Jane aflita. Gian e Ignazio tentavam convencer Piero a dizer o que estava acontecendo, e sabia que a pressão poderia fazer com que o Tenor desse com a língua nos dentes. Jane voltou sua atenção ao celular quando ouviu o som da notificação de mensagem.

“Não tenho resposta para sua pergunta. Mas seu pedido está feito por sua conta e risco.”, respondeu Gaia, e Jane finalizou a conversa agradecendo a bruxa. Se voltando para os rapazes, Jane puxou Piero de lado, pedindo um segundo para Gian e Ignazio.

—Eu preciso que você tire a sua pulseira. – pediu Jane.

—Mas, e o feitiço que a bruxa fez para que nem eu conseguisse... – indagava Piero, sendo interrompido por Jane enquanto ela mostrava as mensagens que trocara com Gaia. – Entendi. Tudo bem.

Piero olhou para sua pulseira protetora, a que se destacava dentre as demais que usava, e bastou tocá-la para que magicamente seu feixo se abrisse, e ele sentisse como se de repente uma bolha tivesse se estourado. Voltando-se para Gian e Iganzio, Jane fez com que os dois olhassem para ela e fixassem seus olhares no dela, assim que sentiu eles presos, Jane começou a entoar. “Vocês vão esquecer o que viram, que Christopher tem presas e que o Piero tem uma mordida no pescoço, vão deixar de suspeitar de qualquer coisa a respeito de nós. Agora vocês vão sair daqui e no momento que saírem pela porta, vocês se lembrarão apena que vieram até meu andar, porém desistiram de encontrar meu quarto, e voltaram para os seus. Podem ir.”

Assim que Jane terminou, Gian e Ignazio automaticamente saíram do quarto, tendo a memória apagada sobre o que aconteceu. Pedindo que Piero esperasse, Jane foi até o banheiro, pegando um fraco de shampoo do hotel. A vampira esvaziou o frasco e o lavou até tirar qualquer resíduo do produto para substituí-lo por seu próprio sangue.

—Você colocou a pulseira de volta? – perguntou Jane, e Piero lhe mostrou o pulso com a pulseira novamente em seu lugar.

—Da mesma forma fácil que se abriu, ela se fechou – respondeu Piero, puxando Jane para abraçá-la. – Obrigada pelo que fez. Eu não saberia como lidar com os dois se eles soubessem da verdade.

—Era o certo a fazer, mas isso pode te colocar em risco. Por isso quero que carregue isso com você. – pediu Jane, colocando o frasco nas mãos de Piero, surpreendendo o tenor com seu conteúdo. – É sua decisão tomar ou não. Só quero sentir mais segurança se eu souber que você pode ter essa opção.

Piero não sabia o que responder a respeito, porém guardou o frasco no bolso. Apesar de estar se relacionando com uma vampira, ele mesmo não havia pensado na possibilidade de se tornar um, e provavelmente nem Jane havia pensando nisso até então. Eles apenas se abraçaram e voltaram a se beijar com maior urgência, querendo voltar para a bolha onde eles estavam submersos antes de serem interrompidos.


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