A Dama de Ferro e a Garota de Aço escrita por Anne Espario


Capítulo 8
Capítulo 8 - Morte


Notas iniciais do capítulo

Vamos para um novo capítulo, boa leitura.



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                                                 — Kara —

Trazer mais um homem a ilha sem a autorização da rainha não era certo, eu sabia disso e nós iríamos ouvir coisa desagradáveis por nossa atitude desrespeitosa. Eu sentia que apenas estávamos arranjando mais um motivo para nos preocuparmos. Mais um motivo para deuses assassinos virem atrás de nós.

— Devia ter me deixado para trás, amazona. — Hermes murmurou enquanto Lena o carregava.

— Certo, sangrando do meio do nada. Parece um destino pior que a morte. — Pela primeira vez olhei para a mulher que carregava o filho de Zeus, ela olhou para Lena com indignação.

— Ei, era minha casa! — Seu tom ofendido fez com que Kate risse.

Caminhamos mais um pouco pela praia na direção em que estavam o outros, notei que movimentos furtivos surgiam ao nosso redor.

— O que paira entre as pernas dele polui meu nariz. — Uma amazona mostrou-se vinda da escuridão. — Talvez eu deva pegar minha espada e separar a ofensa do ofensor. Deixa-la para encolher e murchar na areia. — Lena colocou Hermes ao chão, ele encostou-se em uma árvore.

— Tente e fique certa de que irei separar sua alma dos vivos. — Lena fez um movimento com a mãos e a mesma lança que a vi matar o demônio surgiu, eu não me acostumava com aquilo.

— Como você ousa? — A mulher indagou furiosa preparando-se para sacar sua espada. Kate e eu permanecíamos atentas.

— Vocês duas parem agora! — Hipólita apareceu no momento certo.

— Rainha... — A mulher recolheu sua arma, Lena não fez o mesmo permaneceu com a lança em posição de ataque.

— Em que confusão você se meteu agora? — Hipólita indagou mais como uma mãe preocupada do que como uma rainha.

— Me desculpe, tia. Eu tive que trazê-lo. — Lena enfim livrou-se de sua lança.

— Você e seu bom coração ainda vão nos levar a morte. — Hipólita aproximou-se e olhou para Hermes. — Ao menos é um os descentes. — Ela proferiu as palavras com certo desdém. Hermes permaneceu em silêncio.

Novamente estávamos caminhando em direção a cidadela. Dessa vez eu carregava Hermes. Kate e Lena caminhavam lado a lado, escolhi ficar um pouco para trás.

— Essa tarefa que vocês assumiram... — Lena não deixou que a rainha terminasse.

— Ainda não tenho certeza se a assumimos. — Eu prestava atenção na conversa delas. A mulher que resgatamos andava ao meu lado.

— Isso é bom, caso aceite Apolo e Ares não serão seus únicos problemas, Hera também é conhecida por adorar matar bastardos. — Hipólita olhava para Lena com preocupação. Ela sabia que estavam sendo estregues para ela mais fardos do que podia carregar.

— Nós não podemos deixar essa garota a mercê da sorte. — Kate pronunciou-se pela primeira vez, ela apenas olhava para Lena. Sua máscara estava em suas mãos, e o vento fazia com que seus fios ruivos dançassem, eles pareciam chamas na escuridão da noite.

— Você tem razão. — Lena concordou com Kate para o desespero de Hipólita.

— Que piração minha vida se tornou, passarinho. — A loira ao meu lado dirigiu-se a Hermes.

— Seja gentil, ao menos me chame de deus pássaro. — A loira deu de ombros. — Posso te perguntar uma coisa? Quando Zeus vai seduzir mulher, ele toma uma forma que vá agrada-la. Que forma ele tomou para seduzi-la? — Até eu fiquei curiosa a respeito daquilo.

— Um motorista de caminhão. — A mulher comprimiu o rosto em uma careta. — Ou o zelador da piscina, ele poderia ser de uma banda punk... espero que tenha sido esse cara. — Ela levou as mãos à cabeça um tanto envergonhada.

— Aparentemente Zeus não teve que tomar uma forma muito exótica, para lhe cobrar seus favores. — O deus pássaro sorriu.

— Eu gosto de homens, passarinho. E não vou me desculpar por isso. — A resposta veio rápida e precisa.

— E nem deveria se desculpar, mas nessa ilha você deve manter toda essa história para si mesma. — Ela foi advertida e assentiu. Finalmente estávamos chegando. Eu já podia ver as tochas acessas na cidade.

Era difícil para mim ver como Kate e Lena tinham um elo, agora mais difícil ainda sabendo que elas tinham um filho. Esse vínculo se tornava mais forte e verdadeiro, um ciúme infantil surgia em mim naquele momento. Algumas amazonas chegaram até mim e levaram Hermes para ter cuidados médicos.

— Ei... — Lena aproximou-se de mim sem que eu ao menos percebesse, virei-me para ela. O que eu deveria dizer? — Você está catatônica aqui, olhando para essa parede há mais de vinte minutos, o que houve? — Balancei a cabeça à procura de um pouco de consciência.

— Nada, eu só preciso descasar. — Ela me olhava intrigada, eu me perguntava porque ela não abria o jogo a respeito do antigo relacionamento que teve com Katherine.

— Se você precisar conversar sobre o que houve hoje, eu estou aqui. — Eu não estava escutando e nem prestando atenção a nada, apenas sai andando. Era muito o que processar.

Tarde da noite senti Lena deitando-se ao meu, quis falar algo, mas nada me veio à cabeça. Fingir estar dormindo me pareceu a melhor opção, ela abraçou-se e encaixou sua cabeça em meu ombro.

— Eu sei que você está acordada. — Ouvi seu sussurro.

— Como você aguenta todas essas mentiras e brigar internas? — Acariciei seu braço.

— Eu acho que me acostumei. — Lena limitou-se a uma resposta óbvia.

— Você teve um filho com Kate, porque você escondeu isso de mim? — Aquilo foi gatilho para ela, vi Lena sentar-se na cama rapidamente e olhar para mim assustada.

— Quem te disse isso? — Ela indagou quase furiosa.

— Não importa, o que importa é que você continua escondendo coisas de mim. — Foi minha vez de sentar. Lena levantou-se por reflexo.

— Isso não importa, Jacob foi há muitos anos atrás, ele se foi. — Lá estava ela se fechando para mim novamente.

— É claro que importa! Ele era seu filho, ele foi fruto de um relacionamento duradouro com uma mulher que você amou muito. — Fiquei de pé e andei até Lena. — E essa mulher está aqui e ainda parece te amar, ela te ama da maneira menos egoísta que eu já vi. Você ainda ama ela? — Lena cortou nosso contato visual. — E eu sinto que tem mais coisas, o que mais você está escondendo de mim? — Ela afastou-se.

— Olha, eu estou tentando manter sua consciência limpa, tentando manter você longe de pesadelos intermináveis, acima de tudo, eu estou tentando manter suas mãos puras... porque uma vez que você suja suas mãos de sangue e começa a mentir, isso nunca para, Kara. Eu não quero que isso aconteça com você. — Lena segurou minhas mãos, eu ainda tinha um misto de raiva e ciúmes em mim, mas ela falou aquilo de maneira tão verdadeira. A abracei.

— Vamos voltar para cama. — Ela assentiu.

A noite correu bem, Lena teve um sono agitado, mas ao menos dormiu um pouco. Eu me perguntava o que passava na cabeça dela. O que já havia acontecido, eram tantas perguntas, eu esperava um dia obter resposta. Fui tirada do meu sono antes do dia amanhecer com pancadas na porta. Aquilo não podia ser coisa boa.

— O que foi? — Abri a porta ainda zonza.

— Ares está liderando ataques por todo o mundo. Nós temos que ir. — Lena despertou ao ouvir o nome de Ares. Alex correu em direção a Jonn depois de me dar a notícia.

Meu coração bateu freneticamente, eu podia ouvi-lo. Algo de ruim podia acontecer, eu sentia. Depois de minutos breves de discussão decidimos que Jonn, Alex e Winn ficariam na ilha para proteger Zola, a mulher que carregava o filho de Zeus, as amazonas se comprometeram a ajudar. Nós estávamos tomando decisões rápidas e descuidadas, estávamos despreparados.

— Nós temos que equilibrar as equipes. — Maggie sentou-se frente a mim e Lena. — Kara e Kate vocês vão para a Grécia e Lena e eu para Londres, nos encontramos de 12 horas na Espanha. Lembrem-se, nada de decisões precipitadas. — Todas concordamos com aquele plano.

— Se despeçam, por via das dúvidas. — Kate falou aquilo, como se fosse fato que uma entre nós quatro fosse morrer. Lena caminhou até ela quase que por instinto Maggie veio até mim.

— Não deixe nada acontecer com Kara, por favor — Lena sussurrou no ouvido de Katherine enquanto a abraçava.

— Não se preocupe a Barbie intergaláctica vai volta a salvo. — Kate encerrou o abraço.

— Nossa principal missão é tirar os civis de lá, meninas. Não esqueçam disso. — Maggie se mostrava uma ótima líder, ela se fazia ser ouvida.

Por fim Kate e eu embarcamos em jato da família Kate e Lena e Maggie em um da família Luthor. Meu estomago revirava, eu não me sentia bem. Tudo estava acontecendo muito rápido, Kate sentou-se ao meu lado. Ela não era boa com palavras, mas só pelo fato de estar ali me fazia sentir melhor.

— Me desculpe... — Sussurrei como uma criança mimada.

— Pelo quê? — Kate me olhou curiosa.

— Por sentir inveja de você, as vezes acho que Lena ama mais você do que a mim. — Um sorriso de canto surgiu no rosto de Kate, ela acomodou-se e ficou frente.

— Luthor e eu temos uma história, mas isso é passado, um passado muito bonito, mas hoje em dia eu não a amo como minha esposa e sim como uma grande amiga. — Aquela era a primeira vez que Kate falava comigo sem provocações. — Além disso, eu tenho alguém. — Ela proferiu as palavras de forma apaixonada, eu não sabia que ela era capaz disso.

— Senhoritas, prontas para o salto? — O piloto nos chamou.

Iriamos saltar em Atenas, ela era uma das capitais mais afetadas pelos ataques. A cidade toda estava em vermelho, eu não sabia por onde começar a ajudar.  Civis corriam em nossa direção logo que nos avistavam, logo estávamos escoltando mais de mil pessoas em direção a saída da cidade.

— De joelhos, vocês duas, ou vocês serão colocadas em nome de Ares. — A voz estridente surgiu das chamas.

— Espalhem-se. — Kate gritou para as pessoas que protegíamos, mas era tarde demais elas nem ao menos conseguiam se mexer tamanho era o medo.

— Kate? — Olhei para as chamas. O homem que se aproximava não era um soldado qualquer.

— Nós estamos ferradas. — Kate segurou meu braço para evitar que eu o atacasse. O homem a bordo de um elmo espartano fez sinal para que o outros se afastasse, ele o fez.

— Pela expressão em seus rostos, eu não sou visto com bons olhos. — Sua voz era firme e precisa. Quando removeu o elmo revelou-se uma aparência bela digna de um Deus, mas com uma cicatriz traçando seu rosto de um extremo a outro. Ele deu passos lentos em direção a mim e Kate. Sua capa azul era movida pelo vento, ele era assustadoramente imponente. O barulho que sua armadura fazia, ao vir em direção a nós soava como o machado de um carrasco indo em direção a sua vítima. Ele parou diante Kate. — Você se lembra disso, Katherine? — O vi aportar para a cicatriz em seu rosto. — Você foi mais longe do que qualquer outro mortal, você feriu um Deus. — Seus olhos eram de um cinza assustador.

— Eu queria te arrancar um olho, mas acho que a cicatriz caiu melhor. Você sempre vai lembrar de mim por isso. — Ela realmente tinha coragem. Os cabelos longos e loiros de Ares moveram-se com o vento.

— Eu sempre adorei sua arrogância, Kane. — Eles conversavam como velhos conhecidos. — Mas dessa vez, eu irei destruir você, um golpe de sorte não vai ser suficiente para te salvar. — Kate parecia calma.

— Você já me destruiu, há muito tempo atrás... E eu passarei o resto dos meus dias fazendo você se arrepender disso. — Ares olhou para mim rapidamente por reflexo afastei-me.

— Supergirl... — O homem sussurrou. — Você desperta minha curiosidade, com a força de uma deusa, mas prefere esconder-se estre verme, pior até mesmo almeja ser um deles. — Kate colocou seu braço entre mim e ele, impedindo que o homem se aproximasse mais de mim. Ele voltou a olhar para Kate. — Eu tenho uma proposta para você, Kane. Eu posso ajudá-la a destruir seus demônios, cada um deles. Eu posso tirar você do seu sofrimento. — Ele estava propondo uma aliança?

— Eu tenho muito demônios, Ares. Nem mesmo você conseguiria doma-los. — Ele deu as costas e afastou-se.

— Bem, eu tentei. — Quando eu menos esperava ele disparou algo em minha direção, um raio azul que se movia em uma velocidade absurda. Kate colocou-se à frente recebendo o ataque por mim. — Isso vai ser divertido. — O raio tomou uma forma diferente e seu apossou do corpo de Katherine por completo, ele foi absorvido aos poucos.

— O que você fez com ela? — Corri até Kate, seus olhos verdes haviam ganhado uma cor vermelho sangue.

— Kane, mate todas essas pessoas. — Ares cruzou os braços e esperou que ela começasse a agir foi o que aconteceu.

Eu não sabia o que fazer, era o que estava acontecendo. Ela não tinha controle, estava destruindo todas aquelas pessoas. Eu não conseguia contê-la.

— Não adiante tentar, Supergirl. Você não irá para-la, ela é minha agora. — Ele sorria, eu tentava tirar a pessoas dali, mas eram muitas. — Você tem coragem para fazer o que é necessário? — Olhei dele para Kate, ela continuava correndo em direção as pessoas.

— Eu espero que um dia consiga me perdoar por isso. — Voei em direção a Kate, fiz a única coisa que podia. A atravessei com minha mão, pude sentir seu coração ser na minha mão, eu senti o último pulsar fraco.

— Obrigado... — Foi sua última palavra. Eu havia tirado a vida de alguém, a vida da última pessoa que merecia isso. Não consegui controlar as lágrimas que caíram do meu rosto. Eu ainda tinha seu coração na mão, não conseguia solta-lo. Ares gargalhava atrás de mim.

— Eu vou colocar você em um túmulo, seu deus doente. — Minha voz soou como o rugido de uma leoa ferida.

— Não será hoje. — Ele sumiu diante meus olhos deixando-me para trás com o corpo sem vida de Katherine.

Então aquela era a sensação de tirar uma vida, uma vida de alguém amado. Eu não conseguia nem ao menos me mover. Todas aquelas vidas que foram salvas pela sua morte, elas não significaram nada. Eu tiraria a vida de todos eles, sem nem ao menos piscar para ter Kate de volta. Era um pensamento obscuro e doente, eu não conseguia evitar tê-lo. Aquele era o extremo da minha vida em que eu me tornava algo mais, não apenas Kara ou Supergirl. Peguei o corpo de Kate em meus braços, nem ao menos olhei para trás, sabia que aquelas pessoas estavam em segurança, Ares já havia conquistado seu objetivo.

Nosso ponto de encontro na Espanha era uma igreja em uma cidadezinha simples, pousei no telhado. Foi a primeira vez que olhei para Katherine, seu rosto estava pacifico. Cai de joelhos com seu corpo ainda em meus braços, eu não me recordava já ter estado em uma igreja antes. Olhei para a imagem do cristo crucificado a minha frente.

— Eu não sei se você é real, mas se for... por favor me devolva ela. Ela não merecia isso. — A única resposta que obtivo foi o som do vento forte. — É, foi o que imaginei. — Eu prometo que um dia vou ver você de novo. — Naquele momento eu estava disposta a fazer coisas terríveis, nem que eu tivesse que virar o inferno de cabeça para baixo, eu teria a cabeça de Ares em minhas mãos.

Meu frágil coração não conseguiu suportar uma morte e ser manter pacifico, eu sentia como se uma tempestade dentro de mim tivesse me partido ao meio. O som de minha mão, entrando no corpo de Kate e a atravessando ecoava em minha cabeça. Ali eu faria uma promessa, meu trabalho jamais seria acabado até que vingasse a morte de Katherine.


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Notas finais do capítulo

Como Lena irá reagir a morte de Kate, hein? E Kara e seu desejo de vingança, até onde isso vai levá-la? Vamos saber no próximo capítulo. Não esqueçam de comentar, beijos e até lá.



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