A Dama de Ferro e a Garota de Aço escrita por Anne Espario


Capítulo 2
Capítulo 2 - Um Dia Para Nós


Notas iniciais do capítulo

Irei incluir nesse capítulo uma nova personagem. Peço que a imaginem assim: http://www.polyvore.com/cgi/img-thing?.out=jpg&size=l&tid=49705561



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                                                            Kara

Estava de certa forma difícil encontrar uma desculpa para aparecer no escritório de Lena àquela manhã. Tudo que eu pensava soava no mínimo esfarrapado. Por fim resolvi apenas aparecer como uma amiga, não uma repórter ou uma heroína.

A escolha por um ônibus de certa forma me fez perceber o quanto eu queria a estar diante Lena, mas também deixou claro meu temor. Seria fácil voar até lá, mas o ônibus me daria mais tempo para pensar. Eu não sabia de onde brotava a preocupação que eu tinha por ela e nem mesmo o carinho, no momento eu era apenas uma garota confusa.

Ao descer do ônibus e mirar o imenso prédio a minha frente suspirei. Eu esperava que Lena estivesse com um humor melhor do que a noite anterior.

— Lena está? — Olhei para sua secretária desconfiada. Ela não gostava de mim, nem mesmo tinha consideração de me olhar nos olhos. Apenas apontou para a sala de Lena.

Tratei de andar até lá. Meus passos eram rápidos e ansiosos. Parei diante sua porta, dei duas batidas e não ouvi resposta, então apenas entrei. Lena movimentava-se pela sala como se estivesse de saída, apenas recolhia seus pertences.

— Kara? O que você está fazendo aqui? — Ela pegava seus óculos enquanto me olhou de relance e proferiu as palavras.

— Eu vim... — Meu cérebro não estava funcionando naquele momento. O que eu estava fazendo ali? — Eu vim te visitar. É, isso. Eu senti sua falta. — Lena semicerrou os olhos intrigada.

— Sentiu? — Ela andou em minha direção.

— Não! — Tratei de me corrigir, ela mudou a expressão para algo que eu não conseguia desvendar. — Quer dizer... Eu estava preocupada com você. Sobre o que aconteceu ontem à noite. — Ela suspirou e sorriu discretamente. Reparei que ela usava roupas comuns. Apenas uma blusa preta com mangas longas e uma calça jeans. Lena não era do tipo largada no trabalho. Ela sempre se vestia com uma rainha.

— Não é necessário se preocupar, Kara. Eu estou bem. — Ela não me parecia bem, mas eu aceitaria. Não iria pressiona-la. — Você disse que estava com saudades, não é? — Não tive o que responder apenas balancei a cabeça em sinal de afirmativo. — Eu irei tirar o dia de folga, você quer vir comigo? Seria bom ter companhia. — Um dia longe do manto de Supergirl e ao lado de Lena. Seria egoísmo meu deixar a cidade sozinha durante um único dia para estar com ela?

— Eu não...

— Vamos, Kara. Não diga não. — Ela ficou parada diante mim com aqueles grandes olhos verdes, ele faziam todo o trabalho por ela.

— Aonde nós vamos? — Eu não queria resistir, apenas queria ficar um dia inteiro com Lena. Alex e Jonn dariam conta de tudo por um dia.

— É um lindo lugar, você vai adorar. — Ela me puxou pelo braço.

Andamos até seu carro, eu estava me sentindo uma adolescente que mata aula para estar com os amigos. Para minha surpresa ela dispensou o motorista.

— Pronta? — Ela olhou para mim sorrindo. Coloquei o cinto e fiz que sim com a cabeça.

A partida foi dada no carro. Enquanto ela se concentrava na estrada eu mandava mensagens para Alex pedindo para que ela me cobrisse aquele dia.  Eu não reconhecia o caminho que ela pegava. Saímos das avenidas da cidade para entrar em uma rodovia que quase não tinha transito. Foram quase duas horas de viagem e uma conversa agradável sobre nossos gostos e anseios. Estávamos entrando em um território campal quando ela parou o carro ao lado de um senhor em uma banca de flores. Ela apontava para o que queria e o senhor obedecia, eu apenas observava.

— Isso é pra você. Elas representam basicamente tudo que você causa em mim. — Lena me passou uma rosa de cor lilás.

— O que elas significam? — Intercalei meu olhar entre a rosa e Lena.

— Você vai descobrir. — Ela voltou a dar partida no carro.

Estacionamos em uma fazenda cercada por uma área verde imensa. Era um local lindo e me trouxe uma paz instantânea. Lena saiu do carro e pegou todas as flores que comprou. Uma senhora nos esperava na varanda. Seu semblante era meigo e acolhedor.

— Senhorita, Luthor! — A senhora abriu os braços e Lena a abraçou carinhosamente. Eu nunca a tinha demonstrar afeto. Aquele momento foi uma adorável surpresa.

— Pra você é Lena, Constance. Tente não esquecer. — A senhora segurava o rosto de Lena e a encarava como se não a visse há muito tempo.

— E quem é a moça sorridente? — A senhora me encarou. Tive a impressão de ser analisada com uma visão de raio-x.

— Essa é Kara. Uma amiga. — Lena fez sinal para que eu chegasse mais perto. A senhora apertou os óculos contra o rosto para me ver melhor.

— Hm. — Ela apenas fez o som e se pôs a andar em direção a casa.

— O que isso quer dizer? Ela gostou de mim? — Olhei para Lena confusa.

— Você com certeza é melhor que a ruiva diabólica. — A senhora respondeu por Lena.

— Quem? — Olhei para Lena que mirava a senhora de forma irritada.

— Uma antiga amiga. — Lena limitou-se a uma resposta curta e vaga. A senhora gemeu como se desdenhasse do titulo que a tal ruiva recebera.

— O que foi? — O tom de voz de Lena subiu um tom para alcançar à senhora que já entrava na casa.

— Se você chama se esgueirar pelos cantos da fazenda e dormir seminuas de amizade. Quem sou eu para discordar? — Os olhos de Lena se arregalaram ela olhou para mim de relance. Eu olhei para o lado e tentei fingir não prestar atenção.

— Essa velhinha, ela é má. — Lena apontou para a senhora.

— Eu gostei dela. Ela me lembra uma vilã de filmes antigos, sabe? — Sussurrei para que a senhora não ouvisse. Lena sorriu. Suas bochechas ainda estavam coradas pelo comentário que a senhora havia feito.

Achei que entraríamos na casa, no entanto Lena preferiu aproveitar para caminhar pela propriedade. Entramos em uma trilha estreita que eu não fazia a menor ideia de onde me levaria. Isso era basicamente o resumo de nossa relação. Ao fim da trilha avisei um lindo lago de água clara e calma.

— Você sabe remar? — Lena apontou para uma canoa. Dei dois passos para trás, eu não entraria naquela coisa verde por nada. Ela entendeu meu silencio. — Não tem problema, eu te ensino. — Lá estava ela novamente me puxando pelo braço.

— Eu não vou entrar nessa coisa. — Resmunguei como uma criança medrosa.

— Nada de ruim vai te acontecer, eu vou estar com você.

Entrei na canoa, eu apenas esperava que ela soubesse conduzir aquela coisa.  Suas remadas eram calmas e firmes, em pouco tempo estávamos no meio do rio. Lena puxou os remos para dentro e ficou me encarando.

— Vamos nadar? — Ela olhou de mim para a água balancei a cabeça em sinal de negativo. Lena apenas deu de ombros e mergulhou na água.

Fiquei no barco apenas a observando nadar, ela era algo entre uma ninfa e uma sereia. Ela aproximou-se da canoa lentamente, eu não conseguia tirar meus olhos dela. Suas duas mãos foram pousadas na borda do pequeno barco. Ela o balançou para me provocar.

— Não faz isso. — Ela estava sorrindo como uma criança prestes a fazer algo condenável. E foi o que ela fez em seguida.  A canoa foi girada de um modo que não consegui me segurar. Então cai na água.

— Viu só? A água está ótima. — Ela encostou próxima a mim. Ficamos ombro a ombro encarando a margem do rio. O dia estava nublado. O verde das arvores e o azul da água combinavam perfeitamente. Mas o que me deixava completa de uma forma surpreendente, era ver Lena sorrir daquela forma. Vê-la à vontade naquele lugar. Ela estava completamente relaxada.

— Você... — Fiz uma pausa. Lena virou-se para mim. — Fica linda desse jeito. — Ela sorriu e me encarou carinhosamente. Não havia nada mais do que carinho naquele olhar.

— E você fica mais linda ainda sem seus óculos, não achei que isso fosse possível. — Ela tocou minha bochecha levemente. Seus dedos estavam frios. Eu nem mesmo havia notado meus óculos caírem na água. — Vamos voltar agora? — Ela retirou a mão da minha bochecha como se tivesse tido uma má lembrança. Assenti e a segui.

Desviramos o pequeno barco e em poucos minutos estávamos de volta à margem. Caminhamos de volta a casa conversando de forma descontraída. Era prazeroso ouvir a risada de Lena ao me contar suas histórias e respeito de Constance. A senhora significava algo para ela que os Luthor's não chegavam nem ao menos próximos. Ela nos esperava na varanda, quando nos aproximamos recebemos olhares reprovativos. Duas toalhas foram jogadas em nossa direção.

— Se vocês garotas molharem meu piso, eu oblitero vocês desse universo. — Era impossível não achar à senhora de cabelos brancos e de péssimo humor de certa forma adorável.

— Isso é cheiro de torta de amora? — Lena indagou animada.

— Sim, troquem suas roupas eu vou servir o almoço. — Lena e eu assentimos ao mesmo tempo.

A senhora se foi e nós acabamos por ir a um quarto de hospedes onde antigas roupas de Lena ficavam. Peguei uma delas. Naquele momento algo me chamou atenção, ao vestir a roupa vire-me e Lena ainda não havia posto a blusa que havia pegava. Notei marcas em suas costas. Marcas extremas. Cortes retos e concisos, aparentemente feitos por laminas.  Ao perceber que eu a estava olhando ela virou-se para mim. Ela parecia se importar mais que eu visse suas cicatrizes a seus seios. Mas virei-me novamente antes que ela estivesse completamente frente a frente comigo. Resolvi não comentar sobre as marcar em suas costas, mas elas explicam bastante de seu modo de vestir. O porquê de sempre roupas tão fechadas.

Fomos à cozinha e nossa comida estava servida. Eram pratos generosos de comida. Típicos de uma avó que tenta engordar as crianças. Sentamos a mesa e comemos em meio a várias perguntas de Constance a meu respeito. Após o almoço sentamos em um grande e confortável sofá. Lena demonstrava cansaço, ela não havia dormido na noite anterior.

— Vem aqui. — Coloquei uma das inúmeras almofadas em minha perna e fiz sinal para que ela deitasse. Ela pareceu receosa, mas mesmo assim o fez.

— Eu te mostraria o resto desse lindo local, mas realmente estou cansada. — Lena sussurrou enquanto se acomodava em meu colo.

— Não tem problema. Eu prefiro que você descanse. — Respondi. — Essas marcas nas suas costas, o que elas são? — Perguntei como se não me importasse, mas na verdade aquilo estava me incomodando.

— Exercito. — Ela respondeu vagamente. Quase sem pensar, existia algo mais ali. — É uma história para outro momento. — Ela acrescentou.

A assisti fechar olhos e relaxar o corpo. Nunca, nem mesmo por um momento imaginei Lena no exército. Aquilo entraria para lista de surpresas. Eu ficaria naquela posição por muito tempo, já que Lena não acordaria tão logo. Então, apenas me acomodei e permaneci a olhando. Uma hora se foi e ela continuava a dormir tranquilamente.

— Você gosta da minha Lena, não gosta? — Constance apareceu repentinamente. A senhora sussurrava para não acorda-la.

— Ela é especial. — Sussurrei de volta. Ela assentiu.  A senhora pareceu se contentar com minha afirmação. Ela apenas sentou-se em uma poltrona ao lado do sofá e eu agradei por não ter mais perguntas.

Acabei adormecendo também. Ao acordar vi que Lena não dormia mais, apenas permanecia ali quieta em meu colo.

— Nós precisamos voltar. — Ela falou enquanto se espreguiçava.

— Temos? — Resmunguei. Escorreguei meu corpo. Lena moveu-se devagar e de repente estava acomodada em meu peito.

— Sim, nosso dia perfeito infelizmente chegou ao fim. — Ela levantou-se.

Poucos momentos depois estávamos nos despedindo de Constance. A viagem de volta foi tranquila. Lena se atentava a estrada. Enquanto eu fazia perguntas a seu respeito. Fomos até a L.Corp de onde nos separaríamos. O prédio já estava vazio ao chegarmos, apenas a secretária de Lena estava lá.

— Luthor? — Ouvi uma voz aveludada que transbordava algo sexy. Lena e eu nos viramos ao mesmo tempo. Meus olhos encontraram uma ruiva com olhos azuis e pele pálida, quase como se não visse sol há anos. Pude notar Lena levar seu dedo indicador a um anel que carregava em seu dedo na mão direita. Sempre me perguntei se aquele anel simbolizava um compromisso ao algo. Pude notar que o mesmo anel esculpido em marfim ocupava o dedo da ruiva também.

— Kate? — Lena pronunciou o nome da mulher de forma embargada. — Algum problema? — A mulher olhou para mim. A expressão de Lena ainda era de uma surpresa paralisante.

— Eu preciso de você em Gotham. Um problema de nível alfa em nossas ações. — Eu conhecia aquele modo de falar elas estavam usando códigos.

— Kara, é melhor você ir. — Lena falou sem nem ao menos olhar para mim, mas em seguida a senti apertar minha mão de forma carinhosa, quase como se dissesse que nosso momento não terminava ali. Olhei de relance novamente para a mulher. Aquele rosto me era conhecido. Sai devagar da sala de Lena. Elas voltaram a falar após eu fechar a porta.

— Sawyer. Nós vamos precisar que Maggie volte a Gotham também.

— Boa sorte com isso, Margaret está, digamos se divertindo entre aliens e o DOE. — Lena respondeu de forma quase irritada.

— Mesmo? Ouvi dizer que você também tem se divertido bastante com uma certa kriptoniana.

— Quer saber? Você pode ir pro inferno, Kane. — Lena irritou-se. Com o sobrenome pude juntar às peças a mulher tratava-se de Katherine Kane.

— Todos nós vamos, querida. Se não contermos o que está por começar em Gotham. Nem certos kriptonianos bisbilhoteiros vão pode nos salvar dessa vez. — Ouvi um clique de um botão e uma frequência que me impedia de ouvir o que elas falavam invadiu meus ouvidos. Aquilo queria dizer ela sabia minha identidade? Sai de lá imediatamente.

Katherine era nada mais nada menos que a prima rica de Bruce Wayne. Suas aparições eram raras e dificilmente fotografadas, mas o que a ex-garota problema de Gotham fazia em National City e qual a ligação dela com Maggie e Lena? Cheguei a meu apartamento encontrei uma Alex enfurecida em meu sofá.

— Ei, você está poluindo meu retiro de paz com essa cara emburrada. — Ela me respondeu com uma careta. — O que houve? — Eu transitava pelo recinto, mas sem tirar meus olhos dela.

— Maggie desmarcou comigo, eu achei que ela queria resolver as coisas. — Parei meus olhos em Alex. Eu sabia o motivo de Maggie ter desmarcado, mas eu deveria contar? Isso implicaria em mais preocupações, era melhor deixar passar.

— O quê? Quem ela pensa que é para dispensar minha irmã? — Alex sorriu para mim.

— Quer saber? Dane-se. Maggie e eu teremos outras noites para sair. Conta-me, como foi seu dia com Lena? — Alex bateu no sofá para que eu sentasse ao seu lado.

— Foi ótimo, até ela me dispensar para atender à bilionária que se veste como uma gótica vitoriana da era moderna. — Resmunguei.

— Parece que nós duas fomos trocadas hoje. — Alex falou zombando da situação.

— Maratona de VEEP e pizza? — Minha irmã mais velha apenas pegou o telefone e ligou para pizzaria.

Corri para colocar meu pijama. De certa forma meu dia havia começado e terminado bem. Estive o dia inteiro com alguém que povoava meus pensamentos e terminaria ele com minha irmã. Não era possível reclamar naquele momento.


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Notas finais do capítulo

E ai, bom capítulo? Tem alguma sugestão? Se sim, me diga. Beijos até a próxima.



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