A Dama de Ferro e a Garota de Aço escrita por Anne Espario


Capítulo 12
Capítulo 12 - A Piada Cósmica


Notas iniciais do capítulo

Opa, um capítulo fresquinho, boa leitura.



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                                                        — Kara —

— Sem felizes para sempre na sua história, hein? — Eu estava no sofá em plena segunda-feira, aquele sentimento era pior do que qualquer ressaca que já havia enfrentado. Catriona sentou-se ao meu lado.

— Pelo menos não para mim. — Resmunguei quase como uma criança mimada.

— Ah por favor, pare com essa auto piedade, você escolheu isso. — Catriona e eu estávamos basicamente vivendo o mesmo drama, quem nós desejávamos não podíamos ter.

— Você mora aqui agora? — Levantei um pouco minha voz.

— Não, mas eu vou ficar o quanto for necessário ou ao menos até você parecer menos com um monte de lixo que falhou miseravelmente nada vida. — Ela tinha algo de Lena, ela se importava comigo de um jeito grosseiro e rude, mas se importava.

— O que você quer que eu faça? — Mudei de canais rapidamente, nada além de notícias ruins e política meia boca. Ela bateu em minha mão, o que fez o controle voar para o meio da sala. Catriona segurou meu rosto com uma das mãos e o apertou com uma fruta podre.

— Olhe só para você, no momento menos que nada. Uma garotinha chorona, você teve seu coração destroçado? Lide com isso! — Seus olhos ardiam de raiva. — Agora o que eu sugiro que você faça? Tente de novo, Kara. Falhe melhor. Reconquiste o coração da mulher que você ama, Kate não a ama, não como você. Ela ama a prostituta que você dorme. Bom, ela poder ser uma prostituta nessa realidade, mas na antiga ela era uma policial brilhante, adivinha quem a amava de verdade? — Tentei falar algo, mas ela apertou minhas bochechas com mais força me impedindo. — Isso mesmo, você destruiu não só seu relacionamento com Lena ou minha reencarnação, você também destruiu outro belo amor que começava a florescer. — Ela finalmente soltou minhas bochechas.

— Moira e Kate? — Indaguei perplexa, eu tinha invertido as coisas de tal maneira, tudo não parecia nada menos que uma piadas cósmica de péssimo gosto. Catriona apenas assentiu para minha pergunta. — Você quer assistir This Is Us e chorar? — Ela sentou-se ao meu lado, era o que nos restava, as duas únicas naquele lugar a lembrar de uma vida passada e condenadas a suportar uma a outra.

                                                        — Kate —

Nos últimos meses eu não me fazia presente perante minha família, o fato é eu não me sentia completamente parte dela, era como se eles fossem uma miragem, uma bela miragem no deserto de dúvidas que era a minhas cabeça naquele momento. Lena já tinha paranoias demais para lidar, eu não tinha o direito de bombardeá-la com mais. Cheguei ao ponto de sair de casa com a desculpa de ir a Gotham, apenas para me hospedar em um hotel barato no centro da cidade e ficar sozinha. Trinta anos não era exatamente a idade em que me via tendo uma crise de meia idade, o fato é... quanto eu procurava lembranças em minha cabeça elas não estavam lá, algo faltava. Daquela sacada que dava apenas para um beco escuro, eu podia ver os recantos dos meus pensamentos, eles eram exatamente daquela forma mal iluminados e de difícil acesso. Entre aquela má iluminação vi aparecer uma figura encapuzada que andava a passos rápidos, suas pernas tremiam. Logo descobri porque, ela era seguida por dois homens. Eu realmente queria bater em alguém aquela noite, na verdade eu só me sentia eu mesma em momentos que estava completamente entregue a violência.

— Me entregue a fita. — O homem estendeu a mão para a mulher. — O governador não está satisfeito com seu esquema de espionagem. — A mulher apertou a bolsa que carregava contra o corpo. — Não seja uma vadia, vamos entregue. — O outro homem também estendeu a mão. Eu estava sem meu uniforme, tudo que eu tinha para esconder minha identidade era um cachecol. Enrolei-o contra meu rosto deixando apenas os olhos de fora.

— Vadia... — Saltei da sacada e me aproximei da mulher e dos homens. — Eu sempre odiei essa palavras. — Seria rápido finalizar eles e divertido. Foi o que aconteceu, eu adorava a sensação de receber um golpe e revida-lo, muitas vezes me deixava ser atingida só pela sensação, fazia com que eu me sentisse viva.

— Meu braço, você quebrou! — O homem gritou quando o pressionei contra a parede, seu grito se assimilava a de um animal em agonia.

— Não seja um covarde, eu só desloquei. — Quando o soltei e ele foi ao chão o capuz da mulher caiu, quase como que em um passe de mágica. Eu conhecia aquele rosto, quem era ela? No intervalo entre o encantando e as perguntas que surgiram em minha cabeça, esqueci dos dois homens que enfrentava. Senti um metal fino adentrar minha pele, a frieza da faca adentrando em minha pele não foi o suficiente para me fazer gritar, apenas para seguir em frente e nocauteá-los de vez.

— Se você veio por isso, pode levar. Eu não arriscaria levar uma surra de você. — A mulher jogou a bolsa em minha direção, claro que ela acertaria bem onde a faca estava cravada. Gemi e joguei a bolsa ao chão.

— Eu não quero sua bolsa, eu só tentei ajudar. — Ela correu em direção a mim.

— Que tipo de maluca salva de mais de cinco metros de altura, dar uma surra em dois homens com o dobro da força dela e ainda consegue ficar de pé com uma faca cravada na barriga. — Suas mãos foram envolvidas no local onde a lamina estava cravada. — Eu morro aqui perto, vamos até minha casa? — Ela mais perguntou do que afirmou.

— Ouh... não, eu prefiro que você me deixe sangrando em um beco com esses dois tapados. — Envolvi meus braços em seus ombros quase automaticamente, porque eu estava fazendo aquilo? A dor era suportável, eu já havia corrido quilômetros com osso fraturados.

— Então, você é uma dessas engraçadinhas sarcásticas. — Começamos a andar. Ajeitei um pouco o cachecol em meu rosto, para que ela não tivesse noção de quem eu era.

Sua casa não era tão distante dali, na verdade eu podia dizer que passava por lá quase todas as semanas. Era um caminho conhecido para mim, mas eu nunca havia esbarrado com ela. Entremos e ela encostou-me em seu sofá, tentei sentar-me, mas ela me impediu.

— Você tem que se manter de pé, não vamos forçar mais essa faca. — A vi andar de um lado para o outro e aquilo estava me deixando realmente perturbada, eu a conhecia, mas como. Fiz menção de tirar o cachecol do rosto, mas desisti. — Não se preocupe, eu não estou interessada na sua identidade. — Suas palavras me passaram confiança e ela nem ao menos olhava para mim, ao contrário do que se passava comigo, eu não conseguia tirar os olhos dela. Me livrei do cachecol e esperei seu choque, ela me olhou em uma mistura de choque e curiosidade. — Você é a pilantra das Industrias Kane. — A mulher andou em direção a mim com alguns curativos e seja lá mais o que aquela caixinha tivesse.

— Ei, eu tomei uma facada por você, acho que eu mereço ao menos o título de Pilantra Máster das Industrias Kane. — Ela revirou os olhos e em seguida sorriu.

— Esse também serve... — A vi levantar minha blusa e ir com as mãos em direção a faca, ela analisava como se já tivesse feito aquilo antes. — Tente não gritar, meus vizinhos são um pouco sensíveis a barulho. — Sem nem mesmo um aviso ela puxou a faca. Soltei algo que variava entre um gemido e um grito e tive minha boca tapada. — Agora nós vamos a parte divertida, eu vou costurar isso daqui. — Uma de suas mãos estavam em meu ferimento e a outra em minha boca. Assenti e ela soltou-me.

— Então, qual seu nome? — A mulher tinha cabelos ruivos quase no mesmo tom que os meus, eu não conseguia deixar de acha-la linda.

— Moira... — Ela quase sussurrou o nome e voltou a passar álcool em meu ferimento, senti o começo de uma sutura.

— É um bonito nome. — Aquela situação era no mínimo desconfortável, eu estava apenas a bordo de um sutiã, com uma mulher de joelhos costurando um ferimento em um extremo de minha cintura.

— Você não precisa ficar envergonhada, eu já vi muitas barrigas femininas saradas. — Ela mirou seus olhos para cicatrizes já curadas. — Você tem muitas cicatrizes para uma garotinha rica e mimada, Senhorita Kane. — Ela olhou para cima e eu desvivei o olhar.

— Eu sou um tanto desastrada. — Mirei o relógio na parede, eu devia estar em um festa com Lena, o que eu estava fazendo ali? Ela estava enfrentando Lilian sozinha.

— Prontinho. — Um curativo foi empurrado contra minha pele.

— Eu preciso ir agora... — De instante lembrei onde deveria estar e não era sendo costurada por uma estranha que havia acabado de conhecer.

— Não desse jeito. — Ela segurou meu braço.

— O quê? — Indaguei.

— Você está completamente ensanguentada e precisa de uma roupa. Eu tenho muitos jeans e camisetas. — Não era exatamente o que se usava em bailes Luthor e Kate, mas iria servir.

Eu continuava relembrando aquela noite, eram repetidas vezes. O rosto da estranha não saia da minha mente, não havia uma explicação lógica, eu apenas precisava ver ela novamente, eu precisava desesperadamente.

— Kate Kane, sempre a rainha emo, se esgueirando pelas sacadas e varandas. — Lena apareceu-me com duas taças de vinho, sai repentinamente de minha memória.  Recebi a taça em silencio. — O que aconteceu? — Ela parou de pé e encostou-se apoiando-se na sacada frente a mim.

— O quê? Nada... — Resmunguei como uma criança culpada.

— Kay, eu sei quando algo está errado. Desde o baile Luthor e Kane, você está aérea e inacessível. — Lena apenas me chamava de “Kay”, naquele tom preciso e ao mesmo tempo firme quando iria exigir respostas. Eu devia isso a ela. Me limitei a bebericar o vinho, ela suspirou. — Desde aquela noite você está falando enquanto dorme, você fala coisas desconexas, coisas que me assustam, na verdade. — Era tudo que eu precisava, falar enquanto dormia, esperava não ter citado o nome da misteriosa Moira. — E ontem, nossa empregada me entregou por engano sua fatura do cartão de crédito pessoal. — Ela entregou-me o papel, eu sabia o que tinha lá, ele foi usado exclusivamente para pagar o hotel que fiquei aquela noite.

— Eu estou em apuros. — Tentei amenizar a situação.

— Não, você não está, apenas me diga o que está acontecendo.

— É estranho e complicado, eu não sei como colocar para fora em palavras. Eu estou confusa. — A expressão de Lena foi de impassível a confusa. Levantei minha blusa e a mostrei o ferimento de entrada da faca, eu evitava que ela me tocasse ou se aproximasse de mim desde então.

— O que é isso, Katherine? — Eu sabia o quanto ela se irritava quando eu escondia ferimentos.

— Por favor só escute. — Ela assentiu. — Eu salvei essa mulher de um assalto, ou seja, qual for a situação que ela se meteu, mas acabei sendo machucada. E... ela me ajudou com o ferimento. — Lena agora me olhava em um misto de raiva e ciúmes. — Não é nada disso que você está pensando. — Tentei segurar seu braço quando ela saia.

— É o mesmo que meu pai dizia para minha mãe, quando ela descobria suas amantes. Ao menos tenha a decência de pagar o hotel com dinheiro da próxima vez. — Eu não acreditava que ela estava cogitando aquela possibilidade.

— Lena, eu não trai você. — A segurei e fiz com que me olhasse. — Eu apenas conheci essa mulher, nós conversamos por no máximo cinco minutos. — Sua expressão melhorou aos poucos. — Mas eu sinto essa conexão com ela que não sei explicar. É como se nós já nos conhecêssemos, mas quando eu tento lembrar dela a memória não está lá. — De repente ela pareceu convencida com o que eu disse.

— Isso é estranho. — Ela falou pensativa. — Eu senti o mesmo, pela repórter. E como se nós tivéssemos uma ligação, uma ponte nos ligando, mas essa ponte foi destruída repentinamente. E o pior, eu sei que ela continua do outro lado, mas a falta da ponte e uma neblina densa me impede de acessa-la. — Era exatamente aquilo que pensava a respeito de Moira.

— Você falou de uma maneira bizarramente poética, mas esse é o sentimento. — Nos olhamos por longos segundos sem saber o que dizer.

— Você acha que nós... — Lena parou e pensou antes de falar. — Estamos em uma espécie de paralelo temporal? — Fiz sinal para ela continuar falando. — Algumas das minhas memórias não fazem sentido, eu tenho 28 anos, mas fora nosso casamento, Lex dando a guarde Violet para mim e o nascimento de Zac, eu não tenho exatamente lembranças. — Aquilo fazia algum sentido.

— Como nós descobrimos? — Eu não fazia a menor ideia do que ela estava falando, mas gostaria de descobrir a verdade.

— Bom, é impossível até então isso é apenas teoria para a física. — Revirei os olhos.

— Então nós sentamos e esperamos que isso seja apenas uma crise no casamento? — Minha pergunta soou quase agressiva.

— Não, eu acho que a pupila de Cat Grant não é apenas uma repórter brilhante, mas também alguém que sabe mais do que aparenta. — Lena era na maioria das vezes tão perceptiva que chegava a me incomodar.

— E se ela não souber? Eu realmente não gostaria de ser presa por assédio moral. — Sentei no sofá, Lena permaneceu de pé.

— Ela sabe, uma pessoa que acabei de conhecer não me olharia como seu eu fosse a oitava maravilha do mundo enquanto eu toco city of stars para ela. — Aquilo era novidade.

— E você estava irritada porque eu levei alguns pontos de uma desconhecida. — Ela fez uma careta provocativa.

— Eu vou até ela, você pode intimida-la. — Assenti, nós éramos basicamente um casal procurando uma desculpa desesperada para se separar ou duas pessoas presas em uma anomalia temporal, eu não sabia qual o pior.

                                                       — Lena —

Com a revelação de Kate eu me sentia melhor, eu não era apenas uma pessoa se sentindo solitária, algo realmente estava errado. Arrancar o endereço de Kara de Maggie não foi tão difícil, estranho eu pedi-lo no meio da noite era, mas por fim acabei por conseguir. E lá estava eu de pé, algumas batidas e eu conseguiria a verdade, ou uma passagem para o manicômio mais próximo. Bati três vezes, a demora para que a porta fosse atendida me fez bater mais três.

— Você...? — Foi a única palavra que saiu da boca de Kara.

— Nós podemos conversar? — Ela estava apenas uma pequena brecha da porta aberta.

— Tudo bem. — Vi o restante da porta se abrir para mim e entrei. Kara não me parecia exatamente bem, seu apartamento estava uma bagunça e ela não estava exatamente em ordem. Mas eu me senti tão bem, apenas por olhar para aquele rosto. — Sobre o que exatamente nós vamos conversa, senhorita Luthor? — Ela indagou de formalmente.

— Vamos pular a palhaçada, senhorita Danvers. Eu sei que você me conhece além de uma festa de gala, você sabe mais de mim do demonstra. — Ela repentinamente assustou-se.

— Eu não sei do que você está falando. — Seu modo de falar soou mais culpado, do que uma criança pega com as mãos sujas de biscoitos.

— Sim, você sabe e você pode me dizer tudo aqui e agora, ou eu posso descobrir da maneira difícil. — Ela parecia casada e perdida.

— Olha, é mais complicado do que você pensa. Digamos que... era uma vez, em uma galáxia muito distante nós fomos amigas, confidentes e... — Ela parou de falar abruptamente.

— E? — A pressionei para continuar.

— Sem suas lembranças, não faria sentido trazer tudo à tona, eu só traria dor a você. — Kara estava me trazendo mais dúvidas do que respostas.

— Eu posso ajudar com as lembranças. — Uma mulher em um roupão preto surgiu vinda da cozinha. Senti arrepios ao vê-la, era como se meu corpo quase quisesse suga-la para dentro de mim.

— Quem é essa agora? — Perguntei confusa.

— Ela é o diabo! — Kara arremessou uma almofada em direção a mulher.

— Eu sou sua alma. — Ela falou pausadamente após Kara calar-se. — E eu tenho suas memórias, eu posso compartilhar. — Em um segundo ela estava sentada ao meu lado.

— Como você pode fazer isso? — Ela sorriu como se eu estivesse fazendo uma pergunta digna de uma criança.

— Não faça isso, Catriona. — Kara ficou de pé e andou até nós rapidamente.

— Porque? Você tem medo de lidar com as consequências dos seus próprios atos? — Ela tinha um tom provocativo e ao mesmo tempo sábio.

— Tudo bem, já chega. Você fique longe e você minhas memórias agora. — Kara ficou parada como uma estátua, vi a mulher minha frente juntar seu dedo indicador e o do meio. Ela os levou até minha têmpora direita. O choque do contato foi imediato, repentinamente eu estava sendo atingida por lembranças de uma outra Lena, que na verdade vinha a ser a real. Eu lembrava de tudo, cada momento, cada agonia... tudo estava de volta. — O que você fez, Kara? — Foi minha primeira pergunta ao recobrar a consciência de quem eu era.

— Lena... — Ela tentou falar.

— Cala a boca, nós precisamos devolver a memória dos outros. Você pode fazer isso? — Indaguei para a mulher, ela assentiu.

— Eu vou encontrar Moira. Maggie e Alex são as menos afetadas, elas podem esperar mais um pouco. — Kara não entendia nem de longe a gravidade do que fez, mas eu não iria explicar naquele momento, mais cedo ou mais tarde ela perceberia.

— Me encontre no meu apartamento. — Ela assentiu e se foi voando pela janela.

Eu tinha um casamento com Kate e dois filhos nessa realidade, isso não mudaria as crianças podiam ser uma anomalia temporal, mas ainda sim eram meus filhos. Logo estávamos todas em minha casa, Moira estava ali contra sua vontade, apenas Catriona parecia feliz com a situação. Ela fez o mesmo processo com Kate e Moira e logo elas estavam de volta as suas antigas versões, mas com confusas memórias de quem eram aqui.

— Me desculpem por bagunçar a vida de vocês dessa maneira. — Kara se desculpou da forma mais verdadeira que conseguiu. — Eu fiz de você uma prostituta, me desculpe. — Ela segurou as mãos de Moira.

— O quê? Eu era apenas uma policial disfarçada. — A ruiva respondeu para Kara.

— Então porque você transou comigo? — Logo após fazer a pergunta Kate e eu olhamos uma para a outra, logo depois foi impossível não mirar as duas.

— Você transou com a minha namorada? — Kate indagou enfurecida.

— Você me traiu, Kara? — Ela era a única consciente durante todo o evento, era justo ser culpada por suas ações.

— Isso daqui é como um The L Word da vida real, eu adoro lésbicas. Vocês são tão dramáticas. — Catriona falou enquanto gargalhava.

— Cala a boca, sua vadia do mal. — Kara dirigiu-se a ela que riu ainda mais.

— Mamãe? — Zac apareceu na sala com os olhos quase fechados no calor da discussão.

— Ei meu amor, o que aconteceu? Porque você está fora da cama? — Fui até ele, se Zac acordou eu esperava que Violet também não o fizesse.

— Ouh... isso é uma piada cósmica de proporções transcendentais. — Catriona ajoelhou-se e olhou fixamente para Zac, como se ele fosse uma espécie de anjo. — Olhe para você, todo pequeno e indefeso. — Ela tocou seu rosto, Zac que ainda estava sonolento não reagiu à investida da estranha. Kate aproximou-se e o puxou para junto dela.

— Vamos volta para cama, garotão. — Ela o pegou no colo e foi com ele em direção ao quarto.

— O que há com o garoto? — Moira perguntou, eu ainda estava presa no olhar que a mulher lançou para meu filho, como se o conhecesse melhor que eu.

— Você sabe quem ele é, Lena? Aqueles olhos que parecem guardar o universo, aquele tom de cabelos que parecem brilhar e esconder estrelas em sua escuridão. — Aquilo não podia ser real, era sem dúvidas uma estúpida piada cósmica.  

— Não, não o meu filho. — Eu estava perdendo um segundo filho, eu estava perdendo o chão mais uma vez.

— O que foi? —  Kara indagou, eu não conseguia ouvir a voz dela, apenas sai dali, o máximo que consegui ir foi até o corredor.

— O garoto é Ares. Bom, uma reencarnação, mas com o tempo e o crescimento ele se tornará o Deus que um dia foi. — Ouvi ela responder à pergunta de Kara e as palavras ouvidas, se tornaram reais, eu tinha gerado, dado à luz, alimentado e amando Ares durante os últimos anos. Meu inimigo jurado, desde o berço, era agora a pessoal que eu faria de tudo para proteger. — Nunca subestime o poder do destino traçado, vocês nasceram com a missão de ser uma tragédia grega, não importa quantas voltas no tempo você dê, tudo essa história sempre terminará em tragédia. — Catriona concluiu e eu não podia concordar mais. Vi a porta se abrir, era Kara eu não precisava abrir meus olhos para saber.

— Lena, eu não sabia, eu não sabia que acabaria assim. Eu amo, você. — Era a primeira vez que eu ouvia Kara dizer aquelas palavras, elas significaram o mundo para mim, mas ao mesmo tempo me fez nascer uma raiva incontrolável dentro de mim.

— É, e isso te fez passar de uma heroína imbatível, para uma criaturinha fraca, patética e egoísta. — Eram palavras cruéis, mas era a verdade.

— Eu tinha acabado de perder Kate, eu tinha acabado de perder você. Acredite, se eu tivesse que fazer tudo aquilo novamente, eu faria. — Ela segurou meu rosto o que me obrigou a olhar para ela diretamente. — E sim, talvez essas atitudes me tornem egoísta, fraca e patética, mas não me torna a pessoal que viu a mulher que ama morrer e não lutou contra. Você teria feito o mesmo se estivesse em meu lugar. — Eu não conseguia pensar ou reagir de forma parcial ou gentil.

— Não, eu não teria. Você acha que viagem no tempo e manipulação da realidade em nível cósmico não estão incluídos no pacote, Nix? Eles estão, Kara! Mesmo quando eu perdi meu filho, meu casamento eu não sucumbi a dor e voltei no tempo, pelo contrário. Eu a engoli e me agarrei o mais forte que pude as boas memória que eu tinha, acredite elas eram contáveis em meus dedos. — Eu podia ver todo o pesar em seus olhos, mas mesmo assim não era possível para mim perdoar.

— Lena, ele é só uma criança. O destino dele não está traçado, ele é livre para escolher seu próprio caminho. — A esperando com que ela falou aquelas palavras quase me de esperanças.

— Livre arbítrio, nunca realmente existiu, ele unicamente existe na mente humana, como dinheiro e moralidade. — Eu estava soando como um filosofo grego, mas era a verdade, quando se nasce com uma natureza em impossível ir contra ela.

— Eu... — Kara tentou envolver-me em um abraço, mas eu a impedi.

— Tire suas mãos de mim e vá embora, por favor. — Ela o fez, pedir para que ela se afastasse foi doloroso, mas não menos do que saber que um dia, eu talvez tivesse que enfrentar meu filho. Essa seria uma batalha que eu estava disposta a perder.


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Notas finais do capítulo

Bom, por hoje é só. Espero que tenham gostado, não esqueçam de comentar e até a próxima.



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