Eu acordei com uma dor de cabeça desgraçada, reação da minha aventura com um litro de tequila, eu sou fraca para bebidas, mesmo tomando quase todas as noites uma taça de vinho para relaxar depois da jornada no hospital.  Pensei que tinha sonhado que Emma havia ido  me ver, conversar sobre o acontecido e pedir desculpas, não imaginava que ela havia me dado banho e velado o meu sono e agora estava sentada em frente a mim me pedindo outra chance.

Ela não havia me dado a chance de explicar o mal entendido e agora estava pedindo por outra chance? Sua atitude me magoou muito.

Olhei para aqueles olhos esmeralda que estavam úmidos e que me olhavam com arrependimento, dei mais um gole daquele café amargo para ver se a ressaca passava logo.

—Emma você sabe que me chateou muito por não ter me dado a chance de explicar, certo?

—Sim._ eu respirei fundo e olhei para o teto branco da minha cozinha sentindo a minha cabeça latejar.

—Eu..._ ela me olhou esperançosa com aqueles lindos  olhos e foi o momento que eu desisti do que ia falar._ Eu também me sinto bem ao seu lado, eu quero lhe dar outra chance._ Respirei fundo novamente._ Ah... Como eu quero._ uma lágrima escapou contra a minha vontade e olhei para ela que já abaixava o olhar para suas mãos pousadas na mesa. _Mas... Droga! Eu não consigo, Emma.

—Tudo bem, já estou de saída..._ A loira se levantou rapidamente e correu em direção ao meu quarto.

Respirei fundo e sequei as lágrimas quando ouvi a porta da sala bater e o silencio inundar o apartamento.

—Eu não consigo..._ abaixei a minha cabeça na mesa e deixei a dor sair de meu corpo através do choro.  

Por mais que eu queira estar com ela eu não conseguiria suportar outra desilusão. Emma estava quebrada, mas não tinha o direito de me magoar não me dando o direito de uma explicação. Seria melhor prevenir do que arriscar.

O tempo me fará esquece-la. Com esse pensamento levantei a minha cabeça e foi tomar um banho para ir trabalhar.

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—Regina, como você está?_ Tinker me questionou depois de me ver entrando no PS._ A Zel disse que você encheu a cara ontem.

—Não acredito que Zelena disse isso. Estou ótima. Agora, com licença.

—E também está de mau humor._ sussurrou depois que passei por ela.

—Não torre a minha paciência, Tania.

—Tania? Você nunca me chama de Tania, Regina.

—Doutora Mills._ virei-me para ela nervosa._ No local de trabalho, Doutora Mills, Tania.

Ela fez cara de espanto e balançou a cabeça.

—Tudo bem, doutora. Um paciente lhe aguarda no leito 4.

—Doutora Lily não está? Passe o caso para ela.

—Ela está atendendo um caso de um menino que caiu de uma árvore, só a senhora está desocupada no instante._ revirei os olhos.

—Chego lá daqui a pouco.

Continuei o meu caminho até a minha sala. Como sempre estava atolada de burocracia para resolver. Troquei de roupa rapidamente e foi para o leito 4.

—Hoje estarei aos seus serviços, Doutora Mills._ um interno veio em minha direção.

— Tudo bem minion, preste atenção, faça perguntas e não me perturbe._ abri a cortina e me deparei com algo interessante.

—Está muito grave doutora?_ o homem olhou para o anzol enorme preso no abdome.

—Você..._ me virei para o interno._ Chame alguém de cirurgia geral se quiser participar disso comigo. _ percebi os olhos do homem brilharem. _ Nada que possamos dar um jeito._Tania!

—Sim, doutora.

—Vou precisar de um raio-x e ultrassom aqui, Já pode deixar agendado uma TC e já pode trazer a medicação do protocolo._ calcei as luvas de látex e comecei a examinar o paciente. _ Posso saber como aconteceu isso?

—Meu amigo bêbado e um anzol de tubarão. Ele é pescador e esta na cidade e foi me mostrar o anzol e como manuseá-lo, então...

—Entendi.

—Doutora Mills, doutora Gold me mandou._ uma medica residente loira, novata já que tinha visto poucas vezes ali no P.S

—Cadê o meu Minion? Com o ultrassom e o raio-x?

—Ultrasson aqui, raio-x a caminho._ o interno apareceu empurrando o carrinho.

—Vamos te dar os medicamentos padrões para esse tipo de... acidente._ disse quando a enfermeira entrou com a bandeja e colocou um acesso venoso com soro e os remédios.

—Robert! Ai meu Deus._ uma mulher chegou e paralisou quando viu o estado do marido.

—Meu bem, isso foi...

—O idiota do seu amigo, essas coisas sempre acontecem quando ele está na cidade.

—Senhora, preciso que a senhora dê licença, estamos examinando o seu marido...

—Não vou sair daqui._ revirei os olhos, estava realmente impaciente naquele momento.

—Tudo bem..._ disse num suspiro._ Então não atrapalhe. Doutora, poderia fazer as honras..._ apontei para o ultrassom.

—Claro, doutora Mills._ pegou o gel enquanto a enfermeira ligava o aparelho._ O senhor vai sentir o gel frio agora._ passou na barriga do homem e começou a investigar.

—Como eu temia.

—Hemorragia interna. Legal._ o interno sussurrou tomando atenção do paciente e da esposa.

Olhei para ele como se eu quisesse realmente arrancar o seu coração e dar a um lobo de comida.

—Doutora Mills...

—Doutor, por favor, está livre dos meus trabalhos hoje e se o seu residente perguntar o motivo quero que fale para vir me perguntar.

—Mas doutora...

—Saia. O que você acha, doc?

—Cirurgia o mais rápido possível.

—Mesmo que as cegas?_ testei.

—É a nossa melhor opção devido a região atingida.

—Tudo bem._ virei para o paciente e para a esposa._ Vou prepara-lo para a cirurgia o mais rápido possível, preciso da senhora ali no balcão para resolver tudo.

—Bem, você tem o ultrassom para seguir e os raios-x, ainda bem que não pegou em nenhum osso ou chegou perto da coluna._ disse para a residente._ Eu falo e você faz, tudo bem? Já fez uma cirurgia dessas?

—Não, a mais arriscada foi dissecar um tumor no pâncreas.

—Então vamos lá.

—Lâmina 10.

—--

—Doutora Mills aquilo foi incrível!

—Eu podia conversar com a Doutora Belle em te roubar para trauma.

—Sério?

—Você podia ser minha pupila, admito que nunca tinha reparado em você antes.

—É por que sou nova no hospital, pedi transferência de Seattle querendo aprender com a doutora Belle.

—Que pena que não quis aprender comigo._ parei na porta de minha sala.

—Posso repensar na minha escolha._ disse chegando mais perto._ Adorei aprender com você, Regina.

Olhei para aqueles cabelos loiros que lembravam os de Emma, os olhos ao invés de verdes, eram azuis escuros.

—Dane-se._ abri a porta da  minha sala e a puxei para dentro. Tranquei a porta e imprensei o seu corpo contra a porta enquanto ela juntava os meus lábios nos seus.

Emma. Aqueles não eram os lábios de Emma. Não eram os olhos, nem a pele macia. Não era ela quem eu queria, era Emma.

Afastei rapidamente da médica que eu mal sabia o nome.

—Regina?

—Dá licença, por favor. Isso foi totalmente um erro._ virei as costas.

—Tudo bem._ disse ríspida e bateu a porta com força.

—Merda._ esmurrei a mesa.