Diving In The Past escrita por YinLua


Capítulo 6
Training


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!
Desculpe pela demora, meu pequeno estoque de capítulos acabou e eu queria escrever mais antes de postar esse. Felizmente, depois de alguns meses sem fazer nada, voltei a escrever e acho que, dessa vez, o ritmo tá ainda melhor :3
Esse capítulo é para mostrar a vocês alguns novos... "recursos" que eles irão adquirir, vamos dizer assim, para derrotarem Voldemort nesse tempo. Espero que não tenha ficado tão tedioso y.y
Boa leitura~

PS: Capítulo betado pela Lady Lovegood.



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— Ora, senhor Potter. — Dumbledore sorriu e suas sobrancelhas se arquearam, como se o velho achasse graça. — Vejo que está bem interessado.

— Bem, nunca desperdiçaríamos recursos assim. — Gina deu de ombro e os olhos azuis piscaram para ela por trás dos óculos de meia-lua, concordando silenciosamente.

— Tem razão, senhorita. Podemos começar hoje mesmo após o jantar em uma sala reservada, que seja... — Viu Hermione erguer a mão timidamente e acenou para ela. — Sim, senhorita?

— No sétimo andar tem uma sala que poucos conhecem. A porta dela só aparece se uma pessoa passar em frente a ela três vezes com um pensamento em mente e ela se abre para realizar o desejo dessa pessoa. — O brilho interessado nos olhos de Dumbledore foi notável e a morena desviou os olhos. — Chama-se Sala Precisa.

— Interessante... — Os lábios do mais velho se curvaram levemente e ele passou a mão em sua barba. — Então estamos de acordo?

— Sim, senhor — Harry respondeu.

— Ótimo. — Ele sorriu. — Nos vemos esta noite, senhores. Estão liberados.

— Obrigado, senhor. — O Potter agradeceu, sem saber o que esperar.

Era verdade que Dumbledore era um homem do bem e, no geral, tinha boas intenções, porém o histórico de ações para um bem maior no futuro não o ajudava muito. Será que Dumbledore estava tramando algo? Tinha perdoado o homem depois de um tempo, porém confiança deveria ser conquistada, e Dumbledore quebrou a que sentia por ele.

Iria se manter pisando em ovos, como dizia a expressão trouxa. Dumbledore nunca fazia nada sem um motivo. Talvez ele tivesse desconfiado do que estavam fazendo... Deveria ter uma explicação lógica para isso, com certeza.

E Harry estava tentado a descobrir.

[...]

— Muito bem, senhores. Podemos começar?

A voz de Dumbledore soou calma e ele olhou para seus alunos.

Ron, Gina e Hermione tinham entrado na sala primeiro, enquanto Harry ficou encarregado de levar o diretor e a professora McGonagall até o local. Quando o moreno passou em frente a porta três vezes e esta se revelou, foi observado com o olhar encantado de Dumbledore, e Harry quase xingou Hermione por ter falado sobre a sala.

Quase.

Ao entrarem, Harry sentiu-se nostálgico. A Sala Precisa tinha se transformado em algo semelhante à sala de treinamento da Armada de Dumbledore, com a ampliação do espaço e a adição de uma estante cheia de livros, alguns balcões com caldeirões, um quadro negro e...

Talvez não estivesse tão parecido assim.

Além dos livros, dos caldeirões e do quadro, também tinha na sala outra estante que continha inúmeros vidros com algo que Harry não conseguia enxergar de onde estava, alguns bonecos de treinos que ele imaginava que fossem mágicos e algumas poltronas e mesas redondas perto dos livros.

— Sim, senhor — confirmou o moreno.

Tinha passado grande parte do dia ansioso pelo tal treino que Dumbledore e Minerva tinham oferecido. Seria uma chance única que não pôde ter no futuro e, de certa forma, ele esperava que não fosse mais necessário quando terminasse as coisas ali no passado.

— Muito bem. — Minerva tomou a voz, fazendo uma expressão séria que lhe era tão comum. — Quero que fiquem um ao lado do outro e mantenham suas varinhas guardadas, por enquanto.

— Decidimos começar com duas coisas completamente opostas. — Dumbledore tornou a falar. Ele andou de uma ponta a outra da fila que os alunos tinham formado. — Minerva optou por escolher a animagia, que eu suponho que conheçam.

Ao vê-los balançando a cabeça suavemente, Dumbledore continuou.

— Ela irá começar a preparar a poção e, quando a primeira parte estiver pronta, ela virá explicá-los como vai funcionar a transformação. Devo lembrá-los que a animagia é um processo que leva meses de aperfeiçoamento, então sejam pacientes.

O velho sorriu.

— Já eu preferi dar a vocês o conhecimento. Não qualquer conhecimento, mas aquele sobre as magias mais antigas da história bruxa. Ele não está contido nos livros escolares nem nos mais avançados em magia.

Os olhos de Hermione brilharam para expressar sua curiosidade e ela endireitou sua postura, a fim de prestar mais atenção.

— Assim como a animagia, requer preparação e treino. Não é algo que possam conseguir realizar de uma hora para outra, mas que, se conseguirem, poderão abrir portas para um novo mundo. — Ele sorriu novamente. — Metaforicamente, é claro.

— E o que temos que fazer? — Ron questionou, meio impaciente.

Harry viu pelo canto de olho Hermione cutucar Ron discretamente e o ruivo se encolher levemente. Bem feito, ele pensou.

— Já que pergunta, senhor Weasley, irei direto ao ponto. — Sem parar de andar, ele continuou: — Quero que pensem na memória mais antiga que tenham, seja ela boa ou ruim. Tentem puxar na mente de vocês cada detalhe, cada informação. Quando conseguirem visualizá-la da melhor forma possível, levantem a mão para que eu possa continuar. Podem começar.

Os amigos se entreolharam, sem saber como começar. Dumbledore observou aquilo e arqueou a sobrancelha levemente, parando de andar e virando-se para eles.

— Sugiro que fechem os olhos e reúnam o máximo de concentração que puderem. — Ele se virou para se dirigir ao outro canto da sala, mas parou e tornou a olhá-los. — É melhor sentarem.

Harry suspirou e se sentou no chão, conforme a sugestão do diretor. Olhou para o lado e assistiu seus amigos fazerem o mesmo ao seu lado. Gina estava ao seu lado direito enquanto Hermione e Ron estavam do seu lado esquerdo, respectivamente.

Fechou os olhos suavemente.

— Por que eu tenho que pensar? — Ouviu Ron reclamar baixinho.

Hermione sinalizou para que ele ficasse quieto e então sua mente ficou em branco.

Pensou.

Pensou mais.

Pensou novamente e sua mente continuava como uma tela vazia.

Como pensar em sua memória mais antiga? Provavelmente teria os Dursley nela, ele não queria pensar nos Dursley. Respirou fundo lentamente, desligando-se dos outros sons ao longe. As cores foram aparecendo, pintando a tela e colorindo-a de um jeito que a deixava irreconhecível. Aos poucos, porém, as cores foram tomando forma e se encaixando nos lugares certos, constituindo figuras.

Imaginou a si mesmo mais novo, com seus óculos pequenos e o cabelo grande. Viu suas roupas sujas e velhas, maiores que si mesmo e, atrás, a bagunça do quarto embaixo da escada. Ele estava deitado em sua cama depois de ter feito alguns serviços domésticos e, logo depois, a porta foi aberta.

Ainda não.

Descartou a memória, tentando pensar ainda mais longe. Visualizou um Harry mais novo do que o de antes, com roupas tão grandes quanto e com os olhos verde-esmeralda de fora, sem a proteção e a correção dos óculos. Ao redor do pequeno Harry estava a cozinha, maior do que se lembrava. Observou a si mesmo pulando para tentar alcançar a geladeira, sentindo-se nostálgico com a imagem. Logo depois, a porta da geladeira foi aberta e um pequeno potinho de geleia flutuou no ar até pousar em sua mão.

Harry sorriu, ainda perdido por sua mente.

Como se a memória fosse uma página de livro, viu-a se mexendo e sendo empurrada para o lado.

Dessa vez, porém, as figuras não foram tomando forma e as cores foram sumindo.

Não, espere! Ele gritou mentalmente, tentando impedir que tudo se dissolvesse.

Não adiantou: em poucos segundos, não havia mais figuras, formas ou cores. Em seu lugar, uma tela em branco novamente.

Harry abriu os olhos, sugando o ar rapidamente. Estava sentindo uma sensação estranha, como se estivesse se afogado em mar aberto e não tivesse nada para se agarrar. Puxou o ar fortemente mais uma vez e pôs-se a soprá-lo de maneira lenta.

— Harry?

Harry piscou lentamente, conseguindo focalizar as imagens dessa vez. O borrão vermelho cedeu lugar para um rosto conhecido, com sua pele pálida, as sardas quase invisíveis que pontilhavam o nariz branco e os fios cor de fogo.

Gina.

— Oi? — perguntou, meio tonto.

— Cara, você tá bem? — A voz de Ron chegou aos seus ouvidos, mas Harry não chegou a vê-lo.

— Sim. — Sua voz soou rouca e Harry engoliu saliva, tentando molhar sua garganta. Tossiu um pouco e se apoiou sem seus cotovelos, quando nem tinha reparado que estava deitado. — O que aconteceu?

— Você desmaiou do nada. Tem certeza que está tudo bem? — Hermione parecia preocupada.

— Acho que só preciso de um pouco de água.

— Vejo que o senhor Potter quase conseguiu. — Dumbledore se aproximou. Seus passos pareciam tão leves que Harry sequer sentiu ele se aproximando.

— Por que isso aconteceu com ele, diretor? — a morena questionou, com as sobrancelhas franzidas.

— Ele sobrecarregou a própria mente enquanto tentava achar sua memória mais antiga. — O velho enlaçou as próprias mãos atrás de suas costas, parando de frente para eles. — E vocês, conseguiram?

— Não, senhor. — Gina negou, fazendo uma careta. — Não consegui me lembrar nada que fosse velho o bastante para ser a mais antiga.

— Nem eu. — Ron deu de ombros.

— Também não. — Hermione entortou a boca discretamente. Sentiu-se frustrada por não ser capaz de conseguir fazer aquilo.

Dumbledore sorriu.

— Não se preocupem, não é tão fácil quanto parece. Quero que continuem tentando quando tiverem um tempo livre e antes de dormir. Darei-lhes uns minutos para que o senhor Potter possa se recuperar e vamos partir para a próxima parte. — Ele acenou levemente com a cabeça, voltando para onde estava anteriormente.

Harry respirou fundo novamente e se levantou, apoiando-se em Gina. Caminhou abraçado a ela até uma das poltronas, sendo seguidos por Ron e Hermione.

Ao sentarem, seu corpo relaxou e ele tombou sua cabeça no apoio para as costas da poltrona. Esticou suas pernas e deixou seus braços soltos em cima de suas coxas, Gina se prontificou em enlaçar suas mãos, trazendo um sorriso leve a seu rosto. Ainda conseguia lembrar-se das memórias que visualizou durante a tarefa e, infelizmente, nenhuma delas era feliz o suficiente para lhe trazer alguma saudade.

A segunda memória era amena, mas sabia que, logo depois da cena que tinha visto, seu tio Valter entrava na cozinha e começava a gritar com seu bigode molhado de saliva e seus olhos arregalados como um porco. Recordava-se bem. Depois daquilo, ficou trancado em seu quarto debaixo da escada por duas semanas, com direito apenas a almoço.

Por mais que não fossem memórias decentes, Harry não sentia nada ao relembrá-las.

Nada.

Sem tristeza.

Sem nojo.

Apenas indiferença.

Tinha sido parte de sua vida e o moldado para a pessoa que era. Fazia parte de sua história. Ele tinha crescido o suficiente para encarar aquilo com os olhos de alguém que observa um mosquito.

— O que você viu, Harry?

— Ron! — Hermione murmurou, olhando-o feio. Ron arqueou as sobrancelhas, como se perguntasse o que tinha falado de errado. — Seja mais sensível.

— Impossível, estamos falando do Ron. — Gina riu da cara do irmão.

— Quanto amor. — O ruivo debochou.

— Demais. — Hermione revirou os olhos, mesmo que suas bochechas tivessem ganhado certa cor.

— Eu me vi quando era criança, na casa dos Dursley. — Harry respondeu, por fim.

Ron pareceu meio sem graça e jogou seu corpo para trás, apoiando suas costas na poltrona. Seus ombros pareciam um pouco encolhidos, curvados e ele desviou os olhos.

— Foi mal.

— Está tudo bem. — Ele sorriu, fazendo Ron relaxar. — Não vi muita coisa, nem foram memórias completamente ruins, mas... O efeito foi diferente, eu não senti nada. Não fiquei triste, nem senti saudades... Não senti nada. — Suspirou, pendendo sua cabeça para o lado, apoiando-a no ombro de Gina.

— Isso é normal, Harry. — Gina tentou o confortar. — Afinal, foram muitos anos de lembranças ruins, não é de se estranhar que ainda mantenha o pé atrás. Não se preocupe. Além do mais, você superou. — Ela sorriu sem que ele pudesse ver e apertou sua mão que estava enlaçada à dela.

— Obrigado — ele sussurrou para apenas ela ouvir.

— Ah. — Hermione se inclinou no sofá, projetando seu corpo para frente. — Temos uma horcrux ainda aqui na escola. — Ela sussurrou para que Dumbledore e Minerva não pudessem ouvir. — O que acham de começarmos por ela?

— Mas se começarmos com a que está na escola, Voldemort não vai reforçar a segurança nas outras fora da escola? — Ron arqueou a sobrancelha, inclinando-se também.

— Fala baixo, Ron. — A morena brigou, franzindo as sobrancelhas. — Mas é um bom argumento, na verdade.

— Obrigado. — Ele sorriu, arqueando as sobrancelhas para a menina.

— Então deveríamos começar pelas que estão em pior acesso? — Harry questionou.

— É um bom plano. Eu já fiz uma lista de onde elas estão nesse tempo e acho que...

— Hermione — Harry cochichou, interrompendo-a e moveu seus olhos para o lado, como se sinalizasse algo. Ele levantou sua cabeça do ombro de Gina e manteve-se ereto.

Ela se calou no mesmo instante.

— Então, senhores, podemos voltar? — Dumbledore sorriu gentilmente ao se aproximar dos jovens a passos lentos.

— Sim, senhor. — Harry balançou a cabeça.

O gesto foi o suficiente para os outros se levantarem. Seguiram silenciosamente pelo caminho que Dumbledore indicava, os levando para perto da área de poções, onde Minerva estava trabalhando com vidros, ingredientes e caldeirões.

Era melhor manter segredo da missão deles até mesmo para Dumbledore. Mesmo que o bruxo mais velho fosse do bem, qualquer indicação do que tinha acontecido no futuro poderia mudá-lo mais gravemente do que eles alterando com um plano. Além do mais, não era necessário que Dumbledore soubesse ou se envolvesse naquilo.

Minerva parecia extremamente concentrada no preparo do líquido.

— Como está indo, professora McGonagall? — Dumbledore questionou.

— Oh. — Ela afrouxou as sobrancelhas e relaxou a boca, levando os olhos do caldeirão. — Quase pronta. Por hoje.

— Por hoje? — Ron indagou baixo.

— Sim, senhor Weasley. — Os lábios da professora se tornaram uma linha fina novamente e ela mexeu o líquido. — Essa poção demora um mês para ficar pronta e alguns ingredientes tem data e hora para serem adicionados, além de ter que ser mexida ao menos uma hora por dia para que adquira a consistência necessária.

— Ah. — O ruivo compreendeu.

— Porém tomei a liberdade de acrescentar alguns aditivos para que o efeito ocorra mais rápido. A poção comum da animagia demora entre três a cinco anos para transformar devidamente um ser humano em seu animal interior, e acredito que não tenham três a cinco anos para isso.

— Obrigada, professora — Hermione agradeceu. — Será muito útil, com toda a certeza.

— De nada, senhorita Granger. — Minerva sorriu minimamente, dando os últimos toques na poção. — Pronto. Amanhã poderei continuar o preparo dela enquanto vocês treinam com o diretor.

— E agora? — Harry olhou para Dumbledore.

— Bem, senhor Potter. — O velho alisou a própria barba. — Creio que agora podemos treiná-los na arte do duelo e talvez ensiná-los novos feitiços. — Ele sorriu. — A menos que estejam cansados, é claro.

— Não, senhor — Gina respondeu, sabendo que seus amigos provavelmente diriam o mesmo.

— Pois bem. Sigam-me, por favor.

Dessa vez, o caminho os levou até os bonecos de treino que Harry tinha visto antes.

Minerva foi junto com eles.

— Fiquem de frente para os bonecos, um em cada um e entrem em posição de combate. — Dumbledore mandou. Manteve-se ao lado de Gina, que era quem estava na lateral. Todos se posicionaram. — Muito bem.

— Esses bonecos são mágicos, possuem algo semelhante a sensores de magia. Quando atacados, irão tentar se defender e atacarão também — Minerva ditou séria. — Por isso, muita atenção ou eles irão derrubá-los.

Os alunos ouviam atentamente. Harry podia dizer que estava um pouco impressionado, aquilo certamente teria sido muito útil no tempo da Armada de Dumbledore. Era um método de treinamento mais eficaz do que o Clube de Duelo de seu segundo ano. E então, perguntou-se por que aquilo não era usado na escola para preparar os alunos. Por que Dumbledore esconderia algo como aquilo?

A resposta era fácil, Harry percebeu: a Sala Precisa que tinha criado.

Dessa vez, Dumbledore estava isento de culpa em ocultar informações.

— Agora, senhores, os ensinarei um feitiço novo a vocês, que não é ensinado na escola por motivos óbvios, mas confio que farão bom uso dele. — Dumbledore endireitou seus óculos, parecendo extremamente focado. — Quero que façam esse movimento com o pulso.

Seu pulso se moveu levemente em uma curva, quase como um S incompleto e logo depois subiu novamente, para então inclinar para a direita e fazer mais uma curva. Era um movimento simples que, ao final, era necessário uma batidinha semelhante quando se coloca um ponto final em uma frase.

Os jovens imitaram-no.

— Correto. Agora repitam Focus Invocare, mas sem o aceno de varinha, por favor. — Ele acrescentou, e logo os alunos o fizeram quase em uníssono. — Isso. Esse feitiço invoca chamas, semelhante ao Incendio, porém as chamas dele são diferentes. São chamas negras que queimam tudo aquilo que tocam e só podem ser apagadas com um contrafeitiço específico. — Ele explicou.

— Vamos separá-los em duplas. Um irá aprender o contrafeitiço e o outro o feitiço, assim poderão treinar devidamente e... — Minerva apertou os lábios. — Reagirem caso algo saia do controle.

— E é óbvio que usarão o boneco mágico como alvo. Não queremos acidentes, correto? Separem-se, por favor. As duplas devem ficar diante de um mesmo alvo.

Harry aproximou-se de Gina e lhe sorriu discretamente, enquanto Hermione seguiu para o lado de Ron.

— Muito bem. O contrafeitiço se chama Aqualux e possui movimentos parecidos com o Focus Invocare, porém, em vez de fazer uma curva para a direita, farão uma curva para a esquerda. — Ele demonstrou. — Caso confundam os feitiços e mudem os lados de conjuração, nada acontecerá. Por exemplo, se fizer os movimentos de Focus Invocare e disserem Aqualux, será como se não tivessem conjurado. É quase como uma medida de segurança.

— Medida de segurança em um feitiço, que ótimo — Ron ironizou para si mesmo, sendo cutucado por Hermione. Ele silenciou-se no mesmo instante.

— Antes de começar, aquele encarregado do Focus Invocare deve ter em sua mente algo que remeta a chamas e aconselho a não concentrarem muita magia, uma vez que o feitiço é realmente forte. Do contrário, as chamas negras serão tão intensas que consumirão tudo em segundos. — Dumbledore sorriu. — Mas não se preocupem.

— Ah, claro. — Ron revirou os olhos.

— Já aquele que realizará o Aqualux deverá pensar em água — o velho explicou o óbvio. — Porém não é só isso. Deverá desejar a luz, ter emoções boas em mente para que elas possam apagar o fogo negro.

— Podem começar.

[...]

O treinamento continuou, todos os dias a mesma hora. Era cansativo, principalmente que eram cerca de duas horas de completo esforço físico e mental, mas Harry esperava que desse resultado. Ainda estava trabalhando em sua memória mais antiga, com um pouco mais de cuidado para não se sobrecarregar novamente, porém ainda não tinha tido sucesso.

Tinha se passado aproximadamente um mês desde o primeiro treino no dia 12 de setembro. Ele estava se surpreendendo como o tempo estava passando tão rápido entre aulas e feitiços e poções, mas o que mais lhe emocionava era a proximidade que seus pais estavam adquirindo.

No dia que se seguiu àquele da Sala Precisa, chegou a reparar James e Lilian conversando sobre algo no corredor entre uma aula e outra. Não deu muita atenção, mas conforme os dias iam se passando, percebeu que eles começaram a andar muito juntos. Deu-se conta, então, de que eles tinham se tornado amigos antes de começarem um relacionamento.

Isso o deixou contente.

No decorrer daquele mês também passou a se acostumar com a presença de seus pais e, de certa forma, viu-se querendo ser mais próximo deles. Talvez tivesse feito a escolha errada ao escolher não ser selecionado para a Grifinória, mas Harry usaria aquilo a seu favor.

Outra coisa que mudou foi sua proximidade com Severo Snape. O futuro professor de poções era extremamente ranzinza e não permitia uma aproximação tão facilmente, mas Harry não desistiu. Fazia par com ele nas aulas, dava bom dia sempre que podia, assim como um oi e tentava manter uma conversa saudável com o moreno.

Sem sucesso na maioria das vezes.

Mas Harry considerava um avanço que Severo ainda não tivesse o xingado nem o amaldiçoado por ser tão chato... Ou batido nele com pergaminhos. Ele tinha apenas alguns meses para conquistar a confiança de Snape e um mês já havia se passado. Não deixaria que ele fosse preso como Comensal da Morte depois da queda de Voldemort. Severo tinha um futuro brilhante pela frente.

Além disso, reconheceu seu engano. Os sonserinos, apesar da já aparente influência de Voldemort sobre eles, só seriam capazes de se tornarem comensais da morte de fato após se formarem no sétimo ano. Isso era uma ótima notícia para o moreno, significava que Severo ainda não tinha sido marcado permanentemente; ele ainda teria uma escolha ao final disso tudo e Harry esperava que ele não precisasse realmente fazê-la.

Naquele último mês havia passado a ser reconhecido como o sonserino anormal ou, de forma mais simpática, apenas diferente. Isso apenas por se sentar na mesa da Grifinória com seus amigos às vezes e também por ter feito amizade com os marotos.

James decididamente não se parecia com o garoto que tinha visto nas memórias de Severo. Quando passou a conhecê-lo um pouco melhor, percebeu como sua mãe tinha se apaixonado por ele e sentiu-se mais aliviado. Seu pai tinha realmente aprendido com seus erros, ou pelo menos parado com eles. Harry não podia sequer dizer a ele o quanto estava orgulhoso, mas estava feliz.

Já Sirius parecia completamente diferente daquele que tinha conhecido no futuro. Não podia reclamar, estava divertido, parecia se dar bem com a vida, mesmo que Harry soubesse que ele tinha fugido de casa. Ele não poderia estar mais satisfeito em ver seu padrinho tão saudável e feliz.

Harry poderia dizer com todas as letras que nunca imaginaria Remus Lupin com outra garota senão Nymphadora. Ele estava um pouco preocupado com isso, mas resolveu que deixaria o relacionamento deles rolar, quem sabe o próprio destino não cuidasse disso. Esperava que Teddy pudesse vir a nascer, amava o pequeno metamorfo como se fosse seu próprio filho.

Remus não parecia tão diferente do futuro. Bem, pelo menos não na personalidade. Ainda parecia bondoso e carismático, assim como bem inteligente. Harry esperava que continuasse assim.

Peter, porém, era alguém que tinha surpreendido Harry.

De início, ele não suportava olhar para o homem que tinha traído seus pais. Contudo, em sua mente vinha a imagem que viu com horror: Peter Pettigrew sendo enforcado pela próxima mão encantada apenas por tê-lo ajudado. Talvez tenha sido por isso que ele tinha sido selecionado para a Grifinória. É preciso coragem para derrotar seus inimigos, mas mais coragem ainda para reconhecer seus erros e tentar se redimir.

No futuro, Peter morreu se arrependendo do que tinha feito.

Harry esperava que ele não precisasse morrer para se arrepender.

Nem que precisasse fazer para se arrepender.

De qualquer forma, ele passou a prestar atenção no rapaz de fios loiros que sempre os mantinha penteados para trás e que era um pouco mais gorducho que os outros, mas nada extravagante. Ele percebeu que, na verdade, Peter era um rapaz solitário, mesmo entre as brincadeiras e as conversas. Outra característica de Peter era que ele parecia olhar com admiração para os outros três e isso o fez vacilar.

Se Peter os admirava tanto assim, por que mudou de lado durante a guerra?

Medo.

Harry concluiu: o erro de Peter não foi ter traído seus amigos, o erro de Peter tinha sido vacilar diante do medo.

A traição tinha sido apenas consequência.

Talvez até Pettigrew merecesse ser salvo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3 O próximo capítulo sairá conforme o planejado, de quinze em quinze dias. Vejo vocês no dia 21!
Preciso que me digam se algo estiver confuso ou se a narrativa estiver ruim, por favor y.y Tenho tanta coisa em mente pra essa fic que posso acabar me perdendo UASHUS.
Obrigada por acompanharem e, mais uma vez, me desculpem pela demora.
Beijinhos~
YinLua :3

OBS: Este capítulo se passa nos dias 12 de setembro (primeira cena) e 12 de outubro (finalzinho).



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