Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 30
Almas Corrompidas




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Conforme os dias passavam, Frisk notava mudanças cada vez mais radicais no comportamento de Riverman.

O lobo, antes retraído e reservado, agora vivia sem seu capuz, espreitando os arredores com os olhos ágeis e ameaçadores, como se aguardasse algum ataque inesperado contra ele. Também havia adquirido o estranho hábito de observar friamente todos os movimentos de seus alunos, de forma levemente paranoica.

— Aposto que os planos não estão indo bem – teorizou Asriel, durante uma das aulas de Ciência Monstra – ele não encontrou uma forma de roubar o dispositivo ainda. Por isso está nervoso desse jeito!

Frisk também desconfiava das atitudes suspeitas de Riverman. E, por isso, haviam retomado o plano de vigiar o professor durante as horas vagas.

— Você anda sentindo alguma coisa, Frisk? - indagou Chara aos cochichos.

— Sim – a menina respondeu, massageando o ombro – um pressentimento ruim… - ergueu o olhar para os amigos, tensa – acha que ele está…?

— Não sei – admitiu a garota – mas talvez esteja na hora de ver se tudo está seguro naquele alçapão. Se o dispositivo estiver lá, e se Riverman tentou passar do amalgamo para roubá-lo, talvez esteja na hora de o impedirmos.

— Sozinhos? - Asriel esganiçou-se – você sabe o que vai acontecer se formos pegos sem provas, não é?

— Claro que sei – observaram Chara franzir a testa, irritada – mas isso não importa! A segurança dos nossos mundos está em risco. Se não fizermos alguma coisa, nosso universo pode ser destruído… não podemos esperar que algum adulto dê ouvidos ao que queremos contar!

Os três voltaram o olhar para a professora Alphys, que estava finalmente dispensando os alunos, após o sinal de fim de aula ressoar pela sala.

— A professora Alphys conhece tudo sobre amalgamos – Asriel sussurrou - ela desenvolveu pessoalmente a teoria sobre as almas de monstros corrompidos. Deve saber como podemos lidar com aquele cachorro gigante.

— Mas e aquele papo sobre…?

— Eu sei que ela é adulta – Chara revirou o olhar – mas vocês a conhecem. Ela é tímida demais para sair contando isso para qualquer professor que seja. Principalmente para Undyne, que seria nosso maior problema. Do jeito que é nervosa, deve deixar escapar alguma informação.

— Chara tem razão, Asriel – Frisk concordou – não custa tentar.

O monstrinho deu de ombros, incentivando-as a prosseguir.

Assim que Alphys havia dispensado todos os alunos, os garotos se retiveram dentro da sala de aula, ficando a sós com a montra professora.

— Ah – surpreendeu-se - o-olá, meninos. Por que ainda não saíram?

— Só queríamos esclarecer algumas dúvidas, professora – Chara disse, tentando parecer inocente e curiosa – eu andei lendo o capítulo sobre amalgamos. Não entendi sobre a contenção de almas de monstros corrompidos.

— M-Mas só vamos estudar isso mais para frente, Chara – Alphys riu nervosamente.

— Por favor, professora Alphys – Frisk tentou persuadi-la – queremos muito saber sobre esse tópico. Ia ajudar muito para nossa pesquisa de Estudo das Almas… - sorriu de modo incisivo – sabe, a professora Undyne ficaria realmente interessada sobre isso. E poderíamos dizer que a senhorita nos ajudou.

As palavras de Frisk surtiram efeito. Alphys resfolegou, corando absurdamente por baixo de suas escamas amareladas, reprimindo um sorriso dubiamente constrangido e animado.

— B-bem… se é para a disciplina da Undyne… acho que p-posso adiantar a matéria – começou a tagarelar, entusiasmada – algumas almas corrompidas se mantêm com características fortes da época em que eram monstros normais. Normalmente a contenção é feita… com base em artefatos ou ações que… lhes fazem recordar de sua vida passada – pigarreou – em resumo, coisas que os afetavam quando vivos… normalmente bastam para acalmar um amalgamo. Por exemplo, amalgamos de estimação costumam adorar jogos com bola. Endogenia gosta muito de…

A monstra se interrompeu, levando as mãos à boca, ciente de que havia falado demais.

— Endogenia? - Asriel baliu inesperadamente – aquele amalgamo do alçapão tem nome!

— Asriel! - exclamaram Chara e Frisk em uníssono.

Alphys recuou, saltando o olhar.

— C-como… como v-vocês conhecem o Endogenia?

— É uma longa história, professora – Chara a cortou – a senhorita também conhece ele, não é?

— Claro que sim. Ele é m-meu amigo… - ela se retraiu – não devia ter contado isso… v-vocês não deviam saber de nada…!

— Professora… precisamos de ajuda – Frisk interveio – achamos que alguém quer roubar o dispositivo. Precisamos saber se mais alguém teve alguma ideia de como conter o Endogenia...

— Eu j-já falei demais! - desesperou-se a dinossaura, levando as mãos à cabeça – não, não, não, não…

A professora se encolheu, correndo para sua mesa e enroscando na cadeira, as mãos unidas dobre o focinho, balançando-se freneticamente de tanto pânico.

— Tinha razão, Chara. Essa daí não vai falar nada mesmo – Frisk observou a professora, penalizada – bem… pelo menos já sabemos como passar pelo amalgamo.

Os três deram as costas para a frenética professora, deixando finalmente a sala de aula.

— Devíamos ir agora mesmo – cochichou Asriel, enquanto andavam rapidamente ao longo do corredor leste – precisamos ter certeza de que o dispositivo está a salvo.

— Boa ideia… os alunos estão aproveitando o tempo livre no pátio… e depois – Chara acrescentou nervosamente – não podemos ficar confiando que Alphys não dirá nada se perguntarem de nós. Temos que ser rápidos.

Assentindo em concordância, o trio disparou em direção às escadarias, indo em direção ao corredor no qual haviam se encontrado com o gigantesco amálgamo.

Assim que chegaram, esgueiraram-se cuidadosamente pelo local, logo deparando-se com a porta da sala circular.

Estava entreaberta.

Chara espalmou a mão sobre a superfície amadeirada, fechando os olho por um segundo, encarando os dois amigos em seguida.

— Se entrarmos… vai ser um caminho sem volta – anunciou, inspirando profundamente – prontos?

Frisk enrijeceu, ofegante.

Sabia que era arriscado. Sabia o que a aguardava quando retornasse dali.

Sabia, inclusive, que talvez nem sairia dali com vida.

Mas algo impeliu Frisk adiante, fazendo com que estes medos não interferissem em sua vontade de salvar aqueles de que tanto gostava.

O mundo humano podia não ser perfeito. O mundo monstro podia ser um tanto assustador. Mas ambos faziam parte dela.

E a garota jamais deixaria que qualquer mal destruísse aquilo que mais amava.

— Sim – declarou-se, irredutível – vamos entrar.

























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