Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 29
Turbilhão




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— Professor Gerson?

Gerson sorriu-lhe bondosamente, sentando-se na banqueta ao lado da cama.

— Você dormiu por um tempo, depois que mergulhou nas lembranças… me parece que descobriu como usar o medalhão, afinal de contas.

— O medalhão? - repetiu Frisk, vincando a testa – foi o senhor…?

— Sim – para sua surpresa, o diretor aparentou um semblante suave de culpa – devia ter lhe entregado antes… mas Fraya me fez jurar que só lhe daria o medalhão quando tivesse idade para entender…

A menina tirou o cordão do pescoço, afagando a superfície dourada do pingente.

— O que… ele…?

— O medalhão de sua mãe é especial, Frisk – Gerson suspirou – mais do que um adorno… se usado corretamente… acessa todas as memórias do seu passado. E Fraya decididamente queria que você o tivesse, para que soubesse sua própria história.

O professor observou a criança se encolher, trêmula.

— Eu… eu os vi. Em Snowdin – disse, fungando – e então…

Os olhos dela se esgazearam, aflitos.

— O que você viu, Frisk? - replicou gentilmente o professor.

Frisk gemeu baixinho, angustiada.

— Gaster – sussurrou – eu o vi… o vi matando…

Sem se conter, Frisk recomeçou a soluçar, abarcando o rosto nas mãos, dobrando o corpo penosamente.

Surpresa, sentiu a pata de Gerson afagar suas costas.

— Foi terrível – a tartaruga ofegou – todo o Underground sentiu a dor pela perda dos seus pais. Eles sempre se destacaram entre nosso povo, e eram muito queridos por quase todos os monstros. Realmente sinto por ter tido que presenciar esta memória em particular.

— Por que? - a garota choramingou – por que Gaster fez isso, professor? Eu não… não entendo…

O monstro ficou quieto, permitindo que Frisk continuasse a extravasar sua tristeza. Frisk continuou a chorar copiosamente por alguns minutos, acalmando-se lentamente com o passar do tempo.

— Escute, Frisk – o diretor a encarou, assim que a garota se recompôs – há coisas que você não entenderia agora. E temo que seja cedo para dizer o que você representa para este mundo… você conseguiu sobreviver a algo mortal… ainda bebê, venceu um mal que se julgava invencível… Frisk, você é uma centelha de esperança para os monstros. Por isso que todos nós nos comprometemos a cuidar de você. Devíamos isso à Fraya e Thread.

A menina ergueu o olhar.

— Eu não quero ser nada disso, professor – lamuriou-se – eu nem sei quem eu sou de verdade! - segurou o medalhão, ofegante – eu só quero… descobrir quem vou ser. Só isso…

Estava ocultando a questão principal que lhe corroía a mente, mas julgava que Gerson não saberia – ou, caso soubesse, não queria - lhe explicar por que Gaster havia matado seus pais. Então decidiu tomar um rumo mais seguro em sua conversa.

— Você irá, pequena – tranquilizou-a – sendo filha deles, só podemos esperar grandes surpresas da senhorita. Estarei muito errado se você, uma invulgar de família tão extraordinária, não nos surpreender muito em breve.

Ela sorriu timidamente, ainda abalada. Gerson se levantou, apoiando-se em sua bengala, dando um tapinha de cumplicidade no ombro da garota.

— Bem… seus amigos já devem ter sido privados de notícias suas por tempo suficiente – lançou-lhe uma piscadela – vou deixar que entrem para lhe fazer companhia.

O diretor deixou o leito, caminhando lentamente para atrás das cortinas das camas, e desaparecendo de vista.

Algum tempo depois, Chara e Asriel surgiram do mesmo lugar, aproximando-se afobadamente da maca em que Frisk se encontrava deitada.

— Frisk! Você tá legal? - ofegou Chara, abraçando-a.

— Calma, Chara. Deixa ela respirar!

Chara fuzilou-o com o olhar, ainda abraçada à amiga.

— Estou bem – Frisk riu fracamente.

— O que houve? Você desmaiou lá na caverna!

Frisk mordeu o lábio. Oque havia visto no medalhão era tão pessoal… não sabia se contava aos amigos sobre o que havia visto.

Mas Asriel e Chara mereciam saber. Eram seus melhores amigos, e podia contar com eles para tudo que precisasse.

Calmamente, começou a contar sobre as memórias que havia presenciado – tudo que havia acontecido com seus pais em Snowdin, e durante o dia de seu nascimento.

Quando terminou de narrar sobre o ataque de Gaster, Asriel cobriu a boca, atordoado.

— Mas então… - o cabritinho guinchou – ele estava mesmo atrás de você… mas por que?

Naturalmente, Frisk não soube responder. Preferiu esquadrinhar a expressão fechada de Chara, e distrair-se com aquilo por hora.

— O que houve, Chara?

A garota encarou Frisk, dando de ombros. Parecia aborrecida.

— Aquele esqueleto inútil – bufou – falando para a Sonserina inteira que eu devia ter nascido um demônio por causa dos meus olhos – apontou para suas íris rubras, vincando as sobrancelhas de desgosto.

— Eu gosto dos seus olhos vermelhos – Asriel disse repentinamente - acho eles fofos.

Chara e Frisk o fitaram, espantadas.

Asriel pareceu se dar conta do que dissera, e franziu o focinho de constrangimento, baixando o olhar envergonhadamente.

— Hum… - Chara murmurou, pega de surpresa – obrigada.

Asriel se retraiu de vergonha, coçando a nuca.

— N-não foi nada…

Frisk segurou o riso, vendo os dois amigos definitivamente sem graça com o que havia acabado de acontecer.

Algo dentro de seu pequeno peito dizia que, apesar de todas as diferenças, Asriel e Chara realmente tinham muito afeto um pelo outro.

Surpreendia-lhe o como duas espécies tão distintas podiam viver em harmonia, sem menosprezar-se ou odiar-se mutuamente. Seus pais haviam compreendido isso. Seus amigos e tutores também.

Por que, então, Gaster e os demais monstros cruéis do passado não haviam conseguido enxergar aquilo?

— Nós vamos para a aula agora – anunciou Asriel, nitidamente numa tentativa desesperada de dissipar a atmosfera bizarra entre ele e Chara – vou avisar Undyne de que está aqui.

— E eu a professora Alphys – Chara pareceu achar graça – será que só eu acho que aquelas duas deviam se esbarrar mais vezes no corredor?

— Não – os três disseram em uníssono, rindo logo em seguida.

Ainda risonha, Frisk se despediu dos amigos, vendo-os deixarem a ala hospitalar. Inspirou profundamente, voltando a se acomodar na cama.

Adormeceu pouco tempo depois – para seu alívio, numa inconsciência livre de pensamentos ruins.





























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