O Garoto da Calça Rasgada escrita por Biax


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Como estão? Espero que bem!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727062/chapter/9

Abri os olhos, me acostumando com a claridade aos poucos enquanto eu tentava me lembrar dos sonhos que tive. Eles me escapavam, apesar de estarem “na ponta da língua”. Então, me lembrei do que Nathaniel havia me contado. Não foi um sonho. Ele realmente tinha me contado. Ele se abriu comigo.

Olhei para o lado, e a minha primeira visão foi a região dos olhos dele. Ele tinha tomado um espaço em meu travesseiro e seu rosto estava perto do meu, tranquilo. Me perguntei se ele tinha um sono tão sereno em casa quanto estava tendo aqui.

Meus olhos baixaram para sua boca entreaberta e uma vontade de beijá-la de novo me inundou. Eu sabia que era errado. Meu coração já estava batendo que nem louco graças àquela ideia.

E se ele sentir? E se acordar?

Me aproximei devagar, sempre observando seus olhos, para caso ele os abrisse, e depositei um beijo no centro de seus lábios. Senti sua respiração quente, assim como sua pele, e tive vontade de continuar ali, mas me contive e me afastei milímetros. Ele não havia se mexido, e mesmo sendo mais errado ainda, fui novamente.

Quase tive um ataque do coração quando sua boca moveu contra a minha, e eu me afastei no mesmo segundo, sentindo o corpo gelando dos pés ao topo de cabeça. Sobressaltado, percebi que ele ainda estava de olhos fechados, porém, fazendo um biquinho, como se estivesse sonhando.

Virei o rosto para cima, encarando o teto, sentindo os batimentos cardíacos machucarem minhas costelas. Respirei fundo algumas vezes, tentando me acalmar. Ele só estava sonhando, e eu sou horrível por ter roubado esses beijos.

Levantei, tomando o cuidado de não mexer a cama, e fui ao banheiro, com Dragon em meu encalço. Quando saí para o corredor, dei de cara com Nathaniel, que parecia apertado pelo jeito que estava com as mãos em punho sobre a região abaixo do umbigo. Dei espaço e ele passou, se trancando no cômodo.

Já na cozinha, prestes a começar a preparar o café, percebi que não tinha mais nenhuma baguete. Eu teria que ir à padaria. Deixei a cafeteira fazer seu trabalho e subi para me trocar.

— Aonde vai? — interrogou Nathaniel, encostado no batente da porta.

— Comprar baguete. Eu volto rápido.

— Eu vou com você — afirmou, indo diretamente para sua mochila.

Nathaniel pegou algumas peças de roupa de dentro dela, e sem rodeios, se despiu, ficando apenas de cueca. Engoli seco e me virei para meu guarda-roupa, mesmo já completamente vestido.

— Me empresta um desodorante? — pediu ele, se aproximando.

Sem olhar para trás, peguei o desodorante em aerossol e lhe passei por cima do ombro. Ele usou e me devolveu. Esperei um pouco, fingindo estar arrumando minha carteira.

— Vamos?

— Sim.

Descemos, coloquei um pouco de ração para Dragon, para distraí-lo, e saímos de casa. O bistrô ficava a menos de cinco minutos dali, e andamos sem pressa.

— Eu pago, tá? — falou Nathaniel, sorridente.

— Por quê?

— Eu já acabei com seu estoque de pão ontem.

— Hm... Tá bom.

Nathaniel pediu dez baguetes de queijo e alguns tipos de queijos. Como ainda íamos para a escola, aceleramos o passo. Assim que chegamos, fomos comer.

Observei Nathaniel rechear sua baguete com queijos e pensei em como aquele hematoma em seu olho chamaria uma atenção desnecessária.

— Você não quer passar alguma coisa nesse seu olho?

— Tipo o quê? — perguntou ele, assim que terminou de engolir a mordida.

— Maquiagem. Minha mãe tem algumas no quarto dela.

— Hm... Acha que eu devo? Tá muito ruim?

— Bom, um olho roxo é sempre ruim, imagino. Apesar que você não liga muito pro que os outros pensam, né?

— Acertou em cheio. Mas se você achar que seria bom, eu aceito. Você sabe passar essas coisas?

— Não, mas eu aprendo na hora. Sempre podemos lavar e começar de novo. — Dei de ombros.

Depois que terminamos, subimos para o quarto dos meus pais. Fui até o closet deles, e procurei a caixa de maquiagem de minha mãe e a deixei em cima da cama.

— Senta aqui — chamei, indicando o lugar ao lado da caixa.

Nathaniel sentou-se na beira do colchão, observando, apreensivo, enquanto eu procurava o que eu achava que era necessário. Um frasco de um liquido bege claro. Por sorte, Nathaniel e minha mãe tinham tons de pele semelhantes, então daria certo. Eu sabia mais ou menos como fazer de tantas vezes que assisti dona Valérie se maquiando.

— Fecha os olhos — pedi, abrindo o frasco e colocando um pouco do liquido na palma da mão.

Nathaniel fechou apenas o olho roxo, me fazendo rir. O fiz erguer o rosto, tocando seu queixo, e comecei a espalhar a base sobre sua pele.

— Que troço gelado — comentou ele, fazendo uma careta.

— Fica quieto.

Fui passando onde havia tons de roxo e um amarelo estranho. Ele ainda me encarava com o olho aberto.

— O que foi?

— Você sabe mesmo o que tá fazendo? Eu não quero ficar com cara de quem realmente se maquiou.

— Não vai ficar escrito na sua testa que você passou maquiagem. Tenha um pouco de fé em mim.

Ele riu e fechou o olho que ainda estava aberto, parecendo relaxar. Aproveitei para ficar mais perto, para ver se estava fazendo direito, e continuei espalhando o negócio em sua pele, tentando não olhar, mais uma vez, para sua boca.

— Tá acabando?

— Quase.

Usei uma esponjinha para espalhar o pó, mesmo sem entender qual era sua função, e me ergui.

— Pronto.

Nathaniel levou rápido e saiu do quarto. Guardei a maquiagem na caixa e ela de volta no lugar. Apaguei a luz ao sair e fechei a porta. No corredor, vi a luz do banheiro acesa e fui até lá, encontrando Nathaniel com o rosto quase colado no espelho.

— Uau... — Ele se afastou, virando o rosto para ver o trabalho de vários ângulos.

— Não ficou ruim...

— Não, tá ótimo — comentou, impressionado.

Terminamos de nos ajeitar para ir à escola, tranquei a casa e fomos a pé. Conversamos durante o trajeto, e continuamos quando entramos na escola. Eu estava gostando da forma que Nathaniel estava relaxado, descansado, e mal notei os alunos nos observando, de tão concentrado nele que eu estava.

Nathaniel me acompanhou até minha sala, e paramos próximo à porta.

— Bom, vou ir pra minha aula. — falou, sorrindo. — Nos vemos depois.

— Até — concordei, ficando ali para vê-lo se afastar.

Assim que entrei, vi que quase todos os alunos já estavam em seus lugares, inclusive meus amigos, que me olhavam com caras que iam desde alegria, dúvida e malícia, que era o caso de Gabrielly.

Me senti nervoso de repente, como se tivesse perdido algo importante, e fui me sentar em meu lugar.

— Acho que alguém tem novidades pra contar — cantarolou Gabrielly, demorando na última palavra.

Eu não devia falar sobre os motivos que levaram Nathaniel a ir para minha casa, então apenas contei que ele passou na minha casa, para tirar algumas dúvidas sobre a atividade de química, e que fomos ao bistrô juntos antes de vir para a escola.

Gabrielly me olhava desconfiada.

— Só isso? Não rolou nada? NADINHA?

— Eu já falei que não, sua louca.

— Deixa ele, Gabs — falou Priya, beliscando de leve a bochecha dela. — Se ele tá dizendo que não aconteceu nada, é porque não aconteceu.

— Finalmente alguém com bom senso aqui — brinquei.

— Ei, eu nem insisti no assunto — falou Alexy.

— Obrigado, Alexy. Você também tem bom senso.

Ele piscou para mim.

— Na hora certa você conta pra gente.

Balancei a cabeça em descrença enquanto as meninas davam risada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Logo no início do capítulo, você dá um gritinho de fangirl hsuashuash

Só digo que estou ansiosa para postar o próximo capítulo! Porque ele será dos bons :B

Obrigada por tudo, e até o próximo! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto da Calça Rasgada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.