O Garoto da Calça Rasgada escrita por Biax


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Mais um capítulo aqui procêis!
Um obrigadinha especial a Silent Girl e a Makário, pelos lindos comentários :3
Obrigada a todos que estão acompanhando e boa leitura!



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— Apanhei — falou Nathaniel, com a voz rouca.

— Tentaram te assaltar de novo...? Mas...

— Não — interrompeu, indo para trás, se apoiando no encosto do sofá. — Meu pai me bateu — cochichou, como se estivesse com vergonha de admitir.

— Como...? Por quê...? — Eu não sabia o que fazer com as mãos. Queria confortá-lo de alguma forma, mas não sabia como.

— Eu sou um filho sem causa — respondeu, dando um sorrisinho, e fez uma careta. — Ai, meu nariz.

— Tá quebrado? — perguntei, com certo desespero.

— Acho que não.

Ergui a mão devagar, para caso ele quisesse me parar, e tentei tocar seu nariz o mais levemente possível. Como ele não recuou ou resmungou, não devia estar machucado.

— Se tivesse quebrado você estaria morrendo de dor...

— É, acho que sim.

Voltei as mãos para o colo, apreensivo.

— Por que seu pai te bateu?

— Ah, tantos motivos. O mundo estar do jeito que é, é motivo pra ele ter me batido. Acho que ele se segurou durante muito tempo. Eu tirei o pino da granada hoje... Pode me dar um pouco de gelo?

Corri para a cozinha, peguei cubos de gelo e os coloquei em um pano de prato limpo. Voltei a sentar ao lado de Nathaniel e lhe entreguei a trouxa, e ele a colocou sobre o nariz, fazendo uma careta.

— Isso foi agora pouco?

— Uns vinte minutos atrás, meia hora no máximo.

Eu não sabia se insistia em saber o motivo dele ter apanhado ou o deixava descansar. Ele parecia prestes a desabar de cansaço.

— Quer tomar banho? — sugeri, e ele riu.

— Agora eu posso tomar banho aqui? — perguntou com um tom irônico.

— Isso não é hora pra piadas.

— Piada não tem hora.

— Tem sim. E não é agora. Vai.

Levantei, o puxando pela manga da blusa moletom, peguei sua mochila pela alça e subimos depois de eu apagar as luzes daquele andar.

— Você trouxe roupas?

— Eu peguei algumas que estavam no quarto, mas não sei o que eu peguei.

— Olha aí, então, se você precisar de alguma peça, eu te empresto alguma. — Entreguei a bolsa a ele e indiquei o banheiro do segundo andar.

Nathaniel entrou, acendendo a luz, e eu tratei de fechar a porta. Encostei na parede oposta, soltando um suspiro pesado. Eu não conseguia entender como ele ainda conseguia ter alguns resquícios de bom-humor depois disso tudo. Ou Nathaniel fez algo realmente ruim, ou o pai dele é um monstro.

Com o silêncio da casa, ouvi Nathaniel xingar baixinho algumas vezes, talvez sentindo dor em algum local do corpo. Após alguns segundos, a porta abriu e ele colocou a cabeça para fora, e me viu ali.

— Cadê aquele seu shampoo? — indagou abrindo um sorrisinho gentil.

— É sério?

— Seríssimo.

Soltei outro suspiro, um pouco mais dramático, e fui pegar o bendito shampoo no banheiro de baixo. Como Nathaniel não estava mais com a cabeça para fora da porta quando voltei, a empurrei e vi as costas nuas dele, cheia de hematomas de cores diversas. Ele se virou antes que eu conseguisse contar quantos tinham, mas me surpreendi ao encontrar mais algumas em seu peito, barriga e costela.

— Ah, valeu. — Ele pegou o frasco das minhas mãos enquanto eu permanecia completamente chocado.

— Natha...

— Dá licença, eu quero tomar banho — falou ele, levemente brincalhão, me empurrando para fora.

Saí e fechei a porta atrás de mim sem reclamar. Aguardei ali, sentado no chão, para caso ele precisasse de algo, e me debrucei sobre os joelhos dobrados, pensando em como e se eu deveria fazer algo sobre ele. Só percebi que dormi quando senti algo cutucar minha cabeça.

— Atrapalhei seu sono de beleza, né? — perguntou Nathaniel.

Me apoiei na parede e levantei, um tanto grogue e dolorido. Depois do banho, ele parecia um pouco menos machucado, apesar dos hematomas ainda estarem ali.

— Você não tem noção das coisas mesmo — resmunguei, caminhando para o meu quarto no fim do corredor.

— Só me arruma umas cobertas que eu durmo no sofá.

Aquele sofá não era a coisa mais confortável do mundo, e só de imaginar ele dormindo ali, com todos aqueles hematomas nas costas, me fez sentir desconforto.

— Não, pode dormir na minha cama.

— E você vai dormir onde?

— Eu dou um jeito.

Assim que acendi a luz do quarto, Dragon levantou a cabeça, deitado em minha cama com aquela cara de bobão.

— Parece que já tem alguém ocupando a cama. — Nathaniel riu.

— É, ele é bem folgado.

Nathaniel foi até lá e sentou, parecendo mais corajoso do que nas outras vezes, e fez um carinho na barriga de Dragon, que se espalhou ainda mais.

— Deita logo — falei, gesticulando. — Você parece que vai desmaiar de sono.

— Olha quem fala, né — retrucou ele, deitando com a cabeça nos pés da cama.

Arrastei os pés até a porta e paguei a luz.

— Boa noite...

— Onde você vai dormir?

— No quarto dos meus pais.

— Uau, você tem pais?

— Pois é. — Dei uma risadinha sonolenta e comecei a fechar a porta.

— Castiel — chamou Nathaniel, com certa impaciência.

— O quê?

— Para de graça e vem deitar aqui. Essa cama é três vezes maior que a minha. Se cabe eu e esse cachorro enorme, cabe você também.

Suspirei, cansado, me deixando levar pelo sono, e desisti. Fechei a porta e desabei na cama, dando um dos meus travesseiros a Nathaniel, que o aceitou rapidamente. Nos cobri o melhor que pude, em meio ao sono, e apaguei dois segundos depois.

 

Assim que despertei, continuei com os olhos fechados. Por um momento passou pela minha cabeça que meus pais estavam dormindo no quarto ao lado, porém, logo me lembrei do telefonema que estragou meu fim de semana.

Tentei me mover, mas havia algo segurando minhas pernas e, ao me apoiar nos cotovelos no colchão, vi que Nathaniel estava deitado de bruços e com o braço direito em cima das minhas canelas, dormindo profundamente. Sua camiseta cinza estava levantada, mostrando todos os seus hematomas coloridos.

Me sentei e me arrastei para frente, tentando não mexer as pernas para não acordá-lo. Contei oito manchas que iam do roxo escuro ao amarelo, dos mais variados tamanhos. Sem raciocinar, deslizei a mão delicadamente por suas costas, querendo saber se as manchas estariam em alto-relevo, mas me surpreendi por sua pele ser tão macia quanto parecia pelo rasgo de sua calça.

Nathaniel gemeu algo inteligível, e eu recuei a mão imediatamente, enquanto ele virava de barriga para cima, onde eu também conseguia ver mais alguns hematomas.

— Que horas são? Tá na hora de ir pra a escola? Eu não queria ir hoje...

Acabei rindo.

— Hoje é domingo, sabia?

— Acho que não... — soltou, ainda de olhos fechados.

— Você tá acordado? — perguntei, confuso.

— Tô...? — indagou de volta, sussurrando.

— Se eu tô perguntando, é porque quero saber. — Ele não respondeu, e eu segurei a risada. — Nathaniel?

— Hmm...?

— Não quer tomar café?

— Duas baguetes de queijo... — E ele balbuciou mais alguma coisa.

Agora livre, cheguei mais perto.

— O quê?

Novamente, Nathaniel murmurou algo impossível de se entender e virou de lado, ficando de frente para mim.

— Não entendi. Ainda não sei se você tá acordado ou dormindo.

— Não... — Ele fez uma careta de preocupação. — Não, de novo não.

— O que foi?

— Ele quer... Não... — Nathaniel franziu o cenho, e sua expressão se tornou magoada.

— O que ele quer?

— De novo não — murmurou, parecendo prestes a chorar.

— Nathaniel? — perguntei, tocando seu rosto.

Ele pareceu piscar, e então abriu os olhos, me encarando como se não soubesse como eu tinha parado ali.

— O que você tá fazendo na minha cama? — perguntou com a voz rouca.

— Você que tá na minha cama. No meu quarto, na minha casa...

Nathaniel olhou ao redor, avistou Dragon, deitado ao seu lado e pareceu lembrar.

— Ah... — Ele fez um esforço para se sentar, esfregando o rosto com as duas mãos, e parou de repente, fazendo uma careta de dor.

— Com o que você estava sonhando?

— Não lembro. — Passou a mão no cabelo, evitando meu olhar.

— Você acabou de acordar, como não lembra?

— Só não lembro. — Ele se arrastou para fora da cama rapidamente e foi para o corredor.

Pelos últimos acontecimentos, eu poderia apostar que o sonho era sobre seu pai, mas eu podia estar errado. Só ele saberia. Eu não entendia o porquê dele não querer contar. Ele veio até a mim como se pedisse socorro, porém, não contava o que de fato tinha acontecido. Será que ele nunca confiaria completamente em mim?


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Notas finais do capítulo

Tadinho do Nath, né? Acho que em 98% das fanfics dele, ele sempre sofre com o pai hsuahsuahs
Comentem! Vou adorar saber o que estão achando!
Até o próximo o/



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