O Garoto da Calça Rasgada escrita por Biax


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Tudo bom?

Um novo aluno chegou na escola. Conseguem adivinhar quem? HUAHUAHUS
Prevejo mais tretas :B

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727062/chapter/12

Meus pais conseguiram folgar no fim de semana e vieram para casa. Graças à percepção de mãe, dona Valérie suspeitava de que minha animação não era simplesmente por causa da prova de matemática, e eu tive que achar outras desculpas, mesmo com ela insistindo que aquilo tinha cara de amor.

Mas aquilo não foi o pior de tudo. Enquanto assistíamos um filme, ela perguntou se eu já tinha ficado com alguém. Fiquei com vergonha, mas respondi que sim. Não sei por que diabos, mas ela perguntou se eu já tinha ficado com algum menino. Eu praticamente fiquei em choque, e ela rapidamente admitiu que, na minha idade, ela tinha ficado com algumas meninas por curiosidade.

Depois daquilo não pude mentir, e ela me apertou contra o peito em um abraço exagerado, dizendo que independentemente da minha “escolha”, ela e meu pai me amariam da mesma forma. Meu pai, que estava ao lado, confirmou.

Infelizmente o fim de semana passou logo. Meus pais foram embora na segunda de madrugada e eu os acompanhei até a rua. Voltei a dormir e acordei animado para ir à escola, ansioso para encontrar Nathaniel e saber seus avanços.

Não o encontrei, então fui diretamente para a sala, sabendo que eu estava adiantado até demais. Fiquei rabiscando um dos meus cadernos para ajudar o tempo passar, até que ergui o rosto para uma movimentação na porta, achando que era Nathaniel. Me desapontei, já que não era ele, mas estranhei por ver um garoto desconhecido andando até mim.

Ele era bronzeado, de cabelos loiros e olhos verdes. Sem dúvida vinha do litoral.

— Essa é a sala de literatura? — indagou ele, abrindo um sorriso de canto.

— Sim.

— Então estou no lugar certo... — Ele me analisou por alguns segundos. — Qual seu nome?

— Castiel.

— Sou Dakota, ou Dake, como quiser. — Estendeu a mão em minha direção.

Trocamos um aperto rápido, e ele ocupou a carteira da frente. Assim que o menino se sentou, consegui ver outra pessoa parado na porta da sala, e daquela vez fiquei feliz. Nathaniel fez sinal para que eu fosse até lá, e eu rapidamente caminhei até ele.

— De onde esse cara saiu? — perguntou, cochichando, indicando Dakota com o queixo.

— Não sei. Deve ser aluno novo. Ele perguntou se essa era a sala de literatura.

Nathaniel observou o garoto com ar de desdém.

— Que foi?

— Eu detesto surfistas.

— Como você sabe que ele é surfista?

— Cabelo loiro, pele bronzeada, músculos e tatuagens. Precisa de mais alguma coisa?

— Mas por que você não gosta deles?

— Porque surfistas são folgados. Acham que são donos de tudo e que podem conquistar qualquer um só porque tem uma prancha.

— Experiência própria, é? — perguntei rindo.

— Mais ou menos. Já briguei muito com esse tipo de cara.

— Um folgado falando de outro — provoquei.

Nathaniel semicerrou os olhos, me encarando, e me deu uma cotovelada de leve no braço.

— Até depois.

Fiquei ali o suficiente apenas para acompanhar Nathaniel com o olhar até que ele entrasse em sua sala, e avistei Gabrielly e Priya chegando. Quase juntos, chegaram Alexy e Rosa.

Fui “obrigado” a apresentar Dakota para meus amigos, já que ele se virou para nós quando nos sentamos. Ainda assim tinha quase certeza de que se eu não o tivesse feito, ele faria sozinho ema lgum momento. De qualquer forma, o professor o chamou para apresentá-lo à sala.

Na aula de reforço, Nathaniel comentou, feliz, sobre as coisas novas que chegaram em sua casa, e disse que queria arrumar tudo antes de me convidar para visitar.

Os dias passaram sem nada de anormal, tirando umas insinuações de Dake fazia, que começaram a ficar cada vez mais diretas. Eu estava começando a achar que era o jeito dele, que ele fazia aquilo com todos, então eu me fingia de bobo e deixava passar.

Na sexta, na aula, Nathaniel me convidou para conhecer seu apartamento. Eu aceitei no mesmo instante. Assim que fomos liberados, corremos para fora da sala.

— Você limpou tudo, né? — perguntei, querendo encher o saco de Nathaniel. — Não vou entrar em casa suja.

— Ah, cala boca. — Ele deu risada.

Já no pátio, prestes e ir para a rua, me toquei de que havia deixado meu caderno debaixo da mesa, e parei de andar.

— Acho que esqueci meu caderno na sala...

— Claro que esqueceu — ironizou Nathaniel.

— Vou lá pegar rapidinho.

Subi de volta, correndo, e achei meu caderno, felizmente ainda no mesmo lugar. O guardei na mochila e voltei, percebendo que eu era muito sedentário por já estar sem fôlego. Respirando rápido, notei como o ar estava mais gelado, e ao sair, notei que o céu estava repleto de nuvens.

Como Nathaniel não estava ali no pátio, imaginei que estivesse me esperando na calçada. Ao sair dos portões da escola, presenciei dois caras brigando, e com surpresa vi que eram Nathaniel e Dake.

Corri até lá, prestes a tentar separar os dois, quando Nathaniel me viu e hesitou, o que abriu uma brecha para que Dake acertasse um soco em sua boca, que provavelmente era para ter sido dado no maxilar. Por mais alguns milímetros, Nathaniel conseguiria desviar, e mesmo assim foi como se tivesse desviado. Ele riu e devolveu o soco, acertando em cheio o rosto de Dake.

Aproveitei que o último caiu para trás e puxei Nathaniel pela mochila.

— Já chega. Você não tem juízo nenhum nessa sua cabeça de vento?!

Nathaniel não me impediu, mas deu alguns passos para trás, ainda intimidando Dake com o olhar. Puxei sua blusa para que ele virasse.

— Anda logo. Qual seu problema? Quando eu acho que você tá tranquilo, você arranja briga com alguém.

— Ele pediu... — Nathaniel passou a mão na boca para limpar o sangue que estava brotando.

— Eu acho que você tá perdendo o bom senso. — Ele não respondeu. — Não vai falar por que arranjou briga?

Ele hesitou.

— Eu quero te mostrar o apartamento. Vamos logo.

Soltei um suspiro, já esperando que ele não fosse falar tão fácil. Pelo menos não naquele momento.

— Preciso passar em casa pra dar comida pro Dragon.

— Tudo bem — concordou.

Fomos para a minha casa em silêncio. Ao chegar, enquanto eu enchia o pote de ração, Nathaniel foi para o banheiro.

— Castiel! — chamou ele.

— O quê?

— Vem aqui!

Fui até lá e parei na porta.

— Isso aqui não quer parar de sangrar. — Apontou para o corte na boca.

— Também, toda santa vez que você tem uma briga te acertam aí. A pele deve estar até mais fina.

Ele riu, e uma gota de sangue escorreu do machucado.

— Ai, merda. — Nathaniel abaixou na pia e lavou os lábios. — Você não tem alguma pomada? Que eu possa passar pra ver se para de sangrar?

— Não sei. Vou ver.

Fui até o banheiro do quarto dos meus pais, onde normalmente guardavam os medicamentos, e encontrei uma pomada para ferimentos leves. Desci correndo e a ofereci.

— Achei essa aqui.

Nathaniel tinha sentado no vaso sanitário, segurando a boca como se juntasse as duas partes para que o machucado fechasse.

— Passa pra mim, por favor?

— Quantos anos você tem?

— Hmm... Sete.

Fiz uma careta, mas me aproximei. Ele deixou as mãos no colo e o corte voltou a sangrar.

— Ainda tá sangrando. — Peguei um pedaço de papel higiênico e apertei em sua boca, tentando não pensar em como estávamos próximos.

— Ai, cuidado — resmungou.

— Não reclama. Ninguém mandou se meter em briga.

Ele segurou o riso, e eu também.

Enquanto apertava o papel no machucado, ouvimos um som familiar que começou gradativamente.

— Isso é chuva? — perguntou Nathaniel, virando o rosto levemente em direção à janela.

O som chegou até nós. Os pingos faziam um barulho alto contra os telhados das casas ao redor.

— Acho que isso responde sua pergunta.

— Eu nem queria ir pra minha casa mesmo.

— Ainda bem, né? Imagina se quisesse. — Tirei o papel para verificar. — Parece que parou de sangrar.

Peguei o tubo da pomada, a abri e coloquei um pouco no dedo indicador, fechando a tampa em seguida.

— Fica parado.

Nathaniel começou a dançar sentado, mexendo a cabeça e os ombros. Segurei seu rosto pelo maxilar com a mão esquerda em uma reação automática e fui obrigado a falar alguma coisa para não deixar um clima estranho.

— Falei pra ficar quieto, não dançar igual uma minhoca louca.

Ele riu e resolveu ficar parado. Soltei seu rosto e passei a pomada em cima do corte com cuidado. Lembrei daquele dia em que eu roubei aqueles beijos. Seus lábios estavam tão convidativos quanto àquele dia e... O que eu tô pensando?!

Minhas bochechas arderam, e ele percebeu, para meu desespero.

— O que foi? — perguntou, curioso.

Antes que eu balbuciasse algo, o banheiro entrou em escuridão. Lá fora, um trovão alto explodiu no céu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Daqui a pouco o Nath fica sem boca suhaushaush



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto da Calça Rasgada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.