Nós víamos a porta de entrada, porém esta estava cheia de youkais, guardando-a.
 
 Eram todos iguais aos da floresta, só que dessa vez demoraríamos mais para acabar com eles.

 - Não podemos atacá-los todos de frente. Ficaremos vulneráveis...

 - Sango está certa, vamos nos dividir em grupos. - sugeria Mieko - Que tal assim: InuYasha, Sango e Zulah no primeiro; Sesshoumaru, Miroku e Jaken no próximo; Eu e os ninjas no terceiro; General Kagome, Kouga e Kirara no último. E então deixamos Rin, Hitomi e Shippo esperando aqui com dois de meus irmãos.

 InuYasha não gostou muito, pois não fiquei em seu grupo, mas o convenci que não tinha problema algum. O grupo dele iria pela frente, seguido pelo do Sesshoumaru pela esquerda e o meu pela direita. O grupo dos ninjas viria depois, por trás.

 - Kagome nee-chan, cuidado... - virei-me para encarar a menina.

 - Rin, são apenas alguns youkais fraquinhos. O real problema será a Horo... - percebi então pequenas lágrimas surgindo em seus olhos.

 Não aguentei e a abraçei. Ela me lembrava demais ao Souta. Me lembrei de quando cozinhava com a mamãe, de quando vovô contava suas histórias chatas, de quando ajudava Souta com tarefas do colégio...

 Logo eu mesma começei a chorar baixinho, mas logo parei. O que Rin pensaria se me visse assim? Certamente acharia que morreríamos, ou que algo terrível aconteceria. E o pior era que eu nem estava chorando por causa da batalha que teria daqui alguns minutos, e sim por saudades...

 - R-Rin, - falei, me recompondo - eu vou voltar dessa luta e vou voltar da luta contra a Horo! - ela me olhava, limpando o rosto e secando as lágrimas - E quando voltar, vou te ajudar a conquistar o Sesshoumaru, o que acha?

 Esse momento foi o primeiro que eu realmente refleti sobre o caso dos dois. Como que daria certo? Se eu e InuYasha já tinhamos problemas por ele ser um hanyou, imagine com o Sesshoumaru! Eu precisava ajudá-la, ela era minha nova irmã e eu tinha prometido. Será que eu deveria usar o desejo que eu tanto queria usar para mim mesma? O que era mais importante: minha felicidade, ou de alguém que eu amo do fundo de meu coração...? Sem dúvida seria a felicidade da menina a minha frente.

 - Adorei a ideia! - respondeu-me, rindo.

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 - Lá vão eles. - ouvi Kouga dizer, acompanhando com os olhos o primeiro grupo.

 Estávamos escondidos entre árvores e arbustos pelo lado direito da entrada, onde atacaríamos. Cada grupo estava em seu respectivo lugar, esperando sua vez.

 Como Kouga havia dito, InuYasha, Sango e Zulah já estavam correndo, despercebidos pelos youkais, por entre a mata. Passou apenas alguns segundos para o grupo começar o ataque, estavam indo muito bem. O combinado era o nosso grupo e o de Sesshoumaru atacar quando os youkais estivessem completamente distraídos pelo de InuYasha, e isso não demorarua para acontecer.

 - Kirara, Kouga, vão se preparando... - os dois concordaram com a cabeça, Kirara já se transformando na youkai grande e feroz que conhecíamos.

 Passou mais alguns poucos minutos até nós partirmos pela mata. Haviam vários arbustos e rochedos nos quais poderíamos nos esconder. Vi de relance Miroki correndo para alcançar os youkau do outro lado do campo, ele parecia preocupado com a Sango.

 Nossos grupos alcançaram os youkais morcegos praticamente juntos. Tirei Kikenna da bainha e subi num rochedos alto, saltando assim por cima da aglomeração de youkais, acertando facilmente inúmeros deles. Esse era o tipo de ataque eficiente e que eu treinara bastante no palácio.

 Poucos minutos depois chegaram Mieko e seu clã por trás. Quando chegaram pareciam esranhas sobras velozes, e não pessoas. Você realmente não conseguia vê-los. Mas, afinal, eles eram ninjas, e isso não era nem metade do que sabiam fazer.

 Como todos já estávamos lá, estava ficando difícil para os morcegos. De centenas e centenas, passaram a vir apenas em dezenas. Não vou mentir e dizer que estava moleza, mas estava mesmo melhor que daquela vez na floresta.

 Num momento porém, me descuidei. Estava correndo para dar um golpe em três youkais quando vieram outros dois de cima. O primeiro apenas chamou minha atenção, para eu não perceber o segundo fincando suas garras imundas em meu abdomên. Gritei. A única pessoas que me ouviu foi Sesshoumaru, que logo veio eliminar os youkais ao redor. Ele então chamou Jaken e Zulah para me tirarem do meio do campo e me levarem até Hitomi e os outros para ser atendida.

 Foi então que percebi o quanto o irmão do hanyou era bom. Ele só colocava uma "máscara" de quem é malvado, cruel e indiferente. Mas no fundo, ele era uma pessoa boa, e uma pessoa boa para Rin.

 Quando chegamos, os dois decidiram ficar comigo. Logo a Feiticeira e os outros pegaram alguns medicamentos e faixas, que os ninjas sempre traziam com eles, para me tratar.

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 -Kagome-chan, não está doendo?

 - N-não Shippo, nem dói.

 - Tem certeza, nee-chan?

 - Claro, Ri-in...

 Acho que nunca menti tanto em minha vida. Estava doendo pra caramba! Mas é claro que só podia doer! Mas não era só o ferimento que doía, eu doía por dentro, pelos outros estarem lá se ferrando com os youkai que restaram. Eu sentia como se tivesse os abandonado, e não tinha o que fazer a respeito.

 Senti então Zulah ao meu lado, gemendo baixinho como se estivesse compartilhando minha dor.

 - Sabe, esse ferimento estaria cem vezes pior se não fosse pelos medicamentos. - ouvi Hitomi falar - Tente se levantar. Acabei de enfaixar seu abdomên.

 Fiz como ela mandou. Confesso que doeu bastante, mas não só consegui me levantar, como consegui andar! Achei que, com um pouco mais de tempo, também ia conseguir correr e lutar já.

 - Então o ferimento não foi tão sério?

 - Na verdade, foi muito superficial. Voce deve ter sentido tanta dor por causa do veneno... - explicava-me a Feiticeira.

 - Tinhha veneno?! - Perguntei assustada.

 - Tinha. Não sei como não percebeu... - falava enquanto guardava as coisas - Mas não se preocupe porque dei um jeito de tirá-lo.

 - O-obrigada!

 - Auuurrr! - olhei para minha youkai que andava cautelosamente até Kouga que vinha, seguido pelos outros, em nossa direção.

 - O que foi Zulah? - perguntou Kouga virando-se na direção em que a mesma indicava - Kagome, eu vi que você saiu ferida... Como está? Deixe-me ver se está melhor. - falou vindo mais perto de mim para examinar-me.

 - Foi só superficial, né Hitomi? Não se preocupe, já estou melhor.

 O youkai lobo ia falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pelo hanyou, que chegou empurrando-o.

 - Kagome! O que houve?! Quando vi Jaken e Zulah levando-a até aqui ia seguí-la, mas aqueles merdas de youkais não paravam de vir, então nem tive chance! Só agora que terminamos com todos eles! - contava InuYasha, tentando se explicar - Mas e o que aconteceu com você? Por que está enfaixada?!

 - Fui atingida por um golpe no abdomên. - percebi o olhar surpreso e preocupado do hanyou e fui rapidamente acalmando-o - Mas não foi nada! Mal senti! Olhe, até consigo correr! - corri um pouco envolta dele, sofrendo para não mostrar a dor que ainda restava.

 - Você acha que ela pode lutar? - perguntou à Hitomi, num tom sério e preocupado.

 - Poder ela pode. Mas talvez ela ainda sinta dor....

 - Dor?! Que dor?! Vocês só podem estar brincando! - falei cedo e empolgada demais. Ri então, sem graça. Só esse pequeno movimento já fez meu corpo todo, em particular meu ferimento, arderem de dor. Mas eu precisava participar dessa próxima batalha, precisava matar Horo, então, precisava continuar fazendo-os acreditarem que estava bem - Não estou sentindo dor nenhuma! Vocês viajaram!

 - Kagome, tem certeza? Não faz mal se ficar aqui com Hitomi... - sugeria Sango, como sempre, preocupada comigo.

 - Não, estou realmente bem. - menti - Agora vamos. Matamos os youkais, só falta a líder...

 Despedimo-nos de Hitomi, que era a única que ficaria, e andamos as poucas dezenas de metros que nos separava de nossa inimiga. Achei estranho e errado Rin vir junto, mas se Sesshoumaru não se opôs, não deveria ter problema. Acho que era porque como não havia milhares de youkais e sim uma só, ele conseguiria protegê-la melhor.

 - É agora... - murmurou Kouga.

 - InuYasha, faça as honras. - pediu Miroku.

 - Garras Retalhadoras de Alma! - num segundo as garras do hanyou arrancavam a porta do templo de seu lugar.

 Olhei para dentro. Era um lugar enorme, mas estava pouco iluminado. Na parede esquerda vi três figuras presas por correntes às janelas e com suas bocas tampadas. Reconheçi duas delas: a do meio era a Hime Yamako, e a última era minha hime... Hime Kohamna! No resto do aposento haviam mesas com vários papéis, mapas e outros utensílios jogados sobre elas.

 Fitei, finalmente, a figura ao centro. Esta estava com os mesmos olhos azuis tenebrosos e com o mesmo meio sorriso sarcástico.

 - Bem-vindos ao lar, meus jovens.