Era Feudal escrita por Aella


Capítulo 10
Adeus, Midoriko.


Notas iniciais do capítulo

Demorou meu amigos, eu sei. E quero me desculpar do fundo de meu kokoro! ç_ç
Espero muitíssimo que aproveitem esse capítulo! :D



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  - Queimaram o corpo dela?

 

  - Sim. Que nem fizemos com a irmã.

 

  - E o Koushiro? Pra onde foi?

 

  - Só vi ele saindo, andando pela estrada, sozinho... Não sei se o encontraremos novamente.

 

  A claridade ardia em meus olhos enquanto eu recuperava os sentidos. Eu mexia os dedos, ouvia e, quando abri meus olhos, enxergava novamente.

 

  Estava num jardim, que reconheci ser de meu antigo palácio. Reconheci as silhuetas de meus amigos. Todos. Levantei-me parcialmente, atraindo a atenção dos outros.

 

  - Ka... Kagome. Minha Kagome... Como se sente, agora? – o belo hanyou, com uma expressão que eu nunca havia visto veio em minha direção.

 

  Não pude responder. Meus lábios foram tomados pelos dele. Eu, como acabara de recuperar a consciência, fiquei ainda mais desorientada. Por algum estranho motivo, esse beijo parecia diferente. Não só o beijo, eu me sentia diferente, transformada.

 

  Continuamos nosso beijo, que começou leve e gentil, mas agora estava intenso e ousado. Parecia que estávamos famintos, e a única coisa que saciaria essa fome seriamos um ao outro. Nossas línguas se entrelaçavam loucamente tentando saciar esse desejo.

 

  Quando finalmente nos soltamos, percebi o quão certo era aquilo. Eu e InuYasha nascemos um para o outro. Percebi também certa inquietação do hanyou, e até dos outros. Encarei-o confusa. Então ele me levantou e me dirigiu até um minúsculo laguinho do jardim.

 

  - Dê uma olhada em seu reflexo, meu anjo. – sussurrou em meu ouvido.

 

  Fiz o que me mandara. Meu coração pulou uma batida. Encarei aquela estranha conhecida no meu lugar. Ela tinha os mesmos cabelos negros que eu, e o mesmo rosto. Porém, possuía um par de negras orelhas caninas no topo de sua cabeça, e caninos demasiados afiados. Além disso, seus misteriosos olhos rubis me encaravam. Aquela estranha, era eu. Eu tinha me transformado em uma meia-youkai, igual ao meu amado. Isso explicava sua expressão ansiosa e inquieta, e minhas estranhas sensações.

 

  - I-Inu... – quase não conseguia falar. As lágrimas não permitiam. – C-como...?

 

  - Heh, foram os anéis das himes. – me abraçou, sem se preocupar em enxugar minhas lágrimas de felicidade. – Parece que eles “reagiram” aos seus corações e aos seus mais profundos desejos.

 

  Seus corações? Eu tinha ouvido direito? Me afastei dele e percorri o aglomerado de pessoas com os olhos, procurando especificamente por uma delas.

 

  - Nos-nossos co-corações? – perguntei, ainda um pouco atrapalhada.

 

  - Foi o que a Yamako e a Kohamna disseram... – respondeu, interessado no meu próprio interesse.

 

  Isso foi demais. Corri até os outros, mas me esquivei de todos. Eu queria, não, eu precisava achar Rin. Procurei por Sesshoumaru, mas ele não estava lá. Foi então que percebi que poderia usar meu novo olfato, e foi isso que fiz. Segui o forte aroma do youkai até a parte mais isolada e escondida do jardim. Tinha certeza que se achasse Sesshoumaru, acharia Rin.

 

  - Ela não despertou ainda. – me assustei com a voz grossa do Sesshoumaru, mas logo me recuperei. Olhei primeiro para o youkai a minha frente, e depois para a youkai atrás dele. Eu estava certa.

 

  Rin continuava com seu corpo de criança, mas seu rosto tinha um ar maduro. Ela estava realmente bonita. Ela agora possuía orelhas mais compridas e um par de marcas roxas pelas bochechas. Ela lembrava Sesshoumaru completamente.

 

  - Ela agora é minha, não é, Kagome?

 

  Primeiramente me assustei pelo que Sesshoumaru alegava, mas depois percebi que eu já sabia que ia terminar assim. Todos sabíamos, menos ele próprio.

 

  - É o que ela deseja, Sesshoumaru. – confirmei -  Mas você a deseja, tanto quanto ela o deseja?

 

  - Eu, Sesshoumaru, jamais me apaixonarei por uma humana... Por isso eu a desejo, agora.

 

  Passou-se apenas alguns minutos até minha irmã despertar. Quando seus novos vermelhos olhos me viram ela se assustou, mas logo em seguida abriu seu magnífico sorriso, revelando seus caninos, idênticos aos meus.

 

  Nós dois mostramo-na no que ela virara e levamo-na até os outros, que nos esperavam sorridentes. Quando meus olhos se encontraram com os de InuYasha, corri para seus braços. Por mais impossível que pareça, com minha transformação, mau amor por ele aumentara, e aposto que o mesmo aconteceu com ele. Agora sim nós nos completávamos. Agora sim nosso amor era correto.

 

  Todos estavam surpresos pelas nossa drásticas mudanças, e extremamente contentes, é claro.

 

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  E as semanas foram passando, enquanto nós morávamos provisoriamente no palácio que um dia foi meu lar. Descobri que haviam cremado as irmãs youkais e que ninguém mais viu Koushiro. Kouga já havia partido de volta para sua tribo e de volta para Ayame. Zulah, mais confortável perante lobos como ela, o acompanhou. Eu desejei boa sorte para o relacionamento dele, e ele, mesmo relutante, desejou o mesmo para nós. Kohamna havia voltado à suas tarefas de hime, mas Yamako permanecia aqui, esperando o clã de ninjas se prepararem para voltar com ela. Porém, Mieko e seus irmãos esperavam Hitomi, que me esperava para retirar a Jóia. Sango, Kirara, Miroku e Shippou permaneciam conosco, como sempre unidos.

 

  Eu caminhava sozinha pelos corredores do palácio, procurando minha Hime. Quando por fim a achei, estava acompanhada pela Feiticeira Hitomi e pela Hime Yamako.

 

  - Com licença, Hime Kohamna, mas tenho um assunto pendente a discutir contigo.

 

  - Toda, minha querida. Sinta-se à vontade e me conte. – ela sinalizou para eu me sentar ao lado delas – É um assunto que gostaria de discutir em particular, General Higurashi?

 

  - Não, imagine! Podem ficar, Hitomi e Hime Yamako! – respondi com um sorriso e então contei a ela sobre minha renúncia à General.

 

  - Quer dizer então que não vai mais servir à mim, Higurashi-san?

 

  - Correto, Hime Kohamna. Não sei direito o que InuYasha pretende fazer, mas pelo visto não ficaremos no seu vilarejo por muito mais tempo... É claro que se precisar de mim é só chamar! Afinal, um casal de hanyous não é muito comum de se encontrar!

 

  - Compreendo. Agora que consertou as coisas com seu amado, quer ter uma chance de botar esse amor em prática. – concordei, e as duas outras mulheres pareciam compreender também.

 

   - Mas, Kagome, e a Tama? Você sabe que ela parmanece em seu interior né? – perguntou-me Hitomi.

 

  - Feiticeira Hitomi, queria conversar contigo sobre isso. Veja, quando eu e meus amigos derrotamos Naraku, a Jóia se infiltrou em mim, mas isso não foi a única mudança. O Poço Come Ossos também se fechou, e como eu estava nessa era, deixei minha família toda para trás. Antes das himes salvarem-me e a Rin da morte, eu não estava certa de meu desejo, já que tem que ser o único correto. Mas agora meu coração aclama por uma só coisa: minha família. Então Feiticeira, retire a Shikon no Tama de mim, para eu poder trazer a magia do Poço de volta. Onegai...

 

  Ela ficou em silêncio por um tempo, repassando as informações em sua mente até que, por fim, concordou.

 

  Fui levada para um cômodo do palácio aparentemente desocupado. Levou um tempo, mas Hitomi arrumou todos os utensílios de feitiços que precisava e logo ey estava rodeada por velas negras e que irradiavam uma estranha aura.

 

  - Kagome, quero que feche os olhos agore e sente no centro do círculo de velas. – fiz o que me mandara – Isto! Agora pense no seu passado, desde pequena até onde estamos, e não abra seus olhos em hipótese alguma!

 

  - Hai.

 

  Repassei todas as minhas lembranças em minha mente, como um filme.

 

  Vi minha Okaa-san e meu Ojii-san me ensinando a andar; meu primeiro ano escolar; Souta nascendo; eu ensinando Souta a andar de bicicleta; as viagens que nós quatro fazíamos pelos litorais japoneses; meu aniversário de 15 anos, que foi quando caí no Poço; a primeira vez que vi InuYasha, preso à Goshinboku; quando conheci o pessoal todo; a derrota de Naraku; meu beijo de reconciliação com o hanyou; meu novo reflexo...

 

  - Kagome... Kagome...

 

  Abri meus olhos. Estava desnorteada com tantas lembranças.

 

  - Kagome, - chamou Hitomi novamente – você está bem?

 

  - Sim, sim. Só um pouco triste por tantas coisas que não tenho mais...

 

  - Você quer muito ver sua família, não é? – perguntou solidária.

 

  - Muito. Mesmo...

 

  Com isso meu ventre começou a brilhar, e em seguida a Shikon no Tama apareceu em minha frente.

 

  - Segure-a em suas mãos e deseje, não, ore, como nunca o fez antes. – instruiu.

 

  Apanhei a Tama e a coloquei próxima ao meu coração.

 

  - Majestosa Shikon no Tama, peço à você que abra o portal para minha família. Faz um ano que não os vejo, e nunca vou vê-los se não me ajudar... Preciso ver como estão...  É... É meu mais profundo desejo.

 

  Fechei meus olhos, por instinto, sem me preocupar com a Feiticeira. No fundo de minha mente, comecei a ouvir uns sussurros. Aos poucos, distingui o que era.

 

  - Kagome Higurashi, - sussurrava a voz – você já sofreu o equivalente à várias vidas. Agora é a sua vez de ser feliz. Você salvou inúmeras vidas e arcou com as conseqüências, quase perdendo a vida no processo, mas nunca protestou.

 

  Prestei atenção em cada palavra. Se Hitomi, ou qualquer outra pessoa estivesse me chamando, eu nunca ouviria.

 

  - Sua bondade e pureza sempre me purificaram, mas você também tem escuridão em si. Porém, isso não é errado, todas as pessoas têm seu lado obscuro, mas precisam aprender à usá-lo, e você sabe como. Kagome Higurashi, atual portadora da Jóia, você cessou a eterna luta dentro de mim, então está na hora de eu deixar esta mundo para sempre, junto com a minha criadora, Midoriko. – a Shikon no Tama começou a se dissipar no ar. – Deixo para ti seu mais profundo desejo, concedido. Amanhã poderás, mais uma vez, atravessar as barreiras do tempo. Até o dia que seu coração e os daqueles com seu sangue não se interessarem em atravessar o Poço, seu portal ficará aberto às pessoas que o merecem.

 

  - A-arigatou, Shikon no Tama... – sussurrei incrédula.

 

  - Não. Nós é que agradecemos Kagome... sama! – respondeu uma voz feminina e sabia. Imaginei ser Midoriko.

 

  A Jóia terminou de sumir, sem deixar rastros. Porém eu sabia que o espírito de Midoriko e o espírito da Jóia, haviam partido para outra vida.

 

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  Quando abri meus olhos, os rostos preocupados e carinhosos de meus amigos estavam me esperando.

 

  Contei tudo à eles e todos adoraram e ficaram impressionados por eu ter me comunicado com a criadora da Jóia, Midoriko.

 

  Em particular, InuYasha e eu conversamos e decidimos que ele iria me acompanhar até minha Era, já que eu não queria ir sozinha e ele já havia convivido com minha família. E também, porque agora estávamos juntos.

 

  Mais tarde, dirigi-me ao cômodo que dividia com Sango e Rin. Sesshoumaru, Jaken e Ah-Un preferiam ficar no bosque do palácio à noite.  Sango arrumava seu futon e Rin já deitara no dela. Percebendo o sorriso em meus lábios, a pequena falou:

 

  - Feliz Nee-chan?

 

  - Só posso estar Rin! Vou finalmente rever minha família amanhã! – falei, terminando de me aprontar para deitar.

 

  - E ela também se livrou da Tama, né Kagome? – completou Sango, se deitando. Deitei-me também.

 

  - Agora vocês duas já podem viver ao lado de quem amam... – ouvi minha amiga refletir em voz alta.

 

  - Você e o Houshi-sama também Sango!

 

  Nós duas rimos com o que Rin falara.

 

  - Não sei se um dia o Miroku vai para de admirar mulheres alheias, mas vou fazê-lo ver o meu valor!

 

  Rin concordou e calou-se, obviamente exausta.

 

  - Isso mesmo Sango, desejo-te o melhor! – bocejei – Boa noite meninas...

 

  Ouvi um “boa noite” de volta e nada mais, já estava sonhando com a alegria do dia seguinte.

 

 


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Notas finais do capítulo

Agora sim, podem me metralhar! x.x
Gostaram? Não gostaram? Me digam por reviews! :D E, se não se importarem, aumente a pop da autora (eu)! xDD
Espero que tenham aproveitado! :*