Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 20
Identidade visual


Notas iniciais do capítulo

Riley e seus amigos tem um trabalho para fazer, mas Scott, Liam e Malia chegam a Nova York tirando a conscentração da morena.



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POV Maya

Eu tive dificuldade para dormir na noite anterior. Estava tão ansiosa pela chegada da Riley. Me arrumei numa pressa que só era comum quando eu acordava atrasada. Tomei café com Shawn e ele me levou pra escola.

Eu tinha conversado com eles, minha mãe e Shawn, contei que faltei no dia anterior. Eu sabia que não seria descoberta, mas achei que era o certo a fazer. Eles ficaram impressionados com minha atitude de confessar e decidiram não me punir, já que eu tinha consciência do que eu tinha feito.

— Obrigada, pela carona! – Disse saindo do carro.

— Você vai ficar e assistir a aula hoje? – Ele perguntou.

— Mas é claro. – Eu fechei a porta e abaixei para que ele pudesse me ver pela janela. – Eu estou morrendo de saudade da Riles.

Ele riu e foi embora. Entrei na escola meio apressada quase correndo, fui direto para o armário da minha melhor amiga.

— Riles! – Gritei quando a vi.

Ela deu um gritinho fino e me abraçou com força. Parecia que não nos víamos á tanto tempo. Eu sei que foi só um pouco mais de um dia. Mas era estranho não estar com ela o tempo todo.

— Como foi de viagem? – Perguntei.

— Foi tranquilo. – Ela estava feliz, mas era diferente. – A ocasião não era das melhores, mas foi ótimo.

— Eu sinto muito, Riles! – Por um momento tinha esquecido que ela foi para um enterro.

Falamos sobre a minha conversa com o Josh. Ela fazia tantas perguntas. Onde fomos, o que pedimos. Ela queria saber de tudo. E eu a amo por isso.

Fomos para nossa primeira aula juntas. Teatro. A professora falava animadamente sobre Hamilton.

Notei Riley usando o celular e estranhei.

— Quem é? – Perguntei quando vi que ela estava escrevendo uma mensagem de texto.

— Meu irmão. -  Ela afirmou.

Por um segundo pensei no Auggie, mas logo entendi que se tratava do outro irmão, já que o mais novo não tinha celular.

— Você tem que conhecer minha família, Maya. Você vai adorá-los! – Ela disse num meio sorriso sem achar graça.

Quando saímos da sala encontramos os meninos nos esperando. Farkle, Zay e Lucas. Lucas foi direto até Riley e a abraçou. Mas foi estranho de algum modo. Ela não parecia tão animada como estava quando me encontrou.

Eles brigaram? – Me perguntei.

Não. – Afirmei para mim mesma. – Eu saberia se alguma coisa tivesse acontecido.

Os outros foram abraça-la e falar do quanto ela faz falta.

— Você é o coração do grupo, Riley! – Farkle afirmou sem nenhum constrangimento e ela o abraçou.

— Obrigada, Farkle! – Ela se afastou. – E você sabe que é o cérebro.

— Ei. O que eu sou? – Perguntei.

— Você é o sangue. – Afirmou o Farkle.

Zay concordou imediatamente.

— Ela sabe o que é fazer sangrar. – Ele disse fazendo uma cara engraçada.

— Não! – Farkle afirmou. – É que você está sempre em movimento, mas está sempre perto de nós.

— Eu ainda sou a lua e Riley ainda é o sol. – Comentei lembrando de quando ele fez esse paralelo.

— É. Só que agora está mais certo. – Ele continuou. – Porque a lua não brilha sem o sol, mas o sol brilha sem a lua. Nesse caso a gente sabe que nem o coração funciona sem sangue e nem o sangue consegue seguir seu fluxo sem o coração.

— Nós precisamos uma da outra. – Riley afirmou e me deu a mão.

— Gostei mais da nova metáfora. – Afirmei.

— Ei. E nós? – Zay perguntou.

— Vocês vieram depois. Não são tão importantes assim. – Farkle afirmou e eu e Riley rimos.

As aulas seguiram, não estava na mesma turma que a Riley nas aulas seguintes. Mas tudo correu tranquilamente e a manhã passou rapidamente. Nossa última aula era de história e estaríamos todos juntos pela primeira vez no dia, mas Smackle sentou longe do resto de nós.

Eu e Riley trocamos olhares e eu sabia que Riley resolveria aquilo. O senhor Matthews entrou na sala. Ele estava animado.

— Como foi de viagem, senhor Matthews? – Uma aluna que eu não lembrava do nome perguntou.

— Foi ótimo. – Ele afirmou com um sorriso leve. – Obrigado por perguntar.

Ele se virou e apagou o quadro que ainda estava riscado de alguma aula anterior.

— E como foi com o professor substituto?

O pessoal disse que foi tranquilo, mas não se comparava com a aula dele. O Cory aumentou ainda mais o sorriso e então deu inicio a sua aula.

— Napoleão Bonaparte chegando na América. – Ele afirmou. – Isso foi bom ou ruim?

Alguns disseram que foi bom, que incentivou a evolução dos nativos, a industrialização e urbanização, que tornou o continente conhecido pelos outros países.

Outros afirmaram que não. Que houve muita exploração, violência e desordem durante todo o processo de colonização. E que ele tomou terras dos nativos que eram os verdadeiros donos do território.

— Exatamente. – Ele disse. – Bom e Ruim nem sempre estão tão claros. As vezes as coisas são os dois ao mesmo tempo. Alguém pode me dar um exemplo?

— Remédio. – Farkle afirmou.

— Desenvolva. – O professor pediu.

— O remédio é bom porque trata a doença, acaba com os sintomas. Mas também é ruim porque faz mal ao seu organismo.

— Como o médico decide então se vai ou não dar o remédio ao seu paciente?

— Ele analisa os prós e contras. – Smackle afirmou. – Se a bactéria for pior para o organismo do que o remédio, o médico faz uso de um antibiótico.

Ele seguiu falando sobre como tudo na vida teria dois lados.  E a aula passou correndo como sempre. Quando o sinal tocou o professor já tinha concluído o assunto e recomendado a leitura de algum capítulo do livro. Antes de sairmos Riley chamou Farkle e Smackle.

— Eu quero falar com vocês dois. – Ela disse. Apenas o grupo estava na sala agora. – Só com os dois, por favor.

O resto de nós saímos, mas ficamos na porta escutando.

Riley falou como era difícil terminar um relacionamento, mas que o que eles viveram enquanto estavam juntos foi lindo, que eles se ajudaram e cresceram juntos e principalmente, eles eram amigos antes de serem algo mais e eles eram amigos de todos nós.

— Farkle, eu entendo que esteja magoado. Que a Smackle errou. Mas ela se arrependeu. – Ela disse. – E eu sei que é difícil pra você Smackle. Que você ficou constrangida com toda a exposição.

Houve um silêncio.

— Mas eu acho que vocês podem ser amigos outra vez. E que você ainda é nossa amiga, mesmo não estando mais com o Farkle. Eu sei que vai ser difícil e que não vai ser de uma hora pra outra, mas a gente pode tentar. Podemos? – A voz da Riley era a única.

— Podemos. – Frakle afirmou.

— Obrigada! – Smackle disse com a voz tremula.

Eles disseram algo mais, mas eles estavam vindo pra porta então nos afastamos. Eles saíram juntos.

— Tchau, gente! – Smackle afirmou e foi embora.

— Topanga’s? – Zay perguntou antes do clima pesar.

Todos concordamos. Chegando ao Topanga’s encontramos os pais da Riley e os meus pais (ainda é estranho chamar o Shawn de pai) conversando animadamente.

— Alguma notícia? – Riley perguntou pra Topanga, mas ela negou com a cabeça.

Riley parecia mais ansiosa. Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo Lucas começou a falar de um trabalho de artes.

— Que trabalho? – Perguntei.

— O Farkle tem o roteiro. – Ele disse. – E nós cinco somos um grupo.

Farkle estava mexendo na mochila. Tirou um papel e me entregou.

O trabalho era criar uma identidade visual para o grupo e um nome.

Começamos a falar sobre o trabalho e logo estávamos com fome, já que era horário de almoço.

— Temos lasanha, meninos. – Topanga anunciou deixando-nos animados. – Riley, vem pegar os pratos.

Riley foi atrás do balcão pegar pratos para todos.

— Pra vocês quatro também? – Ela perguntou e os adultos confirmaram.

Topanga tinha ido a cozinha buscar a lasanha que estava no forno. Voltou e repousou a travessa sobre o aparador que estava no balcão. Esse horário não tinha muito movimento, já que o estabelecimento oferecia café e lanches, principalmente. Hoje, particularmente, estava vazia.

Riley colocou os pratos que já tinha pego no balcão e então abaixou outra vez para pegar os copos.

Enquanto Riley estava distraída mexendo nos armários, Stiles entrou com outros dois caras e uma garota. Um parecia ter a mesma idade que o Stiles, mas era moreno e forte, a garota era linda e também parecia ser da mesma faixa etária. Já o outro garoto era obviamente mais novo e muito bonito.

— Precisamos de mais quatro pratos. – Cory afirmou. Ela se levantou e abriu um sorriso gigante ao vê-los.

— Sejam bem-vindos, queridos! – Topanga foi até eles animada e os abraçando. Riley saiu rapidamente de trás do balcão e veio até seus visitantes.

Abraçou primeiro o cara mais novo. Mesmo ela sendo alta precisou ficar nas pontas dos pés. Em seguida abraçou o outro rapaz que a apertou delicadamente rindo, porque sabia que ela não conseguia sair daquele abraço. A menina então interveio e abraçou minha melhor amiga. Topanga os cumprimentava e abraçava.

— Vocês chegaram na melhor hora! – Cory afirmou se levantando para cumprimenta-los.

Riley agora estava ao lado do irmão sorrindo abertamente enquanto falava com a menina. Tentei prestar atenção para entender a conversa, já que todos falavam ao mesmo tempo.

— Você está preparada pra aguentar esse carinha 24 horas por dia, 7 dias por semana? – Ela disse num tom de brincadeira tocando o ombro do menino de olhos claros.

— Ah. Ele nem é tão ruim assim. – Riley respondeu rindo.

Riley então se afastou deles e aumentou um pouco a voz para que todos as escutassem.

— Gente, esses são os meus amigos. – Ela anunciou e começou a nos apontar enquanto dizia os nomes. – Zay. Lucas. Farkle. Maya.

Ela foi até o balcão.

— Esses são Kate e Shawn. – Os apresentou também.

Voltou para onde estavam.

— E esses são. – Ela falou o nome de cada um apontando de acordo com o nome. – Scott. Malia. E Liam.

— Tecnicamente, eu sou o namorado. – Lucas afirmou. Era obvio que ele estava desconfortável com aquelas novas pessoas.

— Pega leve, caubói! – Scott comentou baixinho, mas eu escutei porque estava perto e ri do apelido.

— Venham! Sentem! – Riley os convidou.

Lucas que estava no sofá do meio, foi para o sofá do canto ao lado de Zay. Eu e Farkle continuamos no sofá onde estávamos.

Scott e Malia sentaram no sofá do meio e Riley trouxe bancos para Stiles e Liam sentarem. Depois sentou-se ao lado do Farkle.

Topanga nos serviu. Havia um silêncio constrangedor.

— Vocês estão todos no primeiro ano, como a Riley? – Scott perguntou, meio olhando para o Lucas.

— Sim! – Respondi.

— Parece que não vai conhecer ninguém da sua turma hoje. – Malia disse para o Liam.

— O Liam vai estudar na mesma escola que a gente. – Riley explicou.

— Segundo ano? – Lucas perguntou. Sua postura era rígida.

— É. – Ele disse.

— Vai entrar em algum esporte? – Zay perguntou.

— Provavelmente. – Liam respondeu prestando atenção na comida.

— Obrigatoriamente. - Scott rebateu.

— Mas eu nem sei quais esportes eles oferecem. – O mais novo tentou rebater, mas desistiu do debate concordando com o outro.

— Porque obrigatoriamente? – Farkle perguntou.

— Eu tenho um grau severo de TEI.

— TEI? – O Lucas perguntou.

— Transtorno Explosivo Intermitente. – Farkle respondeu. – É um transtorno interessante.

Ele riu de lado sem falar nada. Imaginei se ele era agressivo.

— Você se importaria se eu, ocasionalmente, fizesse perguntas sobre seu transtornou ou você me agrediria fisicamente? – Farkle perguntou sério, mas o resto de nós riu.

— Pode perguntar o que quiser. – Ele se voltou para o prato. – Eu só ataco no campo. Ou na quadra, sei lá.

— É um bom modo de extravasar a raiva dentro de um ambiente controlado. E sem ferir ninguém. – Scott explicou o que o amigo quis dizer. – Faz parte do tratamento.

POV Liam

O caminho até Nova York foi silencioso. Scott e Malia estavam no banco da frente e eu encarava a janela imaginando se aquela tinha sido a decisão certa.

— Se você achar que não está dando certo. - As vezes era como se Scott conseguisse ler a minha mente. - Não tem problema querer voltar pra casa.

Eu fiquei em silêncio sem saber lembrar o que me levou a tomar aquela decisão.

— Eu acho que ficar perto da Riley vai te fazer bem. - Ele disse quase como um lembrete.

— Especialmente porque o Corey está indo embora. - Malia acrescentou virando para o banco de trás para poder me encarar. - Eu sei que você perdeu muita coisa nos últimos meses. Mas escute de alguém que já perdeu tudo.

Ela segurou minha mão docemente.

Estranhei o gesto. Esse tipo de atitude era esperado da Lydia, do Scott, até do Stiles, mas não dela.

— Vai ficar tudo bem! - Ela sorriu e virou pea frente.

Scott também estava impressionado.

— A gente precisa falar sobre as transformações antes de chegar lá.

— Eu consigo controlar. - Afirmei.

— Eu sei. - Scott soou compreensivo. - Mas acidentes acontecem e a lua cheia sempre aparece.

— Só tenha cuidado. - Malia afirmou. - Você vai estar sem a matilha e isso pode alterar seu autocontrole. Mas você tem que estar preparado.

Ela parou por um instante.

— Talvez devêssemos preparar a Riley também. - Ela comentou.

Fiquei em silêncio.

— Ela tem que saber identificar quando o Liam estiver tendo problemas de controle. Quando estiver ficando agressivo. - Ela disse. - Ela vai ser a única que vai estar por perto para ajudar.

— Eu não gosto de admitir, mas ela está certa. - Falei tentando decifrar a expressão do Scott.

— Vamos falar com o Stiles antes de tomar qualquer decisão que envolva a irmã dele. - Ele mantia os olhos na estrada. - E mesmo que os dois aceitem e que a ensinemos, o Stiles ainda deve ser sua primeira opção.

Concordei com a cabeça e voltei a encarar a janela. O caminho seguiu silencioso.

Em pouco mais de uma hora estávamos em Nova York. Scott ligou pro Stiles e fomos encontrar ele na faculdade. Não entramos. Ele estava nos esperando na entrada.

Era horário de almoço e Malia reclamou que estava com fome. Stiles então começou a indicar um caminho.

— Chegamos. Pode estacionar. - Ele afirmou.

Haviam alguns prédios, mas não parecia ser uma área comercial.

Descemos do carro e seguimos Stiles. Ele então desceu numa escada e pude ver a lanchonete. Topanga's.

— O café da Topanga. - Scott disse descendo a escada entendendo onde estávamos.

Entramos no estabelecimento quase vazio.

Três garotos e uma garota estavam sentados nos sofás, Cory e um casal estavam no balcão. Corri os olhos pelo ambiente procurando pela Riley.

— Precisamos de mais quatro pratos. - Cory disse em um tom pouco mais alto que o comum.

Riley se levantou, ela estava atrás do balcão.

Ela abriu o maior sorriso e veio até nós. Me abraçou com força, depois Scott e Malia, e ficou abraçada com o irmão. Topanga e Cory vieram até nós e nos cumprimentaram também.

Todos falavam ao mesmo tempo. Topanga perguntando da viagem, Cory perguntando se toda a documentação para a escola estava ok, Scott tentando responder os dois, Stiles fazendo alguma pergunta ao melhor amigo que eu não entendi.

— Você está preparada para aguentar esse carinha 24 horas por dia, 7 dias por semana? – Escutei Malia perguntar para a Riley tocando meu ombro.

— Ah. Ele nem é tão ruim assim. – Riley respondeu rindo e não pude evitar a risada.

Fomos todos apresentados e começamos a comer. Durante a refeição os amigos da Riley ficaram sabendo da minha mudança e dos meus problemas. Eu estava quieto. Toda aquela exposição estava me deixando desconfortável.

Fiquei quieto.

— Vocês vão ficar por quanto tempo aqui em Nova York? - Riley tentou desviar do assunto, talvez ela tenha notado que eu estava incomodado.

— Só até amanhã. – Scott respondeu e Malia concordou com a cabeça.

— A gente tem que sair hoje à noite! – Stiles afirmou animadamente.

Ninguém demonstrou tanta animação.

— Qual é? Quando que a gente vai de reunir outra vez? - Stiles questionou.

— Vai ser estranho não ter você por perto. - Scott soou como se estivesse começando a entender a mudança que estávamos esperando. - Melhor você cuidar bem dele. - Ele disse pro Stiles.

— Eu sou o melhor pai que esse menino tem! - Ele disse fazendo uma careta pro amigo.

— O Scott é o melhor pai! - Eu rebati brincando com eles.

Era engraçado como eles diziam ser meus pais.

— Eu vou cuidar bem dele, Scott! Não se preocupa com isso. - Riley afirmou brincando mas sem rir.

Scott suspirou alto como se dissesse que estava aliviado. O Stiles lhe deu o dedo do meio discretamente fazendo uma careta.

Notei Lucas fazendo uma careta para o que ela disse virado para o amigo que estava ao lado dele. Eles sussurraram algo que não entendi, então me concentrei para escutar.

— Quem é esse cara? - Ele perguntou.

— É outro irmão da Riley? - O amigo questionou.

— Não. A Riley disse que era um amigo.

— O que é que tem? - Zay estava confuso. - A Riley sempre faz amizade com todo mundo. É o jeito dela.

— Esse cara é diferente.

— Para com isso! - Ele aumentou o tom apesar de ainda estar sussurrando. - A gente conhece bem a Riley. Ela é sua namorada. Qual é? Confia nela!

— Não é isso.- Ele tentou rebater, mas o amigo o repreendeu.

— A gente já passou por todo um drama quando você decidiu que não iria apoiar a Riley e confiar cegamente nos veteranos. E a gente sabe como acabou.

— Não é a mesma coisa.

— Eu não vou te apoiar dessa vez se você decidir tomar alguma atitude sobre essa sua falta de confiança.

Eu ainda encarava o prato ainda vazio quando mudei o foco e tentei escutar a conversa da Maya com o Farkle.

— O Lucas parece incomodado. - Ela soou preocupada.

— Eles estão estranhos desde que a Riley descobriu que é adotada.

— Eu achei que ele iria ser grudento e chato tentando apoiar ela durante um momento difícil.

— E eu não achei que ele seria do tipo que fica inseguro por causa de amizades. - Farkle comentou.

Topanga e a outra mulher que estava conversando com ela, vieram até nós.

— O Cory vai voltar pro colégio depois do almoço. Se vocês quiserem, podem ir com ele. – Ela disse.

— Tá bom. - Scott concordou olhando pra mim.

— Obrigado, Topanga! - Agradeci.

Nos levantamos todos levando os pratos até o balcão.

— E a gente tem que fazer aquele trabalho. - Lucas lembrou os amigos.

Riley me encarou por um segundo. Eu sabia que ela queria ir com a gente. Mas eu sabia também que os amigos dela não iriam gostar.

— A gente se vê mais tarde! - Me despedi olhando pra ela.

— Malia, você vem com a gente? - Scott perguntou.

— Vocês vão fazer trabalho de que? - Ela perguntou virando de costas para o namorado.

— Artes. - Farkle respondeu.

— Eu vou ficar com eles. - Ela declarou e Riley sorriu abertamente. - Divirtam-se!

Eu, Stiles e Scott saímos junto com o Cory. Rumo a escola.

O caminho foi calmo. Cory explicava para o Scott como era a escola. Conferia se havíamos trago todos os documentos necessários. E falava sobre como funcionaria a minha rotina, horários... Tudo.

Stiles e Scott continuavam brincando.

— Cuida bem do nosso bebê, Matthews. - Stiles brincou. - Ele é nosso único filho!

Nós rimos durante todo o percurso dos comentários do Stiles.

— Chegamos. – Ele disse desligando o carro já estacionado.

Entramos na escola quase vazia. Não era horário de aula. Fomos à secretaria. Para minha surpresa não houve tanta burocracia e em poucos minutos tínhamos terminado.

— Eu tenho que ficar para a reunião de professores. – Cory disse antes de nos despedirmos. – Querem levar o carro?

— Não. – Stiles respondeu sem hesitar. – A gente vai de metrô. Ter um tempinho maior pra bater um papo.

— Até mais tarde! – Ele se despediu sorrindo e seguiu no corredor.

Nós saímos seguindo o mesmo caminho que tínhamos feito anteriormente. Stiles sabia o caminho para a casa dos Matthew e por isso apenas o seguimos enquanto conversávamos.

— Os amigos da Riley parecem legais. – Scott comentou. – Mas talvez seja melhor você ficar longe do namorado dela.

Stiles soltou uma risada abafada um tanto irônica.

— Só um conselho... - Ele disse dando tapas nas minhas costas. - Não seja o estopim da guerra!

Eu notei que Lucas estava incomodado, mas parecia que Scott e Stiles estavam falando de algo mais que eu não sabia.

— Vocês vão me incluir ou preferem me deixar de fora mesmo?

— Talvez. – Scott começou. – Em um futuro próximo. Eles deixem de ser namorados. E você não quer ser o culpado.

— Do que vocês tão falando?

— A Riley está pensando em terminar. – Stiles explicou. – Ela está tendo dúvidas quanto aos sentimentos deles e ao relacionamento. E você é o novo elemento.

— Então talvez quando o término chegar. Ele queira te culpar. – Scott concluiu. – E nós sabemos que você não quer lidar com um cara enchendo teu saco, porque isso é receita para termos problemas.

— Então eu devo manter a devida distância. – Conclui.

— Mas não é pra tratar mal a minha irmã no processo.

— É só ser mais colega do que amigo. Eu entendi.

— E vocês já são melhores amigos, é? – Stiles perguntou com tom de brincadeira.

— Quando alguém sabe o que ela sabe, não me entrega pra ninguém e nem me trata como se eu fosse um monstro já é praticamente família.

— Baseado em fatos reais. – Scott concordou. – Esse tipo de segredo conecta as pessoas pela vida toda.

POV Farkle.

— Identidade visual é o conjunto de elementos formais que vão representar visualmente, e de forma sistematizada, o nosso grupo. – Expliquei quando Maya perguntou do que se tratava.

— Como um logotipo? – Riley perguntou.

— Exatamente.

— Então devemos criar a imagem do grupo? – Lucas perguntou e eu apenas confirmei com a cabeça. – Como que a gente faz isso?

Zay que estava com o notebook no colo respondeu lendo da tela do computador.

— A logo dever ser uma imagem com ou sem slogan que represente o setor, os ideais, o posicionamento e o que a empresa oferece. É importante que esse traga algo de inovador e inteligente que atraia e tenha aceitação do seu público. Além disso, todos os detalhes do design, como as cores, a tipografia, os símbolos, fonte, texto, são de extrema importância.

— Nome do grupo. Setor de atuação. Posicionamento e ideais. O que oferecemos. – Riley disse pausadamente enquanto anotava esses tópicos em um papel.

— Nosso setor de atuação é o acadêmico. – Afirmei e Maya fez uma careta. – Significa que o serviço que prestamos é para a escola, que somos estudantes.

— Ah! – Ela soou quando entendeu. – Legal.

— Isso também responde o que oferecemos. – Riley comentou.

Depois de uns segundos calada, Maya se pronunciou.

— Então nossos ideais seriam tipo. – Ela olhou pro teto. – Lealdade. Confiança. Amizade.

— Isso aí! – Concordei e Lucas assentiu silenciosamente.

— Diálogo. Responsabilidade. E solidariedade. – Zay complementou.

— Isso aí, cara! – Lucas o incentivou e deram um high-five. – E o posicionamento?

— Uma marca para jovens?! – Riley disse com tom de pergunta com dúvida.

— Uma marca amigável, de qualidade, com muitas associações. Interesse acadêmico. – Lucas completou.

— Uma marca inovadora. Criativa, dinâmica e de responsabilidade social, em especial no ambiente escolar. – Ela concluiu.

— E as cores? – Perguntei.

— Poderia ser azul e vermelho. – Maya disse. – Como as cores da escola.

Zay digitou no seu computador e então leu em voz alta.

— Azul reflete a ideia de frescor, se mais claro. E em tom mais escuro remete-se a poder. Em ambos os casos a cor está relacionada com a produtividade, sucesso e durabilidade. Já o vermelho remete a emoção, dinamismo e força. – Ele levantou a cabeça. – Vocês não falaram do branco. Mas significa pureza, luz e harmonia.

— Acho legal colocar o branco. – Comentei. – Remete também as cores da bandeira, além da escola.

— E o nome de vocês? – Malia perguntou. Ela estava sentada no sofá só observando enquanto mexia no celular.

O silencio pairou.

— Pessoas mudam pessoas. – Riley sugeriu.

— Grupo de estudos. – Maya completou.

Todos concordamos animados.

Malia estava rindo enquanto mexia no celular.

— Assim? – Ela perguntou.

Nos mostrou uma imagem no celular. Um quadro azul escuro, tinha um livro aberto vermelho e o nome “People change people” em caixa alta e em baixo “Study group – New York” com uma caligrafia menor em branco.

— Ai meu Deus! – Riley exclamou.

— Isso ficou incrível! – Maya concluiu.

— Podemos usar? – Zay perguntou.

— Claro que podem! – Ela respondeu. – Eu fiz pra vocês.

— Mas não foi a gente que fez. – Rebati.

— Vocês escolheram as cores, o nome, definiram todos os requisitos. – Ela respondeu. – Eu só unifiquei as ideias de vocês em algo concreto.

Ela sorriu.

— Além disso vocês podem me dar os créditos quando entregarem o trabalho. E podem fazer uma versão manual desse que eu fiz. Pintando. Ou com colagem. Sei lá. Para entregar a professora a versão de vocês com a minha adaptação digital.

Ela estava certa. E definitivamente tinha ajudado muito.

— O que você está estudando? – Riley perguntou.

— Francês. – Ela respondeu. – Mas eu estou fazendo uma matéria de marketing e propaganda.

— Você quer mudar de curso? – Perguntei.

— Não. – Ela respondeu. – Mas é legal conhecer outras áreas.

Maya abriu sua mochila e tirou uma caixa de aquarelas e pinceis. Pegou uma folha A4.

— Vamos terminar logo isso? – Ela perguntou.

— O que a gente faz? – Lucas perguntou.

— Os detalhes serão em recortes. – Ela disse e começou a nos liderar. – Riley, pode fazer o livro? – A amiga concordou com a cabeça.-. Farkle, faça as letras. Lucas e Zay, recortem.

Ela misturou umas tintas até chegar no azul mais próximo do que estava na imagem. Pegou uma régua e um lápis e desenhou um quadrado na folha. Pintou-o perfeitamente sem borrar.

— Onde está seu secador? – Ela perguntou se levantando depois de pintar o quadrado.

— No banheiro da minha mãe. – Riley respondeu.

Maya saiu correndo enquanto o resto de nós ficamos fazendo o que tínhamos que fazer. Eu desenhava as letras de forma e entregava aos meninos para recortarem. Riley estava concentrada no corte do pequeno livro vermelho que ela havia desenhado numa folha vermelha de uma revista. Maya voltou com o secador na mão. O ligou e começou a secar sua pintura. Quando eu já tinha terminado todas as letras, Maya já tinha terminado de secar a tinta e estava colando o livro que a Riley cortou e Riley colando as letras. Quando nosso trabalho estava quase pronto Stiles chegou com Scott e Liam.

— Vocês trabalham rápido! – Stiles afirmou.

— A Malia ajudou muito. – Riley respondeu.

Terminaram de colar as letras alinhadas e outra vez Maya passou o secador. Agora para secar a cola. Pegou a tesoura e recortou só o quadrado.

Peguei o notebook do Zay, abri um documento e comecei a escrever rapidamente. O que é a identidade visual, qual sua importância, quais aspectos são essenciais para sua criação. Lucas e Zay conversavam perto de mim.

Lucas estava outra vez incomodado com a presença do novo amigo da Riley, que por sua vez estava ao lado do irmão conversando sobre como a Maya é talentosa. Vi Malia concordar e voltei a escrever o trabalho.

O processo de criação. O nome, as cores. A ajuda da estudante universitária.

— Qual é seu sobrenome, Malia? – Perguntei para colocar no trabalho.

— Malia Hale. – Ela respondeu.

— Hale? – Stiles repetiu chocado.

— Eu assumi judicialmente o Hale.

— Eu fico muito feliz que você esteja se reconectando com sua família. – Ele respondeu sorrindo e olhando pra Riley.

Por um segundo me perguntei se Riley algum dia mudaria seu sobrenome para Stilinski. Mas afastei esse pensamento para focar no trabalho novamente.

Escrevi a conclusão, explicando nossas escolhas.

— Você pode enviar para mim, a logo? – Pedi e ela prontamente me entregou o celular.

Enviei para meu email e adicionei a imagem ao documento. Fiz também uma capa. Na última folha escrevi “Versão artesanal - Criação própria” e deixei o resto em branco para ter espaço para colar a versão que nós fizemos.

Deu três páginas. Quatro com a capa. Enviei o trabalho pro meu email. Devolvi o computador ao meu amigo, pedi nossa logo para Maya, me despedi de todos e fui embora. No caminho pra casa parei em uma copiadora e imprimi o trabalho. Plastifiquei também a logo e segui meu caminho. Em casa colei a logo no trabalho. Grampeei as folhas e guardei na minha pasta.

Deixei minha mochila dentro do meu closet e fui tomar banho.

Eu estava cansado. Desde que terminei com a Smackle, eu só sinto cansaço.


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Notas finais do capítulo

Comente sobre o capítulo. Obrigada por ler. Espero que tenha gostado e volte logo!



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