Joanne Jordan - POV’s

O dia 14 de fevereiro amanheceu parcialmente gelado. Em comparação aos dias de nevasca durante as férias de natal, há quase dois meses, o tempo estava muito mais quente e agradável. Flocos ralos de neve caiam lentamente na vila de Hogsmead enquanto várias crianças dentre seus 13 e 18 anos perambulavam pelas ruas com seus cachecóis e vestes de Hogwarts. Soprei uma camada de ar frio e esfreguei minhas em luvas pretas para espantar uma brisa fria, enquanto me encaminhava da Casa dos Gritos.

Eu não participara do primeiro passeio a Hogsmead do ano, uma vez que meus pais quiseram me punir pelo duelo que fizera contra Lilith no Salão Principal. Eu realmente amava Hogwarts. A escola era meu verdadeiro lar, porém estava muito contente em poder passear por uma vila onde residia somente bruxos e exalava magia. Em alguns minutos teria de me encontrar com o pessoal da armada para uma reunião especial no Três Vassouras, contudo ainda tínhamos algum tempo para nos divertir. A maioria dos alunos estavam comprando doces na Dedos de Mel ou algum logro da Zonko’s, embora eu fosse diferente.

Quando alcancei meu lugar favorito –a Casa dos Gritos – encostei-me em uma das paredes velhas e sujas e tratei de observar os demais alunos das diferentes casas. Pude notar que as quatro inseparáveis que fundaram a AH estavam se encaminhando antes dos demais em direção do pub. O garoto Gryffindor Jensen segui-as de perto. Eu não tinha certeza do que ele tinha com aquelas garotas, mas sempre o vira de vez em quando se divertindo por aí com Lary, mas agora Leny não desgrudava dele. Logo, Luke da Hufflepuff passou por vários alunos correndo e agarrou Cora com trás dando-lhe um pequeno susto. Os dois, então, deram um selinho. Em seguida, percebi que Júlia estava tendo uma espécie de escontro acompanhado de dia dos namorados, uma vez que Jessie estava andando junto da ruiva e seu namorado Raymond. O casal estava abraçado e rindo enquanto a morena os seguia meio sem graça por atrapalhar seu encontro. Depois percebi que Klaus e Frederick carregavam várias coisas em seus braços e se dirigiam para a colina aberta próxima de onde eu estava – na Casa dos Gritos – enquanto suas namoradas, Hazel e Violet conversavam a uma certa distância. Comecei a adivinhar o que eles estavam tramando e, a resposta óbvia, logo, me ocorreu. Os meninos estavam preparando um dia dos namorados especial para elas.

Suspirei e desviei minha atenção mais uma vez. Dessa fui de encontro a Lilith. A jovem linda de cabelos loiros sedosos e brilhantes estava acompanhada, como sempre, e principalmente devido a data, pelo charmoso Parker Monterey. O Ravenclaw apoiava a mão em sua cintura e sussurrava algo em seu ouvido enquanto os dois andavam pela rua. De repente me peguei em meus pensamentos curiosa com como deveria ser a sensação de estar apaixonada. Eu sempre fora bastante sozinha e apreciava isso. Odiava ficar rodeada por muitas pessoas. Jack sempre fora o único que me fizera companhia e me entendera e por isso gostava de ficar junto dele, porém éramos primos quase como irmãos se ele não tivesse me magoado tanto. Mas nunca havia me apaixonado, nem sentido nada tão forte por ninguém. Às vezes, duvidava que pudesse amar alguém de verdade. E se fosse o meu destino ser solitária para sempre? Eu não conseguia entender o que aquela palavra significava e nem porque alguém daria sua vida por alguém que amasse verdadeiramente… Isso parecia trágico para mim. Porém agora observando todos esses casais no dia dos namorados, acabei desejando ter alguém também.

Levantei o olhar e vislumbrei mais uma vez Lilith. Ela não sentia o mesmo por Parker. Dava para perceber que eles tinham um ligação, mas ela nunca o beijava ou retribuia. Apenas deixava-o demonstrar seu afeto. A única vez que eu a vi beijá-lo foi no penúltimo jogo de quadribol. Isso fazia-me duvidar que ela sentisse algo por ele. Ainda sim ela tinha alguém, então… Se eu nunca havia sentido algo assim antes, também encontraria o garoto certo para mim? Meus olhos se fixaram na mão de Parker em sua cintura e mordi o lábio, antes de meus pensamentos serem completamente interrompidos por um barulho.

Me virei de repente assustada e me deparei com uma garota sorridente e travessa. Aquela era a irmã gêmea de Jack. Poucos sabiam que éramos parentes, uma vez que ela sempre estava distante de nós. Jack não gostava de ser visto com ela e com os demais de nossa família assim como eu e por serem um garoto e uma garota era difícil notar a semelhança dos irmãos. Principalmente por Adhara ser metamorfomaga e sempre estar brincando com a aparência.

—Hey, você me assustou Dhara - Coloquei a mão em meu peito.

—Engraçado vê-la sem Jack.

—Ah… Nós nem nos falamos faz alguns meses - Dei de ombros e soprei dentre as luvas para me aquecer.

—Eu soube… Ele só andava atrás de Lilith durante os seus últimos dias… Não que ele tenha morrido - Ela riu devido a ambiguidade de sua frase - Mas você sabe… Espero que ele melhore logo.

A garota estava com os cabelos cor de cereja e o cachecol da Hufflepuff ao redor do pescoço. Baguncei meus cabelos com as mãos. Eu os havia deixado totalmente pretos dessa vez. Era uma espécie de luto. Me sentia mal por Hogwarts e Jack e meu lar… Então, resolvi deixá-los totalmente negros dessa vez.

—Seus cabelos estão bonitos - Ela pareceu ler meus pensamentos - Jack que gostaria da cor.

—Aposto que sim - Comentei.

—Queria que tivesse alguma maneira de ajudá-lo… - Ela mordeu o lábio e cruzou os braços - Ouvi dizer que uma garota teve uma profecia sobre Hogwarts estar em perigo e todos viram o chapéu no dia da Seleção… Fomos alertados antes.

—Sim, foi Marie… - Disse sem pensar, em seguida, arregalei os olhos.

—Marie Weasley? Nossa! Eu nunca teria adivinhado! Ela é tão novinha!

Tentei parecer o mais natural possível e desviar minhas preocupações. Contudo Adhara começou a falar sobre querer falar com Marie e descobrir sobre o que a sua profecia se tratava. Ela parecia querer mesmo ajudar o irmão, por isso, não tive outra escolha a não ser contar-lhe sobre a Armada de Hogwarts.

—Vamos ter uma reunião em poucos minutos… Você deveria me acompanhar até o Três Vassouras.

—Mas é claro! Eu serei muito útil!

Assenti e puxei-a em direção a estrada. De certa forma, a garota tinha razão. Uma metamorfomaga seria uma ótima distração, mesmo ela não dominando completamente seu dom. E agora que estávamos sem dois de nossos membros, acho que uma nova membra seria um bônus. A garota parecia animada em poder participar de uma espécie de associação secreta, pois não parou de sorrir até entrarmos no pub, onde todos estavam à nossa espera. Apenas Klaus, Hazel, Violet e Freddie ainda não havia chegado. Então, apresentei Adhara como uma nova membra e todos nos sentamos à espera dos casais.