Cidade da Escuridão escrita por Heloise Carvalho


Capítulo 6
VI




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726892/chapter/6

 

Clary acordou com as vozes. Não, dessa vez não era na sua cabeça. Seu quarto tava cheio de gente falando ao mesmo tempo. Jace, Simon, Luke, Maryse e Alec gritavam uns com os outros, mesmo que controlassem as vozes, para ela eram gritos.

   —O que..? –Ela levantou um pouco da cama e se arrependeu profundamente. Soltou um resmungo que chamou a atenção de todos no cômodo.
   —Clary. Como se sente? –perguntou Luke
   —Bem –mentiu. —O que fazem aqui no meu quarto?
   —O que aconteceu com você? Foi o anjo de novo?
   —Maryse!
   —Mãe deixa Clary acordar direito.
   —Eu preciso saber Alec! Quanto antes...

Eles começaram a falar de novo. Jace pedia com educação para todos saírem, mas ninguém o escutava. Estava com uma baita dor de cabeça e parecia que ninguém ligava para o fato de que ela passou mal a tempos atrás.

   —Saiam. –disse Clary, embora sua voz estivesse fraca demais para ser ouvida. —Saiam!

Dessa vez todos a ouviram e a encararam, surpresos. Ela girou o corpo e enterrou a cabeça no travesseiro.

   —Escutaram? Saiam todos. Agora!

Clary escutou os passos e depois os braços de Jace passaram por cima de suas costas. Ela queria virar para ele e o beijar. Dizer que estava tudo bem. Como se ele precisasse mais de conforto do que ela. Mas estava cansada demais para se mover de novo e dormiu novamente.

*****

Clary acordou e Jace ainda estava no seu lado, dormindo como um anjo. Sentiu até pena em acorda-lo.

   —Hum...Clary? Acordou cedo. Como se sente? –disse com uma sonolenta voz.
   —Muito bem. Que tal a gente descer comer alguma coisa e treinarmos um pouco? –disse. Jace levantou o rosto para ela.
   —Está falando serio?
   —Claro. Estou cem por cento. Pode checar. –disse maliciosamente. Aquilo estava muito estranho para Jace. Não que a proposta de sexo de Clary não o agradasse, mas até ontem de noite, Clary se queixava de dores. —Está negando sexo Jonathan?
   —Vem cá.

Clary foi toda risonha. Ela não notou que Jace não ia transar com ela naquele momento e sim conferir se estava tudo bem.

   —Não era isso que eu estava falando quando disse pra checar...
   —Melhor não meu amor. Mas podemos treinar um pouco. Mas antes, vamos comer um pouco.

Jace a ajudou a levantar. Ela parou na frente dele olhando de baixo, o que para Jace era extremamente sexy. E ela sabia disso.

Clary pôs sua mão no rosto do namorado e o puxou para um beijo. Jace não reagiu no começo, mas não conseguiu não se entregar.

Sentia tanta falta de estar com ela.

Clary envolvia seus braços em seu pescoço e embora fosse calmo no começo, o beijo agora se tornara voraz. Jace apertava cintura com uma mão e outra apertava sua coxa que estava na altura do seu quadril.

Com um movimento rápido, Clary pulou em seu colo não dando a Jace outra escolha a não ser deita-la novamente na cama. Ela enlaçou suas pernas na cintura e o puxou para mais perto. Jace retirou sua blusa e a de Clary e começou a beijar seu pescoço. Ele levou a mão por de baixo de suas costas para abrir o fecho do sutiã da ruiva. Porém, ele sentiu uma das  Runas vermelhas e foi como um choque para voltar a realidade.

Ele levantou da cama logo depois de depositar um beijo na bochecha da namorada. Clary continuou deitada na cama,  encarando-o.

   —O que foi?
   —Me desculpe, mas é que você não está bem ainda. –Doí demais em Jace vê-la tão frágil e por mais que quisesse fazer amor com ela, não valia a pena machuca-la mais.
   —Jace! Eu estou bem! Veja... –Ela deu uma rodadinha. —Está tudo bem.

Jace não aguentava esconder dela o quanto ela pode está mau. Então a segurou pelos ombros e guiou até o espelho.

   —Veja isso. Já tinha visto isso antes? –disse. Ele apontava para as runas nas costas dela. Clary o olhou assustada.

   —Eu... Não. Não sabia disso. E como você sabe? –perguntou. Jace suspirou e explicou para ela quando viu e o porquê de não ter contado. —Serio? Não imaginou que isso seria importante para mim? Saber que em minhas costas tem umas quatro runas iguais à da minha nuca?
   —Clary me escute. Você por acaso se lembra do que fez ontem a noite? –negou. —Você se queixou de dores boa parte da noite. Suou a noite toda, tive que te dar uns dois banhos e uma runa de calma para fazer você dormir.  –disse, estendendo o braço que tinha uma nova runa na parte interna próximo ao cotovelo.
   —Jace eu quero comer... –Se ficasse mais um pouco olhando para aquelas coisas ela ia desabar em choro.
   —Você entende? Entende o qual preocupado estou com você.
   —Porque está brigando comigo? –disse, olhando dentro dos olhos dourados dele.
   —Não estou... Só quero que entenda que o que eu fizer daqui para frente será para o seu bem. E que eu te amo. Em qualquer hipótese, em qualquer situação, não se esqueça.
   —Eu também te amo.

Jace sorriu e a puxou para um abraço apertado.

   —Agora podemos comer. –disse rindo da empolgação de Clary.

Assim que comeram, Jace levou Clary para a sala de treinamento. Ela estava livre da rotina de seu treinamento oficial, mas nada o impedia de ensina-la um pouco.

   —Pegue o bastão. Mantenha os pés afastados para dar mais equilíbrio.

Clary fez o que foi pedido e em troca recebeu um ataque. Jace mirou em sua cabeça, mas graças as runas e ao treinamento ela viu e se abaixou. Com o bastão, ela tentou dar uma rasteira em Jace, que prevendo isso, saltou na hora e aproveitou a guarda baixa dela e tacou seu bastão para trás.

Clary olhou surpresa para Jace. Ele tentou puxar o seu pé, ela pulou e partiu para corpo a corpo.

Jace acabou perdendo seu bastão também quando Clary deu um chute na parte de trás do seu joelho e derrubando-o. Ela apontou seu bastão para a garganta de Jace, sorrindo com sua vitória.

   —Ganhei.

Jace sorriu para ela. Estava melhorando, mas não para ganhar dele numa luta corporal. Ele puxou o bastão para o lado e, consequentemente, puxando Clary para o chão.

Ambos rolaram pelo tatame da sala até Clary parar debaixo de Jace e ele pressionar o bastão contra sua garganta.

   —Agora acabou.

Jace estava prestes a se levantar quando ouvir o som de palmas. Era Jocelyn.

   —Seu desempenho foi ótimo Clary. Oi Jonathan.
   —Oi Sra. Fairchild. Ela tem melhorado muito no corpo a corpo. Só precisa treinar um pouco o equilíbrio e a agilidade.
    —Oi mãe. O que está fazendo aqui?
   —Vim ver como você está. Quando me falaram que estava treinando com Jace, tive que conferir se treinavam mesmo. –Clary enrubesceu até chegar a cor de seus cabelos.
   —Mãe... Sempre que treino com Jace pode ter certeza que é só treino. Ok?

Jocelyn levantou as mãos em rendição.

   —Tudo bem. Mas vamos ver se seu treinamento tem valido a pena. Uma luta corporal que tal?
   —Com você? –disse incrédula. Tinha certeza que sua mãe não teria pena em batê-la um pouco.
   —Algum problema? –perguntou enquanto retirava a jaqueta  jeans.
   —Nenhum.
   —Ótimo.

As duas se preparavam para a luta, girando em círculos esperando uma atacar primeiro. Jace assistia um pouco nervoso a luta. Jocelyn parecia o tipo de treinadora que não tinha medo de dá um bom soco.

Jocelyn fez o primeiro ataque, no qual Clary desviou muito bem.  Jocelyn tentou mais uma vez, sem sucesso. Ela continuou na ofensiva enquanto Clary permaneceu na defensiva.

Isso até Jocelyn dá um soco no estomago de Clary e um chute em seguida. Clary caiu para trás.

   —Aprecio que seus amigos te treinem. Mas, como sua mãe, eu tenho o direito que eles não possuem de ser dura com você. Sei que os ama, porém na luta com demônios não pode depender de nenhum deles. Principalmente de Jace. Cada um tem sua própria luta, assim como você terá a sua.

Jace queria dizer que estava sendo muito dura com ela, e que sempre a protegeria. Mas se o fizesse, receberia um olhar atravessado da sogra.

Clary levantou do chão com um salto que o impressionou. Ela estava nervosa, notou.

   —Pode me bater Clary. Aqui eu não sou sua mãe.

E Clary fez. Deu um no rosto da mãe e recebeu outro um pouco abaixo da garganta. Clary se esquivou com falta de ar, mas Jocelyn não.

Jocelyn segurou o braço da filha e a jogou no chão. Jace viu Clary tossi de leve e sangue cair em sua mão. Ela olhou espantada para a mão e depois para Jace.

Jace entendeu que aquilo não era da luta e estava prestes a acabar com tudo, mas o olhar dela era de quem queria terminar sozinha. Clary se levantou com dificuldade e limpou a mão na calça. Ela partiu para cima da mãe com a graciosidade que Jace nunca viu. Ela atacava e defendia muito bem. Mas assim como a filha, Jocelyn era boa.

   —Wow! Nunca achei que fosse ver isso. –disse Simon ao lado de Jace.
   —Da onde você veio, cara?
   —Estava com Alec e Magnus. É melhor apressa-las. Meu casamento começa daqui à cinco horas.
   —Certo. Mas quero que Clary termine isso sozinha.
   —Quem esta ganhando?
   —Isso não é um dos seus joguinhos. É um treino, não tem um placar.
   —Tudo bem eu entendi. É só que parece que Clary ta levando uma surra da mãe.

Jace suspirou. Simon estava certo.

   —Jocelyn é muito boa.

Na mesma hora, Clary joga Jocelyn no chão e pressiona o salto de sua bota na garganta da mãe, encerrando assim a luta. Clary estende a mão para a mãe, que a aceita com um sorriso.

   —Você melhorou muito filha. Obrigada por isso Jace. Sei que você teve um grande papel nisso.
   —Não só eu Sra. Fairchild. Alec, Maryse e Isabelle também a ajudaram. –disse surpreso por Jocelyn finalmente usar o apelido.
   —Eu sei. –Jocelyn o abraçou, estava disposta a aceita-lo como namorado de sua filha. —E Clary... Sinto muito se fui dura com você. Mas se saiu muito bem. Melhor limpar o sangue de sua boca antes que manche a blusa. Me leva até a porta Simon?
   —Claro Sra. F.

 

Clary não fazia ideia do que a mãe estava falando. Levou os dedos para a boca e percebeu que realmente havia sangue neles.

Claro que ela pensou que fosse da luta. Ela não sabe de nada ainda.

Jace correu até ela.

   —Está tudo bem?
   —Estou me sentindo ótima. Ganhei de minha mãe Jace! Não acredito... –Jace riu.
   —E esperava algo mais? Você é fantástica, lutou muito bem. Agora temos um casamento para ir e precisamos nos arrumar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Proximo capitulo temos um casamentooo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cidade da Escuridão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.