A Sombra do Morcego escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 5
Capítulo V - Uma desagradável surpresa




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— Analisando... Analisando... Análise completa.

— As amostras de sangue encontradas na Evidência 001 pertencem, em percentual respectivo de 27,3% e 72,7%, a Clay Jones e Anthony Zucco. – declarou a rede de computadores instalada na Caverna.

— Tempo de deterioração das amostras? – indago-o.

— Clay Jones: Calculando... Calculando... Resultado obtido. 82 horas e 31 minutos. – há uma breve pausa – Anthony Zucco: Calculando... Calculando... Resultado obtido. 25 horas e 12 minutos.

As amostras de sangue correspondiam respectivamente a dois acontecimentos chave dos últimos dias. A primeira, a minha invasão às Docas e interrogatório a Anthony Zucco. O resíduo fora adquirido no momento em que lancei o batrangue contra um dos capangas do mesmo, Clay Jones. Este atingiu seu ombro prendendo-o a um dos contêineres. Mais tarde, Jones fora entregue por mim, junto a outros meliantes e o próprio Zucco ao D.P.G.C.

A segunda quando Anthony fora assassinado em sua cela dentro da delegacia por um agressor desconhecido. Seu corpo fora levado para o necrotério onde aguardaria por uma necropsia. Lá, obtive o batrangue. Este deixado ao lado do corpo para incriminar-me.

Seja lá quem orquestrara o assassinato tivera cuidado o suficiente de não simplesmente fabricar um batrangue, mas de precisamente utilizar um que já houvesse passado por minhas mãos. Preguiça ou uma mensagem clara. Eles me observavam.

Dado os poucos vestígios deixados para trás na cena do crime, há a indicação de que o assassino possui experiência. Mas nem toda a experiência em matar, explicaria como este entrou na delegacia sem ser visto ou ouvido. Ele pode ter tido ajuda. Ou, suas habilidades são ainda mais formidáveis do que posso esperar.

— Computador, busque nos registros do Departamento de Polícia de Gotham City o nome do policial que estaria fazendo a ronda pelas celas da delegacia por volta das duas da manhã. – pedi a rede de computadores.

Tal informação poderia ser acessada graças a minha conexão direta com os servidores do D.P.G.C. Caso tenha sido feita uma escala entre os policiais para vigia, eu saberia exatamente quem estava lá. Os jornais já haviam dito que teria sido Frank Boles, no entanto, uma confirmação direta de uma fonte mais confiável e menos suscetível a sensacionalismo, seria boa.

— Resultado encontrado. Frank Boles. Nascido em 1982. 1,83 de altura. 84 kg. Apontado como vigia das celas das 23h às 3h. – é dito ao fim das pesquisas.

— Registro das câmeras deste horário em específico.

É feita uma breve pesquisa pelo sistema. Boles aparece unicamente nas duas primeiras horas de filmagem. Há imagens ininterruptas até as 2h26. Zucco, vivo, permanece sentado em sua cama. A cabeça nas mãos. Após isto, dez minutos de pura estática e a imagem retorna. Anthony encontra-se jogado ao chão. Uma poça de sangue próxima a sua cabeça. Gerada pela perfuração em sua veia carótida. O batrangue logo a seu lado.

— Avance uma hora nas filmagens.

Frank retorna a sua patrulha pelos corredores. É preciso que passe duas vezes pela cela de Zucco para que note o ocorrido. Ao vê-lo, corre para chamar os outros policiais.

— Computador, acesse a ficha de Frank Boles.

A ficha de Boles, além de constar suas informações físicas, histórico de trabalho e habilidades, possuía algumas ressalvas. Como o fato de que constantemente era pego bêbado em serviço. Além de problemas com colegas de trabalho e maus-tratos a prisioneiros.

Frank Boles poderia muito bem ter dado acesso ao assassino. Pelo seu perfil, não se incomodaria de receber propina para proporcionar uma oportunidade como essa para outros. Ou, ainda, poderia apenas estar bêbado em serviço como em episódios anteriores. Seria prudente investigar.

— Mestre Bruce, trouxe café, como pediu. – Alfred adentra a Caverna trazendo consigo uma bandeja de prata com uma xícara de café, uma garrafa térmica, recipientes com leite em pó e açúcar, bem como três colheres.

Meu mordomo pôs o que havia trazido sobre uma bancada próxima aos computadores.

— Preto, como o senhor prefere. Trouxe outras opções para que fosse feito, por prevenção. – diz este oferecendo-me a xícara e uma colher.

— Obrigado Alfred. – agradeço enquanto aceito a xícara e dou um gole da forte bebida.

Há um breve silêncio enquanto continuo com meu trabalho. É possível notar a inquietação de Alfred. Ele, por certeza, deseja dizer algo. Deve estar a pensar como o fará.

— O senhor tem estado estranhamente quieto desde que retornou da festa. E isto, é algo de se impressionar dado ao seu comportamento comum. – finalmente disse.

— Hummm... – não desejo conversar.

Pennyworth respira fundo antes de tentar uma vez mais.

— Compreendo que deve ter sido um tanto desagradável ver seu Tio na companhia de tantos homens desprezíveis. Ainda mais os tratando como amigos de longa data e os apresentando ao senhor.

— Hummm...

— Gostaria de deixar claro que, caso queira falar sobre isto, como sempre, sou todo ouvidos.

— Eu agradeço Alfred, mas... Agora não.

Deixo a xícara de café finalizada na bancada próxima à bandeja enquanto caminho na direção da motocicleta. Devidamente trajado, tudo o que faço é pôr o capuz.

— Aonde vai Mestre Bruce? – meu mordomo indaga acompanhando-me. As mãos cruzadas nas costas.

— Conversar com Frank Boles. Ele era o vigia da cela de Anthony Zucco na noite do assassinato. Pode ter auxiliado o assassino ou saber algo sobre. – respondo a sua pergunta já montando na motocicleta e dando partida.

— “Conversar”? – Alfred repete em um tom leve de descrença.

Saio em velocidade sem mais nada dizer.

...

— Bruce, este é Carmine Falcone. Você já ouviu falar dele antes. Há! Acho que não há uma pessoa em Gotham que não tenha ouvido falar dele. Mas uma coisa é o que se diz sobre o homem, outra, é o homem em si. – Phillip diz animadamente enquanto se aproxima de mim ao lado de Falcone.

Carmine “O Romano” Falcone. Descendente de uma das famílias fundadoras de Gotham. Junto aos Wayne e Cobblepot. A imagem que tentava passar era a de um experiente e honesto homem de negócios. Que através de longos anos foi capaz de ampliar significativamente a fortuna de sua família, bem como seu império. Não há uma pessoa em Gotham City que não saiba seu nome. Todavia, não são todas que conhecem sua verdadeira face. Lorde do crime. Chefe da Máfia. Há tanto sangue em suas mãos. Sangue das pessoas que entraram em seu caminho. Que discordavam de sua opinião. Inocentes ou culpados. Se Gotham era o Inferno, Falcone era o Diabo.

Após a trágica morte de meus pais, meu Tio Phillip assumira a direção das Empresas Wayne. Uma tarefa árdua. Que fora dificultada pela queda nas ações repentina em razão do falecimento dos diretores anteriores e desconfiança dos membros da Diretoria. A perda de confiabilidade no nome Wayne. Para recuperar isto, em desespero, Phillip aceitara a oferta de Falcone. Carmine manteria o nome de nossa família no topo, como sempre esteve. Sua credibilidade inabalada. E tudo o que meu Tio devia fazer, era dividir a produção da divisão de ciências das Empresas, com o próprio mafioso e com o Departamento de Polícia. Além do que já dividia com o Exército dos Estados Unidos. Um ato de boa fé, por outro ato de boa fé. Pelo menos, era isto que Phillip deveria achar.

Interrogando Zucco, havia descoberto mais. Falcone redirecionava o que recebia da divisão de ciências e deveria ir para a polícia, para os criminosos sob seu controle. Assim, era extremamente fácil para seus lacaios, com superioridade bélica, dominarem outras gangues e aumentarem ainda mais o império de Romano. Aos poucos, Carmine igualmente manipulava mais e mais Phillip. Dado o devido tempo, este teria as Empresas Wayne para controlar. Gotham em suas mãos mais do que nunca.

Desconfiava que Carmine houvesse ordenado o assassinato de Zucco. Os dois haviam trabalhado por décadas lado a lado. Gerindo os negócios. Controlando a cidade. Mas com Anthony atrás das grades e revelando segredos, alguém precisaria silenciá-lo.

Falcone não poderia correr o risco de ter seus negócios expostos desta forma. E com praticamente todo o Departamento de Polícia no seu bolso, bem como o próprio Comissário Loeb, isto seria extremamente simples. E, logo em seguida, pôr a culpa no Batman. Livrando-se de qualquer suspeita. Permanecendo “limpo”. Livrando-se de dois problemas, de uma só vez. Todos os sinais apontavam para isto. Contudo, necessitaria de mais provas. Mais do que obtivera com Zucco. Mais do que estava enterrado nos arquivos do D.P.G.C. Precisaria acabar com um por um de seus aliados. Até que não lhe restasse mais nada. Absolutamente nada. Arrancar o mal que este representava pelas suas podres raízes. Sem possibilitar que de qualquer forma o mesmo pudesse retornar.

O cabelo castanho possuía seus lados brancos, cuidadosamente penteado para trás. Os olhos fundos, cercados de olheiras causadas por sua idade.  Nariz fino.  As bochechas levemente caídas.  O maxilar torto não deixava que sua boca fechasse por completo. Conservava um fino bigode, com uma pequena separação no centro, de cor homônima ao cabelo. Trajava um terno preto. Gravata borboleta de mesma cor. Sua gola permanecia levantada. Rosa vermelha à lapela. Os sapatos pretos brilhavam de lustre. Sua simples presença levava consigo certa imponência.

— É um prazer finalmente conhecer o herdeiro da família Wayne. Bruce Wayne! – disse em tom calmo, sua voz era profunda, rouca. Estendeu a mão para que apertasse. À seu lado, Cobblepot sorria.

Contemplei sua mão por instantes antes que Phillip forçasse-me a apertá-la. Não queria ser amigável de forma alguma com aquele homem. Muito menos apertar sua mão. Escória do tipo dele não merecia estar ali. Retiro minha mão o mais rápido que posso do aperto.

— O prazer é meu. Ah, gostaria de prestar minhas condolências pelo ocorrido. Uma pena que uma alma tão boa e gentil como a de Zucco tenha sido tirada de nós desta forma. – digo no melhor de minha simpatia forçada. No fundo, queria que notasse.

— Agradeço por suas palavras. Anthony era um amigo de longa data. O conhecia a mais de quarenta anos. Nós crescemos juntos. Ele era mais do que um amigo. Era família. E perde-lo desta maneira... Meu coração dói só de pensar. – Carmine respondeu uma vez mais em seu tom calmo. Inabalável.

— Esta noite é exatamente sobre isto, cavalheiros. Uma noite para garantir que nós do Departamento de Polícia de Gotham estaremos preparados a fim de prevenir que mais ninguém tenha de perder sua vida tão tragicamente. Que podemos deter o maldito Morcego. – Loeb faz este comentário de forma enérgica. Talvez uma tentativa de demonstrar falsa convicção.

De mim é automático o ato de rapidamente contemplar James Gordon. Este manteve a cabeça baixa por toda a conversação. Como se não quisesse ser notado. Retornei meu olhar para Falcone unicamente quando este tomou a palavra.

— Receio que possuo assuntos a tratar em outro lugar e não posso mais ficar. – voltando-se para Phillip e apertando sua mão – Obrigado Phillip por organizar esta noite.

— O prazer é meu Carmine. – respondeu meu tipo em tom de condolência.

— Gordon, Loeb. – Falcone acena brevemente com a cabeça e vira-se para mim – Bruce foi um imenso prazer finalmente conhece-lo. Uma pena não ser em circunstâncias melhores.

— Nos encontraremos novamente. Tenho certeza disso. – esbocei um leve sorriso.

O homem se despediu rapidamente e partiu. Loeb e Gordon cumprimentaram a Phillip e igualmente tomaram o próprio rumo. Ao contemplar meu tio, fora quase impossível conter a expressão de desaprovação.

— Bruce... – ele começou.

Parti sem dar qualquer importância ao que diria.

...

Fazia certo tempo que Boles estava naquele bar. Sentado ao balcão, entornava garrafa após garrafa de cerveja. Momentaneamente visitava o banheiro e retornava para seu ciclo de bebedeira. Poderia facilmente invadir o bar, dar conta de qualquer resistência e interroga-lo ali mesmo. No entanto, isto atrairia mais atenção do que gostaria. E atenção era algo que Batman deveria evitar.

— Alguma novidade com Boles, Mestre Bruce? – a voz de Alfred soa ao ponto.

— Nada ainda. Mas, por enquanto, a rotina dele está normal. Nos dias de folga ele vem para esse bar. Permanece aqui até pouco mais que duas da manhã e retorna para casa. – respondo.

— Perdoe-me por perguntar, mas como descobriu a rotina do homem tão rapidamente?

— Fácil. Saber que ele tem problemas com bebida, descobrir seu endereço, procurar o bar mais próximo. Imagens das câmeras de edifícios próximos, dias e tempo por ele gasto no bar. Tudo graças ao sistema integrado de segurança de Gotham fornecido pelas Empresas Wayne.

— Os dias de ouro da privacidade desceram ralo abaixo.

Encontro-me em um prédio residencial logo do outro lado da rua do bar. Fora inclusive deste que obtivera as imagens de segurança. De seu topo, utilizo as lentes do capuz para enxergar a distância e através das paredes da construção.

Boles joga o dinheiro no balcão, se despede, e cambaleando deixa o bar. Estacionara seu carro no beco ao lado. A rua estava vazia. Facilidade maior não haveria. Plano para o prédio à frente. Aguardo até que tire as chaves do carro do bolso. Atordoado como está, as deixa cair. É quando se abaixa, que faço a abordagem.

Silenciosamente salto do prédio e caio a seu lado. Assim que se ergue com a chave em mãos, vislumbra meu reflexo no espelho do veículo. Sua reação é risível de tão lenta. Imobilizo seu braço e forço sua cabeça contra o vidro do carro. A janela racha com o impacto e o homem vai ao chão.

— Frank Boles, você era o responsável por vigiar a cela de Anthony Zucco na noite de seu assassinato. Eu quero respostas! – grito.

— Vai à m... – Boles tenta responder enquanto checa o corte que sangrava feito em sua testa.

Piso em seu calcanhar. O sujeito grita. Em desespero busca sacar a arma que levava a cintura. Com um chute o desarmo. Erguendo-o, forço sua cabeça contra o capô do carro enquanto imobilizo seus braços.

— Você foi o último a ver Zucco vivo. Você deu entrada livre a alguém a delegacia naquela noite? Auxiliou alguém a matar Anthony Zucco? Responda!

— Se acha que vai arrancar alguma coisa de mim, você tá muito enganado seu morceguinho de bost...! ARGH!

Giro a mão do homem até quebra-la. Após isto, movo seus braços para a frente, a fim de deixa-los a ponto de desloque.

— Tá bem! Tá bem! Teve um cara... Teve um cara! Encontrei um envelope com dinheiro no meu armário. Tinha um bilhete junto. Me dizendo exatamente o que fazer. Era muito dinheiro. O tipo de quantidade que não se recusa!

— O que devia fazer?

— Desativar todos os sistemas de segurança. Só por alguns minutos. Antes que o nerd do subterrâneo notasse. E garantir que um cara entrasse e fizesse o serviço.

— Que cara? Quem fez o serviço?

Neste instante um shuriken atingiu o topo do carro de Boles. Um interruptor no centro do mesmo piscava. Sem pensar duas vezes, joguei Frank para o lado e lancei-me por cima. Utilizando de minha capa, por pouco nos protegi da explosão.

Após notar que a mesma estava em chamas, retirei-a e descartei de qualquer forma. Boles estava inconsciente. Voltei meu olhar velozmente para os telhados. Uma silhueta masculina nos observava do topo de um deles. E rapidamente fugiu. Era ele! O responsável por assassinar Zucco. Só poderia ser!

Utilizei de meu arpéu para alcançar o topo do edifício. De lá, iniciei a perseguição. Era difícil de acompanhar o alvo. Tanto por sua velocidade, quando pela dificuldade do percurso. Os vãos entre os prédios por vezes apresentavam-se um problema por não poder contar com minha capa. Mantive o ritmo da melhor forma que pude. Aos poucos adaptei-me e não havia nada que me atrasava.

Tomei uma via diferente da qual meu alvo seguia. Posicionei-me sobre o mesmo. No momento em que emparelhei com este, saquei de meu cinto três batrangues e os lancei a sua frente. Prevendo que este desaceleraria, mesmo que por instantes, para desviar, faria minha investida. E assim ocorreu.

Lancei os objetos. O desvio do indivíduo fora rápido, mas não o suficiente para interferir no plano. Saltei sobre o mesmo. Ciente de meu movimento, este retirou de suas costas um longo bastão retrátil e atingiu-me a barriga, lançando-me para o lado. Atingi o chão buscando erguer-me o mais veloz que pude. Não fora o suficiente.

Antes de levantar completamente o homem já estava pronto para o ataque seguinte. Investindo contra mim, rolei para o lado. Aparei o golpe em sequência com as lâminas laterais de minhas luvas. Erguendo o bastão, meu oponente fez outra investida. A defleti uma vez mais com as lâminas. Segurei a arma e puxei, livrando-a de sua posse. Utilizei-a para atingir seu rosto, desorientando-o. Joguei sua arma para o lado. Afastado pelo golpe, possuí tempo o suficiente para avaliá-lo.

Por sobre uma malha grossa, no entanto, aparentemente, placas de proteção do que deveria ser fibra de carbono se fixavam. Não havia partes de seu corpo que fixassem expostas. À cintura levava duas pistolas. Pela aparência, duas Desert Eagle. Calibre 50. Juntamente com granadas, bombas de fumaça e luz. Havia um espaço vazio que devia ser destinado ao bastão. Às costas uma espada. Utilizava um capacete. Dividido em duas cores. Preto e laranja. Todo o seu traje era revezado entre essas duas cores.  Apenas um de seus olhos, azul, ficava à mostra.

— Divertido. – disse voltando-se para mim. Sacando sua espada, avançou para o combate.

Fui capaz de desviar do primeiro golpe que, ao abaixar-me, passou por cima. Desviei do segundo, logo em sequência, desceu à minha direita. No entanto no terceiro, foi onde falhei. Este atingiu a lateral de minha barriga, que, apesar de toda a proteção, começou a sangrar. A surpresa do golpe desconcentrou-me aponto de meu oponente executar um talho em meu ombro.

Embainhando a espada com voraz velocidade, chutou o primeiro ferimento, socou o segundo, e com uma sequência inacreditável por pouco não desabilitou-me. Desnorteado, tudo o que pude fazer foi ouvir.

— Sua sorte, é não ser o alvo. – disse antes de chutar-me para fora do telhado.

Em queda não pude segurar-me em nada. Atingi a primeira escada de incêndio. Em seguida vi-me pendurado em uma corda de varal que logo se rompeu. A segunda escada. Um monte de sacos de lixo no frio e úmido beco foi a parada final e o responsável por impedir que o acidente fosse pior.

A dor impediu-me de olhar para cima. Não fazia ideia se meu oponente já teria partido ou não. Permaneci em meio ao lixo por certo tempo. Até que erguer-me parecesse uma boa ideia. Foi ao observar meu ombro e barriga a sangrar que recordei-me da importância de sair daquele local.

Levantando, tentei convocar meu veículo. Não seria possível. Os impactos nas escadas haviam danificado meu cinto. Busquei contatar Alfred. Estática. O som de um gato fugindo alertou-me para o fato de que não estava só no beco. Um mendigo assustado deixava seu abrigo por sob um toldo velho de uma loja próxima. Sua expressão ao ver-me era de puro terror.

— Não, não... Se... Assuste... Eu... – pela dor da queda, os ferimentos e o sangue perdido, mal era capaz de formular frases completas. Estendi minha mão e fora o suficiente que para o sujeito fugisse em pavor gritando.

— Polícia! Polícia!

Apoiei-me na parede de um dos edifícios. Ainda era noite, mas logo o sol raiaria. Voltando-me para um carro antigo estacionado no beco, pensei rapidamente no que fazer. O que viria a seguir, não seria nem um pouco agradável.


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Notas finais do capítulo

Todos os personagens aqui presentes são propriedade da Editora DC Comics.



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