Alma escrita por leh_persephone


Capítulo 1
Capítulo único




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 A professora do terceiro horário entrou na sala seguida de perto por um menino um pouco estranho e muito bonito. Aquela com certeza era uma grande novidade, comparada às novidades que sempre chegavam ao Internato Roy Denver. Claro, ele não parecia um mero garoto silencioso que sentou-se no lugar vazio, atrás da garota que estava ao meu lado.

Ao introduzi-lo, nossa mestra disse que o nome dele era Demetri Abbot, acrescentando também que era um órfão. Entretanto, herdeiro da fortuna enorme que recebera após a morte dos pais em um acidente de carro.

O novato não pareceu incomodado com as explicações pouco discretas da professora. Na verdade, sequer esboçou emoção ao ouvir sobre a morte dos pais, um fato que deveria trazer à tona alguma lembrança triste na sua vida.

Com certeza, tal aluno novo despertava aquela minha curiosidade incontrolável. Eu sei que todos merecem privacidade, mas eu tinha que segui-lo, algo me dizia isso.

A aula acabou e todos saíram da sala. Muda, acompanhei-o pelo corredor, entrando no banheiro feminino para ele não perceber que eu pretendia segui-lo.

Percebi que a minha aventura podia ser um pouco mais perigosa do que esperava quando o vi sair da escola, direto para uma floresta particular do internato. Mas eu não sou de desistir ao primeiro susto. Continuei andando, a curiosidade alimentando a coragem.

Enfim, minha curiosidade conseguiu me levar para a cena mais bizarra que uma adolescente da minha idade pode ver na vida.

Demetri estava ajoelhado diante do corpo morto de um estudante magrelo do internato. Era algum tipo de magia negra, pois ele não chegava a tocar no corpo, mantinha a mão a dois centímetros do rosto do garoto, possivelmente morto, mas sem ferimentos aparentes.

Acho que a minha curiosidade finalmente vai conseguir me levar para a morte.

Um raio solar invadiu a floresta. Eu pude ver um colar que estava pendurado em seu pescoço e a fumaça branca que rodava dentro do seu pingente fino.

Aproveitei seu momento de distração com o corpo, saí correndo e arranquei o colar do seu pescoço.

– O que significa isso? – ele olhou-me diretamente nos olhos. Foi aí que descobri que nunca tinha escutado sua voz, ou o quanto era linda.

– Porque você o matou?

– Qual é o problema? Ele nem tem pais.

– Ele tem sim.

– Pais que o trancaram num internato, não chamo isso de pais.

– O que você fez com ele?

– Usei a alma para alimentar a da minha irmã, que está nesse pingente ai – ele apontou para o pingente.

– Seu cretino, eu vou quebrar essa coisa!

– Não ouse. – sua voz soou tão fria que um calafrio percorreu meu corpo.

– Ela era mesmo importante para você?

– Era.

– Tome de volta. – estendi o colar.

– Fique com ele e o destampe.

Fiz o que ele mandou, por mais que eu estivesse com o pingente, ele que estava no comando. A fumaça saiu do pingente e me dominou. Todas as minhas antigas lembranças esvaindo-se lentamente.

– Finalmente um corpo digno da alma minha irmã.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem... reviews?