As testemunhas - O lado mais sombrio escrita por EverCintra


Capítulo 11
Caim - Enquanto vocês queimam




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“Eu me coloco em chamas,

e o povo vem para me ver queimar.”

 

 

Caim

 

 

Querido irmão N# 34400   

 

Isso aconteceu a muito tempo atrás, tanto tempo que preciso escrever-te antes que eu não me lembre mais, eu caminhava cambaleando em casas de barro batido, bêbado pela exaustão do meu corpo,  as ruas estavam vermelhas o som do choro era ouvido aos milhares, eu vi uma mulher se esconder com seu filho envolta de uma burca, ela tremia e chorava de medo, lembro dos seus olhos, eles me suplicavam me ajude eu os ignorei, os soldados de Herodes vasculhavam casa por casa dos judeus, procurando um rei bebe, eles massacravam qualquer criança de colo que encontravam pela frente, foi uma das piores cenas que vi durante minha existência , evento pelo qual ficou conhecido pelo massacre dos inocentes, dez mil foram mortos naquela noite para que ele pudesse nascer, e o que mais me assombrava era que eu não conseguia sentir nada em relação a isso, só o completo vazio do abismo do meu peito.

 Eu também procurava uma lenda, os boatos diziam “ o rei dos judeus havia nascido “ confesso que quando chegou aos meus ouvidos que o salvador tinha nascido eu não dei importância alguma, os judeus eram escravizados e explorados desde a fundação de Israel seus delírios o fizeram criar um salvador, pensei.

Mas cá estava eu, eu já tinha caminhado por muito tempo seguindo três homens que seguiam uma estrela, eu os segui  por dias,  até os perde-los de vista, a estrela se apagara no céu e eu estava perdido no meio do caos, era um tanto tentador para mim, o abençoado e o amaldiçoado no mesmo cômodo,  a ansiedade me fazia arfar a minha respiração se tornava irregular e um sentimento misturado de medo e ansiedade se misturava no meu peito, não sei o que acontecia comigo, mas eu precisava vê-lo, o filho do homem que me amaldiçoou.

Eu fui atraído para um pequeno vale no final de uma correnteza, as margens do rio uma pequena choupana de palha se erguia no meio do nada , pela primeira vez desde o meu nascimento eu contemplei a paz, ela me guiou até aquela casa, havia ovelhas envolta da casa elas dormiam como se a cidade não estivesse em chamas, eu me aproximei da casa, e toquei suas paredes ásperas, pela fresta da parede eu vi um homem prostrado de joelhos oferecer um presente a uma mulher franzina, e reconheci seu rosto era um dos homens que estava seguindo, meu sangue nunca correu tão rápido quanto naquele dia, minhas mãos soavam e eu sentia de novo o que não sentia antes, amor, então eu soube naquele momento que eu não era digno de vê-lo, e me afastei para o mais longe possível do salvador.

E quanto mais longe eu estava senti de novo meu coração congelar, e me senti eu mesmo de novo.

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A assembleia geral dos ratos já estava formada, eles se amontoavam em cadeiras como galinhas em poleiros, a ordem sempre foi um tanto peculiar com seus tribunais exaustivos, eles sempre acreditavam que tinham o poder de tudo, isso era tão patético quanto eles.

— Que esteja aberta a primeira seção de julgamento do réu – gritou o comandante chefe como um galo cacarejando para as outras galinhas-  Eu o centoagésimo nono supremo senhor comandante da ordem lhes apresento o andarilho – comandantes costumavam cair como moscas por aqui e eu conheci cada um deles, a multidão me olhou com um mistura de surpresa e ódio como se eu fosse uma lenda que eles não quisessem reviver, seus olhos gelados me penetravam, como se eu desse alguma importância para suas opiniões eles eram pra mim como baratas prestes a serem esmagadas. 

Eu  me levantei e analisei cada um deles nos olhos, e percebi que por trás de tanta repulsa havia um medo explorável, no cento deles  o júri se exaltava como um rei sobre os plebeus  três cadeiras principais, no meio o comandante vestido de gloria uma manta branca para demostrar pureza no seu julgamento, ele  batia o pé apressado no chão, não pode esconder seu nervosíssimo de mim, do seu lado direito uma cadeira vazia sobre ela uma manta negra vazia  para demostrar que a justiça se estendia a todos da luz as trevas, a segunda no comando vestiria ela mas ora onde estaria adorável Sara, do lado esquerdo estava um dos velhos anciões, vestido de um manto carmesim para demostrar a justiça severa e justa do julgamento,   esse em especial era Edmund Carsei seus olhos velhos tremiam, eu o conhecia bem lembro do pequeno garoto que era quando perdeu toda sua família na primeira grande guerra ele sobrevivera por ser jovem demais para guerra, e até hoje ele não se perdoava por isso, acho que esse sempre foi o lado bom da minha maldição, eu não envelheceria.

    – Não me chame de andarilho, tenha respeito eu sou mais velho que o prédio que está em cima das suas cabeças, e não sou seu prisioneiro eu vim aqui de livre espontânea vontade. – Eles se calaram por um minuto espantados por minha audácia eles não eram de seus costumes serem desafiados.

— Essa noite doze dos nossos homens foram massacrados e despedaçados – gritou o comandante para a plateia que rugiu em espanto – isso aconteceu em território dos filhos da noite, esses pelo qual são liderados das sombras por esse homem que vós apresento.

— Os filhos não tem nenhum envolvimento com isso eu lhes dou a minha palavra, eles não desobedeceriam a minha ordem.

— do que vale para nós a palavra de um assassino – disse o comandante.

Eu olhei nos seus olhos como se ele fosse um livro aberto – todos nós temos nossos pecados meu caro, falando em pecado onde estar a sua adorável filha – ele congelou e uma gota de suor surgiu na sua testa  – dara não é esse o nome dela?, soube que ela tem sangue forte, do seu lado é que não é.

As pessoas da plateia se olharam como se escondessem um segredo, o velho Edmund se levantou devagar como se fosse impossível levantar o próprio peso.

 – Acho que estamos lidando com algo bem maior do que uma briguinha entre nossos guerreiros e os filhos da noite.

— Finalmente alguém com escrúpulos no meio de vocês.

O comandante o olhou com fúria – quer que deixamos isso impune?

— Quero que deixe isso em resserço por enquanto.

— Receio que isso não seja possível? - Gritou o comandante.

— Temos assuntos mais importantes do que isso para resolvermos aqui – disse o velho

— Nada é mais importante que os meus guerreiros, cada gota de sangue puro derramado é uma ferida na ordem.

— Sabe tão bem quanto eu que a situação nos pede uma medida desesperada – disse o velho e uma centelha de certeza brotou nos meus olhos, o caos finalmente chegou pra eles, e eles não imaginam o quanto isso é divertido.

— Ele veio até nos de livre vontade, ele não é culpado pelos atos.

— Então se não foi aquela horda repulsiva de assassinos   quem seria capaz de fazer aquilo com os meus guerreiros? - disse o comandante impassível.

O velho o chamou e cochichou algo no seu ouvido enquanto a multidão se agitava – a seção está encerrada – ele gritou – saiam todos, menos o andarilho, não sei o que o velho falou mas o fez amansar como um gato adestrado

Aos poucos a multidão começou a esvaziar a sala e o eco se instalou até ficarmos só nos três e dez guardas na porta.

— Acho que agora as coisas vão ficar interessantes – falei olhando nos olhos do comandante que esbanjavam medo um sentimento um pouco em comum para quem estava na posição dele, então percebi a fragilidade do seu governo de vidro.

— A espada foi roubada – disse o velho sem arrodeios.

 - Então receio que vocês tenham um grande problema. – isso não era possível, de todas as coisas possíveis que já pensei essa era a mais insana de se pensar, em todos esses anos da história dos guardiões ninguém nunca  chegou nem perto da espada de Miguel, ela ficava no centro do pais dos guardiões, lis como gostavam de chamar,  nenhuma criatura das trevas pode entrar no pais deles,  não posso deixar de aplaudir quem conseguiu essa enorme façanha.

— não podemos nos aliar a assassinos e se até onde eu sei ele pode está envolvido nisso  – disse o comandante que me olhava com repulsa.

— sabe lembro que língua solta foi a causa da morte do antigo comandante.

— Está me ameaçando – rugiu ele.

— eu não faço ameaças, e nem assumo lados.

— Senhores, senhores vamos manter a calma, temos assuntos mais delicados a tratar.

— ouça o seu velho comandante, ele sabe o que fala.

— quero propor uma aliança com os filhos da noite – disse relutantemente o comandante – temo que as trevas planejam tomar esse mundo e sozinhos não temos forças para detê-los – notei a dor que era pra ele admitir isso, isso me divertia mais.

— Eu e os filhos da noite não tomamos partido em suas guerras.

— você não está entendendo – berrou o comandante que bateu a mesa com fúria  – toda a segurança do mundo está perdida sem aquela espada.

— fascinante então acho que vou poder assistir o fim dessa terra medíocre antes do que eu esperava.

— você tem duas escolhas andarilho, ou se alia a gente ou torna-se nosso inimigo, e o nosso acordo de paz acaba aqui pelo assassinatos dos meus soldados.

Aquilo me fez rir – bem o jeito de vocês resolverem as coisas massacrando inocentes pelos seus erros, como pedra sobre pedra.

— ouvimos boatos, sobre a sua descendente, sabe o que diz a profecia sobre ela, está começando Caim, tudo começa a desmoronar – disse o velho 

Eu os olhei como se fossem vermes cortados pelo arado,  Vocês jamais tocaram um dedo nela

O que quer dizer com isso? – disse o comandante impaciente.

— a essa altura ela já deve estar morta, eu mandei um demônio kevan até ela.

eles congelaram em choque como se houvessem perdido sua pedra angular, - guardas – gritou o comandante – prendam esse monstro.

Todos os guardas que estavam fora e dentro da sala entraram como enxame de moscas, eles me cercaram uma a uma todos demostravam o medo de tocar .

O comandante se levantou e se pôs a falar enquanto o velho edmund ficava paralisado em choque – Eu senhor supremo comandante da ordem o sentencio a morte.

Suas palavras foram cortadas pelo meu riso incontrolável – a morte? eu a procuro  a muito tempo mas ela insisti em fugir de mim.

— senhor comandante – disse Edmundo sussurrando no seu ouvido – não pode matar Caim qualquer um que ferir Caim sete vezes cairá sobre si.

— Então o joguem nas masmorras que ele passe o resto da eternidade lá.

— Adorei a ideia, vou assistir de camarote enquanto vocês queimam.


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