As testemunhas - O lado mais sombrio escrita por EverCintra


Capítulo 10
Victor - Sangue clama por sague




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“Eu sou o seu pior pesadelo, a besta que caminha sozinha pela noite, eu sou a mais perfeita máquina de guerra, no meu coração não a espaço para amor, eu sou um monstro e convivo com monstros, mas de todas as criaturas e monstros que já cruzei durante a minha vasta existência, nenhuma me assombrou tanto quantos os humanos”

 

 

Victor

Lisboa 1910

Era o auge da revolução portuguesa, as ruas estavam amontoadas de barricadas, as pessoas morriam e matavam por um único ideal democracia, para uns era o início da grande vitória contra a monarquia para mim era apenas sangue.

Eu caminhava sem levantar suspeitas no meio da multidão revoltosa, já era tarde da noite, mas a multidão não dormia, o exército que tentava em vão reprimi-los havia sido derrotado pela deserção e agora eles já caminhavam em direção a grande republica, e eu só queria chegar até o fim da rua, no fim da rua havia um prédio em ruinas totalmente abandonado, todos os chamavam de prédio dos sussurros eu chamava de casa.

Assim que chego próximo ao prédio sou abordado por uma loira encapuzada que caminhava às pressas em minha direção.

— Victor, por D... – ela sentiu as palavras arderem na sua boca, ela era muito jovem, havia dias que tinha se transformado.

— Arde não é querida, não podemos chamar o nome dele, afinal deve ser por isso que nos chamam de amaldiçoados.

Valentina era uma estudante local, tinha sonhos como qualquer outra pessoa, tinha uma família amorosa, amigos que a amavam até o dia que foi  assassinada por uma turma de jovens embriagados, naquele dia ela pensou ser uma boa ideia pegar um atalho que passava por um beco escuro de duas ruas apertadas, eles brincaram com ela como se fosse um brinquedo quebrado,  eles a estupraram e jogaram seu corpo nas margens do rio sena, eu fui atraído pelo cheiro do seu sangue que se misturava as aguas do rio , dava seus últimos suspiros de agonia, pobre garota iria morrer sozinha, então sem pedir permissão lhe dei a chance de se vingar de quem quer que tenha a deixado assim, ela os empalou em estacas um por um e arrancou suas cabeças enquanto ainda respiravam.

— Por onde andou? – ela falou assustada, era extremamente raro Valentina não demostrava medo ou fraqueza, então sabia que tinha alguma coisa errada.

—  O que está acontecendo? - perguntei temendo a resposta.

— Ele nos encontrou - o medo brilhava nos seus olhos – o homem de quem você me falou, o caçador ele está aqui

Se meu coração ainda batesse ele teria parado nesse momento – Isso não é possível.

— Ele disse que queria falar com o nosso líder, vou ordenar a retirada agora mesmo – ela falou apressada.

— Não, não faça isso

— Victor não, você não pode subir lá – ela segurou minha mão com apelo.

— Eu não tenho escolha.

Ela me olhou com seus grandes olhos vermelhos que antes eram azuis – nós podemos partir em retirada, podemos fugir.

— Ele mataria todos nos antes que pudéssemos piscar, se é a mim que ele quer ele vai ter, pegue todos e parta em retirada.

— Nós não vamos partir sem você, não me peça isso – ela suplicou.

— Não me questione, isso é uma ordem. 

Ele estava na cobertura, as estrelas brilhavam sombriamente aquela noite, lá em cima parecia que o mundo tinha parado os gritos insecáveis da multidão era ouvido ao longe, mas baixo como um ruído prestes a cessar, eu caminhei tremulo a passos lentos como um rato entrando na armadilha de uma  cobra.

— Os humanos são engraçados não são – sua voz era ríspida como uma faca arranhando na pedra, ele estava sentado em um poltrona velha, usava um smoke preto com uma gravata branca, ele amolava incansavelmente uma espada da mais pura prata, como um sinal de provocação.

— ao que devemos a honra.

Seus olhos se acenderam e pude ver que eles eram dourados como ouro – querido Victor podemos ser bem mais rápidos se pularmos as falsas modéstias.

Sua presença era apavorante eu sentia meu corpo pesar – como sabe o meu nome?

— Ora meu   querido, eu conheço cada nome de criatura viva que devo destruir – ele falou sem tirar os olhos da espada.

— Então aqui estou, eu estou pronto – minhas pernas cederam e eu cai de joelhos e senti uma grande paz preencher o meu corpo, ele se aproximou de mim a passos lentos.

— Sabe os humanos são realmente engraçados – ele falava como se não fosse humano, afinal de contas ele ainda era humano, um humano criado para destruir monstros – eles brigam suas guerrinhas infantis enquanto as verdadeiras guerras acontecem nas sombras.

 - Do que está falando ?

— Vem tempestade por ai Victor, uma tempestade nunca vista no mundo das sombras, e eu estou cansado de jogar esse jogo – ele deixou sua espada cair.

Eu pensei em fugir era a minha chance mas vi algo em seus olhos de ouro que me fizeram ficar – o que você quer de mim?

— Eu não vou te matar, isso é se você fizer o que eu quero ninguém saí ferido, pelo contrário eu vou caçar e matar cada um dos filhos da noite e penduro sua cabeça nos portões da cidade.

— Faça o que quiser comigo mas deixem eles em paz.

— sabe que não é assim que funciona, a mil anos eu caço e mato monstros como você, eu sou eterno e não posso ser destruído, foram o que elas fizeram comigo, foi em uma noite parecida com essa não te contaram? , havia guerras por toda parte era Ascenção da sua espécie, milhares de inocentes sendo mortos, o caos batia na porta de todos, ninguém sabia como detê-los, as bruxas como servas fies  da natureza deveriam arranjar uma forma de acabar com aquelas abominações,  foi uma grande festa aquela noite , elas queimaram um grande carvalho branco em nome da imortalidade e me fizeram tomar sangue de um anjo, então eu me tornei isso, um caçador imortal de monstros, condenado a passar a eternidade em guerra.

Ele colocou a mão em meu ombro e senti minha pele formigar – já esteve em uma guerra Victor?, eu vivo uma todos os dias e estou cansado.

 - E o que eu tenho haver com tudo isso?

Ele me deu as costas e eu pensei em transpassa-lo com a sua própria espada – levantasse disse ele – e eu fiquei de pé.

Ele me olhou com seus olhos dourados sua expressão era seria – Você irá me substituir

Aquilo não fazia sentido algum – o que? do que você está falando?

— E o equilíbrio para que eu saia um tem que entrar, se bem que vai ser bem interessante – ele parou e sorriu – um monstro que caça monstros.

— Não pode me pedir isso – falei com as mãos tremulas.

— Receio que eu não esteja pedindo – ele tirou uma pequena faca do bolso ela era dourada como seus olhos, ele passou a lamina no pescoço fazendo um pequeno rastro de sangue brotar da sua pele.

Meu espirito se acendeu de desejo, eu sempre consegui controlar a sede, mas ele era diferente, por mais que eu tentasse cada célula do meu corpo clamava pelo seu sangue – porque eu? porque você me escolheu? – falei enquanto caminhava como um bêbado em sua direção.

— Você saberá, um dia saberá, mas não hoje, hoje você vive e eu morro, mas vai perceber que cada dia vivo vai te matar aos poucos.

Cravei meus dentes no pescoço dele, jarros de sangue explodiram na minha boca e eu senti um prazer inimaginável, eu suguei cada gota do seu sangue enquanto sentia sua vida escapar do seu corpo.

Seu sangue era diferente de tudo que tinha provado, eu senti ele me ascender por dentro, eu me senti vivo pela primeira vez em séculos, então vejo meu reflexo em um pedaço de espelho pendurado na janela, meus olhos vermelhos eram dourados agora.

                                                                      ***

Me perdoe minha querida, mas somos seres da noite, e chegamos tarde demais e agora sangue clama por sangue

 

  Hoje

Eu a peguei nos braços, ela estava inconsciente, ao seu lado uma dúzia de corpos em pedaços totalmente destruídos, havia uma criatura enorme de uns dois metros envolto em correntes de elétrons, mas não havia sido ele, ele havia desmaiado pelas ondas elétricas de seus torturadores, a criatura me chamou atenção era um humanoide cheio de cicatrizes e costuras tortas, mas não foi isso que me chamava a atenção, estranhamente eu não sabia o seu nome.

— Meu senhor eram soldados da ordem, o que é que tenha feito isso com eles vão jogar a culpa em nos.

Ele tinha razão, aconteceu no nosso território, e eles não perderiam a chance de jogar a culpa nos nossos ombros.

— tem marcas de uma bomba aqui – disse outro – então foi essa a luz que viu meu senhor.

— yolo – chamei – vamos leva-los com a gente.

— Mas senhor deveríamos deixá-los aí é um milagre que estejam vivos não vão sobreviver por mais tempo.

— Eles estão em nosso território então por enquanto são nossa responsabilidade. – Sua respiração estava fraca vejo no seu pescoço as marcas de mãos, é um milagre que esteja viva.

Havia um dia que ela estava dormindo, eu a vigiei por horas sem sessar, afinal não era confiável deixar uma bolsa de sangue desacordada em um prédio cheio de vampiros, seus machucados já haviam se recuperados milagrosamente, ela era linda sua pele macia alva com expressões fortes me faziam pensar o seu próprio mistério, o que tinha acontecido aquela noite.

Ela acordou lutando chutando tudo que havia por perto quase partindo ao meio a maca que estava deitada, ela já tinha quebrado o braço de dois dos meus homens quando cheguei , ela parou de lutar e gritar  quando me viu.

— Victor – ela clamou cansada.

— Doce dara, minha amável bela adormecida, estava pensando quando iria acordar do seu sono e me contar o que aconteceu, ou melhor o que estava fazendo em territórios dos filhos da noite.

— como nos encontraram – ela parecia atordoada – os soldados da ordem...

— Estão todos mortos – ela ficou pálida

— O que ? como ? o que fizeram com eles?

Ela tentava esconder mais estava realmente triste com isso – nos?, nós não fizemos nada com eles, os encontramos em pedaços e só você sobrou para contar história.

Os seus olhos se encheram de lagrimas e ela se virou para limpar as lagrimas.

— Quer dizer você e aquela criatura horrenda que está nas nossas masmorras.

— Ela se virou rápida para mim, se encostar um dedo nele eu te mato.

— Querida eu já estou morto a muito tempo, agora me conta o que você estava fazendo no nosso território eu já falei mil vezes para você ficar longe.

Ela sentou na beirada da maca destruída, ela me olhou com seus olhos cansados – me perdoa eu não sabia a quem recorrer, você foi a minha última alternativa, afinal você me deve uma.

— Receio que isso agora esteja mais além do que entre eu e você.

—  como assim?

— Seja o que for aquilo que destruiu os soldadinhos da ordem, eles vão jogar o sangue nas nossas mãos.

Ela me olhou assustada – o que poderia ter matado tão facilmente doze soldados da elite da ordem a não ser um exército de vampiros.

— Parabéns querida vai ser exatamente isso que eles vão pensar.

Ela congelou, eu sabia que ela odiava ser comparada a eles - eu acredito em você – disse ela.

 - mas receio que eles não, é isso ai meu amor, parabéns  você acaba de quebrar um pacto de paz de mil anos, e sabe o que dizem sangue clama por sangue.


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