O tempo foi passando, Meren e eu conversamos muito sobre a proposta de trabalharmos com Leo, demoramos bastante tempo para aceitarmos que estaríamos fazendo melhor trabalhando com ele, queríamos, de alguma forma, ajudar nos problemas reais e escondidos que descobrimos naquele dia. Além do "trabalho normal" que fazíamos por algumas horas no dia, começamos a tomar muito tempo naquela maldita floresta, sempre procurando alguma forma de fazer aquelas criaturas parassem de aparecer como se brotassem da terra, desde matar vários deles todos os dias, até capturar algumas espécies para dissecação em tentativas inúteis de entender aquelas coisas, no fim, apenas achamos uma bagunça de órgãos enegrecidos em espirais e roupas cobertas de sangue.

A situação com aquelas criaturas iam piorando com o passar dos séculos, pelo que Leo disse, todos começaram a ficar sem muita esperança do planeta sobreviver por mais de 10 mil anos, além desse problema, estávamos constantemente tendo que resolver os conflitos com os anões.

Leo cumpriu sua promessa e deu a mim e Meren uma festa de casamento "digna da máfia", era uma comemoração absurdamente grande para tão poucas pessoas, haviam apenas nossos pais, Leo, Jackie, Lena, Lucy, que não parecia contar muito como convidada por ficar apenas dormindo e sorrindo para tudo a sua volta, Daisy, Rauthar, Inari, Serafina, Francine, Max, Emily, Maya, Safira, Madeleine e seus 5 filhotes, 3 garotas e 2 garotos, todos correndo para lá e para cá comendo todas as flores que achavam por aí.

Meren estava linda no dia, seu vestido branco fazia seu cabelo ruivo parecer ainda mais vivido, ela disse que meu vestido também havia ficado ótimo em mim, apesar de eu ter achado que um vestido branco para uma vampira loira de pele pálida me fazia parecer um pedaço de papel com olhos vermelhos.

Mil anos se passaram desde aquele dia, não estávamos tendo muito progresso com os caso dos monstros, as guerras começaram a aumentar, muitos seres começaram a agir de forma violenta sem motivos aparentes, não apenas no país dos animagos, mas em todos os outros, nossas pesquisas e tentativas de achar uma solução não paravam mesmo com todas as noticias negativas.

— Meren, querida, hoje vamos cuidar das crianças, lembra? Está se sentindo bem pra isso? - pergunto me sentando do lado dela e deitando minha cabeça em seu ombro

— Safira e Maddie vão fazer o que mesmo? - ela pergunta não tirando os olhos do livro que estava lendo

— Patrulhar a área para garantir que nada de ruim está escondido por lá

— E Jackie e Lena?

— Vão junto

— Certo, eles vão ficar melhor aqui então

— Tem certeza que se sente bem pra isso? Não está precisando de nada ou sentindo alguma dor?

— Emma, eu estou bem, o bebê está bem, fomos no médico ontem, e nossa saúde está ótima, pode por favor parar de ficar maluca com isso? - ela segura minha cabeça coma s duas mãos e me balança para frente e para trás

— Mas você sabe que crianças hibridas raramente nascem sem problemas, e se ela tiver algum problema? E se você tiver algum problema? Como eu poderia escolher entre você e nossa filha?!

— Emma, meu bem, você está exagerando. - ela puxa minha cabeça e a deita em seu peito acariciando minha nuca - Você não vai ter que escolher, nós duas vamos ficar aqui com você, ok? Você que vai ter problemas de saúde se preocupando assim

— Mas eu-

— Não, não. - ela me interrompe - Vamos apenas cuidar das crianças, nos divertir e pensar que vai ficar tudo bem, ok?

— Ok. - cedo levantando a cabeça e a beijando, seu sorriso e sua expressão calma sempre tiravam todo o peso que eu sentia em mim

Safira, Madeleine, Lena e Jackie chegam algum tempo depois com as crianças.

— Prometemos que vamos voltar o mais rápido que conseguirmos. - Safira diz - Desculpa ter que pedir isso de vocês

— Não tem que se preocupar, eles ficarão bem melhor estando aqui do que esperando na aldeia. - Meren responde

— Maggie, Ange e Sam, se comportem! - Madeleine começa a avisar as duas garotas e o garoto mais bagunceiros - Agatha e Charlie, por favor, fiquem de olho neles. - pede para os mais comportados

— Sim, mãe. - todos eles falam juntos

— E tentem não infernizar muito a vida da tia Emma. - Safira ri

— Lucy, não assuste as outras crianças, ok? - Lena se abaixa um pouco para falar com a garota

— Entendido! - ela diz animada dando pequenos pulos

— Quer que a gente traga alguma coisa legal pra você? - Jackie sorri para a menina

— Me tragam o cérebro de um monstro!

— Deixa comigo, filha. - Jackie faz uma continência ficando em posição ereta

— Façam um bom trabalho, mães! - ela repete o movimento

As garotas demoram um pouco se despedindo das crianças, o que eu agradecia, pois sabia que viraria um pandemônio a partir do momento que aquela porta se fechasse.

As crianças corriam, brincavam, pulavam e queriam mexer em tudo, eu passava maior parte do tempo os impedindo de pegar em coisas perigosas, importantes ou de entrarem no laboratório, descobri depois de um tempo que a melhor forma de fazer com que eles parassem era ensinando luta para eles. Lucy era a melhor na atividade e sempre acabava derrubando todos que lutavam contra ela, Charlie e Agatha ficavam jogando xadrez com Meren, Maggie estava tendo uma rixa com Sam enquanto eles tentavam decidi quem era o mais forte entre eles, enquanto Ange apenas ficava curiosamente analisando Lucy de toda forma possível, sua altura, peso, posição de luta, cheiro, ela estava realmente feliz de ver uma humana pela primeira vez.

— Querida... - escuto Meren me chamar enquanto eu estava erguendo Sam e Maggie um em cada braço pendurados e Ange e Lucy seguravam minhas pernas - Pode vir aqui um segundo?

— Acho que não vai ser muito possível agora, meu bem, pode esperar um pouco?

— Emma, o bebê não vai esperar

— Você está brincando comigo certo?

— Eu gostaria de estar. - ela fala com um pouco de dificuldade segurando sua barriga

— Ok, ok, eh.... - eu entro em desespero e minha mente dá um branco

— Emma, o carro! - ela grita com dor

— Eu sei, eu já vou

Corro e pego as chaves do carro a ajudando a entrar, levo as crianças para o hospital conosco e ligo para Leo vir ajudar.

Meren é levada para uma das sala e eu fico do lado de fora tendo que cuidar das crianças, apenas me perguntando se estava tudo bem lá dentro.

— Como ela está? - Leo pergunta vindo correndo até mim

— Já está na dentro. - digo nervosamente mexendo minha perna sem parar

— Eu olho as crianças, vá tomar uma água ou alguma coisa

— Eu estou bem

— Emma. - ele me olha fixamente

— Ok

Continuamos mais algum tempo por lá, Leo ligou para Jackie e contou o que aconteceu, as garotas foram para lá algumas horas depois junto com Inari, Daisy e Rauthar. Começa a ficar tarde e as garotas voltam de carro até a casa para deixarem as crianças lá para dormir. O medico sai da sala depois de mais de 10 horas ali e me pede para entrar.

Meren estava completamente suada com a roupa de hospital, segurando uma coisa pequena enrolado em um pano, ela sorria com dificuldade, mas parecia extremamente feliz.

— Emma.. - ela diz fraco - Venham conhece-la

Eu me aproximo e ela me mostra a pequena criança de rosto vermelho com os olhos fechados parecendo calma, começo a sorrir involuntariamente com uma tremenda vontade de começar a chorar, passo a mão pelos finos cabelos ruivos, a menina abre os olhos para me ver e esboça algo que parecia ser um sorriso, noto seus lindos olhos, um de cor vermelha e outro de cor verde.

— Já escolheu um nome pra ela? - pergunto não conseguindo para de olhar para a criança

— Nós já escolhemos, esqueceu? Tínhamos 1600 anos na época

— E qual era?

— Isabel. - ela puxa a criança um pouco mais para cima beijando sua cabeça e com um braço ela me puxa pelo pescoço me beijando também