Neji estava olhando pra TenTen perplexo. Ela conseguia enxergá-lo e ouvi-lo? Como isso era possível? Não conseguia entender...

Passou esses últimos seis meses azucrinando o juízo de todos que moravam ali, mas ninguém nunca percebeu sua presença de fato. E agora, do nada, essa nova inquilina consegue vê-lo e conversar com ele?

Ela... Ela consegue me ver mesmo? Isso não é possível, é? Ninguém nunca conseguiu me ver até hoje.. Por quê ela conseguiu? Isso está muito estranho. Quem é essa garota, afinal? Acho que estou há um jeito de descobrir...

― Você... Você consegue me ver? ― Indagou, mudando de posição ― Consegue me ouvir?

― Se eu consigo te ver? Te ouvir? Deixa eu pensar... ― TenTen olhou para o teto e pôs o dedo indicador no queixo, fingindo que estava pensando ― MAS É CLARO QUE EU CONSIGO NÉ, SEU IMBECIL!! Agora me diz logo quem é você.

― Por quê você consegue? Não devia conseguir... ― A expressão cada vez mais confusa.

― Como assim "não devia conseguir"? ― Agora a morena foi quem ficou confusa.

― Eu estou fazendo esse tipo de coisa a meses, e ninguém nunca me enxergou ou me ouviu. ― Encarou-a com um semblante sério ― É a primeira vez que acontece. 

― Então, basicamente, você enlouquecia os inquilinos?

― Basicamente...

― Tá, OK. Isso não importa agora... ― Respirou fundo e então passou a bombardeá-lo com perguntas ― O que é você? Quem é você? Você é mesmo um fantasma? Quando você vai vazar da minha casa?

― Não sei. Neji. Não sei. Nunca. ― Respondeu todas rapidamente.

― Como assim "Não sabe"? Alguma coisa você é! Como assim "Neji"? Neji de quê? Como assim "nunca"? ― Ao se dar conta de que ele disse que nunca sairía, ela "surtou" ― NUNCA É O CACETE!!

― OK... ― Neji ignorou o ataque da moça a sua frente ― Eu não sei o que eu sou, não sei se sou um fantasma ou outra coi-

― Como você não sabe se é um fantasma? ― TenTen o interrompeu.

― COMO É QUE EU VOU SABER SE SOU OU NÃO UM FANTASMA?! EU NUNCA MORRI PRA SABER COMO É!! ― Esbravejou com uma veia saltando da testa.

― Mas se você estiver morto agora você devia saber, né. ― Afirmou, como se fosse a coisa mais óbvia do planeta ― Você não lembra de sua morte?

― Não... Eu não me lembro de nada... ― Olhou para a direita, numa tentativa de se forçar a lembrar, tentativa essa que já sabia ser inútil ― Nem mesmo do meu sobrenome ou familiares, se é que eu tenho algum...

― Nossa... Que tenso, cara. ― TenTen pareceu comovida com a carinha que Neji fez ao dizer essas coisas, mas isso durou só alguns segundos, pois se lembrou do que ele disse sobre o apartamento ― Que história é essa de que você nunca vai sair do meu apartamento? Você tá pensando que é quem pra dizer isso hein, ôh? Essa é a minha casa e você vai sair!

― E como você vai me obrigar? Vai me pôr para fora? ― Um sorrisinho presunçoso surgiu no rosto do moreno ― Você mal consegue me ver, como vai me tocar à esse ponto?

― Querido, ― ela pôs-se a andar pela sala ― eu chamo um padre, um curandeiro, um monge, um pai de santo e até mesmo um exorcista, se for preciso, mas você vai sair do meu apartamento sim! Quer queira, quer não!

― Isso é o que nós vamos ver, militarzinha de meia-tigela. ― O tom desdenhoso deixou-a irritada.

― O que foi que você disse hein, seu Gasparzinho super desenvolvido?

―Gasparzinho? ― Neji riu com ironia ― Talvez eu seja mesmo um fantasma, mas uma coisa eu te garanto: De camarada, eu não vou ter nada.

― O que você quer dizer com isso hein, Pluft?

― Que eu vou infernizar você, até que você saia do meu apartamento. ― Respondera, como se fosse óbvio.

― Querido, eu sobrevivi a uma guerra. Você realmente acha que as pegadinhas de fantasma rabugento feito você vão me fazer desistir? ― Riu, debochada ― Se é guerra que você quer, Fantasma da Ópera, é guerra que você vai ter!

― Então se prepara, sua... Chun—Li de araque. Você acabou de comprar a pior batalha da sua vida.

― Você me chamou de quê hein, seu... Seu Penadinho paraguaio? ― A morena queria estrangular aquele defunto metido.

― Ué, só você pode usar apelidos? ― Ele estava claramente se divertindo às custas dela.

TenTen ficou encarando ele por um tempo, sem dizer nada, apenas pensando...

Ele não lembra de nada... A única coisa que tem é esse apartamento... Talvez eu devesse deixa-lo ficar.

― OK, você pode ficar aqui comigo, Penadinho. ― Sorriu, tentando ser legal.

― Eu não me lembro de pedir a sua permissão... ― Falou, todo arrogante.

― Ora, seu... ― Se arrependeu de decisão na hora.

― Pode ficar tranquila, Chun-Li, eu te deixo ficar aqui comigo ― E deu uma piscadela para a morena.

― Babaca!

GRRRRRRRRRRRRRR !!! Pra um fantasma, esse idiota tá bem convencido viu.

Nossa, quando ele piscou pra mim eu senti um negócio estranho... Um arrepio... Será que é medo que ele me possua e saia por aí usando meu corpo atrás de vingança?

Aff, viajei legal agora. Acho melhor parar de ler mangás por um tempo, sabe.

― Escuta aqui, Penadinho, é o MEU apartamento, então VOCÊ não passa de um hóspede. Agora vê se não me amola, falou?

― E se eu for um espírito vingativo que só quer matar todos que se entram no meu apartamento? ― Sinceramente, ele não havia considerado isso, até agora.

― Sabe o que eu acho? Que você assistiu O Grito vezes demais na sua vida. Quando você tinha uma, claro, Penadinho.

― Que seja... ― Revirou os olhos ― Quem é Penadinho?

― Você. ― A resposta veio simples 

― Não sua retardada, eu quero saber se é algum personagem ou algo assim.

― Sim, é um personagem de um gibi brasileiro chamado A Turma Da Mônica, ele é... Espera aí... Você me chamou de que, sua alma penada de quinta categoria?

― Deixa pra lá, Chun-Li...

― OK... Sabe, ― ela olhou pro moço com uma cara de satisfação ― até que você é gatinho... Pra um defunto.

― Você também não é nada mal, Chun-Li. ― A olhou de cima a baixo.

TenTen riu alto com o comentário do novo "hóspede".

― Só não vá se apaixonar, eu prefiro os caras vivos.

― Eu posso dizer a mesma coisa.

― Sobre preferir os caras vivos? ― Sorriu, maliciosa.

― Não, estúpida. - Era impressão da moça ou o moreno ficou vermelho? ―  Sobre você não se apaixonar por mim.

― Nem se acha né, fantasminha.

― Porque você é a modéstia personificada, né.

É, do jeito que esses dois trocam farpas, essa convivência vai ser desafiadora... E muito divertida.