Quando TenTen passou pela porta, Neji percebeu que havia algo errado.

Ela passou por ele tão rápido e silenciosa que ele chegou a pensar que a mesma não o tinha visto.

A moça foi direto para o quarto e o moreno rumou para lá também.

― TenTen... ― Se manteve a porta observando ela mexer em algumas caixas ― O que houve?

― Seu tio. Ele não cederá. ― Ela não tirou os olhos do que estava fazendo ― Ele me expulsou do hospital e Hinata... Grrrrrrr!!

A Mitsashi se atirou na cama com uma aparência frustrada.

― O que ela fez? ― A curiosidade do homem era evidente.

― Nada. E é exatamente esse o problema. ― De frustrada, TenTen passou para indignada ― Enquanto eu estava lá, discutindo com o tal Hiashi, ela ficou só olhando. E, quando eu pedi a ajuda dela, ela simplesmente se calou.

Neji observava cada expressão da morena, a tristeza e frustração estampadas nos olhos chocolate. Vê-la assim era uma tortura. Queria abraçá-la e dizer que tudo iria se resolver, que ela não precisava ter medo, mas não era assim tão simples, ele próprio estava com medo. Não medo de morrer, medo de deixá-la, de nunca mais a ver sorrir ou chamá-lo por algum apelido ridículo.

― Ei, ― buscou chamar a atenção dela ― sabe do que eu lembrei agora?

― Do quê? ― Se sentou mais a beira da cama.

― Do beijo. 

Ela abriu um largo sorriso com aquela lembrança. Mesmo com tudo o que aconteceu depois, ela estava feliz. Havia beijado Neji pela primeira vez.

― Fiquei em dúvida se você iria ou não sentir o beijo... ― Ela se levantou e foi até ele ― Fico feliz que tenha sentido.

― Eu também... ― Estendeu a mão com o intuito de tocar o rosto dela, mas foi em vão.

Era sempre assim. Eles tentavam se tocar e nenhum dos dois sentia nada, aquilo sim era uma tortura. Uma tortura compartilhada.

Era difícil lidar com aquela situação, mas ambos sabiam que precisavam se manter calmos e centrados se quisessem mesmo salvar Neji.

― Ah, é... ― Ela forçou um sorriso e o olhou nos olhos ― Estamos namorando oficialmente.

― O quê?

― Hinata. Ela descobriu que eu moro no seu apartamento e deduziu que nós dois estávamos namorando antes de você sofrer o acidente.

― Meu tio sabe disso?

― Sim. ― A moça prendeu o riso ― Ela falou isso tudo na presença dele, porque ele chegou bem na hora que eu tava te beijando.

― E como você explicou tudo pra ele?

― Nem precisei. ― Se afastou e voltou para onde estava antes ― A própria Hinata explicou.

― E ele acreditou?

― Aparentemente, sim. Foi só por isso que ele não me obrigou a sair do quarto antes de tentar conversar com ele.

― Nossa, que loucura. ― Neji riu daquilo, por mais tenso que parecesse, não deixava de ser cômico.

― Sabe, eu tentei resolver tudo na base do diálogo, ― Ela se voltou para a caixa em que estava mexendo a alguns minutos atrás ― mas seu tio não está disposto a confiar em mim. Não vou mais tratar tudo isso como uma situação normal.

― Não estou entendendo... ― Os olhos perolados acompanhando até os mínimos movimentos na garota.

― Se eu não posso resolver isso tratando como uma situação normal, vou tratar como se fosse uma guerra. ― Ela estava com uma espécie de rádio na mão.

― O que você vai fazer com isso?

― Chamar reforços.

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Uma hora depois das ligações feitas pela Mitsashi, já haviam cinco pessoas sentadas no sofá: Sakura, Karin, Ino, Gai e Deidara.

― O que houve, TenTen? ― Gai a questionou ― Por que nos chamou aqui?

― Eu já vou explicar tudo Gai-sama, só falta mais uma pessoa. ― Assim que ela terminou de falar, a campainha tocou ― Deve ser ele.

Ele? "Ele" quem? Neji se perguntou.

Quando viu de quem se tratava, fechou a cara em descontentamento. Era ninguém mais, ninguém menos que Rock Lee.

― Que bom que você veio, Lee. ― Ela deu espaço pra ele passar e o guiou até a presença dos outros ― Agora que estão todos aqui, acho que posso falar mas, antes de dar início, gostaria de falar a você, Ino, que não precisa me ajudar nisso se não quiser. Nenhum de vocês precisa.

― Apenas diga o que está acontecendo. ― Karin já estava inquieta.

― Todos aqui conhecem Hyuuga Hiashi, certo? ― Todos confirmaram com um aceno de cabeça ― Então... Ele tem um sobrinho, Hyuuga Neji, que está em coma a cerca de uns sete meses, aproximadamente. Semana que vem ele vai assinar uma autorização que permite que os aparelhos que mantém Neji vivo sejam desligados. A nossa missão é impedir isso.

― Mas que diferença isso faz na sua vida? ― Lee perguntou, já que não conseguia compreender.

― Eu preciso fazer isso porque... ― A hesitação da morena era compreensível, considerando tudo o que Lee sentia por ela ― Porque ele é meu namorado.

Ao ouvir isso, todos ficaram muito surpresos, principalmente Lee, que estava visívelmente magoado.

― E o quê, exatamente, podemos fazer pra ajudar o seu... Namorado? ― Sakura, que até então estava calada, se pronunciou.

― Bom, o que vou pedir a vocês é ilegal. Se forem pegos, podem ir pra cadeia. ― Ela encarou todos que estavam lá, um de cada vez ― Se alguém quiser pular fora, a hora é agora.

Eles permaneceram em silêncio por aproximadamente um minuto, mas ninguém se levantou, ninguém saiu. Nem mesmo Lee.

― Você quer ajuda pra tirar o seu namorado do hospital? ― Lee perguntou, meio que a contragosto.

― Não, seria arriscado. O tio dele saberia que fui eu assim que percebesse o sumiço.

― Então o que faremos? ― Ele questionou mais uma vez.

― Iremos espionar Hyuuga Hiashi. ― Todos ficaram boquiabertos com a "missão" dada pela morena ― Como eu disse antes, é ilegal e vocês podem ser presos. Não vou odiar ninguém que se recusar a me ajudar, podem ir se quiserem.

Mais uma vez silêncio, mais uma vez ninguém se levantou.

― Ainda continuamos aqui. ― Deidara falou ― Nos conte seu plano, TenTen. Nós vamos ajudar você.

Aquilo fez o coração de TenTen se aquecer. No fim das contas, poderia contar com eles.