GuCilia - Uma História Diferente escrita por CDA GuCilia


Capítulo 16
Capítulo 16 - Compras e uma lição de humildade


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Milhões e milhões de desculpas pela demora! Mas passado é passado, né?
Aproveitem o capítulo novo!



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Bom dia, Franciele! – Ele disse entrando na cozinha

— Bom dia, seu Gustavo! – Ela o respondeu, solícita – Deseja alguma coisa?

— Sim. Uma bandeja com café completo pra mim, Cecília e Dulce Maria, por favor.

— É pra já, patrão! – Ela sorriu

— Obrigado. E desculpe pela bagunça no quarto da Cecília ontem!

— Que isso, seu Gustavo. Valeu a pena, por ver todo mundo tão alegre! – Ela disse enquanto começava a preparar o café

— Você e o Silvestre são ótimos funcionários, a Estefânia acertou quando contratou você! Mas a casa nova é muito maior, talvez precise de mais gente pra ajudar vocês.

— O Silvestre mandou eu ficar muda, mas eu concordo, viu? E agradeço!

— Agradece o quê, Franciele? – Silvestre perguntou entrando na cozinha – Bom dia, senhor Gustavo. – O mordomo sorriu para o patrão

— Bom dia, Silvestre. A Franciele estava me agradecendo porque eu vou contratar mais um ou dois funcionários pra ajudarem vocês na casa nova.

— O que foi que você falou, Franciele? – Ele olhou irritado para a cozinheira – Fecha isso!

— Eu não falei nada não, careca! – Ela rebateu fechando o uniforme – Foi o patrão que ofereceu!

— Nesse caso você deveria ter recusado, e não agradecido!

— Qual o problema de aceitar uma ajuda? Eu hein! – Ela resmungou – E só pra não perder o costume, tum tum!— Ela o provocou, com o tradicional passinho de samba

Gustavo ria e observava a discussão dos funcionários, e quando Silvestre ia responder, ele o interrompeu:

— Fica tranquilo, Silvestre. É só uma ajuda, nada mais!

— Tá vendo só, careca? Aprende com o patrão, aceitar ajuda não é errado!

Silvestre revirou os olhos, e Franciele entregou a bandeja com o café para Gustavo.

— Obrigado, Franciele. Depois eu venho aqui, e você me diz no que acha que vai precisar de ajuda na casa nova! – Ele disse para provocar Silvestre e voltou ao quarto

Antes de subir, ele pegou duas rosas vermelhas de um arranjo que estava sobre a mesa de jantar. Entrou devagar no quarto, deixou a bandeja sobre a cômoda e se aproximou da cama onde a namorada e a filha dormiam, beijando levemente os lábios de Cecília.

— Bom dia, minha vida.

— Bom dia, meu amor! – Ela disse ao despertar e o beijou novamente – É uma delícia acordar assim, sabia? 

— Eu trouxe café pra gente!

Cecília se sentou na cama com uma expressão surpresa e olhou para a bandeja na cômoda.

— Você fez aquilo sozinho? – Ela questionou arqueando a sobrancelha e apontando para a bandeja

— Não, foi a Franciele quem preparou tudo. Mas do jeito que você falou até faz parecer que eu não sei cozinhar!

— E sabe?

— Claro que sei! E como prova, hoje eu mesmo faço nosso jantar!

— Tudo bem, Grand Chef! Agora chega de conversa, eu estou morrendo de fome!

Gustavo foi até a cômoda para pegar a bandeja enquanto Cecília acordava Dulce Maria.

— Bom dia, mamãe! – A pequena disse ao despertar – Bom dia, papai!

— Bom dia, filha! – Eles disseram juntos – Dormiu bem? – Cecília perguntou

— Sim piririm! Não tive nenhum pesadelo!

— Que bom, meu amor! – Ela beijou a cabeça da pequenina – Seu pai trouxe café pra gente!

— Iupiiii! – Ela parou e pensou por alguns instantes – Será que isso não é um truque, mamãe?

Gustavo e Cecília se olharam intrigados e confusos.

— Truque? Como assim filha?

— Uma ideia do papi pra deixar a gente mais feliz, e não gastar o dinheiro dele todinho!

Cecília e Gustavo gargalharam com a dedução da filha.

— Isso até que faz sentido, filha! O que me diz, Gustavo? – Cecília olhou para o namorado, cruzando os braços

— Não posso mais agradar as mulheres da minha vida?

— Pode e deve! Mas fica tranquilo meu amor, a gente vai deixar um dinheiro sobrando, tá?

— Ufa, obrigado! – Ele riu, como se estivesse aliviado – Agora vamos aproveitar esse café, eu infelizmente preciso trabalhar.

Após o café Gustavo foi para a empresa, mas antes deixou Cecília e Dulce no shopping.  Ao entrar, Cecília se sentiu pequena ante o tamanho da construção. Uma infinidade de lojas, luzes, sons e pessoas a faziam se sentir um pouco perdida num mundo ainda novo para ela.

— Mamãe, você já tinha vindo ao shopping?

— Não, é a primeira vez! É tão grande, tão bonito!

— Então eu vou te ajudar, porque eu entendo tudo de shopping!

— Obrigada, senhorita expert! Por onde nós começamos?

— Pelo meu brinquedo! – A carinha de anjo sorriu travessa e Cecília riu – Depois a gente compra seu celular e um monte de coisas pra nossa casa nova!

— Eu concordo! Aliás, depois eu vou ter que pedir a ajuda das suas tias pra comprar tudo o que nós estragamos de maquiagem ontem! Mas as suas tintas a gente pode comprar hoje, que tal?

— Oba!

As duas começaram a andar pelo shopping e pararam em uma loja de brinquedos.

— Mamãe, posso levar essas bonecas? – Dulce perguntou aparecendo com duas caixas grandes, que mal conseguia segurar sozinha

— Uma só, filha. – Cecília disse pegando uma das caixas da mão da filha

— Porque?

— Porque se você levar uma só, você vai poder levar um brinquedo diferente!

— Me ajuda a escolher outro brinquedo então?

— Claro!

Depois de mais alguns minutos, Cecília e Dulce saíram com duas sacolas grandes e continuaram a andar pelo shopping, escolhendo itens de decoração para alguns cômodos da casa nova. Passaram por uma loja que chamou a atenção tanto de Dulce Maria, quanto de Cecília. Pelas paredes de vidro da enorme loja, era possível ver pianos de caudas de tamanhos, cores e tipos de madeira diferentes.

 - Olha mamãe! Vamos comprar um?

— Não filha, um piano desses deve custar uma fortuna! Além do mais nós ainda não nos mudamos e eu duvido que tenha tanto dinheiro assim no cartão do seu pai!

— Por favor, mamãe...

— Ai, meu amor! Não me olha assim, eu não resisto!

Dulce olhava suplicante para Cecília com a certeza de que conseguiria qualquer coisa só com aquele par de olhinhos verdes.

— Tudo bem, vamos entrar! – Cecília suspirou, rendida

As duas entraram e rapidamente uma funcionária se aproximou para ajudar com as inúmeras sacolas que elas carregavam e deixar em um canto da loja para que elas pudessem andar mais confortavelmente, enquanto outro apresentava alguns pianos.

— Que tipo de piano vocês estão procurando, senhora... ?

— Cecília Lários. – Ela apertou a mão do funcionário, e a forma como se apresentou chamou a atenção de Dulce Maria

— É esposa do empresário Gustavo Lários? – O funcionário disse a olhando de cima a baixo

“O que isso tem a ver?” — Ela pensou

— Sim. – Ela confirmou um pouco receosa – Bom, pra ser sincera eu não sei exatamente as diferenças entre um e outro.

— As diferenças se dão, principalmente, de uma marca para outra. Cada marca produz as teclas com um peso diferente, e outros detalhes mínimos. Esses detalhes trazem as diferenças de som. Sons mais suaves, mais brilhantes... Este aqui, por exemplo, – Ele apontou para um Steinway&Sons – É um dos melhores!

— Experimenta, mamãe!

— Melhor não, meu amor! Tem muitos anos que eu não toco, tenho vergonha!

— Por favor! – Dulce olhou para a mãe com os mesmos olhos suplicantes e jeitinho doce de sempre

— Dulce Maria... Como é que você consegue tudo o que quer só com esses olhinhos?

— Você sabe, é o meu jeitinho! – Afirmou fazendo a mãe e os funcionários rirem – E só tem a gente aqui!

Cecília olhou em volta, realmente não havia ninguém além deles ali.

— Não costuma vir ninguém aqui nesse horário. – A jovem funcionária explicou

— Por favor! Eu quero te ver tocar! – Dulce pediu mais uma vez

— Vai negar a um pedido da sua filha? – Era o rapaz quem a questionava

Sem saída, Cecília se sentou à frente do piano, respirou fundo, e a belíssima melodia do Prelúdio Op. 28 Nº6 “In B minor” de Chopin começou a ecoar pela loja. As pessoas que paravam para ouvir jamais imaginariam que Cecília não tocava há anos, tamanha a perfeição com que a obra foi executada.

Quando terminou, sentiu-se envergonhada ao ouvir aplausos vindos do exterior da loja, e mais ainda ao notar que o vendedor não parava de olhá-la.

— Obrigada. – Agradeceu – Gostou filha? – Perguntou para desviar o olhar do funcionário

— Muito, mamãe! Vamos comprar esse?

— Primeiro temos que saber quanto custa, meu anjo! – Ela puxou a garotinha para seu colo e se voltou à funcionária

— Custa 250.000,00 reais, senhora!

— Eu não sei se temos todo esse dinheiro aqui, saí sem perguntar ao meu marido o limite do cartão.  – Ela resolveu seguir com a brincadeira que Gustavo havia proposto, já estava incomodada com os olhares daquele vendedor e agradeceu mentalmente quando ele se afastou

— Eu posso dar uma olhada no cartão, senhora?

Cecília estendeu o cartão para a vendedora, que o olhou por alguns segundos.

— Este cartão é ilimitado. – A vendedora sorriu amigável, devolvendo o cartão para Cecília – Aqui tem todo o dinheiro disponível na conta do Sr. Lários. Se quiser ligar para o seu marido, nós saímos para a senhora ter mais privacidade.

— Eu vou aceitar, obrigada. Mas será que eu posso usar o telefone da loja? Acabei de comprar meu primeiro celular e não faço ideia de como configurar.

A vendedora olhou confusa para Cecília, que sorriu e logo esclareceu:

— Eu era noviça, saí de um internato religioso.

— Desculpe, senhora Lários.  Não quis parecer curiosa.

— Não se preocupe! Vou ligar para o meu marido, ver se podemos comprar esse piano hoje.

A vendedora levou Cecília até o telefone, enquanto Dulce brincava nos outros pianos e se afastou junto com o outro funcionário, para que ela pudesse falar com Gustavo sobre dinheiro sem se envergonhar.

— Alô, Gustavo?

— Oi, meu amor! Que número é esse?

— De uma loja de pianos aqui do shopping. A Dulce quis que eu entrasse e comprasse um piano lá pra casa, me fez até tocar, acredita?

— Acredito, a Dulce Maria consegue qualquer coisa! – Ele riu – Mas por que me ligou?

— Eu saí de casa sem te perguntar o limite do cartão, até estranhei que depois de termos comprado tantas coisas ainda tenha sobrado dinheiro, mas enfim.

— O cartão é ilimitado!

— Pois é, a moça da loja me disse. Ela falou que tem todo o dinheiro da sua conta!

— Tem sim! Quanto custa o piano?

— 250 mil. É muito dinheiro, imagino que você não tenha!

— Pode comprar, à vista se quiser!

“Meu Deus, ele é muito mais rico do que eu pensava!”

Ela ainda se surpreendia com a riqueza do namorado, mas afastou os pensamentos.

— À vista, tem certeza?

— Tenho, absoluta! Compre o piano e mande entregar na nossa casa dentro de três semanas, é o tempo que falta para nos mudarmos!

— Tão rápido?

— Por mim seria até antes, mas tem que organizar tudo! Bom, meu amor, eu preciso ir agora. Nos falamos depois?

— Até mais tarde, meu amor. Um beijo.

— Outro pra você, minha vida.

Ela desligou o telefone e se sentou no banco do piano que compraria e que tocara antes, puxando a filha para seu colo.

— Boas notícias, filhota! Seu pai deixou a gente comprar o piano!

— Eba! E como a gente vai levar ele pra casa?

— Não vamos levar hoje, vão entregar na nossa casa nova!

— Quando?

— Daqui três semanas!

— Vai demorar muito, mamãe!

— Só um pouquinho assim! – Ela aproximou os dedos como indicação para a filha

A vendedora se aproximou delas.

— Então, senhora Lários?

— Já falei com meu marido, temos o dinheiro suficiente.

— Vai ser esse mesmo? – Cecília assentiu – O pagamento vai ser à vista ou parcelado?

— À vista.

Cecília concluiu o pagamento, deixou o endereço para entrega e a data e elas enfim saíram da loja, carregadas de sacolas com brinquedos, itens de decoração, um celular e a encomenda de novos móveis e um piano. Pararam para almoçar e Cecília permitiu que Dulce comesse o que queria.

— Só hoje e porque estamos no shopping, tá bem? Você sabe que não faz bem comer muita besteira.

— Parece a Irmã Rita falando! “Não pode isso, não pode aquilo!”

— Ai filha, só você mesmo. – Ela riu

— Mamãe, posso te fazer uma pergunta?

— Claro, meu amor!

— Por que você disse que o papai era seu marido quando a gente foi comprar o piano? Aquela brincadeira não valia só lá em casa?

— Você conhece seu pai, ele tem ciúme... – Ela parou – Esquece, você é muito novinha pra saber dessas coisas.

— Eu não acho não, mas tudo bem.

Depois de mais algumas horas elas saíram do shopping e foram de táxi até a empresa de Gustavo.

— Boa tarde dona Cecília, Dulce Maria.

— Boa tarde, Silvana. – Cecília cumprimentou – O Gustavo está ocupado?

— Acho que não! Quer que eu anuncie?

— Não precisa, obrigada. Pode pedir pra alguém levar essas sacolas pro carro, por favor?

— Sim senhora, agora mesmo.  

— E aí filhota? Como eu me saí dando a minha primeira ordem? – Cecília voltou-se à filha, assim que Silvana saiu

A menina fez um sinal de positivo e sorriu para a mãe.

— Mandou muito bem, mamãe! Vamos fazer uma surpresa pro papai?

As duas foram até a sala de Gustavo, Cecília percebeu que a filha não ia bater à porta antes que elas entrassem.

— Não vai bater na porta, filha?

— Não precisa, mamãe! O papai não é dono da empresa?

Cecília sorriu e se abaixou para olhar diretamente nos olhos da filha.

— Deixa a mamãe te explicar uma coisa, meu amor: Você sabe que seu pai é dono de todo esse prédio, tem propriedades...

“Pro” o quê?

— Propriedades. É o que uma pessoa, uma família tem. Sua família tem essa empresa e algumas outras coisas, certo? – A menininha assentiu – Você sabe também que pra ter tudo isso, é preciso ter dinheiro. Um exemplo é tudo o que nós compramos hoje, principalmente aquele piano. Mas ter tudo isso, morar em uma casa bonita, não significa que somos melhores do que qualquer outra pessoa. E educação é uma coisa que ninguém pode tirar da gente. Tendo propriedades ou não, é muito importante sermos educados, humildes, entende?

— Mais ou menos.

 Cecília sorriu e continuou:

— Você ainda é muito novinha, mas quando você crescer vai entender a importância da educação e da humildade. Então, seu pai ser dono da empresa não quer dizer que tenhamos privilégios, que não precisemos bater na porta antes de entrar, cumprimentar as pessoas, pedir licença... Tá bom?

— Tá bom mamãe!

Cecília puxou a menina para seu abraço e deu um beijo em seu rosto, tendo a paz e a certeza de que um dia, mesmo que se separasse de Gustavo e não pudesse mais vê-la, Dulce se lembraria daqueles ensinamentos.


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Notas finais do capítulo

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