— Chanyeol, quero terminar.

Tudo começou com aquela maldita frase, que de início o fez rir por achar que era uma piada, mas que depois causou a queda de inúmeras lágrimas. Afinal, estavam juntos por tantos anos... Até antes de debutarem, eles já se amavam. Mesmo com toda a fama e amor dos fãs, os anos como trainee foram os melhores de suas vidas, porque podiam viver sem se importar com o que os fãs, a mídia ou a empresa fosse pensar. Isso, Chanyeol tinha certeza, podia falar pelos dois.

Contudo...

— Quando foi que você deixou de me amar?

A frase clichê deixou os seus lábios sem que pudesse evitar. Lembrava-se de ter visto o olhar sério de Baekhyun vacilar e o mesmo virar o rosto, apenas para lhe soltar uma resposta desagradável, que na hora o fez recuar, mas que, horas depois, em um momento de reflexão, o fez permitir a si mesmo a lutar por ele. O conhecia há tantos invernos, sabia que tinha algo errado.

— Eu nunca te amei.

E foi isso que tinha o levado até ali.

O acontecimento tinha ocorrido há aproximadamente uma semana, os dias passavam tão lentamente sem ele por perto. Aliás, perto ele estava todos os dias, mas apenas fisicamente; parecia que um vento gelado passava por si cada vez que ele lhe olhava com indiferença — uma indiferença fingida, sabia, porém dolorosa — ou que se afastava de seus toques sutilmente.

Suas noites se tornaram longas e a saudade parecia esmagadora, uma vez que sempre passavam minutos, talvez horas, conversando, trocando ideias e curtindo a companhia um do outro. Estava sendo difícil, mesmo naquele curto espaço de tempo.

Baekhyun costumava ser o seu mundo.

— Senhor? — A voz feminina tirou-o de seus pensamentos.

Ele estava com um pequeno objeto nas mãos; nada de mais, apenas algo que tinha o lembrado dele: uma pequena flor de plástico decorando uma caixinha de madeira. Era algo bem excêntrico, visto que a flor era enorme e a caixa não tinha nem metade de seu tamanho. Mas, para Chanyeol, aquele adorno chamativo lhe trazia boas lembranças.

— Sim? — Virou-se para ela, sorrindo-lhe um pouco.

Era uma pessoa carismática, afinal. Aquela moça era muito bonita, tinha que admitir, e seu corpo poderia trazer inveja a qualquer outra mulher e desejo a qualquer outro homem, mas não a ele. Não quando seu amor tinha o corpo mais belo que já tinha visto ou a pele mais macia de todas.

A vendedora lhe sorriu calmamente e apontou para a caixinha.

— Ah, sim. — Sorriu sem graça, colocando o decorativo de volta na prateleira. — Desculpe, estava apenas olhando. — Ainda não era aquilo que queria.

— Oh. — A moça franziu as sobrancelhas, mas voltou a olhá-lo normalmente em seguida. — Poxa, é uma pena — falou, falsamente. — Tenho certeza que ficaria lindo na mesa de cabeceira de sua filha. É uma excelente peça, sabe.

— Filha? — riu. — Não, não, sequer sou casado. Mas... — Disfarçou, olhando o relógio do celular. — Eu tenho que ir, tenho um compromisso agora.

Não queria mais ficar ali, aquela moça parecia lhe encarar de modo estranho. Kim Yeol, ele notou antes de ir. Ele se lembraria de passar bem longe daquela loja e, principalmente, daquela vendedora. O olhar dela lhe dava arrepios!

— Ah, sim, claro. — Sorriu-lhe. Acenou, observando-o virar as costas. — Volte sempre! — Conseguiu se fazer ouvida ainda.

Ela pôs a mão no coração e suspirou, voltando-se para amiga que chegava ao seu lado.

— Ai, que sonho! Não acredito que pude ver o Chanyeol do EXO de tão pertinho!

—XxX—

Chanyeol piscou, sonolento. Esfregou suas mãos levemente no olho direito e bocejou. Tinha se acostumado a acordar cedo para os treinos durante aqueles últimos três anos, mas não podia deixar de reclamar mentalmente pelo cansaço que seu corpo estava sentido. Quero minha cama, lamentou.

No auge de seus dezenove anos, Chanyeol ocupava-se com o trabalho de um trainee: praticar, treinar, melhorar. Tinha entrado para a SM Enterteinment e o grupo com o que ele debutaria estava quase completo. Seria um supergrupo com doze integrantes, Chanyeol mal podia esperar.

Por mais difíceis que aqueles anos estavam sendo, com toda a pressão que sentia e pela exaustão no fim do dia, o Park sabia que valeria a pena.

Pelo que sabia, um novo integrante chegaria naquele dia. Esperava que ele fosse bom o bastante e, acima disso, divertido e um cara legal. Não que os outros não fossem, mas se fosse conviver com o moleque por anos esperava que ele não fosse detestável.

Detestável era algo que Chanyeol dificilmente caracterizava alguém, então provavelmente o novo integrante tinha essa vantagem.

Empurrou a porta da sala que estava reservada para o seu grupo, ainda em estado de letargia. Era uma segunda-feira e ele tinha aproveitado bem o domingo: tinha lido bastante, assisto animes e séries. Foi divertido.

Viu Minseok, Junmyeon, Yixing, Kyungsoo, Jongin, Sehun, Luhan e Yifan na sala. Cada um ocupado com suas tarefas e, ao lado de Yixing, estava uma pessoa que ele não conhecia. Dono de cabelos castanhos bem cortados e olhos num tom de castanho, o novo integrante falava rapidamente e gesticulava enquanto conversava com Yixing de uma forma completamente acalorada e que envolvia o chinês.

Aproximou-se dos dois, animado. Parecia que seus pedidos tinham sido realizados: ele parecia ser um cara legal, afinal!

— Olá! — exclamou, animado. Parou ao lado dos dois e estendeu a mão para o outro. — Sou Chanyeol, e você?

— Meu nome é Baekhyun e vim de Bucheon, muito prazer. — Baekhyun sorriu, aceitando a mão. — Estava conversando com o Yixing, ele me falou que é da China! — O menor arregalou os olhos levemente, para ilustrar sua surpresa.

Chanyeol riu, prevendo que se daria muito bem com o novato.

—XxX—

Naqueles últimos dias, tudo o que Baekhyun fazia era lhe evitar.

Dividiam o quarto, mas ele só chegava depois que tinha certeza que estava dormindo e saía bem cedo, antes de acordar. Porém, isso não ia funcionar naquele dia. Chanyeol mudaria seu nome, caso Baekhyun tivesse sucesso em evitá-lo! Talvez... Jonghyun, como o do SHINEe? Ou... Jason Mraz! Não, pera, esse já deve estar em uso. Riu consigo mesmo, enfiando as mãos nos bolsos por causa do vento gelado. Por mais que estivesse rindo, a ideia de tudo dar errado simplesmente lhe assustava.

Queria seu Bacon de volta...

Aquela flor na caixinha tinha lhe lembrado da que Baekhyun tinha dado a ele ao pedi-lo em namoro, por mais gay que a ideia soasse — e fosse, diga-se de passagem. Tinha sido um dia especial e tinha se tornado muito feliz até então, todos os dias eram melhores que o anterior e Chanyeol não podia pedir mais nada.

Ah, é claro, ele poderia pedir que o EXO fosse reconhecido mundialmente, mas isso não vinha ao caso.

—XxX—

— Park Chanyeol. — Estendeu uma flor artificial em sua direção e sorriu.

Céus, Chanyeol podia jurar que aquele era o sorriso mais lindo que já tinha visto, não que ele fosse dizer isso em voz alta, é claro, um homem carismático tem que ser másculo, e ele era um. Certo?

Contudo, Baekhyun abalou suas estruturas quando chegou mais perto, trocando o sorriso inocente por um mais malicioso, colocando a mão em seu pescoço e o puxando para baixo suavemente, para logo então sussurar:

— Eu tenho duas coisas para te dizer. Primeiro: eu quero agradecer por tudo que já fez por mim, por todas as vezes que me fez rir quando tudo o que eu queria era chorar, por ser meu companheiro de brincadeiras e, principalmente, por fazer parte da minha vida. Segundo... — A essa altura, o coração de Chanyeol já não aguentava mais e ele teve que engolir em seco, tentando controlar o nervoso. — Eu quero que você continue fazendo parte dela e não só como meu companheiro de brincadeiras, mas meu companheiro no amor.

E logo em seguida ele desatou a rir e o soltou, como se fosse apenas uma piada, mas Chanyeol sabia que ele estava apenas envergonhado. Achou-o encantador naquele momento, irresistível. Mesmo paralisado pela surpresa de antes, ele não pôde deixar Baekhyun esperando por muito tempo.

Chanyeol não poderia dizer não para Baekhyun.

Nunca para ele.

Baekhyun, nos poucos meses em que se conheciam, tinha se tornado uma luz em sua vida. Parecia que eles se completavam: mesmo que possuíssem a mesma personalidade alegre e chamativa, ambos sempre sabiam quando o outro estava mal. Compartilhavam muito mais que um quarto; compartilhavam momentos, segredos, gostos...

Naquele momento, Chanyeol sentiu que Baekhyun tinha feito o que ele não tivera a coragem de fazer antes. Ele sabia o que estava acontecendo e apenas ignorou, talvez por medo de estragar a amizade ou por saber o que a sociedade iria pensar. Por isso, contrariou o receio que sentira antes e tomou as rédeas de seu coração.

Mais que isso: naquele instante, deu seu coração para Baekhyun.

Aquele era o dia 21 do mês, que seria, para sempre, o seu número favorito dali em diante.

—XxX—

Ele nunca se esqueceria.

Aquilo tinha acontecido no dia 21 de novembro, apenas mais um motivo para amar o número 21, coisas incríveis aconteciam relacionadas a esse número. Também foi nesse dia que saíram pela primeira vez como um casal, exatamente no dia 21 de dezembro — não que o resto do mundo soubesse disso, claro.

E, por manter aqueles momentos incríveis em sua memória, que Chanyeol não deixaria Baekhyun escapar de si, não quando ainda podia ver em seus olhos que ele ainda o amava.

Por mais que tenha se perdido em pensamentos, Chanyeol seguiu até seu dormitório automaticamente e, quando entrou nele, pôde dar graças a Deus por ter chego a salvo. Porém o “graças a Deus” não durou muito tempo, uma vez que foi nocauteado sonoramente pelos risos, gritos e cantorias de seus amigos. Sorriu, entrando no clima. Ainda mais que pôde visualizar um Baekhyun com um sorriso enorme e com a voz alegre; aquilo o deixou extremamente feliz.

Naquela semana, o que mais tinha visto era o sorriso falso de Baekhyun, o que não era o caso naquele instante. Os fios pintados recentemente de loiro o deixavam com um ar extremamente jovial que combinava com sua personalidade. Lindo.

— Chanyeol! — exclamou Jongdae, parecendo bem animado.

Conseguiu perceber que estavam jogando uma espécie de jogo de tabuleiro e aquilo parecia os divertir bastante. Estavam todos sentados em círculo, no chão, e no centro um tabuleiro com diversos quadrados e espaços, com palavras escritas.

— Venha jogar com a gente! — Jongdae fez um sinal com as mãos, abrindo espaço entre ele e Baekhyun.

— Certo — sorriu, deixando a carteira e as chaves em cima da mesa e rapidamente sentando no lugar guardado.

Olhou para Baekhyun pelo canto de olho e o viu remexer-se levemente em seu lugar. Incomodado, pensou tristemente. Ainda não sabia o motivo pelo qual o mais velho se recusava a continuar com ele, sendo que tinha sido ele mesmo a começar aquilo. Fazer Chanyeol gostar dele, precisar dele como quem precisa de ar, e logo depois chutá-lo não era legal.

Esse tipo de pensamento passava por sua cabeça, mesmo sabendo que Baekhyun na verdade não queria aquilo e o rapper descobriria o que estava acontecendo.

— Então... — Fez sua voz ser ouvida acima das outras e questionou: — O que estamos jogando afinal? — Sorriu.

Era um sorriso de orelha a orelha, porém também era um sorriso que não era completamente verdadeiro. Estava feliz por estar com seus amigos, mas estava triste por não estar com Baekhyun. Era o que definia seus últimos dias.

— Ah sim. — Kyungsoo pigarreou e pôs-se a explicar: — Nós temos que jogar uma bolin... — interrompeu-se, virando para o colega do outro lado do círculo. — Cadê a bolinha, Jongin? — Franziu as sobrancelhas, ao mesmo tempo em que cruzava os braços.

— Que? — Jongin riu sem graça, passando a mão no cabelo. — Por que eu? Eu não to com a bola — defendeu-se, jogando as mãos pra cima.

Kyungsoo pediu desculpas silenciosamente e Jongin deu de ombros, voltando a sorrir.

— Jongdae? — voltou a perguntar. — Baek? Sehun? Minseok? Yixing? Alguém? —  Kyungsoo suspirou, coçando a testa.

Não era possível que a bola tivesse simplesmente sumido do nada! Estavam jogando há poucos minutos... E ele tinha sido o último. Parou por um momento e revirou os olhos, passando a mão por debaixo de suas pernas, e logo pôde tatear a maldita bolinha que estava escondida embaixo de sua calça de moletom.

— Achei. — E passou a bola do tamanho de uma bolinha de gude para Junmyeon, que estava ao seu lado. — Continuando: só temos que jogar a bola no tabuleiro. Esse tabuleiro tem certas categorias e a categoria que a bola parar é a qual você tem que perguntar a alguém de sua escolha. É bem simples, na verdade.

E essa foi a deixa para Junmyeon lançar a bola no tabuleiro, para logo então vê-la cair em cima de Sexo. Ele desviou o olhar por um momento, pensando em que pergunta poderia fazer e, principalmente, a quem. Não havia restrições ali, eram nove amigos de longa data, então não ligavam muito. Olhou ao redor, vendo que estavam fazendo caras e bocas a espera de sua escolha.

— Eu escolho... — pronunciou-se, olhando cada um ali minuciosamente. Até que seus olhos pararam na única figura que parecia se sentir incomodada em responder acerca desse tema: — Baekhyun. Se você pudesse, com qual de nós você escolheria para isso? Pode imaginar que a pessoa escolhida é uma garota também.

— Oh. — Os lábios de Baekhyun formaram um perfeito “O” e seu rosto se avermelhou levemente, mas ele logo disfarçou a vergonha, rindo. — Com o Minseok, é claro! Ele é tão fofo! Imagina se fosse uma garota, então!

Apesar de não se orgulharem, nem Baekhyun nem Chanyeol tinha contado sobre o namoro aos amigos e companheiros de grupo. Tinham sido os mais discretos possíveis a fim de evitar que a empresa, SM Entertainment, descobrisse e tentasse separá-los para que não tivessem publicidade negativa e, ocasionalmente, prejuízos.

Com aquela resposta, o estômago de Chanyeol se revirou e ele virou o rosto, olhando para a porta mais próxima. Não que quisesse realmente ir ao banheiro, só não queria... deixar que vissem suas orelhas ficando vermelhas e seus olhos ferinos prontos para matar alguém.

Oh, ciúmes.

Era uma emoção tão ruim que Chanyeol não a desejava para nenhum casal. Ou ex-casal.

—XxX—

— Channie.

— Fala, Bacon.

Baekhyun riu diante de seu apelido, mas se aconchegou ao abraço do maior. Estavam namorando há apenas alguns meses, mas parecia muito mais tempo para eles. Os abraços, beijos, passatempos... Era como se estivessem juntos há mais de uma década.

Chanyeol se via junto a Baekhyun em uma década.

Baekhyun era a coisa mais preciosa que tinha em sua vida, a pessoa mais bela com a personalidade mais iluminada e perfeita. Ele não parecia uma garota nem agia como uma, porém isso fazia ainda mais belo aos olhos de Chanyeol. Ele não precisava de seios ou curvas para ser lindo.

A cada novo dia, Chanyeol se via mais e mais envolvido no relacionamento que tinha com Baekhyun. Todo dia 21 significava mais um mês juntos e, ele podia dizer, era o dia mais esperado do mês. Mesmo que não pudessem sair e passear pelo shopping de mãos dadas como um casal normal, eles curtiam o dia normalmente.

Às vezes iam a uma sorveteria com a desculpa de comprar sorvete para todos, às vezes faziam compras para a casa juntos, às vezes treinavam até depois dos outros irem embora... Tudo isso só para que pudessem ter um um momento a sós.

E, por mais difícil que fosse, Chanyeol não podia reclamar.

— A data do nosso debut está chegando. — O menor tocou o lábio com o polegar suavemente, escondendo seu olhar preocupado ao mirá-lo na televisão.

— Sim. — Chanyeol suspirou, entendendo o motivo da preocupação.

Tirou seu braço das costas de Baekhyun e moveu-se, deixando que ele se ajeitasse. Então, ficou de frente para o mais velho e certificou-se de olhá-lo nos olhos. Não era uma cor incomum entre os coreanos, mas Chanyeol poderia dizer que eram os olhos mais lindos que já tinha visto.

Os olhos de Baekhyun eram únicos, transmitiam paz, alegria e amor com apenas um olhar. Toda vez que olhava para si, seus olhos brilhavam e Chanyeol tinha a certeza de ser amado. Seu Bacon era especial.

— Mesmo depois de debutarmos, mesmo depois de termos fãs e termos que fingir que não somos namorados, eu vou continuar te amando, Baek. — Pousou uma de suas mãos na bochecha do mais velho e os olhos que tanto amava brilharam. — Não importa o que digam ou o que façam, nada vai mudar o que eu sinto por você.

— Sabe... — Ele começou, mordendo o lábio levemente. Sua mão se dirigiu até a mão de Chanyeol que estava em seu rosto e a segurou, tirando-a de lá e enlaçando seus dedos. — Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo e começamos a sair logo depois... Mas você é muito especial para mim, Channie. Todo esse tempo só me fez ter certeza disso. Eu sinto muito por termos que nos esconder dos nossos amigos, familiares, sociedade; mas eu sou muito feliz de tê-lo ao meu lado.

— Eu te amo, sabia? — Chanyeol sorriu, sentindo-se ser preenchido pelo calor que a luz própria de Baekhyun exalava.

— Eu também amo você, Channie. Não quero perdê-lo. Nunca.

—XxX—

Suas memórias só o faziam questionar ainda mais os motivos de Baekhyun.

A risada dos amigos o fez olhar para frente e pôde visualizar um Minseok estapeando Baekhyun agachado no meio da roda por tentar apertar as suas bochechas, e aquela cena o deixou pior. Sem que pudesse se controlar, Chanyeol levantou-se sem dizer uma palavra e, com poucos passos, abaixou ao lado de Baekhyun apenas para pegar em seu pulso e levantá-lo a força.

Baekhyun olhou para cima e soube que não podia evitar aquilo. Engoliu em seco e se deixou levar.

— Chanyeol! — murmurou, tentando ser sutil. Riu para os amigos que os olhavam sem entender. — Por que não espera o jogo acabar pra me mostrar aquele jogo de videogame sobre o qual conversamos antes?

Foi a primeira coisa que passou por sua mente, e Baekhyun se condenou por não ser capaz de soltar seu pulso da mão de Chanyeol. Não por falta de força, apenas porque seu coração não deixava. Sabia o que iria acontecer.

Os outros membros apenas se olharam; todos ali sabiam sobre o relacionamento deles, mas nunca se pronunciaram. Em partes, entendiam a escolha deles e sabiam que não era por desconsideração. Claro, estranharam no início, mas vê-los felizes ao longo do tempo contribuiu para fazer cada um deles aceitar ao seu tempo.

Chanyeol não respondeu e ignorou as possíveis perguntas que estariam passando pela cabeça de seus amigos, apenas continuou o puxando. Ele sempre era gentil e cuidadoso, mas ciúme era a única coisa que o tirava do sério; não o deixava a ponto de fazer uma besteira, porém passava a ser um pouco irracional. Afinal, era óbvio que Baekhyun não estava falando sério, certo? Em que mundo ele escolheria Minseok a ele?

—XxX—

— Park Chanyeol, me escuta!

A voz de Baek soou alta e o menor bufou, coçando a cabeça. Pousou a outra mão na cintura e apoiou o corpo na perna direita, respirando fundo para se acalmar. Não importava o quanto o cabelo castanho bagunçado levemente ficava lindo nele ou o quanto Chanyeol tinha sentido falta dele naquele tempo em que estava participando do programa.

Não importava.

Chanyeol só se sentia sem chão.

— Eu não acredito nisso! — Chanyeol fechou suas mãos em punho, extremamente nervoso.

— Já disse para me escutar, caramba! — Baekhyun falou mais alto ainda, fechando os olhos por um instante. Passou a língua pelos lábios e, quando os abriu, seus olhos demonstravam a mesma paixão que sempre tinha visto. — Amanhã vai ser revelado meu namoro com a Taeyeon e eu achei justo te avisar.

Chanyeol abriu a boca para interromper, mas Baekhyun se aproximou, tocando-o levemente no rosto. O mais alto ficou sem palavras, sentindo sua raiva se esvair aos poucos. Mesmo que seu coração estivesse quebrado, Baekhyun estava ali para colher os pedaços.

Inclinou o rosto para sentir mais do toque do mais velho. Seu corpo começou a relaxar e Chanyeol se sentiu leve novamente. Assistiu debilmente Baekhyun se aproximar ainda mais e a mão que estava em seu rosto se direcionou para seu pescoço, o puxando para baixo, mesmo que a diferença de altura não fosse mais tão significante assim.

Sem desviar os olhos, Chanyeol apenas aceitou e se permitiu cair nos encantos do outro. Assim que seus lábios se encostaram, Chanyeol fechou seus olhos e enlaçou a cintura de Baekhyun, o puxando para mais perto. Seus corpos se encaixaram perfeitamente e o beijo que começou apenas como um selar de lábios evoluiu para algo mais necessitado.

Preso naquela casa, ele tinha sentido uma saudade sem precedentes de Baekhyun. Foram poucas as vezes que tinham ficado afastados desde que se conheceram e, em sua maioria, foram apenas alguns dias. Porém daquela vez era diferente, meses se passaram e Baekhyun não estava ao seu lado.

Parecia que tinha deixado uma parte sua em casa.

Ao fim do beijo, separou-se do menor, mas permaneceu com sua testa apoiada na dele e os braços enlaçando sua cintura, deixando-o apoiado em si.

— Senti sua falta, Baekie — sussurrou, respirando fundo para conter o fluxo de emoções que sentia.

— Eu também, Channie. — Baekhyun sorriu levemente. Chanyeol reparou, porém, que seu sorriso não chegou aos olhos. — O meu namoro com a Taeyeon é um golpe de publicidade apenas. — Ele mordeu o lábio inferior levemente. — Só por alguns meses. Eu te amo e continuarei te amando, Channie.

— Eu também amo você.

Tudo o que Chanyeol conseguiu fazer foi enterrar seu rosto no pescoço de Baekhyun, abraçando-o o mais forte que podia. Não conseguia imaginar a ideia de perder o seu Bacon. Não podia, nunca!

Baekhyun já era parte dele e ele parte de Baekhyun.

Não importava o que dissessem.

Não importava o namoro falso.

Eles se amavam.

—XxX—

Quando chegou ao corredor, Baekhyun puxou seu pulso, mas continuou caminhando ao lado de Chanyeol, o que o agradou e o acalmou levemente. O mais velho sentia o que estava por vir: toda aquela conversa mal resolvida, a verdade que não podia mais esconder e o sentimento que não podia conter. É, uma semana tinha sido o suficiente. E Baekhyun mal podia esperar para que tudo voltasse ao normal — ou quase normal.

Continuaram em silêncio até chegarem ao quarto que dividiam. Não era realmente tão longe assim da sala — moravam em um apartamento —, mas o caminho pareceu durar uma eternidade. E, para ser honesto, Chanyeol queria muito mais que uma eternidade ao lado de Baekhyun. Talvez três?

Assim que Chanyeol fechou a porta, Baekhyun abriu a boca. Porém, não pôde vocalizar porque Chanyeol simplesmente andou até ele e o puxou para um abraço bruscamente. Ele apenas conseguiu fechar seus olhos e escutar a batida de seus corações um contra um outro. Era como... estar em casa novamente. Uma semana poderia parecer tão pouco para muitos, mas para aqueles longe de seus amados era algo como uma vida inteira.

— Channie — sussurrou, se agarrando ao corpo do maior. — Como senti sua falta... — e não conseguiu impedir que lágrimas rolassem de seus olhos. Era um choro silencioso, era um macho afinal! Certo?

— Então por quê? — afrouxou o abraço, apenas para arrumar espaço suficiente para olhá-lo nos olhos. Seu coração falhou uma batida ao ver as gotículas escorrendo dos lindos olhos castanhos e se pôs a enxugá-las. — Por que fez isso? Por quê?

— Chanyeol... — Baekhyun olhou bem nos olhos do mais alto e então disse: — Estou grávido.

— O que? — a cara de Chanyeol foi tão cômica que Baekhyun não pôde segurar a risada, que ecoou como música para os ouvidos do mais novo. Era tão bom ouvir o riso verdadeiro do seu Bacon novamente...

— Ok, agora é sério — ele respirou fundo e desviou o olhar. — O presidente da empresa me chamou esses dias, lembra? — quando Chanyeol afirmou com a cabeça, ele prosseguiu: — Ele me contou que tinha descoberto sobre nós dois e ameaçou nos expulsar do EXO caso não terminássemos.

— Mas é claro que-

— Eu sei. — o interrompeu. — Sei que você vai dizer para não terminarmos, que ele não faria isso e, que se fizesse, estaríamos felizes mesmo sem o EXO. Mas... Naquele dia, eu o vi tão brilhante no palco, sorrindo para as fãs, parecendo tão feliz... que acabei fazendo aquilo. Era óbvio que você amava o EXO tanto quanto eu ou mais e... — foi a vez de Chanyeol o cortar.

O Park puxou o rosto de Baekhyun e tomou seus lábios, o beijando tão amorosamente quanto no início do relacionamento, mas tão desesperado como a saudade que sentiu nos últimos dias. Não pôde se segurar: apertou-o forte contra si, o abraçando e enlaçando sua língua com a dele. Ar? Quem precisava disso? Os dois com certeza não.

Chanyeol o beijava com fervor e Baekhyun o retribuía igualmente, ora puxando os fios cinzentos do cabelo do maior, ora arranhando suas costas por cima da camisa. Quando o ar faltou, se separaram. Talvez precisassem de um pouquinho de oxigênio. E, sem dizer algo, Chanyeol o abraçou.

— Nessa estrada, uma fuga. Seus olhos olhando os meus são a Via Láctea, apenas me ame certo, baby, me ame certo. Venha para mim, não hesite... — cantarolou em seu ouvido e finalizou: — você é incrível, meu universo. Apenas me ame certo, todo meu universo é você. — sussurrou.

Apertou seu corpo contra o dele e mais uma vez voltou a falar:

— Eu te amo, Byun Baekhyun. Todo esse tempo que passamos juntos foi o melhor da minha vida e tenho certeza que você é a pessoa com quem eu quero passar o resto dela. Talvez ainda sejamos jovens, mas isso só significa que temos muito para aproveitar. Sim, eu amo o EXO e vê-lo ser reconhecido mundialmente continua sendo meu sonho, mas se para continuar fazendo parte dele eu tenha que te deixar... Não vale a pena. Eu estou disposto a deixar o grupo se for para ficar com você, Baek, eu quero ficar com você... Eu te amo.

A essa altura Baekhyun já não podia mais controlar as batidas do seu coração. Sempre tinha adorado aquela parte da música... Lembrava-se que disse que, caso tivesse que se declarar para uma garota, cantaria aquele treco. Riu entre soluços, incapaz de pronunciar algo. Talvez aquilo fosse o certo a se fazer.

Ele seria capaz de abandonar o grupo? Byun Baekhyun seria como conhecido como o cara que saiu do EXO, como Yifan, Luhan e Tao.

Mas... quando Chanyeol tornou a secar suas lágrimas, olhando naqueles olhos, ele teve certeza de que seria capaz de fazer tudo por ele. A fama não importava e tinha certeza que seus amigos entenderiam. E então, o beijou mais uma vez.

Será que se arrependeriam mais tarde? Chanyeol duvidava, nada era melhor que estar ao lado do seu Bacon novamente, poder beijá-lo e abraçá-lo livremente, declarar seu amor abertamente. Quem sabe formar uma família, no futuro.

Não havia necessidade em se preocupar com o EXO, sabia que os outros membros o fariam continuar sendo o grupo maravilhoso e amado pelos fãs que eram. E talvez eles demorassem a entender, assim como alguns ainda não aceitavam a saída dos outros, porém era um bom motivo, certo? Ainda podiam se falar — mesmo que provavelmente a empresa não fosse deixar, pela má reputação — e serem amigos.

Aquele era o dia 20 do mês.

No dia seguinte, entregaria a surpresa que estava planejando — o daria um anel discreto que podia ser usado num cordão de prata para simbolizar o relacionamento deles, uma vez que na Coréia ainda não era permitido o casamento gay e chegava até a ser mal visto —, mas... Ele achava que o 20 também pudesse se tornar um número da sorte. Uma pessoa podia ter dois números da sorte?

Pensando por aquele lado, muitas coisas boas aconteciam no dia 20 também, e muitas delas o levavam até ele, Baekhyun.

Ou talvez Baekhyun fosse a sua sorte.

— Eu te amo, Baek — repetiu.

— Eu também amo você, Channie... Obrigado por não ter desistido de mim.

E Chanyeol tinha certeza: queria estar ao lado dele para sempre.

Chanyeol o amaria.

Sempre.