Sam estava se arrumando pra ir à casa de Carly. Enfrentar seu ex era difícil. Mesmo tentando parecer ser natural quando estava com ele, sabia que não era. E pra piorar a situação, ele e Carly estavam de segredos e olhares que só pode significar uma coisa.

Sim, ela era uma garota esperta, mas seu coração se recusava a pensar naquela hipótese.

Preferia pensar que estavam preparando uma festa surpresa de aniversário... Sete meses adiantada. Mas todo o pingo de esperança que lhe restava acabou assim que chegou naquele apartamento.

A princípio nada de estranho, o que de fato já era estranho. O primeiro andar estava completamente vazio, mas podia se ouvir vozes no que parecia o terceiro andar.

Preferiu ir de escadas, o elevador a trazia um tipo de dor que era bem conhecida para a menina. Quando ia entrar, viu uma coisa que a fez parar no mesmo instante, resolvendo assim ficar onde estava para poder escutar sem ser vista e também porque seu corpo não reagia pela cena que seus olhos captavam.

Carly e Freddie se beijavam com carinho e de certo modo isso atingiu a menina com força no seu ponto fraco.

— Eu não aguento mais isso... Você não acha que um dia ela vai saber? – Freddie perguntou  e Sam presumira que falavam dela.

— Vai, mas não agora. Não sei se ela reagiria bem. – Carly falou e Freddie bufou.

— Não entendo por quê.

— Ela gosta de você Freddie. – Carly foi direto ao ponto, fazendo Freddie engolir seco.

— Não acho que seja verdade. – Falou, temendo que realmente fosse.

— Mas é. Eu conheço a Sam, pra você ela fala que não gosta, mas pra mim ela diz a verdade. Está difícil ficar com você e não poder contar, mas ela disse que te amava e você também disse que a amava uma vez. - Carly falou de modo acusatório, fazendo o menino dar um passo para trás, como se estivesse sido atingido.

— Carly, isso foi quando nós namorávamos! E além do mais, você sabe que eu não disse pra valer. Foi mais porque eu achei que era certo no momento. Eu não amo ela, amo você, amo você desde sempre e você sabe disso. - De fato, Sam se sentira extremamente burra por ter cogitado que aquele ultimo "eu te amo" era real.

— Eu sei, mas a Sam não. - Carly respondeu e Sam só queria sair correndo dali, apesar de saber que seus pés não a obedeciam no momento.

— Olha, eu não acho que ela goste de mim de verdade, acho que ela só ficou comigo por quê... Ah, sei lá por que, mas sei que ela não me ama, e mesmo que amasse, a Puckett é forte.

Linda frase.

"A Puckett é forte"

"A Puckett aguenta"

E se um dia a Puckett não aguentar? E se um dia a Puckett e todo o mundo que ela criou dentro de si ruir?

Alguém já pensou na hipótese da Puckett ter sentimentos?

Da Puckett ter medo?

Da Puckett, mesmo que por um momento, ser fraca?

Pois é, ninguém nunca pensou. Sabem por quê? Porque "A Puckett é forte", porque "A Puckett aguenta".

Mas naquele momento a Puckett caiu, foi fraca, e todo o personagem que ela criou caiu junto com o mundo que tinha criado. Caiu com a muralha de anos de prática para esconder seus sentimentos. Tudo simplesmente ruiu naquele momento e tudo porque já estava farta de sofrer, de amar e não ser correspondida e de aguentar o mundo nas costas.

O soluço inevitável saiu e foi aí que perceberam a menina. Que perceberam que até uma Puckett podia chorar.

— Sam! – Os dois gritaram juntos, mas era tarde demais.

O nome fora repetido várias vezes, mas ela não se importava mais, e também não se importava em correr.

Resolveu ir.

Resolveu correr até não aguentar mais. Até que conseguiu, foi embora... Mas pra não voltar.

Fugir não era uma frase muito usada no cotidiano dos Pucketts, mas no momento, Sam estava extremamente cansada de ser uma.