A Primeira Neve escrita por Sakure


Capítulo 4
Capitulo 4




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Meu coração ainda bate acelerado, agora no meu quarto e deitada na minha cama, começo a tentar organizar meus pensamentos, o dia começou normal como qualquer outro, caminhei pelo campus, e tinha tudo para ser um dia normal, mas aconteceu tanta coisa, que acho que se juntar um ano da minha vida, não conseguiria ter tantos acontecimentos, ainda estou me debatendo na cama e me perguntando se realmente tenho um cérebro e se tenho se ele realmente funciona.

Como alguém é capaz de não reconhecer um kidol morando na Coréia, sendo que aqui aonde nós vamos, vemos pôster de kpop, ouvimos kpop, vemos discursões entre os fandons, e mesmo assim eu sou capaz de não reconhecer um, outro ponto importante é por que ele não me disse seu nome artístico, eu estava aqui toda descabelada e molhada, fazendo um chazinho como se nada estivesse acontecendo, como sou burra.

 Por que fiquei tão tocada quando ele tocou o meu rosto? Isso não deveria acontecer, meus pensamentos não devem se direcionar a mais ninguém além do Jin, mas é uma grande coincidência que os dois possuam o mesmo sobrenome, mas isso não deve importar.

― Otoke céus, por que isso está acontecendo comigo, o que eu fiz de tão ruim hein? Sou uma pessoa que não fumo, não bebo, respeito os mais velhos, tiro boas notas, está certo que não são excelentes, mas não precisamos da perfeição, certo? Preciso dormi é isso, tudo não passou de um sonho e quando eu acordar minha vidinha vai estar normal, tudo em seu devido lugar. ― Me reviro na cama e enfim consigo pegar no sono.

Janeiro de 2014.

― Sabia que você fica linda quando está zangada? ― Jin sempre tinha a mania de dizer coisas bonitas quando eu estava zangada, ele fazia isso por que sempre ganhava, já fazia um mês desde que tínhamos nos conhecido, e hoje era o último dia do inverno, amanhã as aulas começariam e a vida voltaria à rotina. Hoje não queria sair do meu quarto, fazia muito frio e só queria ficar deitada na minha cama assistindo TV, mas Jin havia insistido muito para que eu saísse com ele, disse que estava entediado e que precisava de companhia, depois de muito insistir aceitei, mas já estava arrependida, pois meus dedos estavam congelando e não via propósito nessa nossa saída.

― De que adianta ser linda zangada se vou morrer de frio hoje?

― Não seja dramática, não está tão frio assim.

― Você se esquece de que é meu primeiro inverno aqui né, não sou acostumada com esse clima, sinto que até meu coração está prestes a congelar.

― Já estamos chegando, peça para o seu coração aguentar um pouco mais. ― Ele sempre tinha essas palavras reconfortantes, na realidade eu só tinha aceitado vim, por que sabia que ficaria difícil de nos vermos quando as aulas começassem, ele estudava fotografia e eu finanças, áreas totalmente opostas, até os prédios ficavam distantes um dos outros.

Desde que nos conhecemos nos tornamos muito próximos, como todos estavam de férias tinha poucas pessoas na Universidade, então tínhamos praticamente o campus para nós, ele me mostrou cada lugar daqui, aonde ficavam os cursos que eu não conhecia, aonde tinha os bosques, os lugares prediletos dele, aonde ele menos gostava, andamos de bicicleta e ele tentou me ensinar a jogar basquete, acredito que foi uma missão fracassada, mas enfim, passamos muito tempo juntos, e eu claro, muito boba tinha que me apaixonar por ele, na realidade sempre fui assim, muito fácil de ser conquistada, basta o cara ser gentil e atencioso, que eu já me derreto por completo, mas o triste disso tudo era que eu sentia que estava só, ele fazia o estilo daquele garoto legal com todo mundo, e eu era a idiota que me apaixonava facilmente.

― Pronto, já chegamos, não precisa mais ficar reclamando que vai morrer de frio.

― Todo esse mistério para você me trazer na fonte da faculdade, podia ter me dito antes.

― Espere aí que não é só isso, feche seus olhos.

― Vai me pregar alguma peça?

― Só faço o que estou te pedindo.

― Tudo bem. ― fechei meus olhos como ele pediu então ele me disse que podia abri-los e quando fiz isso, de repente tudo ao redor parecia diferente de antes, as arvores ao redor estavam todas iluminadas com pisca pisca, com luzes coloridas, o Natal já havia passado, mas olhando para tudo aquilo é como se fosse o dia de natal, olhando para a fonte que estava em frente às arvores podia ver as luzes refletidas na agua, o efeito é como se vários vagalumes estivessem dentro da agua, acho que nunca vi algo tão bonito na minha vida.

— O que achou? Ainda foi em vão vim aqui?

— Não sei nem o que lhe dizer, é tudo tão lindo, você deve ter tido tanto trabalho em fazer isso.

— Nada que eu fizer para você é u suficiente, eu não podia mais adiar tudo isso. - Ele começou a se aproximar de mim, e eu sentia que minhas pernas começaram a fraquejar, isso não podia ser real, então ele chegou perto de mim e passou as mãos nos meus cabelos, enquanto olhava atentamente em meus olhos, acho que parei de respirar durante alguns segundos.

— Não sabia que meu coração suportaria bater tão rápido, quero que saiba que desde o primeiro momento que a vi, sempre a considerei mais que uma amiga, à medida que fomos nos conhecendo, meu coração se enchia de alegria, contava as horas para poder lhe ver, e falar com você. - Nesse momento ele segura minhas mãos e olha atentamente para mim, como se esperasse eu falar algo, mas simplesmente eu não conseguia dizer nada, não conseguia pensar em nada, estava tão paralisada com tudo aquilo que não conseguia esboçar nenhuma reação. Então ele me abraça, como se tivesse lido meus pensamentos, e era um abraço tão aconchegante, e instintivamente o abracei de volta, acho que era meu jeito de dizer para ele que eu também me sentia daquela forma, e não sei quanto tempo ficamos daquele jeito abraçados, mas por mim poderia passar a eternidade ali nos braços dele.

Ele então se afasta de mim e olha em meus olhos, toca no meu rosto e se aproxima de mim – sinto como se realmente fosse desmaiar, ainda bem que ele ainda está com uma das mãos segurando minha cintura, caso contrário já teria caído no chão - então ele encosta de leve os seus lábios nos meus, sinto que existem muitas borboletas se revirando dentro de mim, não saberia explicar a sensação - e assim foi o nosso primeiro beijo de muitos.

Depois daquele dia me apaixonava mais por ele, não sei se era possível isso, mas sempre tinha algo novo que me chamava a atenção, amava visitar o estúdio de fotografia dele, que na realidade ficava em uma salinha dentro do seu dormitório, lá ele mesmo revelava as suas fotos, ficava feliz quando entrava e via que eu era sua musa, de cada dez fotos tinha umas cinco minhas.

— Você ama vim aqui né?

— Amo muito, é lindo como podemos apenas com um clique eternizar um momento de nossas vidas.

— Você daria uma boa fotografa sabia? - Ele diz isso, bagunçando meu cabelo, já parei de brigar por causa disso, e ele sempre faz isso em todos os lugares aonde estamos, e eu fico parecendo uma descabelada.

Amanhã vai fazer 100 dias que estamos juntos, é incrível como o tempo passa rápido, um dia desses estávamos começando a namorar e já vamos completar cem dias juntos, não vejo o tempo passar quando estou perto dele, ele possui uma inocência e ao mesmo tempo uma determinação que faz com o que eu me apaixone por ele todos os dias, sei que isso é perigoso, afinal de contas somos de culturas diferentes e meus dias na Coréia estão contados, mas quero aproveitar cada segundo meu aqui com ele.

Ele disse que tem uma surpresa para mim amanhã, e que eu o esperasse na frente do meu dormitório no inicio da noite, tinha uma ideia do que fosse não que eu ouvisse atrás da porta, mas por acaso ouvi uma conversa dele, e deu a entender que era com o irmão, ele falava que estava muito ansioso para me apresentar a família, mas pelo que pude perceber o irmão dele não era muito a favor da ideia e por isso o Jin, teve uma breve discursão com ele e desligou o telefone. Eu entendia o porquê do irmão ser contra, afinal de contas eu era estrangeira, sua família não conhecia a minha, tudo era muito novo, quis até falar com o Jin que não precisava me apresentar à família, mas isso deixaria claro que ouvi a conversa dele, e ele parecia tão animado, enfim deixei as coisas acontecerem.

É hoje o grande dia, assim classifiquei esse dia desde que descobri que conheceria a família dele, achei que estava preparada, mas não estou, gostaria de fingir que estou doente ou que tenho provas para estudar, mas Jin saberia que estou mentindo.

― Amiga você não parece bem ― me diz Hyo ―desde que comecei a namorar o Jin ela sempre me deu maior força, mas também me disse todos os obstáculos que eu teria pela frente, caso quisesse ficar com ele.

― Dá para perceber? Realmente não sei consigo fazer isso ― faço isso deitando na cama dela, e soltando um logo suspiro.

― Você tem que confiar no Jin, se ele acha que esse é o momento certo para a família dele lhe conhecer então ele sabe o que faz, lembre-se do que eu te disse, só fale para responder algo e passe a imagem de uma moça bem recatada.

― Isso é alguma indireta? Tá dizendo que não sou recatada é isso? ― Jogo o travesseiro nela e a gente começa uma guerra de travesseiros.

O dia foi bem normal, falei com o Jin algumas vezes, e ele me disse que ficaria o dia fora, mas que no horário marcado eu estivesse esperando por ele. Comecei a me arrumar duas horas antes, só para prevenir, tinha escolhido uma roupa bem recatada, era um vestido rosa, de manguinhas e que ia até o joelho, causando uma sapatilha branca, uma maquiagem bem leve, e o cabelo solto, podia não ser a pessoa mais linda, mas não estava mal.

Desci para esperar pelo Jin na entrada do dormitório, sentei no banquinho que tinha lá e fiquei a espera, hoje a noite estava muito bonita tudo muito tranquilo, podíamos ver as estrelas bem brilhantes, tudo parecia muito perfeito.

― Jin, você já está a caminho? ― ligo para ele ― por que a ansiedade já estava muito grande.

― Daqui a alguns minutos chego ai ― ele me diz, desliguei o telefone e fiquei a espera.

Parecia que o tempo não passava, e o Jin também não chegava, resolvi ligar mais uma vez, mas ele não atendeu, deveria estar dirigindo, mas se passou mais do que alguns minutos, e já fazia uns quarenta minutos que esperava e nada, liguei outras vezes para o Jin e nada dele atender. Comecei a ficar preocupada normalmente ele não atrasava, sempre foi muito pontual, alias os coreanos são muito pontuais, e se tivesse acontecido algo que o atrasaria ele teria ligado, passei a ligar varias vezes e começou a cair na caixa postal, depois de mais de uma hora esperando resolvi entrar no dormitório.

― O que será que aconteceu? Por que só dar caixa postal? Atende por favor, Jin.

― O que você faz aqui? ― pergunta Hyo que acabara de entrar no quarto.

― O Jin ele não apareceu e nem atende ao telefone, não sei o que aconteceu, ele não faria isso sem dar uma explicação, deve ter acontecido algo.

― Realmente é muito estranho, já tentou falar com algum amigo dele?

― Já, mas ninguém tem noticias, eles também não conseguem falar com ele, estou muito preocupada.

― Ele deve aparecer amiga, não fica assim, deve ser o transito e talvez o celular tenha ficado sem bateria.

― Assim espero que realmente tudo não tenha passado de um contratempo.

Depois daquele dia não tive mais noticias do Jin, fui até a reitoria da universidade saber algo, mas o que informaram é que foi pedido o trancamento do curso, mas ele não foi mais lá, liguei para o celular diversas vezes, mas nunca obtive resposta, nem os seus amigos sabiam o que tinha acontecido, ele simplesmente sumiu sem deixar rastros, sem entender se estava vivo ou morto, não conseguia entender o motivo que o levaria a ir embora tão de repente, sem ao menos dizer adeus, isso não combinava com ele, infelizmente eu não tinha contato com nenhum familiar dele e isso tornava as coisas mais difíceis, com o tempo coloquei na minha cabeça que ele não passou de um sonho bom, que tive em uma noite, mas que ao acordar vi que ele não era real.


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