Suho Pov’s

Não conseguia acreditar que isso estivesse acontecendo comigo, estava no meu quarto deitado na minha cama me recordando do dia, e foi um dia cheio com tantos acontecimentos, sentia que ia conseguir ter uma boa noite de sono depois de tanto tempo.

Um ano atrás

― Jin, estamos atrasados, desse jeito não vamos conseguir comprar todos os presentes, você sabe que eu tenho que ir mais cedo que o normal para ninguém me reconhecer. – Falo para meu irmão pelo celular, hoje era um dia muito importante, era aniversário da nossa mãe e por causa disso a família toda estaria reunida, o que era algo incomum, isso por que meus pais moravam no exterior, meu irmão era na faculdade de artes e eu era do EXO.

Logo eu e Jin havíamos combinado de comprar algo para nossa mãe juntos, e eu tinha conseguido dar uma escapada graças a Park Jan, e estava esperando ele na frente do seu dormitório, olho pela janela do carro e o vejo correndo na direção do carro.

― Desculpa pelo atraso, mas precisava achar minha máquina fotográfica que está com defeito, preciso consertá-la para hoje. – Ele me fala ao entrar no carro, como sempre ele não havia mudado nada, sempre com o mesmo bom humor e com suas fotografias que tanto amava.

― Tudo bem só precisamos nos apressar, você sabe que hoje não podemos cometer erros, se não seremos mais apedrejados do que já somos, dois herdeiros que se rebelaram. – Dou partida no carro e seguimos em direção ao centro de Seul, eu queria ir para um lugar menos movimentado, mas Jin insistia que precisávamos ir para um lugar diferente.

― Pare aqui, estou vendo um local de conserto de máquinas. – Ele me diz e estaciono o carro, antes de sair do carro coloco um boné e uma mascara, não podia ser reconhecido, afinal de contas todos sabiam quem eu era e se me reconhecessem iria ser um completo caos, e eu tinha experiência própria, uma vez achei que ninguém me reconheceria e acabei cercado por fãs.

― Sério Junmyeon que você vai andar assim comigo, como se tivesse fugindo de alguém? – Jin me pergunta isso e eu o fuzilo com o olhar, é claro que eu estava fugindo de alguém, então coloco meus óculos de sol.

― Se você está achando ruim pode ir sozinho que eu vou embora. – Digo para ele, então ele me da um abraço e começa a me arrastar pelas ruas de Seul.

Andamos por tantas lojas que me fez perceber que eu não conhecia Seul, não imaginava que fosse tão grande, por fim comemos comida de barraquinha de rua e não conseguimos encontrar um presente para nossa mãe, então Jin teve a ideia de tirar fotos nossas e colocar em um álbum, no inicio achei que seria um presente muito sem sentido, dar fotos nossas no aniversario dela, mas depois pensando bem seria uma boa ideia, como a víamos pouco seria uma forma de estarmos sempre com ela.

― Junmyeon, estou pensando em levar alguém no jantar de hoje a noite, na realidade eu vou levar. – Pela sua voz percebi que era algo sério.

― Quem é essa pessoa? Você sabe que é um jantar de família né, e como nossos pais se importam com a tradição. – Falo para ele.

― Eu sei e por isso quero apresenta-la a eles, você lembra que te falei que estava conhecendo uma garota? – Afirmo que sim com a cabeça.
― Então, quero apresenta-la como minha namorada hoje, como não temos muitos encontros como esse, eu queria a benção dos nossos pais.

De todas as loucuras que Jin havia me dito essa com certeza seria a maior de todas, pois só apresentávamos alguém a família quando tínhamos intensão de casar.

― Você bateu a cabeça enquanto andávamos por ai? Você sabe o que significa apresenta-la a nossa família? Você pensa em casar com ela? – Esperava que ele dissesse que era uma piada.

― Ela é o amor da minha vida e eu quero casar com ela, e nada vai me fazer mudar de ideia, se você a conhecesse também pensaria o mesmo, ela é encantadora. – Posso ver seus olhos brilharem enquanto falava, realmente ele estava apaixonado.

― Se você tem certeza, não será eu quem irá se opor, me fale sobre ela, a sua família, eles vivem de que? É de alguma família importante? – Ele pensa por um momento antes de me responder.

― Na realidade ela é estrangeira e está aqui a estudos, mas isso não pode ser empecilho para nós, pois após nos casarmos ela poderá ficar permanentemente aqui. – Ele falava com tanta naturalidade que eu por um momento até achei que fosse normal tudo aquilo, eu pessoalmente não via problemas nisso, mas tenho certeza que meus pais se oporiam com toda força a isso, eles jamais concordariam com aquilo e conhecendo o Jin, ele os enfrentaria e isso acabaria em muitas discussões.

― Hyung, eu lhe entendo, mas você não pode deixar para dar esse anúncio em outra oportunidade? Hoje é uma data importante e eu não queria que ela fosse marcada por uma briga entre vocês. – Tento fazer o máximo que posso para fazê-lo desistir dessa loucura.

― Se eu me acovardar agora, isso significara que serei sempre um covarde, espero que eles entendam e aceitem minha decisão, pois eu não irei muda-la. – Ele se levanta do banco em que estávamos sentados e começa a caminhar em direção ao carro. Tudo o que eu queria era ver minha família reunida, fingindo ser uma família feliz, mas mais uma vez isso não seria possível.

Então também entro no carro, decido ligar a radio a fim de espairecer um pouco, pois precisava absorver tanta informação, o nosso dia tinha sido tão bom, tínhamos agido como verdadeiros irmãos, e isso era muito raro de acontecer. Por que ele decidiu estragar nosso momento em família?

― Já estou voltando para o alojamento, não se preocupe vai dar tudo certo. – O escuto falando ao telefone e deduzo que seja com a namorada misteriosa.

― Era ela? – Pergunto a ele, e ele afirma que sim.

― Irmão, você vai amar conhece-la, veja aqui como ela é linda. – Então ele vira sua tela do celular para que possa ver a foto dela, eu desvio a atenção para a tela por um instante e em seguida estou estirado na pista e ouvindo sirenes de ambulância.

Dias atuais

― Esse foi o sonho que tive ontem a noite doutor, acredito que minha memória daquele dia tenha voltado. – Falo para o psicólogo que está sentado ouvindo atentamente o que falo.

― Certamente são lembranças daquele dia, só precisamos tomar cuidado para a sua mente não criar algo junto com as lembranças verdadeiras, mas isso já é um avanço, tem algo mais que você queira falar? – O doutor me pergunta.

― Na realidade tem, quando me viro para olhar para a foto da namorada do meu irmão eu consigo vê-la, mas por mais que me esforce eu não consigo lembrar de seu rosto, pois a imagem é embaçada na minha mente.

― Precisamos ir com calma, você já deu um grande passo lembrando tudo isso, mas em casa tente ver o rosto dela, porém se sentir que está se esforçando muito pare, não force muito seu cérebro. – Então me despeço do médico e retorno para casa, não entendia por que de repente depois de tanto tempo minhas memorias estavam voltando, por um lado estava feliz, mas por outro era triste lembrar o que havia acontecido, esse acidente quase tirou a vida do meu irmão e tinha causado muitos danos a sua saúde.

Chegando em casa, vejo que tudo está normal quer dizer anormal já que deveria estar uma zona, mas estava tudo muito calmo, então lembro que hoje tínhamos o ensaio geral para o show que faríamos, e com certeza todos haviam ido, olho meu celular e tem várias ligações.

― Aish, como havia esquecido isso? Logo hoje. – Então lembro que Baekhyun deve estar em casa já que estava machucado, decido ir então até seu quarto.

― Hyung, o que você faz aqui a essa hora? Não deveria estar no ensaio? – Ele me pergunta.

― Tinha um compromisso mais cedo e acabei esquecendo por completo, vou apenas me trocar e irei.

― A noona vai lhe matar tenha certeza disso. – Ele me diz rindo e se ele não estivesse machucado ele iria ficar agora, então saio correndo e vou me trocar, pego as chaves do carro e saio.

Durante o percurso o telefone toca então o coloco no viva voz e atendo, por sorte estava parado no sinal, por que Liz estava gritando feito uma louca no outro lado da linha.

― Onde você está? Enlouqueceu? Como pode sair de casa sem dizer nada? Você sabe que dia é hoje? – Precisei baixar o volume do alto falante para não ficar surdo. Realmente havia esquecido, acho que por que fiquei apreensivo com o sonho que tive e assim que amanheceu logo cedo fui conversar com o médico e todos ainda estavam dormindo.

— Me desculpe florzinha, mas tinha um compromisso logo cedo e acabei esquecendo. – Ao falar isso escuto várias vozes ao fundo “ Florzinha, não sabia que estavam com essa intimidade Noona”, que droga ela estava no viva voz também. Já estava imaginando a cena dos meninos fazendo piadinhas pelo resto da minha vida.

— Quer morrer? Eu estava com o celular no viva voz, quer me matar de vergonha mesmo? – Ela dizia bem baixo, imagino que ela tenha saído de onde estava com os meninos e tenha ido falar em outro lugar.

— Como eu poderia adivinhar isso? Você precisa tomar mais cuidado. – Escuto ela falar alguma coisa, mas não entendo o que seja.

— Se você não aparecer em dez minutos aqui, você será um homem com sérios problemas. – Ela fala e desliga o telefone na minha cara, eu mal havia começado um relacionamento e já tinha tido a primeira DR, realmente eu precisava melhorar.

Já estava perto de chegar no lugar do ensaio, mas escuto meu celular tocando novamente.

― Alô. – Falo ao atender o telefone, a linha fica muda por um tempo até que escuto a voz do outro lado.

― A quanto tempo irmãozinho, estava com saudades de mim? – Não podia acreditar em quem estava falando comigo.

― Hyung, é você mesmo? Você está na Coréia? Quando voltou? – Era algo que eu não esperava que fosse acontecer, torcia muito pela recuperação do meu irmão, mas devido as sequelas eu não imaginava que ele fosse se recuperar tão rápido.

― Uma pergunta de cada vez hein, eu cheguei a pouco tempo, estou no hotel descansando. – Era tão bom ouvir sua voz de novo, precisava vê-lo.

― Me diga em qual hotel você está que vou encontra-lo. – Ele me passa o endereço e passo a dirigir até lá, no meio do caminho lembro que estava indo para outro compromisso, então resolvo ligar para Sophia, por que se eu ligasse para Liz ela ficaria furiosa, ligo para Sophia e explico que não posso participar do ensaio hoje, afinal de contas eu já sabia todos os passos de tanto ensaiar, então não haveria problemas para a performance.

Chegando lá vou direto para o quarto em que ele está, quando entro e o vejo, posso ver sua situação, comparado ao que era antes ele parecia bem frágil, estava mais magro e não tinha mais aquele aspecto másculo, quando me viu ele sorriu e se levantou da cadeira em que estava, percebi que fazia um certo esforço para se levantar e ficar de pé, então caminhei até ele e o dei um abraço.

― Você continua o mesmo sentimental né, não é como se eu estivesse voltado dos mortos. – Ele me fala e ri, como sempre fazendo piadas.

― Você está bem hyung? Precisa de algo? Vamos para casa, eu posso leva-lo. – Falo para ele, pois agora que tinha meu irmão de volta queria passar o máximo de tempo perto dele.

― Vamos com calma, vou ficar aqui por enquanto, preciso organizar algumas coisas e decidir o que fazer, também tenho certeza que os meninos estão todos lá em casa e eu só iria distraí-los. – Ele tinha razão de certa forma, os meninos o encheria de perguntas, ficariam mais agitados que o normal.

Ficamos conversando mais um pouco, mas meu celular tocava incessantemente, então resolvi atende-lo, era Sophia do outro lado do telefone me perguntando quando voltaria e o que estava fazendo, um verdadeiro interrogatório, respondi que já voltaria e desliguei, então me despedi do meu irmão prometendo voltar quando pudesse.

Na volta para casa lembrei que amanhã seria feriado, então todos teríamos nossas agendas livres para fazer o que quiséssemos, claro dentro do possível, mas era uma ótima oportunidade de passar o tempo com a Liz e com meu irmão, isso se eu tivesse vivo até lá, por que tenho certeza que me matariam por ter sumido o dia todo. Chegando em casa estava até calmo, não vi ninguém na sala então fui para o meu quarto, tomei um banho e me deitei na cama, estava exausto, apesar de não ter ido ao ensaio o meu dia tinha sido muito agitado, então fecho meus olhos, mas sinto uma respiração muito próxima a minha e logo escuto uma voz.

— Você ainda tem coragem de dormir tranquilo depois disso tudo? – Mesmo sem abrir os olhos sabia que era a Liz, continuava com essa mania de entrar nos quartos das pessoas sem bater, então abro os meus olhos e posso ver seu rosto muito próximo ao meu, ela parece surpresa ao ver que abri os meus olhos e faz um movimento de se afastar, mas sou mais rápido que ela, seguro seu braço e a puxo para a cama.

— Continua invadindo o meu quarto desse jeito? Assim não terei como me controlar. – Ela tenta se levantar da cama, mas fico por cima dela, fazendo com que ela não tenha como sair, era engraçado ver o rosto dela ficando vermelho, então me aproximo do rosto dela e dou um beijo na sua testa. Depois me deito ao lado dela, e vejo que ela ainda continua parada, apesar de ser uma mulher adulta ela ainda parecia envergonhada com certas coisas.

 — Qual o seu problema? Primeiro, falta ao ensaio sem dar nenhuma explicação e agora faz de conta que nada aconteceu. – Ela se vira para mim ainda deitada e apesar de eu ter que dar uma explicação eu só pensava em apertar suas bochechas e enchê-la de beijos. — Pare de me olhar assim que eu posso ler no seu rosto o que você está pensando, eu posso parecer boba e tal, mas não se deixe levar pelas aparências.

— Tudo bem, eu realmente sinto muito por ter faltado hoje, se você perguntar a todos os outros saberá que sou o mais pontual e não falto, mas foi por um motivo maior, meu irmão está de volta então tive que ir vê-lo. Pode me perdoar dessa vez?

— Vou pensar no seu caso. – Ela sorri e passa sua mão pelos meus cabelos – Posso te perdoar, mas tem uma condição, amanhã você passará o dia comigo fazendo o que eu quiser, sem reclamar.

— Para mim não é esforço nenhum passar o dia com você, mas quero que a noite seja reservado para o que eu quiser. – Queria apresenta-la ao meu irmão e estava pensando em um jantar, mas não iria falar para ela agora, só a deixaria nervosa. — Você quer dormir aqui comigo hoje? – Pergunto para ela e vejo seus olhos saltando para fora.

— Você está muito saidinho hein para quem nunca havia namorado, o que vão dizer de mim, me vendo saindo do seu quarto e acho que a gente não deve apressar as coisas assim. – Eu a abraço.

— Só quero dormir tá certo? Se você quiser fazer outra coisa eu aceito também, mas não vou força-la a nada. – Não falamos mais nada, ela apenas encosta sua cabeça no meu peito e fecha os olhos, e assim nós dois dormimos aconchegados nos braços um do outro.