— Você está querendo influenciar minha filha contra mim ou entendi errado?

— Como?

— Não se faça de desentendida, eu escutei tudo. – Falou alterado.

— Não disse nada de errado e nem menti, a verdade dói? – Cuspi as palavras um pouco rápido demais.

— Você não sabe nada sobre mim, pra estar falando besteiras, estava trabalhando pra sustentar essa casa e o seu trabalho, sabe-se lá mais o que você deve ter inventado pra ela, devia estranhar, ela estar te “adorando”.

— Você é um louco, presta atenção no que você fala. Estou nesse emprego porque eu amo sua filha e não pelo dinheiro.

— Como não? Se não fosse eu que te empregasse você estaria morrendo de fome junto com a pobre da sua irmã. – Vociferou.

— Não fala da Fátima, não coloca ela nesse assunto, mato e morro por ela sim, mas do jeito que trabalho aqui, posso ser empregada em qualquer outro lugar, mas sabe porque eu agüento tudo inclusive você? Porque a menina precisa de mim, já que o pai dela.. – Fui interrompida.- Você não tem o direito de falar assim comigo, saí da minha casa agora. Falou me puxando pelo braço. – Se não...

— Se não o que Gustavo? Vai me bater?- Gritei, já não me importava com as lágrimas nem tão pouco sentia elas. Sua mão estava apertando demais meu braço, mas não podia fraquejar agora.

— Solta ela Pai. – Dulce gritou já chorando fazendo com que ele me largasse, o espanto de não entender a situação em seus pequenos olhos.

Não esperei que ele respondesse passei correndo por onde uma Estefânia nos olhava atônita.

— Você surtou primo? Pelo amor de Deus, quer ser preso agora? Volta aqui Cecí...

Passava das 8 da noite a rua estava esquisita e chovia pra completar, dizem que a chuva lava a alma e realmente era disso que estava precisando então vamos se molhar, pouco me importa. A água fria escorria pelo meu rosto lavando o rastro quente das minhas lágrimas e trazendo outras, meu braço estava doendo, nem queria olhar agora pra marca que com certeza estava no lugar, hoje não precisaria me preocupar com a Fátima, ela ia dormir com uma amiga. Cheguei no parque me sentando embaixo de uma árvore, deixando meus pensamentos tomarem conta de mim.

~Flashback On~

— Me promete que vai tomar conta da sua irmã?. – Mamãe falava fraca.

— Prometo mãe, mas vai ficar tudo bem, a senhora é forte, não vai nos abandonar como o papai fez não.

— Eu estou indo Cecília e você precisa aceitar isso.

— Não é tão simples assim mamãe. – Chorava, minha cabeça encostada em seu colo, onde ela fazia um carinho que quase não dava pra sentir.

— Seja forte e determinada minha princesa. – Tossiu e depois disso não lembro mais de nada.

~Flashback Off~

— Me responde Gustavo, o que você fez. – Falei abraçando a Dulce, que escondia seu rostinho na curva do meu pescoço.

— Ela quer jogar minha filha contra mim. – Falou chegando perto da cama da menina.

— Não vem pra cá, não vem, você é mal. – Chorou copiosamente.

— Ta vendo? A culpa é dela.

— A culpa é sua, a Cecí ficou aqui até tarde velando o sono da Dulce porque ela estava doente, enquanto todos te procuravam você se divertia com a Nicole, agora me diz que é mentira. Se a Dulce não acordasse não sei do que você seria capaz.

— Eu não teria coragem de bater nela Estefânia.

— Não sei, eu realmente não conheço mais você.