Living in the North escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 10
Capítulo 10 - Thomas Waters


Notas iniciais do capítulo

Agora o capítulo POV é do cara que salvou a vida de Harry duas vezes em Living in Hell.

Boa leitura!



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O som do ambiente do trabalho de Tom era algo que ele não podia reclamar em hipótese alguma. Para ele, não podia ser melhor. Era relaxante e prazeroso ouvir o som das cordas de um violão, baixo ou guitarra sendo tocadas, e também os batuques das baquetas na caixa, chimbal, pratos, tons, tambores, etc, de uma bateria acústica. Os teclados, pianos e instrumentos de sopro ficavam longe do balcão onde os recepcionistas atendiam os clientes, por isso Tom, e qualquer outro empregado da loja, não conseguia ouvir esses instrumentos.

Tom trabalhava nessa loja de instrumentos musicais há quatro anos e uma das consequências foi se interessar mais por música e estudar o assunto. Tinha um violão e uma guitarra na sua casa. No começo ele tinha muita dificuldade pra aprender as técnicas e formas de tocar, pois só tinha duas apostilas para ler, estudar e tentar aprender com elas, mas não tinha um professor. Então ele procurou por James, um dos companheiros do grupo antigo de sobreviventes. Com um professor para ensiná-lo o aprendizado foi muito mais rápido e fácil, e em menos de seis meses já não precisava mais de aulas, apenas ler as cifras e tablaturas já era suficiente para ele aprender a tocar as músicas que desejava.

Essa pouca experiência com o violão e a guitarra fizerem bem para ele, pois agora Tom conhecia mais sobre esses dois instrumentos e podia falar de uma maneira melhor a sua opinião sobre eles para os clientes. Sabia avaliar se um violão ou guitarra era bom ou ruim, as qualidades e defeitos, se valia ou não a pena comprar o instrumento, entre outras coisas. Antes disso, Tom sempre pedia ajuda para uma atendente que era formada em música há mais de oito anos, e ela sempre respondia as dúvidas dos clientes com maestria. Quando Tom adquiriu experiência sobre o assunto e começou a responder as dúvidas dos clientes, a garota o parabenizou e incentivou para aprender sempre mais.

Essa garota atendia pelo nome de Trinity, e Tom nutria uma espécie de amor platônico por ela. Trinity, de vinte e seis anos de idade, tinha os cabelos dourados ondulados e longos até o meio das costas, olhos castanho-escuro, lábios rosados e nariz pequeno, sua altura não chegava aos um metro e setenta, e o corpo era magro, seus seios eram fartos e chamava atenção de qualquer homem, e também tinha as pernas grossas e bonitas, seus dois braços eram fechados de tatuagens coloridas, tinha um piercing na sobrancelha direita e outros dois no lábio inferior, um de cada lado da boca. Naquele dia ela estava usando um vestido negro.

— Tom, preciso de ajuda aqui – disse com uma voz suave e doce.

— Pois não?

— Chegou esse carregamento de guitarras e preciso de ajuda para colocá-las nos lugares certos.

A loja era muito organizada. Tinha uma prateleira apenas para violões, outra para guitarras e outra para baixos, e todas as prateleiras eram organizadas de acordo com as marcas dos instrumentos de A à Z. No meio da loja ficava as baterias, perto da entrada ficavam os pianos e teclados, e por fim, os instrumentos de sopro ficavam na vitrine da loja. Os equipamentos como palheta, correia, amplificador, capotraste, etc, se encontravam no balcão onde os recepcionistas ficavam.

Tom e Trinity demoraram quase uma hora para colocar as mais de trinta guitarras em seus lugares na prateleira. Quando terminaram, Trinity agradeceu o garoto com um beijo no rosto, que o deixou todo vermelho de vergonha. Poucos minutos depois disso, deu as 16h que a loja fechava e todos os empregados se retiraram do local, após terem fechado a porta e trancado, é claro.

Tom foi diretamente para uma praça onde tinha duas quadras de basquete para praticar o esporte e encontrar seus amigos, como sempre fazia após o trabalho. Agora com seus vinte e um anos de idade, Tom estava mais alto do que nunca. Aos dezessete ele já tinha um metro e oitenta e três, agora aos vinte e um anos a sua altura chegava aos um metro e noventa, portanto ele usava essa estatura para jogar basquete, e é claro que ele tinha uma enorme vantagem por causa disso.

Pelo menos uma vez ao ano tinha uma competição de basquete, e o time de Tom já tinha ganhado dois campeonatos de quatro que tinha disputado. Os times usavam uniformes dos times reais dos EUA, como: Los Angeles Lakers, Chicago Bulls, Cleveland Cavaliers, Miami Heat, entre outros, e o time do Tom usava o uniforme dos Bulls. Tom exercia a posição de pivô do time, e geralmente era o cestinha das partidas e também das competições.

— E aí, Tom, beleza, cara? – disse um garoto negro, baixo e forte. – Como foi no trampo? Tudo tranquilo?

— Tudo tranquilo, Gary – respondeu, colocando uma mochila no chão e a abrindo em seguida. – Todo mundo já chegou? – perguntou, enquanto pegava duas munhequeiras e uma touca, e depois as vestiu.

Os times geralmente só usavam os uniformes dos times reais quando estavam competindo, apesar de alguns times usarem os uniformes para treinar. Dois companheiros do time de Tom tinham o costume de usar o uniforme para treinar, porém, Tom usava sua roupa casual mesmo. Vestia o uniforme somente para a competição, ou para sair para algum lugar, tipo shopping, cinema, bar, etc.

— Sim, já chegaram. Estávamos esperando você, cara – respondeu Gary, pegando uma bola do chão e jogando em direção de Tom, que a agarrou firme com as duas mãos.

Depois de três horas, o treino do time de Tom havia encerrado. Todos os garotos estavam suados e cansados. Como já dito, Tom era o pivô do time; Gary era o armador; Bruce, um garoto negro e alto, era o ala; Arnold, um rapaz de altura média e de cabelos ruivos, era o ala armador; e por fim, Takashi, um garoto com traços asiáticos de pele pálida e cabelos médios e negros, era o ala pivô. O time era composto por cinco jogadores como sempre foi, contudo, os times não tinham jogadores reservas, e por isso garotos voluntários entravam no lugar de quem se machucava ou ficava exausto. Nenhum time tinha um reserva fixo, era escolhido por sorteio, e nenhum jogador reserva fazia corpo mole para um time e jogava o seu máximo para outro, todos os reservas se empenhavam para o time que fora sorteado, pois no final do campeonato, os reservas voluntários também ganhava troféu e medalha.

— Esse ano iremos ganhar esse campeonato! – disse Gary, todo marrento.

— Temos que treinar mais os arremessos livres... estamos errando demais – disse Takashi, limpando seu rosto suado com uma pequena toalha.

— Takashi tem razão – concordou Arnold. – Eu tenho que aprimorar minha velocidade também. Acho que estou lento demais – completou.

— Bom, amanhã iremos avaliar no que estamos falhando, e então vamos treinar e corrigir os erros, beleza? – sugeriu Tom, e todos assentiram.

— Agora tenho que ir, galera – anunciou Bruce, guardando a bola em sua mochila. – Amanhã no mesmo horário? – perguntou. Todos disseram "sim", e então o garoto se retirou.

Tom fez o mesmo que Bruce, se retirou da praça após pegar sua mochila e dessa vez foi para sua casa. Chegando lá, cumprimentou seu cachorrinho filhote da raça beagle que ele batizara pelo nome de Hank para homenagear o seu avô. O garoto viu que as vasilhas de comida e água estavam cheias e foi direto pro banheiro para tomar um banho quente. Depois disso, foi para seu quarto onde trocou de roupa e se perfumou de uma colônia que ouvira Trinity dizer que gostava. Enquanto estava vestindo suas roupas, Tom pôde ver no seu próprio reflexo do espelho duas cicatrizes que ganhara na batalha contra os canibais no shopping. Uma delas se localizava um pouco acima do peito, quase no ombro, e a outra se localizava no canto da barriga, um pouco acima da cintura, próximo do rim. Ambas as cicatrizes foram de tiros durante a batalha. Tom chegou em North Hopeville ainda com os projéteis dentro da sua carne e foi necessário cirurgia para retirá-los.

Fez mais algumas carícias em Hank antes de sair da sua casa e começar a caminhar em direção ao bar de James e Stefan. Já fazia um bom tempo desde que Tom visitara seus amigos, e ele estava com vontade de jogar sinuca e pôquer. Ele estava com saudade de perder para o James na sinuca e ganhar de Rafiq no pôquer. Sorriu com essas lembranças na cabeça e acelerou o passo.

Quando estava há menos de dez minutos para chegar no bar, ouviu um barulho estranho. No primeiro momento, Tom pensou que seus ouvidos estavam enganados. Afinal, não era possível. Tom não ouvia esse som há quatro anos. Era grunhidos de infectados.

— Mas que merda é essa? – perguntou para si mesmo.

Adentrou um beco consideravelmente estreito e o som dos grunhidos ficaram maiores. Viu no chão desse beco uma mancha enorme de sangue, e Tom julgou que aquilo estava seco há muito tempo. De fato estava, pois era o sangue de Ariel, que fora atacada ali há algum tempo. Deu meia volta e quando ia retirando seu celular do bolso, se esbarrou em uma lata lixo que caiu no chão e fez um barulho alto. Tom levantou a lata de lixo novamente e foi até calçada pra voltar a caminhar em direção ao bar enquanto fazia uma ligação. Porém, em nenhum momento ele olhou para trás, e esse foi um erro enorme que ele cometeu.

Tom estava digitando o número da polícia, quando sentiu uma pancada forte na cabeça e depois disso não viu e não se lembrou de mais nada.


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Notas finais do capítulo

Tom foi pego pelo mesmo cara que pegou a Ariel. Quem é esse cara? O que ele quer, e o que ele tá aprontando? Acho que temos um mistério aqui...



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