TWD - Quinta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 5
Quatro


Notas iniciais do capítulo

"Os deles pelos nossos. Todos voltam para casa."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726317/chapter/5

Ontem à noite, quando Daryl chegou com aquele menino e nos contou o que tinha acontecido, pareceu que meu estomago deu muitas voltas. Ele e Carol seguiram um carro, o mesmo carro que tinha sequestrado Beth até Atlanta e agora, os caras tinham atropelado Carol e lavado com eles. O menino negro, Noah, disse que eles estavam em um hospital e que conhecia Beth, que ela havia lhe ajudado a escapar, mas que ainda continuava lá.

As fortificações começaram logo no amanhecer e para ficar longe da barulheira que estava lá dentro da Igreja, fui com Theodore tomar um pouco de sol, mas mesmo assim ainda podia escutar as pessoas martelando madeiras nas janelas e Sasha quebrando os bancos.

Basicamente, estava dando um até logo para o meu filho porque eu iria para Atlanta com eles buscá-las e ninguém iria me segurar aqui.

Era como se eu devesse isso as duas.

Carol me preparou psicologicamente durante a gravidez para me ajudar com o parto e assim que o neném nasceu, Beth começou a me ajudar com os cuidados. E sem falar que Carol e Tyreese cuidaram de Theodore e Judith durante uma semana inteira, quando o grupo se separou na Prisão.

Quando todas as fortificações ficaram prontas e chegou a hora de partir para Atlanta novamente, deixei Theodore nos braços de Carl, pois ele, Michonne e o Padre ficariam cuidando da igreja e das crianças enquanto íamos até Atlanta.

Enquanto Rick se despedia de seus filhos, eu fui caminhando em direção ao caminhãozinho que Daryl e Noah vieram e logo tratei de me acomodar.

Teríamos um longo caminho pela frente.

Droga, isso me lembrava de quando fomos buscar Merle na loja de conveniência em Atlanta.

E agora voltaríamos novamente até Atlanta...

Durante os primeiros minutos de viagem, o silêncio foi bem aceito por mim, mas quando passou meia-hora escutando apenas respirações, fiquei grata quando Sasha se cansou dos olhares do irmão mais velho.

— Sim? – Ela perguntou para ele, sua voz estava arrastada

Desde quando Bob morreu, ela havia se fechado. Sasha começou a vestir a jaqueta do namorado e começou a fazer as coisas sozinha, parecia evitar de conversar com a gente, pois sabia que uma hora ou outra falaríamos sobre sua perda, sobre a nossa perda.

— Sabe que eu passei por isso. – Tyreese disse a ela, ele estava sentado bem ao seu lado, com seu rosto virado para olhá-la

Mesmo estando sentada do outro lado do baú do caminhãozinho, com Kylie, Sam e Jason consegui escutá-lo falar como se estivesse do meu lado.

Isso porque o baú do caminhão era pequeno e Deus do céu, era quente.

— Eu sei. – Sasha comentou, olhando para o irmão

— Bob iria querer...

— Não. – Sasha interrompeu o irmão, praticamente no mesmo instante que escutou o nome do seu namorado – Desculpe. Por favor, não fale. Ok?

Tyreese concordou em silêncio e acenou positivamente com a cabeça.

Ah droga, iriamos voltar para o silêncio novamente.

— Atlanta, uh? – Jason murmurou, segundos depois dos dois irmãos pararem de falar

Ou não.

— Vocês moravam lá, né? – Sam perguntou num resmungo, alternando o olhar entre nós dois, enquanto passava a mão pela testa, limpando o suor que estava começando a surgir – Atlanta era muito longe do trabalho. – Ele balançou a cabeça negativamente – Depois que me transferiram para o Fort Benning, eu me mudei para Columbus. 20 minutos de carro.... Porra, sinto falta de lá.

— Columbus? – Kylie perguntou, como se tentasse se lembrar onde ficava o lugar – Me falaram que o lugar era meio parado.

— Ah, sim. – Sam resmungou, dando de ombros – Foi uma das razões por eu ter ido pra lá.... Quer dizer, ir no bar era legal e tal, mas as vezes eu só precisava de um lugar calmo pra passar a noite depois de um dia de merda.

— “Era legal e tal”.... – Imitei Sam, enquanto segurava o riso – Sério? Você sempre foi o primeiro a ficar louco quando íamos beber.

Sam riu, enquanto me empurrava com o seu ombro. Kylie riu baixo, se afastando um pouco de mim para não levar uma cotovelada em nenhuma parte do seu corpo e ao seu lado, escutei Jason rir.

E assim ficou até o resto da nossa viagem, conversamos sobre nossas antigas vidas, sobre os lugares que costumávamos visitar quando queríamos ficar loucos, sobre nossos vizinhos e os planos que tínhamos antes de tudo isso acontecer. 

Quando desci do caminhão e respirei o ar puro, me senti muito melhor e mais preparada para o que iria acontecer. Me apoiei no ombro de Sam ao chegarmos no galpão abandonado e começarmos a repassar o plano. Rick estava ajoelhado, desenhando um mapa na poeira do chão, um mapa sobre o que tínhamos ao nosso redor até chegarmos no Hospital. Tyreese, Noah, Kylie, Sasha, Jason, Sam, eu e Daryl estávamos todos ao seu redor, prestando atenção em tudo que ele falava.

— Atiramos para cima ao pôr do sol. – Rick nos dizia, e sutilmente apontou para cima, onde sabíamos que tinha um telhado no topo do galpão – Dois deles saem em patrulha. Quando ficar escuro e o vigia do teto não nos vir, vamos atacar. Vamos agir em duplas. Cortamos os cadeados da escada, subimos ao quinto andar, eu abro a porta, Daryl e Gabriela liquidam os guardas.

— Como? – Tyreese perguntou, e eu meio que achei que já sabia da resposta

— Cortando a garganta deles. – Rick lhe respondeu, como se fosse obvio, antes de olhar para todos nós – Temos de agir em silêncio, mantendo a vantagem. Eles não estão nos esperando. Depois nos espalhamos. Faca e armas com silenciadores. Precisamos ser rápidos. – E então ele abaixou seu olhar, para fazer mais dois X no mapa, onde estaria desenhado o telhado do galpão – Tyreese e Sasha, acabem com eles. – Ele olhou brevemente para o meu amigo – Kylie e Jason, cuidem de quem estiver na cozinha.

— Vai ser fácil. – Jason murmurou, olhando para Kylie de canto de olho

A mulher apenas estalou a língua, enquanto franzia o cenho. Parecia passar e repassar o plano de Rick em sua cabeça diversas vezes.

— Eu e Sam pegamos a Dawn. – Rick continuou, depois de afirmar com a cabeça - Se forem espertos, o resto se entrega. Então, serão oito no terceiro. Nove no terceiro assim que dermos uma arma para a Beth.

— Quinze no terceiro. – Noah disse a ele – Todos vão ajudar.

— Tá, olha, se ninguém vai falar, eu vou. – Kylie comentou, balançando a cabeça negativamente – O plano é bom, mas... – Ela fez uma careta meio exagerada – Já pensou se nada disso acontecer? E se um de nós não conseguir fazer o que tem que fazer? Se um dos policiais passar no corredor numa hora errada e nos pegar no flagra? E eu não sei vocês, mas eu não quero levar um tiro.

— Isso é verdade. – Tyreese concordou com ela, olhando-a brevemente – E aí podemos dar adeus ao silêncio, porque todo mundo vai entrar na dança. O que não vai faltar é balas voando.

— Bom... – Sasha murmurou, alternando seu olhar entre os dois – Se assim for preciso.

— Pensem no que ela disse. – Tyreese retrucou, balançando a cabeça negativamente – Sempre temos que pensar no “E se...”. Olha, se pegarmos dois de seus guardas, vivos, podemos fazer uma troca. Os deles pelos nossos. Todos voltam para casa.

— Sim, eu entendi. – Rick lhe disse, se levantando do chão – E pode funcionar. – Ele colocou a mão no ombro de Ty e olhou para Kylie durante alguns segundos – Mas isto vai funcionar.

— Não, do outro jeito também. – Daryl comentou, olhando para Rick, antes de desviar seu olhar para o menino negro – Você disse que essa Dawn só quer se virar, não é?

— Falar é uma coisa, fazer é outra. – Noah comentou, balançando a cabeça negativamente

— Pegando dois policiais dela, que opção ela tem? – Daryl perguntou, voltando a olhar para Rick – Todos voltam para casa. Como ele falou.

Rick ficou em silêncio por alguns segundos, mas por fim, terminou aceitando que Kylie e Ty tinham alguma razão, porque agora, tinha a palavra de Daryl que faríamos dar certo.

Para mim não importava, pois de um jeito ou de outro, pegaríamos dois membros valiosos da nossa família de volta.

Chega de separações.

De uma vez por todas.

Os tiros ecoaram por todo o lugar e assim que escutamos o som de pneus cantando, soubemos que tinha dado certo, eles estavam aqui. Depois de escutar o carro parar abruptamente, ao se chocar com algo, esperei poucos segundos até conseguir escutar as portas sendo abertas e uma voz feminina soar, seguida por uma voz masculina.

— Abaixe, Noah.

— Abaixe a arma!

Apurei meus ouvidos para escutar o que estava acontecendo, sentindo Sam se mexer minimamente do meu lado, apertando sua arma. Dos poucos segundos que se passaram, apenas um som chegou aos meus ouvidos, e pareceu mesmo que Noah tinha deixado sua arma no chão.

O garoto Noah era a nossa isca e a chave definitiva para a nossa entrada naquele hospital. Ele mesmo concordou com isso, quando lhe garantimos que ficaríamos de guarda, tomando conta das suas costas.

E realmente estávamos.

Todos nós.

Só precisamos esperar mais um pouquinho.

Pelo momento certo.

— Levante as mãos. – A voz feminina disse, e me pareceu que a mulher tinha mesmo aquele jeito de ser mandona – Vire-se.

— Avise se estiver apertado demais. – O homem comentou, depois de alguns segundos

— Pensei que fosse esperto, Noah. – A mulher comentou, um tanto quanto ríspida – Achou que não ouviríamos?

Logo a minha frente, Rick nos fez um sinal e então, lentamente, cuidando dos nossos passos, nós caminhamos, em silencio até onde eles estavam conversando.

Conversando entre aspas, claro.

Haviam apenas dois policiais, como o esperado. Estavam de costas para nós, e um deles, estava algemando Noah, enquanto a mulher lhe apontava a arma, como se ele fosse algum tipo de ameaça.

Ah, querida, você ainda não viu nada.

— Cadê as coisas em que atirava? – O homem perguntou para o garoto negro

— Que reuniãozinha convidativa. – Falei alto, chamando a atenção deles para nós e assim que os dois se viraram, levantando suas armas para nós, se depararam com sete pessoas armadas, preparadas para atirar e uma, com o plano backup, uma faca japonesa que Kylie insistia dizer se chamar kunai

— Levantem as mãos. – Rick disse alto, para os dois desconhecidos

— O que querem? – A mulher nos perguntou logo em seguida

— Seja o que for, podemos ajudar. – O policial nos disse, rápido

— Obedeçam e não machucaremos vocês. – Rick falou para eles, seu tom de voz era sério e calmo

Os dois policiais continuaram com as armas levantadas, apontando-as para nós. Mas no fundo, deveriam saber que mesmo se nos acertassem, morreriam. Estávamos em maior número.

— Está bem. – O policial disse por fim, levantando as mãos

A mulher ao seu lado olhou brevemente para ele, antes de crispar os lábios e imitar seus gestos, se rendendo.

— Bom. – Rick comentou, parecendo levemente satisfeito – Agora, virem-se. Ponham as armas no chão e ajoelhem-se.

Enquanto Rick os obrigava a se ajoelhar e deixar as armas no chão, Daryl e Sasha ficaram responsáveis por pegar suas armas e amarrarem os dois. Noah caminhou até Kylie e esta, usou sua faca e cortou sua algema improvisada, lhe soltando.

— Olha, - Falei, rondando eles para eles poderem me ver – nós precisamos conversar. Temos água e comida se quiserem...

— Posso fazer uma pergunta para vocês? – O policial perguntou, enquanto Daryl o puxava para cima, para se levantar

— Eu preferiria que não fizesse. – Respondi, negando com a cabeça

— Vocês três são militares, eu vi assim que coloquei meus olhos em vocês, nas suas tatuagens e nas roupas camufladas. A mulher loira é paramédica, não precisa ser um gênio para adivinhar. – O policial comentou, mesmo assim, enquanto olhava para as nossas roupas e o casaco azul marinho de Kylie – Mas agora você... – Ele olhou para Rick - Pelo seu jeito de falar, de se comportar, você era policial? – O homem ficou um pouco em silencio, mas continuou a falar assim que Rick não lhe respondeu – Acredite se quiser, eu também fui.

— Esse é o Lamson. – Noah nos avisou, esfregando o pulso – Ele vai topar. É um dos bons.

— Será mes...

Parei de falar assim que escutamos o som de pneus cantando e começamos a atirar, logo que vimos um carro preto se aproximar em alta velocidade. Ao ver que ele iria passar por cima de todo mundo, nós praticamente corremos para o lado, onde tinha alguns metais que serviriam como proteção. O carro parou onde estávamos e assim que o motorista destravou as portas, os policiais que momentos antes tínhamos como reféns, entraram no carro, enquanto o motorista se ocupava em atirar em nossa direção.

Quando o motorista parou de atirar e acelerou, Sasha foi a primeira a tomar uma atitude e atirar na roda do carro, mas mesmo assim, ele não parou imediatamente e por isso, nós corremos atrás dele, passando pelas vielas entre os galpões e quando avistamos o carro, Rick nos mandou parar.

O carro com a cruz no vidro traseiro estava parado mais à frente, com as portas abertas. O lugar era horrível. Haviam corpos de caminhantes no último estágio de decomposição espalhados por todo o grande pátio, trailers queimados e enferrujados. O lugar era literalmente um cemitério.

Cobri meu nariz com o braço, enquanto mantinha a mão que segurava a pistola levantada conforme andávamos contornando os caminhantes que ainda estavam vivos, mas grudados no chão.

Nunca me acostumei com o cheiro.

E acho que nem vou me acostumar.

O som de metal chamou nossa atenção para algo mais à frente, saindo de um dos trailers enferrujados, os dois policiais que pegamos como reféns estavam correndo, fugindo de nós.

— Dois. – Rick falou, meio alto – Sigam-me.

É, tinham dois, mas faltava um.

Corri atrás de Rick, seguindo-o de perto, escutando os passos dos outros atrás de mim. Mas ao seguir por alguns metros e olhar para trás, um sentimento muito ruim se apossou do meu corpo ao notar que Daryl não estava nos seguindo. Deixando com que os outros se afastassem de mim, me virei e corri na direção contrária deles, fazendo todo o caminho de volta. Ao virar a esquina e me encontrar no lugar que o carro deles estavam parados, vi o que eu mais temia. O policial inimigo tinha acabado de ser atingido por uma fucking cabeça de caminhante no rosto por Daryl e tinha saído de cima dele. Me aproximei a passos muito largos e assim que vi o policial ameaçar ir para cima do caçador novamente, eu atirei no chão perto de sua mão, um tiro de aviso.

— Não ponha suas mãos imundas no meu marido. – Rosnei, a poucos palmos de distância dele, apontando a minha pistola diretamente para a sua testa

Aquele homem não precisava saber daquilo, mas nossa, era muito bom dizer aquilo em voz alta.

Meu marido.

— Ok. – O policial me disse, ele era meio gordinho, careca e sua cabeça estava manchada de sangue – Você ganhou, vadia.

Não me atrevi a tirar os olhos do homem, mas sabia que no chão, Daryl estava respirando pesado como se o ar tivesse lhe faltado por muito tempo.

Aquele filho da puta enforcou ele?

— A única coisa que me impede de acabar com sua vida inútil é porque três é melhor do que dois. – Falei para ele, crispando meus lábios – Mas se não fosse...

— Gabriela. – Daryl chamou minha atenção, enquanto se levantava do chão e ainda respirava com dificuldade

Respirei fundo, concordando levemente com a cabeça enquanto observava meu marido ir por trás do policial e amarrar suas mãos, como tinha feito com o outro policial que Rick e os outros estavam atrás.

O resto do grupo nos encontrou na entrada do galpão. Rick e Noah foram os primeiros a entrar, sendo seguidos por nós e os três reféns, devidamente amarrados e quietos.

Caminhando na frente ao lado de Daryl, deixei com que Kylie, Sam e Jason ficassem por trás para evitar que fugissem, enquanto Sasha e Tyreese cuidavam das laterais, deixando as nossas moedas de trocas no meio.

Mais à frente no galpão, Noah e Rick já estavam conversando, ajoelhados em frente ao desenho do mapa que Rick havia feito mais cedo, para o primeiro plano.

— Como seu amigo se chama? – A policial nos perguntou, chamando parte da nossa atenção – Preciso conversar com ele. Seu plano será a nossa morte.

— Vai funcionar. – Sasha murmurou, para faze-la parar de falar

— Funcionaria se fossem trocar outros policiais. – A mulher nos disse, parando de andar e propositalmente nos fazendo parar também – Dawn está arrasando com o Grady. Alguns de nós queremos tirá-la e ela sabe. Também deve saber que queremos Lamson em seu lugar.

— Dawn não sabe disso. – O terceiro policial que estava lutando com Daryl mais cedo disse para a mulher

— Talvez saiba. – A mulher retrucou, olhando para ele e depois desviou o olhar para nós - Ela é inteligente. Tem uma boa chance de isto não funcionar e todos nós vamos morrer. Se nos deixarem ir, damos um jeito na Dawn, soltamos suas amigas e fim de papo.

— Não, a gente não vai fazer isso. – Lamson disse a ela, negando com a cabeça

— Quer morrer? – A mulher perguntou para ele, parecendo perplexa

— Não. – Ele respondeu, crispando os lábios, parecia cansado – Só precisa calar a boca agora. O plano pode funcionar. Mas precisam falar com ela.

— Noah contou tudo sobre ela. – Sam comentou com ele

— Eu a conheço há oito anos, senhor. – Lamson disse a ele, olhando-o por alguns segundos antes de voltar sua atenção para o resto de nós – Conheço essa mulher. Só quero saber de uma solução pacífica, não morrer e dormir na minha cama à noite. Então, por favor, deixem-me ajudar vocês.

— Ei, Rick. – Daryl disse alto, se virando para onde ele estava e chamando sua atenção – Vai querer ouvir isto.

Deixei eles cuidarem disso e enquanto Rick se aproximava, eu me afastava, não tinha o porquê escutar toda aquela conversa novamente. Fui me sentar perto da janela e das nossas mochilas, travei a minha pistola e tirei o pente, para recarregá-lo enquanto observava Rick conversar com Lamson, antes de separar os três policiais, deixando-os sentados em pilastras afastadas.

Não fiquei surpresa ao receber o restante das armas para recarregá-las também e assim que terminei tudo, fui devolver para cada um o que lhe pertencia. Comecei com os mais próximos, entreguei a pistola de Noah para ele e lhe dei mais um pente, depois, fui até Jason e Sam e lhes entreguei suas metralhadoras, mas sem antes reclamar dizendo que eles mesmos poderiam ter recarregado seus pentes e escutar Kylie dizer que eles pareciam mesmo serem folgados ao extremo. E assim que notei que a Sasha e o Tyreese haviam voltado, fui lhes entregar suas armas recém carregadas e prontas para uso.

Caminhei calmamente até Rick, e lhe estendi seu revolver. O meu amigo ex-policial estava agachado perto de Lamson, conversando com ele.

Acho que estavam falando sobre nosso plano.

Por aí.

— Vamos sair daqui em dez minutos. - Rick comentou, ao pegar o revolver da minha mão, mas não estava necessariamente olhando para mim – Quer alguma coisa antes de sairmos?

— Água viria a calhar. – Lamson murmurou

Rick olhou para trás, para o lugar em que eu estava uns minutos antes, que agora era ocupado por Sasha, a qual estava arrumando nossas coisas e apenas com o olhar dele, ela entendeu que teria que dar água para o refém.

— Pode deixar. – Rick comentou, se levantando do chão – Obrigado, sargento Lamson.

— Eu me chamo Bob. – Lamson lhe disse

Ao fundo, pude ver Sasha parar o que estava fazendo e olhar para trás, diretamente para o homem que tinha o mesmo nome do seu namorado falecido.

— Ainda é um policial. – Rick disse para ele, dando de ombros

— Não. – Lamson negou, balançando a cabeça negativamente – Não, os verdadeiros se foram.

Balancei a cabeça negativamente, me afastando deles. Aquela conversa não iria me levar a lugar nenhum e sinceramente, eu tinha mais o que fazer. Aproveitei que Daryl estava livre e caminhei em sua direção, ignorando as conversas alheias, carregando a metralhadora dele em meus ombros.

— Ei. – Chamei sua atenção, ele estava caminhando na direção de Noah, mas parou no meio do caminho quando percebeu que eu estava me aproximando dele – Ela está pronta, recém carregada. – Tirei a metralhadora dos ombros e lhe estendi. Fiquei alguns segundos em silêncio, observando o caçador pegar a arma calmamente da minha mão e ajeitá-la em seu ombro – Você está bem? – Resolvi perguntar, apenas para ter certeza

— Por que não estaria? – Daryl me perguntou, juntando as sobrancelhas

— Bom, então isso já me responde. – Murmurei, balançando a cabeça negativamente – Desde que você voltou, não está lá muito falante comigo.

— Não se preocupe, querida... – Ele parou de falar, assim que olhou algo por cima dos meus ombros – Porra!

Me virei no mesmo instante, apenas para conseguir ver Lamson correndo, com Rick logo atrás dele, tentando pegá-lo. Enquanto Sam e Jason vigiava os outros dois reféns, fui ajudar Kylie a acordar a irmã de Ty, pois ela tinha sido nocauteada pelo Lamson.

— A cabeça dela... – Tyreese murmurava, agachado no chão, segurando sua irmã em seu colo

— Estou vendo. – Kylie murmurou de volta, enquanto esticava a mão para pegar a garrafinha de água que estava jogada no chão, perto de nós – Ela vai ficar um galo, mas vai ficar bem. – Ela comentou calmamente, olhando para ele de relance, antes de se virar para mim – Você tem um lenço ou algo assim? – Ela me perguntou e assim que me viu negar, franziu os lábios – E quais as chances de alguém aqui ter?

Pedi um minuto com a minha mão e me afastei deles, caminhando à passos largos em direção ao único homem que eu sabia que guardava um lenço no bolso desde... bem, sempre.

— Seu lenço. – Foi a primeira coisa que falei, ao estender minha mão na direção do caçador, mas não lhe dei tempo de responder antes de eu mesma pegar o lenço vermelho do bolso de trás da sua calça jeans – Obrigada, D.

Escutei Daryl resmungar enquanto me afastava e assim que cheguei perto o suficiente de Kylie, coloquei o lenço em suas mãos. Ela fez alguns comentários sobre o quão sujo aquele lenço estava, antes de deixar o lenço no colo e abrir a garrafa, para então, embebedar a borda do lenço, deixar a garrada de lado e se inclinar na direção de Sasha, colocando a parte molhada do lenço em partes do rosto da mulher.

Bom, se fosse eu, provavelmente estaria indecisa entre jogar toda a nossa água na cara dela para acordá-la ou chacoalha-la um pouquinho.

Péssima amiga, eu sei.

Tyreese respirou aliviado, assim que viu a irmã abrir os olhos e levar a mão até a testa, onde o galo roxo estava começando a aparecer.

— Droga... – Sasha murmurou

— Bem-vinda de volta. – Kylie comentou, sorrindo – Como se sente?

— Como uma idiota. – Ela resmungou, crispando os lábios

— Ei, não fica assim. – Falei, enquanto colocava as mãos dentro dos bolsos da minha calça – O Rick foi atrás de Lamson, não se preocupe.

— Toma. – Kylie disse, estendendo a garrafinha de água na direção dela e assim que Sasha a pegou, ela continuou – Beba, é ordens médicas.

Antes de se levantar, Kylie torceu o lenço vermelho e me entregou. Dei uma última olhada para Sasha e me afastei, caminhando em direção ao caçador novamente e assim que cheguei perto o suficiente, coloquei o lenço de volta em seu bolço, deixando a parte molhada para fora, no intuito de deixa-la ali, secando. 

Enquanto Tyreese ajudava a irmã a se levantar com a ajuda de Kylie e a conduzia até nós. Sasha se sentou em um banquinho próximo e ficou ali, de cara feia. Eu sabia que ela estava se culpando por ter deixado Lamson apaga-la e fugir, mas até eu estava quase caindo no falatório dele, ela não tinha que se culpar por isso.

Minutos depois, ao ver Rick passar pela porta sozinho, Daryl e eu caminhamos ao seu encontro, para conversar. Mas eu já sabia o que tinha acontecido, desde quando escutamos um único tiro.

Lamson estava morto.

— Ele não parava. – Rick explicou, alternando o olhar entre nós dois

— Isso muda as coisas? – Daryl perguntou, olhando para ele

— Só pode mudar. – Rick murmurou, em resposta

— Talvez não. – O caçador comentou, balançando a cabeça negativamente

— Ela disse que não funcionará, pois, o autor do plano morreu. – Rick disse baixo, olhando para nós – Talvez tenhamos de repensar.

— É, mas também falaram que a encarregada não gostava dele. – Daryl comentou novamente – Vai ver fez um favor a ela.

— Não dá pra saber se eles vão cooperar com a gente. – Comentei com eles, indicando os dois reféns com a cabeça

— Vamos descobrir.

Concordei com a cabeça e segui os dois, de volta para o lugar em que eu estava a uns segundos antes, com os outros do grupo.

— Ele era um bom homem. – A policial disse, assim que chegamos perto deles – Foi atacado pelas coisas. – Ela comentou, olhando diretamente para Rick - Vi tudo acontecer.

— Mas que ótima mentirosa. – Murmurei, erguendo levemente as sobrancelhas e me virei para Rick – Ela não é boa?

— Estamos por um fio. – A policial continuou a falar, depois de respirar fundo – Ele foi atacado pelas coisas. Ponto final.

— Você falou que a troca era má ideia. – Daryl disse a ela, balançando levemente a cabeça – O que mudou?

— Lamson era a nossa aposta. – Ela respondeu, no mesmo segundo – Vai ser assim ou vão cair matando, né? – Ela respirou fundo, novamente, olhando para o caçador – Você não quer isso.

— Se for armação e der errado... – Daryl disse, deixando a ameaça no ar, enquanto apontava o dedo para o rosto dela

— Eu sei. – Ela disse alto, olhando para nós – Sei distinguir os bons dos maus. Deixem-nos ajudar vocês.

— E você? – Rick perguntou, apontando para o policial ao lado dela – Quer viver? O quanto?

— Dawn tem medo de parecer fraca diante de nós. – O homem que horas antes estava lutando com Daryl, comentou – Acha que tudo se voltará contra ela. E vai, sim. Ela verá a troca como uma fraude se achar que matou um de nós. Então, é bom Lamson ser moto pelas coisas.

Rick virou o rosto na nossa direção, seu olhar passou de mim para Daryl e assim que nos viu assentir com a cabeça, ele concordou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, eu não poderia deixar de vir aqui agradecer as pessoas que recomendaram a nossa história ♥ Imagina eu, abrindo o app do Nyah para ler um novo cap de uma fic que acompanho e aí, me deparo com a nossa SEGUNDA recomendação. Posso dizer com todas as letras que tenho as melhores leitoras do mundo, porque só vocês e apenas vocês conseguem me deixar animada para postar as maluquices que escrevo.

Kylie e AustenGirl, não tenho palavras para expressar o meu carinho por vocês e é por isso mesmo que quero que sintam-se abraçadas.

Sei que posso ficar muito, muito tempo aqui escrevendo agradecimentos por vocês serem quem são e blá, blá, blá, mas não vou fazer isso porque não quero entediar ninguém. Apenas saibam que a melhor parte do meu dia é poder conversar com vocês através dos comentários, saber o que pensam...


Bom, já falei demais...


Beijos e até a próxima atualização,
Gabs.


PS: Apenas não coloquei o agradecimento nas notas iniciais porque sou uma louca obsessiva com padrões. Desculpem qualquer coisa ♥

PS²: Sou péssima com palavras, mas de forma direta o que eu quero dizer em todo o texto é: Obrigada.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TWD - Quinta Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.