Pouco mais de uma semana depois do inicio das gravações do programa, a produção havia finalmente estabelecido uma rotina e então a transmitiram para os participantes. As gravações ocupariam dois dias da semana, num terceiro dia seria feito a gravação dos takes, e no quarto dia os participantes teriam uma folga, logo em seguida o processo começava novamente com dois dias de gravação.

Regina acordou meia hora antes do usual, queria tomar o desjejum mais cedo para poder se isolar um pouco antes da prova e assim se concentrar, precisava ser excelente no desafio individual, visto que não sabia o que a esperava no desafio em grupo e não estava disposta  deixar Robin encontrar qualquer mínimo motivo para culpa-la por algo errado como havia acontecido no ultimo desafio.

Numa quase rotina, após se saciar a morena encheu um xicara com chá e caminhou para fora da casa, em direção ao aras, adorava passar o máximo de tempo possível em contato com a natureza, mesmo se considerando uma garota da cidade.

“Bom dia!” Regina disse a figura loira que surpreendentemente caminhava na direção dela e soltou um riso comedido quando viu uma fumacinha saindo de sua boca ao falar por causa do frio.

“Regina! Bom dia.”

“Você estava no aras?” Ela perguntou devido a direção na qual ele vinha caminhando.

“Sim, eu gosto de passar um tempo com os cavalos antes de começar o dia, eles me transmitem bons sentimentos e me fazem lembrar de coisas boas.”

“Eu sei, eu adoro passar o máximo de tempo possível com eles. Bem garota do interior.” Ela disse sorrindo.

“Twilight não esta aqui essa manhã.”

“Oh! O que houve?” Inicialmente ela apenas registrou o fato de que algo poderia ter acontecido com seu animal favorito daquele lugar, mas logo em seguida seu subconsciente registrou o fato de que Robin parecia saber o quanto ela gostava daquele cavalo, e ela se perguntou como ele sabia disso.

“Esta tudo bem com ele, mas ele e Aurora precisaram ir para a capital, eles vão participar de uma competição de equitação.”

“Ah! Aurora havia me dito, mas por algum motivo isso me fugiu a mente e eu pensei que fosse na próxima semana.  Espero que eles ganhem.”

“Eles formam um ótima dupla.”

E assim o silencio se fez presente, eles queriam falar tantas coisas, mas ao mesmo tempo tinham medo de dizer algo e serem interpretado erroneamente. Apesar do silencio permaneceram de frente um para o outro, gostavam de estar um na presença do outro e não queriam se separar.

“Bom dia” Uma voz doce invadiu o ambiente e quebrou o encanto no qual os dois tinham se perdido, e ao olhar sob os ombros Regina viu Marian, uma das competidoras caminhando na direção em que ela e Robin estavam.

“Bom dia!” Regina respondeu com um sorriso, mas Robin permaneceu calado.

“Aqui fora esta tão frio.”  Marian disse em uma tentativa de aliviar o clima que de repente parecia tenso, e ela se quer podia imaginar o motivo.

“Ainda é muito cedo, logo deve esquentar.” Regina respondeu, e ela também havia percebido a tensão por isso se empenhou ao máximo em oferecer subsidio a Marian para que elas estabelecessem um dialogo, por mais bobo que fosse.

“Eu preciso ir.” A voz marcante de Robin de repente interrompeu as duas, e num piscar de olhos ele já caminhava em direção a casa colocando o máximo de distancia possível entre ele e as duas mulheres.

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Pouco antes do almoço a produção reuniu os participantes e pediu que eles se preparassem  pois naquela tarde outra prova seria gravada. Enquanto colocava a doma que tinha seu nome gravado a morena sentiu com se o estomago estivesse retorcendo em seu interior, apesar de cozinhar ser seu grande amor, não havia uma só vez em que ela se propunha a cozinhar que não se sentia nervosa, principalmente quando cozinhava para ser avaliada.

Como dito pela morena mais cedo, com o decorrer do dia o sol saiu de trás das nuvens e acabou por esquentar o ambiente de uma forma acolhedora, e enquanto caminhava junto ao restante dos participantes rumo a Tenda ela sorriu. Regina gostava dos dias quentinhos.

“Confeiteiro!” Paula saudou os participantes que se organizaram em uma fila horizontal em sua frente. “ Como vocês devem ter percebido, essa semana nos vamos ter uma pequena mudança, vocês vão ter como jurados apenas Robin e eu, a filha de Giuseppe nasceu essa semana e ele como um pai babão tirou alguns dias de folga de vocês.”

Vários ‘anw’ foram ouvidos em quanto Paula explica, e ao final risadas invadiram o ambiente, fazendo com que até mesmo ela risse.

“Ser confeiteiro não envolve apenas a arte de fazer uma deliciosa e apresentável sobremesa, é preciso também conhecer os alimentos, saber como trata-los e principalmente saber como usa-los e combina-los. Por isso no desafio individual de hoje, vocês irão sortear nome de lugares que vão conter alimentos que vão ser a matéria prima das sobremesas que vocês irão fazer hoje.”

Excitação e surpresa estampou a feição dos participantes e um por um eles caminharam até o Robin que seguravam um recipiente cheio de papeizinhos dobrados. Alguns participantes ficavam muito felizes com o que pegavam outros nem tanto e não faziam questão de esconder o quanto não havia gostado.

“Regina” Robin disse com um sorriso no rosto quando a morena se aproximou para pescar o seu papelzinho, e ela não se conteve e sorriu de volta.

Ao desdobrar com cuidado a morena viu a palavra ‘fruta’ escrita em uma caligrafia muito elegante, e imediatamente deixou o cérebro começar a trabalhar em possíveis receitas.

“Bom vocês foram divididos em três grupos.” Paula começou a falar chamando a atenção de todos. “Um grupo ficou com a matéria prima o leite, lembrem-se vocês pode fazer o que quiserem desde que o leite seja o personagem principal da receita, outro grupo ficou com ovos, e as recomendações são as mesmas, do mesmo jeito para o ultimo grupo que ficou com as frutas.”

“O tempo de prova será uma hora e vinte minutos, e começa AGORA!” Robin disse e no minuto seguinte não havia mais nenhum competidor sob a tenda, todos corriam em direção ao lugar onde seus ingredientes estavam.

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“Regina.”  Paula cumprimentou a morena que estava a totalmente concertada na receita que preparava. Ao contrario dos outros participantes que conversavam e brincavam o tempo todo, a morena apenas ria de alguns comentários vez ou outra, preferindo manter o foco na prova.

“Chefe!”

“Qual foi o seu grupo e o que você vai preparar para gente?”

“Meu grupo foi o das frutas, e minha receita é uma Tarte Talin de maçã com acompanhamento de farinha de amêndoa.” A morena disse rindo.

“Você vai usar a massa folhada?”

“Sim!” A morena disse fitando a jurada e viu algo no olhar dela que fez o seu estomago revirar. Paula não parecia aprovar a receita.

“Boa sorte!” Paula disse ainda com um sorriso no rosto e caminhou em direção a próxima bancada, levando consigo as câmeras, e Regina soltou uma longa respiração, se lutando ao máximo contra as lagrimas que pinicavam no canto do olhos.

O Tarte Talin precisava ir pelo menos durante quarenta e cinco  minutos ao forno, e ela quase não conseguiu coloca-lo no forno a tempo. Soltando uma respiração de alivio, ela fechou os olhos por alguns segundos, mas logo começou a trabalhar  no acompanhamento.

Ao olhar a sua volta ela percebeu que alguns participantes já se preparavam para finalizar o prato, e por um segundo se permitiu inveja-los. Por que não podia optar por receitas mais simples e menos estressantes como os outros?

“Confeiteiros, dez segundo!” Robin gritou e de repente era como se o ambiente tivesse mergulhado no caos.

“Nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... tempo encerrado.” Gritou Paula e todos os participantes deram um passo atrás para se afastarem das bancadas.

Regina assistia Robin e Paula caminharem por entre os participantes provando as sobremesas hora tecendo elogios, hora tecendo criticas construtivas e em alguns momentos criticas até mesmo pesadas.

Quando os jurados chegaram até ela, a morena sentia o coração bater tão forte que podia sentir até mesmo a pulsação nos ouvidos. Em sua mente ela fazia as contas mais absurdas tentando controlar o nervosismo.

“Regina, o que você preparou para nós?”

“Chefe! – ela disse cumprimentando Robin com o que poderia ser uma sugestão de sorriso e logo continuou – Eu fiz uma Tarte Talin de maçã com acompanhamento de farinha de amêndoa.”

Em silencio os dois jurados experimentaram a sobremesa e se olharam. Era como se estivessem tendo uma conversar apenas com  o olhar e isso deixou Regina ainda mais nervosa.”

“A massa de sua Tarte Talin é uma massa folhada?” Robin questionou.

“Sim chefe.” E pelo olhar que recebeu dele ela imediatamente soube o que ele diria em seguida.

“Partindo do principio que uma massa folhada demoraria em média vinte e quatro horas para ficar pronta, eu poso pressupor que você usou uma massa pronta, certo?”

“Sim chefe.” Ela respondeu e dessa vez não conseguiu segurar e então uma lagrima escorreu pelo canto do olho esquerdo.

“Estou decepcionado com você Regina.” E dizendo isso Robin e Paula caminharam em direção ao próximo participante, deixando uma Regina arrasada para trás.

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Com um delicioso e muito elogiado Clafoutis de cerejas frescas, Marian ganhou a prova tornando-se assim líder de um do grupos, e podendo também escolher a equipe com a qual gostaria de trabalhar naquela rodada. No entanto, segundo depois de ter decidido seu grupo, Paula disse que era para os lideres trocarem, assim Jones passou a ser líder do grupo onde Ariel e Regina estavam, e Marian a líder do grupo de Daniel. Em silencio Regina lamentou não ser do grupo de Daniel, ainda se sentia mal pela prova individual e tudo o que mais queria naquele momento era trabalhar com um amigo.

O desafio em grupo consistia em fazer seis tortas diferentes, no espaço de uma hora usando como base os ingredientes da prova anterior, e Regina quis rir diante da ironia. Quando Jones decidiu que eles usariam como massa o pâte sucrée, a morena soltou um suspiro de alivio. Nada de massa folhada, aliás, ela não queria ouvir esse nome durante um bom tempo.

No modo piloto automático, a morena desempenhou todas as tarefas que a ela eram atribuídas, e sempre que possível tentava se ‘esconder’. Quando o recheio da torta de maçã caiu em sua responsabilidade, ela quis gritar com o mundo e saber qual era a dele, porque ele parecia estar tão empenhado em zombar dela.

Sessenta minutos mais tarde, os grupos se organizaram diante das tortas e esperaram impacientemente pelos jurados.

“Jones, conte-nos sobre as tortas do seu grupo.” Paula disse ao se aproximar deles e Jones discorreu alegremente, e de forma bem persuasiva sobre as tortas. Regina pensou em um momento de distração que ele seria um ótimo vendedor.

Tudo correu bem até a última torta, a de nozes que por uma fatalidade havia sido a ultima a ser retirada do forno e não havia cozido totalmente no meio.  E ao constatar isso o grupo imediatamente murchou sabendo que aquele era um erro não facilmente perdoável. E não foi, minutos mais tarde o grupo de Regina foi indicado para sala de eliminação.

“Vocês fizeram excelentes tortas, uma massa pâte sucrée incrível. Por qual motivo vocês nos entregaram uma torta crua? Faltou organização? Ou o que?”

“Ficamos muito preocupados com os sabores e talvez tenhamos nos programado erroneamente.”

“Quem ficou responsável pela torta de Maçã?”

“Eu chefe!” Regina disse quase num sussurro.

“A torta de Nozes?”

“Eu chefe” Vó Lizzie respondeu.

“Esse são os dois extremos do grupo, a melhor e a pior torta.” Paula disse.

“Quem você acha que foi o elo mais fraco do grupo hoje Jones, e quem nós deveríamos então eliminar?”

Robin ouviu atentamente a resposta de Jones e depois repetiu a mesma pergunta a todos os outros integrantes do grupo. Era claramente perceptível que  em uma tentativa de se salvarem o grupo inteiro se virou contra Lizzie, apontando-a como a mais fraca, menos Regina que tentou ao máximo se manter imparcial.

“Bom, Elizabeth foi um prazer conhece-la, mas o Sweet Desires chegou ao fim para você” Robin disse, mas nem bem terminou sua frase e foi interrompido pela morena que tinha determinação gravada nos olhos.

 “Eu acho injusto culparmos só a Lizzie. Eu sou o elo mais fraco, eu poderia tê-la ajudado quando ela me pediu e não fiz, e isso prejudicou todo o grupo, eu devo ser eliminada.”

“Você fez a melhor torta do grupo Regina, isso não é um parquinho para tentar preservar amizades, isso é um jogo. A eliminada de hoje é Elizabeth, mas da próxima vez que você me disser que deve ser eliminada, eu vou te mandar para casa. Se você não é forte o suficiente para esta aqui Regina, você não deveria nem se quer ter entrado.” A raiva era quase palpável na voz do loiro.

“Vocês estão dispensados!” Paula disse em uma tentativa de aliviar o clima.

Como ha muito tempo não fazia, ao retornar para casa quando as gravações chegaram oficialmente ao fim, Regina correu para o banheiro e em quanto deixava a agua do chuveiro escorrer pelo seu corpo em uma oração silenciosa que água levasse junto todos aqueles sentimentos ruins que esmagavam seu peito, ela chorou. Chorou de raiva, de arrependimento, de frustração, mas principalmente chorou por permitir que Robin a perturbasse tanto assim.

Naquela noite, ela optou por visitar a cozinha mais cedo quando desejou um copo de leite para tomar. Não queria correr o risco de ver Robin, no entanto, mais uma vez o destino pareceu zombar dela, e quando ela sai da cozinha trombou no corpo do loiro.

“Regina.”

“Robin” Ela disse se desvinculando dele.

“Regina, eu ...”

“Eu preciso ir dormir, boa noite Robin!” E como um furacão ela passou por ele caminhando em direção ao quarto, e assim que fechou a porta atrás de si as lagrimas correram livremente pelo seu rosto, e as mãos tamparam a boca numa tentativa de conter qualquer barulho que o choro descomedido pudesse causar.

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