White Feather - A Lenda da Rainha Cisne Branco escrita por Céu Costa, Helem Hoster


Capítulo 4
A porta bonita




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Megan estava tão hipnotizada pela beleza do lugar, que caminhava olhando para todos os lados, ansiosa para descobrir cada pedacinho daquele lugar que ela sonhou em explorar por anos. Cada prateleira era mais abarrotada de livros que a outra, cada quadro era mais lindo e detalhado que o outro, cada livro tinha a capa mais colorida e bonita que a outra. Para ela, aquele era o lugar mais perfeito do mundo.

Megan muitas vezes colocou a caixa no chão e tirou uma edição novinha de Sherlock Holmes só para admirar a capa ou então uma edição de luxo de Agatha Christie e ficou lendo as curiosidades e notas de rodapé. Depois de ter visto todas as gravuras de nanquim de um exemplar de As Mil e Uma Noites, Megan percebeu que se esquecera do que deveria fazer. Ela sabia que Alba tinha mandado ela fazer alguma coisa e que era muito importante e urgente, mas não conseguia se lembrar do que era. Ela colocou o livro outra vez na estante e olhou ao seu redor, procurando algo que pudesse ajudá-la a se lembrar. Mas ao redor dela só haviam mais e mais estantes cheias de livros. De repente, aquilo não era mais divertido. Onde estava a caixa que ela estava carregando? Onde estava Alba?

Megan decidiu continuar a caminhar, assim poderia encontrar sua irmã. Mas agora, todas aquelas prateleiras pareciam iguais, e ela não conseguia saber para onde deveria ir. Não queria admitir, mas estava perdida.

— Alba! - ela começou a gritar - Alba, o que era pra fazer mesmo?! Alba!

Ela ouvia a voz da irmã ao longe, ocupada em abrir uma caixa que estava lacrada. Alba não a ouvia. Megan gritou mais alto, e tentou seguir a voz da irmã, mas parecia que quanto mais andava, mais longe estava. Qual era o tamanho dessa biblioteca, afinal?

Ela olhou para os lados, parando de andar. No alto de uma prateleira, havia uma plaquinha que Megan não havia notado antes. Ela de metal, brilhante e bem polida, e estava escrito "Mistérios". Olhando à sua esquerda, Megan viu outra coisa que também não havia reparado. No meio das prateleiras daquela parede, havia uma porta, guardada por uma delicada cerca de metal dourado com cordinhas de veludo. Ela era de mogno, toda entalhada com o desenho de uma macieira carregadinha de maçãs. Ela era envernizada, e brilhava muito.

— É uma porta muito bonita... Será que é objeto de decoração também? - Megan se perguntou.

Ela tentou chegar na porta, mas sentiu a cordinha de veludo puxando suavemente suas pernas.

— Deve ser só para o pessoal autorizado. Ah, mas se a Alba vai trabalhar aqui, não faz mal eu dar só uma espiadinha... - ela comentou, pulando a cordinha e abrindo a porta.

Aquela sala era mesmo uma beleza de se ver, como Megan comentaria muitos anos depois, era a sala mais bonita e serena que ela já esteve, tão silenciosa que fazia ela querer até parar de respirar, só para não interromper o silêncio.

O chão era de carpete escuro e fofo, que amaciava o som dos passos, fazendo-os desaparecer. As paredes tinham um papel de parede vermelho, meio velho, mas acolhedor, que combinava com o lustre redondo e de luz amarela que iluminava meio mal todo o ambiente. Não haviam janelas ali, nem uma sequer.

Megan se aproximou da parede esquerda. Havia uma bancada de mogno escuro lá, envernizada e brilhante. Em cima dela, havia uma coisa muito bonita, que deveria ser muito antiga, mas parecia novinha. Era uma trompa, de marfim, bem branquinha e lustrada. Tinha detalhes em dourado no bocal, e o pavilhão, por onde ecoava o som, era delicadamente esculpido com o formato do rosto de um leão, com sua bocarra aberta.

— Deve ser inglês. Ingleses gostam de leões. - Megan comentou para si mesma - Olhe só, aposto que quando tocavam ele, parecia que o leão estava rugindo...

Rindo de seu próprio comentário, ela olhou em volta do instrumento, procurando a etiqueta de identificação, que sempre colocam nos itens de museus e bibliotecas como aquela. Mas aquele item não tinha nenhuma etiqueta.

— Isso é muito estranho... - Megan suspirou, se afastando do balcão.

Na parede ao lado, havia outro balcão como o anterior. Neste haviam dois itens. Megan logo se pôs a admirar o primeiro. Era um pequeno broche de ouro e rubis, em formato de flor tropical. Era um hibisco vermelho, com pétalas cintilantes, e bordas encrustadas de rubis.

— Minha nossa! Isso deve ter custado uma fortuna! É tão bonito... Mamãe adoraria ter um desses.... - Megan suspirou, indo para o próximo item.

Ela se aproximou de algo que parecia ser uma varinha de condão, ou um cetro pequeno e delicado de rainha. Ele era de prata, e sua ponta tinha uma lâmina de cristal azul que parecia frágil, e também muito afiada. Megan não quis se aproximar desse e pulou logo para a mesa de mogno da outra parede, para o último item da sala.

— Ah! Isso sim eu conheço! - ela comemorou, se aproximando da mesa.

Ela um belo livro, grande e com muitas páginas. Ele tinha uma capa de couro marrom bem firme, e a lombada e as bordas das folhas eram pintadas de dourado.

Megan se aproximou para ler o título. Ele não era muito fácil de se ler, pois estava escrito com tinta dourada. Megan pegou ele no colo, e caminhou para ficar mais próxima da luz do lustre.

"Obrigado"

— Ué, de nada. - Megan riu. E segurou o livro mais perto, para tentar terminar de ler. As letras pareciam ter mudado.

"Vai me abrir?"

— Que tipo de título é esse? - Megan riu para si mesma - Não parece ser um muito bom... Mas ainda assim, quero dar uma espiadinha...

Ela se preparou para abrir o livro. A porta da sala se abriu.

— Megan?! O que você está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Oi meu eu do passado. Na próxima semana eu faço 28 anos. Confesso que é um momento que está me deixando muito nervosa. O que você me diria se pudesse me ver agora? Eu sei que você não tinha certeza se chegaria a essa fase da nossa vida, e tinha razão em ter medo, pois está sendo estressante. Espero que tudo valha a pena.



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