Laços do espirito- Destinada escrita por Annelizye1205


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Capítulo 2
Dessa vez eu havia sido puxada mais que o normal, normalmente eu apenas escorregava, mas foi diferente, porque eu realmente não tive escolha, era como se Lissa me quisesse ali, e eu devesse ir. O sonho era dela então "aqui vou eu" pensei.
Eu estava em um jardim, era tão belo que me deixava pasma. A única vez em que vi tal beleza, fora no filme O jardim secreto que assisti quando tinha 12 anos. Haviam flores por todo lado, rosas, margaridas, tulipas, lírios, e outras tão lindas, mas que eu nem sequer sabia o nome.
O sol brilhava, refletindo em um belo lago que poderia ser bem agradável no verão. Pássaros cantavam felizes parecendo agradecer a natureza por ser tão generosa com eles. O lugar era muito bem cuidado como se fosse um jardim dos sonhos. Mas realmente era um sonho então...
Andando pelo jardim, admirando a beleza, avistei um banco, que me convidava a sentar e curtir o momento, a paisagem e tudo mais que esse sonho extraordinário me proporcionava.
" É lindo não é!?"
Me virei assutada, tentando encontrar a dona da voz.
"Tão lindo quanto um sonho, vi pela sua expressão de admiração que era isso que estava pensando neh!? Mas só uma dúvida... Como entrou aqui, quer dizer não tem uma porta escrito "bem vindo" nem nada, pelo menos que eu me lembre, então como chegou aqui!?"
Fiquei surpresa ao ver que quem falara comigo havia sido Lissa. Ela estava a cerca de três metros de mim me encarando tão surpresa quanto eu.
Nos sonhos e momentos em que eu estava com ela, normalmente éramos apenas uma, eu era ela. Nunca existiu sequer algum momento em que ela falava comigo, eu era apenas uma sombra em sua mente, e uma marionete humana em suas mãos. Via o mundo através dos olhos dela, mas procurava conviver com isso como se fossem sonhos ou alucinações. Uma vez cheguei a pensar que eram imagens de uma vida passada em que vivi. Louco não é? Mas nunca deixou de ser uma opção, na verdade qualquer coisa que pudesse explicar essas alucinações, entrava pra minha lista de "talvez eu não esteja maluca".
"Lissa?."
Tentei me manter calma, mas minha vontade era gritar, sair correndo, acordar, qualquer coisa que me tirasse dali. Eu estava vendo, ou aquilo era um fantasma!?
"Como sabe meu nome? E que-quem é você?"
Olhando para ela, não pude deixar de notar que ela era realmente linda, seus cabelos na altura dos ombros loiros e encaracolados, sua pele, pálida quase como a neve, seus olhos, um lindo verde esmeralda, alta, me fez pensar que talvez pudesse ser até uma modelo de uma revista de roupa cara, ela usava um vestido, rosa claro que batia na altura do joelho, era todo de renda, com mangas curtas, e delicado, me senti meio que mal vestida pois estava usando meu pijama dos ursinhos carinhosos. Ah, minha criança interior nunca foi embora. Nas vezes em que pude vê la, eu só à via, quando em um dos meus sonhos ou visões malucas, como eu costumava chamar, eu a vi como se estivesse me olhando, mas não me vendo, como se eu fosse um reflexo no espelho. Mas esse momento foi bem curto, não me dando a oportunidade de ver o quão bonita ela realmente era.
"Meu nome é Rosemarie. Rose Hathaway. E bem...não tenho a mínima idéia de como vim parar aqui." Eu disse confusa e surpresa ao mesmo tempo. "Espera, isso é real, quero dizer você é real ou eu realmente estou louca? Oh cara, eu enlouqueci de vez agora!"
Nessa altura eu não só me achava louca, mas também, pirada e bem maluquinha. Depois de tudo, eu finalmente ia ter que me internar num manicômio, era a última prova de que eu precisava para ter certeza que estava maluca. Realidade com sonho. Porém, o mais louco é que aquilo parecia real.
"Espera! O que... Não!"
"Não, isso não é real, ou não, eu não estou louca? Porquê se isso não for real, você vai precisar de um bom motivo pra me convencer de que não esteja louca." Eu disse confusa, ainda tentando entender o que esse "não" significava.
Lissa, ao contrário de mim, achou a situação bem engraçada. Ela riu. Foi um riso tímido, que nem ao menos os dentes apareceram, mas mesmo pequeno, o sorriso era belo. Claro, não poderia ser menos, ela era bela.
"Quis dizer não de não isso não é real." Ela disse sorrindo pra mim. "Isso que você está vendo, é um sonho! Eu o criei, sempre faço isso quando preciso de um lugar só meu. Já sobre mim... Eu sou real. Ah, e a propósito, for como eu você não está maluca, só um pouco fora do lugar na sociedade!" Ela disse rindo.
" Ta" eu disse, tentando manter minha expressão sarcástica. "E eu deveria me sentir melhor pelo fato de uma garota em um sonho ter me afirmado isso?"
"Ei, você que perguntou, eu apenas respondi." Ela disse dando os ombros.
"Olha, pegue minha mão." Com um pouco de receio, me aproximei e toquei sua mão, uma leve sensação de frio e calor ao mesmo tempo, senti um calafrio, e depois uma sensação boa e tranquila. Nunca havia sentido aquilo antes, e isso tudo me fazia questionar ainda mais minha sanidade.
" Isso te deixa mais calma? Está vendo só, eu sou real.
Não se preocupe, não sou nenhum fantasma ou coisa do tipo" Sua voz era mansa, tranquila, quase que um sussurro. Olhando para os olhos dela, eu me senti calma, como se estivesse hipnotizada. Era estranho, mas não conseguia evitar de encarar aqueles olhos esmeraldas, que me acalmavam.
"E quem aqui está nervosa, porque eu não estou, só se for você, porque eu estou calma, perfeitamente calma!." Eu disse, meio que tentando esquecer o quão louco aquilo tudo parecia.
"Ta bom hein." Ela disse ainda rindo. "Agora eu vou me apresentar. Meu nome é Vasilissa Dragomir, mas como você já percebeu, não sei como..." Ela disse com um ar de surpresa.
"Gosto que me chamem de Lissa, na verdade meus amigos me chamam assim. Muito prazer em te conhecer Rose Hathaway. E já que está aqui, venha, que tal uma caminhada pelo jardim? Olha é uma chance única hein, nem todo mundo pode ter isso."
Lissa segurou minha mão e me levou para andar pelo jardim, era tão lindo, cada passo que dávamos a beleza ia se sobressaindo me fazendo esquecer que aquilo era um sonho, o que me custava muito acreditar.
Porém, aos poucos minha racionalidade foi voltando, comecei a sentir necessidade de saber o porque daquilo tudo, até que ponto isso não passava de um mísero sonho, minha vida inteira sonhando com ela, tentando fugir dela, tira la da minha mente, da minha vida, e por fim ser livre e ter uma vida normal, como qualquer adolescente de 16 anos.
Mas cada vez que ela falava sobre o jardim, as flores e todo o resto, a sensação de que era real, me deixava confusa, eu não sabia como explicar, mas eu precisava saber. O acidente, as noites em que eu era puxada para dentro de sua suposta vida, se é que uma alucinação da minha cabeça pudesse ter uma. Todas as vezes em que eu deixava de ser eu para ser ela, o que significava tudo aquilo, afinal porque eu era assim?
" Lissa. O que é tudo isso, se você é real, então quais as chances de eu ser também? Não podemos... Quer dizer não da, isso é impossível"
"Rose, quando eu disse que você não era louca, eu realmente esperava que você não fosse, e quer saber, nesse momento você me parece...bem maluquinha. Sabe que não está falando coisa com coisa neh!?" Seu tom de voz ainda era de risada, ela achava que eu estava brincando,mas eu não estava. Tentei manter minha simpatia, sem perder o foco da conversa.
"É, eu sei talvez só um pouquinho maluquinha." Eu disse dando risada e tentando disfarçar meu incômodo.
"Só um pouquinho, tem certeza?" Lissa disse rindo. Eu ri, e por um momento achei aquilo engraçado. Eu realmente estava julgando minha sanidade com base na experiência de um sonho.
"Ta, talvez um pouco mais que a maioria das pessoas. Mas o que eu quero dizer, é que, eu não sei, você não acha estranho, quer dizer, eu nunca falei com você na minha vida toda, mas sei quem você é, já você nem ao menos sabia quem eu era a 5 minutos atrás. Porque então sinto que posso confiar em você, e é como se eu te conhecesse minha vida toda?"
"Ah Rose, quer saber aprendi a não questionar a vida, nem nada. Só viver um dia de cada vez, sobreviver. É assim que eu vivo, sem me importar com o que pensam. Não nos conhecíamos, mas nos conhecemos agora, e isso é o que importa. Vamos daqui pra frente ok. Você devia viver mais e questionar menos."
Eu parei abruptamente, e por um momento fiquei sem ar. Raiva me tomou. Se ela soubesse o que eu tenho vivido todos esses anos, com ela na minha cabeça. Como ela poderia falar em não questionar, quando minha vida era uma tremenda, me desculpem o palavreado, "merda". Ninguém queria ser minha amiga, porque me achavam louca e instável. Coisa que eu não era... Está bem, talvez só um pouco.
Aos 16 anos meu único amigo na vida inteira havia sido Mason. O fato dela não parecer saber naquele momento não me importou. Nada me importava. Então quando dei por mim já era tarde. As palavras foram saindo da minha boca como tempestade.
"Lissa, para!" Eu disse séria, quase em um tom de raiva. "O acidente...aquilo tudo, aquelas pessoas mortas, quem eram aquelas pessoas?O acidente era real? Você é real? O que você quer de mim? Porque...porque eu estava lá quando aquelas pessoas morreram, porque eu chorei, doeu em mim, porque? Aquilo tudo foi real? " Depois de um segundo de desespero, por fim perguntei."Eu...eu sou real?"
Lissa ficou parada, provavelmente em choque, mas seu rosto demostrava tristeza e pesar, como se a cena do acidente tivesse voltado em sua mente como um terrível e assombroso flashback. Por um momento senti pena dela, mas eu precisava descobrir quem eu era, o que tudo aquilo significava, mesmo que tivesse que ser atravéz de um sonho inútil.
Qualquer explicação por mais vaga que fosse, me ajudaria.
Nas vezes em que estive com Lissa, eram apenas momentos curtos, como flashes ou visões, as únicas vezes em que demoravam mais eram em sonhos, normalmente a noite quando ia dormir, era como se nesse horário eu estivesse vulnerável. Mas na noite do acidente, e agora, foi como um puxão inevitável, difícil de explicar.
Lissa colocou as mãos no rosto, e começou a chorar, e não foi um choro pequeno, era um choro de desespero, ela soluçava e tremia, e naquele momento me arrependi pelo modo como falei com ela, depois de ter sido tratada tão bem por ela, deveria ter sido mais gentil, e paciente, afinal eu sentia como se não fosse culpa dela, mas algo não me deixou raciocinar naquele momento.
Ela se jogou no chão chorando, e eu me abaixei ao seu lado.
"Me perdoa, Lissa, eu não quis...Poxa, eu só..."
Eu não sabia o que dizer. Ela estava ali, chorando sem parar, eu sem saber o que fazer, me sentindo super mal pelo que havia feito.
Acho que as chances de uma boa impressão, e a possibilidade de conseguir respostas para o meu drama pessoal, se extinguiram naquele momento, o que era bem irônico, já que eu estava indo buscar respostas, justamente de onde tentei fugir. Dos sonhos de Lissa.
Então ela se levantou. Seu rosto todo vermelho, e molhado por lágrimas. Ela me olhou bem nos olhos e enfim falou.
"Rose, acorde!"
"Ãn, o que? Não porque?"
"Rose, acorde"
"Mas Lissa, eu... Só me desculpe, eu precisava saber. Ainda preciso, por favor me escute..."
Eu sentia meu corpo sendo chacoalhado, mas me negava a sair dali sem uma explicação de Lissa. Porém ela insistia.
"Rose, anda acorde"
A voz de Lissa foi dando lugar a de Mason, eu ainda não entendia como isso estava acontecendo. Mas havia algo me puxando para fora do sonho.
"Não, você não entende eu preciso saber..." Eu disse desesperada.
"Rose, vamos acorde, está na hora..."
E então eu acordei.

 


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Notas finais do capítulo

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