Em alguns dias ele era como o sol.  

Quente e instável. 

Assim que adentrava aqueles corredores podia sentir sua presença. Escaldante e perigosa.  

As palavras que saiam de dentro dele pareciam queimar, intensa e mortalmente, cada coisa que eu poderia querer sentir. 

Mas seu olhar era diferente, quase como se a confusão dentro de si fosse fazê-lo explodir ali mesmo e levar todos nós consigo. 

Em alguns dias ele era como a lua. 

Com um brilho solitário totalmente diferente dos outros.  

Irradiava luz enquanto andava e fazia-nos sentir bem por tê-lo nos iluminando. 

Seu sorriso podia mudar o humor até do mais triste ser, tirando-o da completa escuridão da noite.  

Um ponto único no universo, capaz de fazer com que tudo e todos parassem para admirá-lo. Mesmo que por alguns segundos. 

Mas no fim ele sempre acabava sendo como as estrelas. 

Milhões de pontos espalhados pelo universo, alguns ligados, outros completamente perdidos na escuridão. 

Quebrava aquilo que acabara de consertar, espalhando milhares de pedaços pelo escuro.  

Um conjunto de almas que haviam chegado ao fim e jamais voltariam. Um conjunto de sentimentos indecifráveis que ninguém jamais conseguiria entender, enviados para um vazio de onde jamais sairiam.

Incontáveis diferenças que prevaleciam enquanto falava, e mesmo que tentássemos cataloga-las, acabávamos por perder-nos ainda mais. 

Ele era um universo dentro de um único ser. 

Uma imensidão de mistérios. 

Tragédias e alegrias. Tudo ao mesmo tempo. 

Uma massa cheia dos mais diferentes seres e sentimentos. 

Uma crosta que quebrava-se mais e mais, mas nunca podia ser vencida.  

Um universo secreto em meio aos outros.