Os Mercenários escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 2
A Bruxa




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Luke voltara a ter dez anos.
     Saiu de sua casinha simples e foi correndo para o meio do pasto. Lá estava Catherine. O cabelo loiro esvoaçando enquanto o vestido azul e branco rodopiava ao seu redor..
     — Cate! — Chamou Luke.
     — Acorda Luke. — Disse Emmanuelle.
    Mais uma vez, fora de seu sonho. O sol estava nascendo. Will ainda dirigia.
     — Você dormiu? — Perguntou Luke.
     — Estou dirigindo a trinta minutos.
     — Ontem, depois do trabalho você desmaiou. — Disse Emmanuelle do banco de traz.
     — Emma... Não dá para roubar sem fazer com que uns cinquenta homens venham tentando matar eu e Will? — Perguntou Luke olhando por cima do ombro.
     — Não tenho poderes como você e não sei usar espadas como Will. Vocês são muito heroicos ao me proteger assim. Obrigada, Will. — Disse ela colocando a mão no ombro de Willian com a voz doce.
     Will ficou sem jeito e vermelho, e mais uma vez fechou a cara para esconder suas expressões.
     — Não é nada. — Disse ele.
     — Por que sempre acredita nela? — Perguntou Luke bravo.
   — Emmanuelle não é uma pessoa ruim, Luke. — Disse Will. Os dois olharam para ela e Emma deu um sorriso gentil. Will voltou a olhar pra frente. Emmanuelle deu um sorriso demoníaco para Luke.
     — Sua criatura abominável. — Disse Luke.
     — Também te amo, gracinha. — Disse ela.
     Almoçaram em uma pousada. Luke pagou estacionamento e seu almoço. Will pagou seu almoço, almoço de Emmanuelle e um banho que ela implorou.
Voltaram para a estrada.
     — Pra onde vocês vão? — Perguntou Emma.
     — Não sabemos. — Disse Will.
     — E se a gasolina acabar?
   — Meu shiigai é tipo energia. — Disse Luke quase dormindo. — Minha magia faz o carro andar por dezoito horas.
     — Que útil. Hoje em dia a gasolina é o combustível mais raro do mundo.      Achei que eram muito ricos quando os vi de carro.
    — Então você só queria nos roubar, não é, sua cobra?
     — Não vou dizer que não. Vocês tem algum... Objetivo?
     — Encontrar Frederico. O meu mestre e do Luke. Sumiu há alguns anos.
     — Encontrar meu pai. Ele faz parte da Spirit.
     — Spirit!? — Exclamou Emmanuelle.
     — É. — Bocejou Luke, em seguida dormiu rapidamente.
   

Luke e Catherine crianças voltaram a aparecer em seus sonhos. Agora estavam debaixo de uma cerejeira.
     — Luke, quando crescer quero ser casada com você, e morar juntos todos os dias, como o papai e a mamãe. — Disse Catherine sorrindo pra ele.
     — E vamos ter uma casa grande. — Completou Luke.
     Catherine pegou na mão dele.
     — Juntos para sempre? — Perguntou ela.
     — Sim. — Sorriu ele.
     Luke acordou com Will parando em um hotel na beira da estrada. Já era noite.
     — Vamos dormir em um hotel de beira de estrada? — Perguntou Emma com desgosto.
     — Sim. — Disse Luke.
     — Eu tenho medo de dormir na beira da estrada, Will.
     — Desculpe, Emmanuelle, mas não consigo dirigir mais por hoje.
     Ficaram esperando uma reprovação dela, mas não aconteceu. Luke percebeu que realmente havia medo vindo dela. Suspirou.
     — Eu fico no mesmo quarto que você. — Disse ele.
     — Obrigada. — Ela sorriu.
     Pegaram um quarto com duas camas de solteiro. Luke pulou na sua cama e Emmanuelle se ajeitou na dela. O tempo passou e não dormiram.
     — E você, Emma? Pra onde pretende ir? — Perguntou Luke.
     — Pro mesmo lugar que vocês.
     — Não tem nenhum objetivo?
     Houve uma pausa.
     — Não.
     O escuro do quarto não permitiu ver o rosto de Emmanuelle naquele momento. Mas, por algum motivo, se sentiu triste por ela. Naquela noite voltou a sonhar que estava debaixo da mesma cerejeira que sempre se encontrava com Catherine. Mas, naquele sonho Luke não era uma criança... E debaixo da árvore a mulher que vestia o simples vestido azul e branco não possuía os cabelos dourados de Cate. Eram negros como a noite. Luke tocou no seu ombro para saber quem era. Emmanuelle se virou para ele e abriu um sorriso radiante.
     Luke acordou com a conversa de Emma e Will.
     — O que estão falando?
     — Emmanuelle está me dando uma ideia. — Disse Will.
     — O que? — Perguntou Luke sonolento.
     — Vai pro carro, Luke. — Disse Will.
     — O que? — Perguntou ele um pouco mais sério.
     — Vai logo. — Disse Emma.
     Luke fez cara feia. Se levantou e foi para o carro. O dono do hotel ficou olhando do balcão. Emma e Will vieram andando, conversando naturalmente.
     — Ei! — Gritou o balconista se pondo de pé.
   — Corre! — Gritou Emma. — Correram até o carro e o balconista atrás furioso. Entraram, Will girou a chave. — Da partida, da partida! — Dizia Emma.
     O carro ligou e saiu cantando pneu. Emma e Will riram até chorar e Luke ficou paralisado pelo absurdo. O balconista continuou praguejando e gritando até que estivessem fora da vista dele.
     — Não acredito que saímos sem pagar. — Disse Luke.
  — Saímos. — Disse Will, já reduzindo a velocidade do carro. — A Emmanuelle não é um gênio?
   — Eu disse para Will que era um modo de economizar. — Disse Emmanuelle orgulhosa de si mesma.
     — Só poderia ser você mesmo. Pessoa cruel. — Disse Luke com desprezo.
     Depois do almoço chegaram em uma pequena vila. Tudo estava parado. Ninguém nas ruas, comércios fechados.
     — É abandonada? — Perguntou Emma com a cara na janela.
     — Não. Está muito bem organizada para ser abandonada. — Disse Luke.
     — Tem pessoas nas casas. — Disse Will.
     Olharam para uma janela e viram uma cortina se fechar.
     — Olá. — Chamou Emma saindo do carro e os outros também. — Não somos inimigos.
     — Quem são vocês? — Perguntou um homem velho de cabelo negro passando para o grisalho. Usava roupas de agricultor e segurava um cutelo na mão direita.
     — Somos mercenários mágicos, senhor. — Disse Luke. — Estamos de passagem e aceitamos serviços por dinheiro se precisarem.
     O homem os observou por algum tempo e relaxou enfim.
     — Vão embora garotos, aqui não é seguro.
     — Por quê?
     — Uma bruxa atormenta nossa vila, rouba nossos suprimentos e dinheiro. — Disse o homem enfatizando com gestos.
     — Se é só de uma bruxa que se trata, eu e meus amigos podemos dar jeito nela.
     — Gostaríamos muito. Mas a bruxa levou tudo que tínhamos. Não há com o que pagar vocês.
    — Então lamento muito. — Disse Will voltando para o carro, Luke o seguiu.
     Emma se manteve quieta. Will ficou confuso quando percebeu que ela não os seguia. Luke sabia exatamente o que ela estava planejando. Era a chance dela roubar todo o dinheiro da bruxa para si.
     — Emmanuelle, vamos embora. — Avisou ele.
     — Não podemos deixar essas pessoas serem extorquidas assim! — Disse ela num tom indignado, que Luke sabia ser falso. — Elas essas passando fome!
     — Não acredite nela, Will. — Disse Luke.
     — Eu vou ajuda-los. — Disse Emma em direção oposta ao carro. Parou, olhou para o anfitrião com intensidade. — Onde mora a bruxa?
     — Naquela mata há uma trilha. No primeiro cruzamento vire a esquerda e verá a casa dela.
     — Não se preocupe, vou ajuda-los. — Emmanuelle saiu com passos firmes.
     Will saiu do carro.
     — Você não vai ajudá-la, vai? — Perguntou Luke indignado.
     — Vou. Emmanuelle é uma pessoa muito boa e não possui shiigai como nós. Se enfrentar uma bruxa sozinha vai morrer.
     — Como pode acreditar naquela cobra? Ela só quer o dinheiro da bruxa!
     — Luke, a Emmanuelle não é assim. — Disse ele num tom sério, indo atrás dela em seguida.
     — Só pode ser brincadeira.
     Emmanuelle olhou para trás e sorriu triunfante. Luke correu para alcança-los enquanto resmungava contrariado. Chegaram breve a casa da bruxa. Não era tão visível assim. A casinha de madeira era rodeada por um bosque, e a trilha era quase imperceptível. Se não fosse a fumaça da chaminé não teriam encontrado.
     Os três olharam pela janela aberta. O lugar era muito arejado e organizado. Esperavam um tipo de covil sombrio. O que era típico era o caldeirão fervendo em um canto, uma prateleira de livros e uma coleção de castiçais com bordados góticos. Identificaram uma mesa com um forro branco de crochê. Era uma decoração típica de uma bruxa, mas sem a poeira e as teias de aranha espalhadas.
     Perto da mesa estava uma mulher jovem como Emmanuelle. O cabelo era vermelho escuro, um pouco acima dos ombros, espetado, pele pálida e sem vida. Os olhos cor de mel exalavam um ar de tranquilidade. Usava um batom quase da mesma tonalidade que seus cabelos. Estava sentada sobre um baú de madeira, lendo um livro de capa roxa.
     Usava luvas que iam até o cotovelo e deixavam os dedos, com as unhas curtas e bem feitas à mostra. Tirando isso suas roupas eram comuns.
     — Vão lá distraí-la. — Sussurrou Emma.
     Will e Luke foram para a porta e bateram. A bruxa se levantou sem parecer suspeitar de nada e foi atendê-los. Abriu. Will já atacou com sua espada, a bruxa materializou um escuto a sua frente e deu uns passos para trás. Luke saltou sobre ela e deu um murro, ela desviou para o lado e atirou bolas de energia. Will e Luke desviaram. Uma aura azul começou a emergir de Luke.
     Will atacou novamente. A bruxa se defendeu com seu escudo que se materializava em segundos, Luke lhe passou uma rasteira. A bruxa caiu em direção ao baú e viu Emmanuelle o puxando para a janela.
     — Deixe meu baú aí sua rata!
     Emma escancarou uma cara assustada. Luke deu um murro em direção a bruxa, que rolou para o lado e apenas o chão foi atingido, deixando uma pequena cratera. Ela jogou uma bola de energia que o acertou na barriga e foi jogado contra a parede. Ela voltou-se para a ladra e seu baú, mas ambos já haviam sumido.
     Will a atacou e mais uma vez ela se defendeu. Will começou a disparar uma sequência de golpes em seu escudo e ele foi quebrando golpe a golpe. A bruxa caiu sentada quando esse se desfez no ar.
     — Por que estão me atacando? — Gritou ela.
     Will parou e a fitou. Luke foi até ele.
     — Não precisamos mais lutar. Emma já saiu.
     Will concordou com a cabeça. Se viraram para a porta e iam saindo.
     — Esperem. — Chamou a bruxa.
     Os dois paralisaram.
     — Ela vai querer que paguemos o estrago. — Sussurrou Will para Luke.
     Se viraram.
     — Vocês são do Spirit?
     — Não. — Disse Luke. — Somos mercenários. Esse é Willian Maheu e eu sou Luke Sullivan.
     — Sullivan? — Perguntou ela surpresa.
     — Conhece?
     — Sim. Jhonatan Sullivan do Spirit era meu superior.
     — Você é do Spirit?
     — Fui. — Ela se levantou. — Sou Elizabeth Bale. Há alguns anos fugi do Spirit. Tenho que voltar lá para resgatar minha irmã, Isabel.
     — Também quero encontrar meu pai e meu mestre. — Disse Luke.
     — Posso ir com vocês?
     Will não se importava em levar mais gente. Luke estava imaginando a cara de Emmanuelle quando chegasse com a bruxa que acabara de roubar.
     — Bem-vinda Elizabeth. — Disse ele sorrindo, já prevendo a cena.
     Emmanuelle empurrava o baú para o porta-malas com muito esforço, derrapando os pés no chão. Quando finalmente conseguiu se sentou na borda do porta-malas soltando uma arfada de ar. Em seguida Will saiu do bosque, Luke atrás seguido pela bruxa.
     — Como? — Gritou ela.
     — Essa é Elizabeth Bale, nossa nova companheira de estrada. — Disse Luke com um sorriso confiante que até então só Emma sabia dar.
     — E obrigada por trazer meu dinheiro para o carro, Ratinha. — Disse Elizabeth entrando no banco de trás do carro.
     Will foi para o banco do motorista.
     — Dessa vez o dia foi da caça, Emmanuelle. — Disse Luke bem humorado.
     — Venceu a batalha, não a guerra. — Ela sorriu para ele, entrando no carro ao lado de Elizabeth.


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Notas finais do capítulo

Shiigai é o nome da energia que usam para usar magia.
E sobre a tal de organização chamada Spirit, bem, a história foi escrita muito antes de eu conhecer o site de fanfic Spirit. ^^



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