Os Mercenários escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 1
Os Mercenários


Notas iniciais do capítulo

Essa história foi uma das primeiras que escrevi. Faz muitos anos. Achei ela escrita em um caderno escrito a lápis e as letras estavam quase sumindo. Para não perder de vez resolvi trazê-la a internet e fiz algumas mudanças enquanto a copiava do meu caderno. Espero que gostem.



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Luke acordou com o sol batendo em sua janela. As cortinas deixavam seu pequeno quarto com um tom acinzentado com um feixe de luz batendo em seus olhos.
Se levantou e se vestiu. Possuía cabelos castanhos e olhos mais para cinzas do que azuis, ambos herdados na mãe Genevive.
         — Luke! Acorde. — Gritou Genevive da cozinha.
         — Já estou indo mamãe. — Ele gritou do banheiro.
         Desceu as escadas correndo para a cozinha. Sua mãe, uma mulher jovem com os cabelos castanhos batendo nos ombros guardava as louças no armário de madeira e vidro que tinham num dos cantos da cozinha. O pai, um homem de semblante severo, cabelos loiros e uma barba rala tomava seu café na mesa de quatro lugares depositada no meio do cômodo. Seu nome era Jhonatan.
         — Bom dia, pai. — Luke se se sentou à mesa de frente para o pai.
         — Bom dia. — Respondeu Jhon colocando a xícara de café já vazia na mesa. — Parabéns pelo seu aniversário.
         Luke não podia descrever a felicidade que sentia no momento. O pai sempre fora tão severo, nunca havia antes se lembrado do aniversário do filho ou o parabenizado por alguma coisa. Não pode deixar de evitar que seu sorriso se espalhasse pelo rosto.
         — Obrigado, pai. — Tentou disfarçar a histeria na voz. — Estou completando dez anos hoje.
         Genevive entregou um copo de leite com açúcar para Luke.
         — Parabéns, meu amor. — Disse ela com seu lindo sorriso gentil que dizia ter conquistado o pai, apesar de mesmo Luke sendo apenas uma criança, não conseguia acreditar que gentilezas conquistavam o coração do pai, que nunca parecia satisfeito com nada.
         — Obrigado.
         — Catherine está te esperando lá fora. — Avisou a mãe.
         — Acorda Luke! — Ele ouviu uma voz ao fundo. De homem. Não era do pai, a voz do pai era mais forte, não era de ninguém lá fora. Era uma voz que dizia que a vizita ao seu mundo estava acabando.
         Luke abriu os olhos, estava dormindo no banco do carro, um uno, do lado passageiro. O motorista, Will estava trocando o pneu do lado de fora, ele o havia chamado do seu maravilhoso sonho. Se esticou e saiu do carro. Will tinha terminado o serviço e limpava as mãos em uma toalhinha que antes era branca, agora era cinza, e preta onde havia se concentrado mais óleo.
         Will era seu melhor e único amigo. Um rapaz calado e misterioso, mas era o único que tolerava Luke e dizia ele que Luke era o único a tolera-lo também. Seu cabelo é de um loiro quase branco, liso e fino como pluma, longo, preso em um rabo de cavalo. Ele tinha a mesma idade de Luke, dezenove anos.
         Olhando ao redor viu a cidade que estavam se dirigindo, Efessi. De longe, ainda era meio dia e não se via muito da distancia em que estavam. Perto de onde o carro estava parado viu uma fazenda velha, mas resolveram não incomodar. O carro tinha furado o pneu, Luke e Will tiraram par ou impar para decidir quem faria o trabalho de recolocar outro, Luke venceu escolhendo par, colocou um dedo na mão enquanto Will havia posto três.
         Will recolocou sua jaqueta de couro preta que estava jogada no banco do motorista, retirou o cinto que segurava sua espada japonesa numa bainha preta e colocou no banco de trás.
         — Como alguém pode dormir tanto? — Perguntou ele enquanto se sentava no banco do motorista, se preparando para ligar o carro.
         — Gosto de sonhar com minha família. — Disse Luke voltando a entrar no carro e fechando a porta atrás de si.
         — E com Catherine.
         — É. Mas hoje você não me deixou chegar lá.
        Chegaram na cidade Efessi. Haviam muitos guardas e poucas pessoas nas ruas. Um homem uniformizado, alto e robusto acenou para que parassem.
         — Senhores, para entrar na cidade é cobrado uma taxa de pedágio.
         — O quê? — Perguntou Will indignado. Sempre ficava assim quando se tratava de gastar seu dinheiro. — Que roubo! Quanto é esse pedágio?
         — 200 Ravens.
         — O que?! — Ele explodiu.
         — Paga logo, Will. — Bocejou Luke.
        Will rosnou, pegou sua carteira e retirou o dinheiro.     O guarda entregou um folheto comprovando o pagamento.
         Pararam em um dos poucos bares abertos. Dentro havia apenas três mesas ocupadas, e o dono do bar, um velho gordo e grande atrás do balcão lustrando os copos com um pano de prato limpo. Luke e Will se sentaram na mesa do lado de outra que quatro homens bebiam descrentes.
         A garçonete, uma negra de corpo esbelto e olhar gentil os atendeu.
         — Pois não senhores?
         — Duas cervejas. — Pediu Will.
       A jovem saiu e rapidamente voltou com as cervejas.        Ficaram ouvindo a conversa dos homens ao lado.
      — Vou ter que entregar minha casa a Punchart. Não tem como pagar a hipoteca.
         — Concordo. Estamos quase passando fome. — Disse um homem magrelo de roupa marrotada.
         — E o que acham de uma revolução? — Sugeriu o mais jovem.
         — Com todos esses guardas. — Falou o mais gordo. — Eu tenho família, rapaz.
      Luke chegou na mesa deles com seu ar descontraído e brincalhão.
         — O que acham de contratar um Mercenário?
         — Quem diabos é você?
    — Somos mercenários e nos oferecemos para capturar Punchart. — Respondeu Will se pondo ao lado de Luke.
   — Estão loucos? Se Punchart descobrir que contratamos mercenários irá nos matar. — Falou o dono do bar se aproximando.
   — Primeiro, ele não descobrirá que vocês nos contrataram. Agiremos imediatamente se aceitarem nossos serviços. Segundo, se formos capturados, não denunciaremos nossos patrões, e terceiro, Punchart não vai matar todos cidadãos da cidade. Ele precisa de vocês. — Disse Luke, e todos no bar já estavam em volta querendo escutá-lo.
         — E quarto, vocês vão nos contratar. Gastei 200 ravens para entrar nessa cidade. — Completou Will.
         — E se os contratar... Quanto custa seus serviços? — Perguntou o dono do bar.
         Will sorriu sabendo que seriam contratados.
         A noite caiu. Will pulou o muro e ajudou Luke com a bainha da Katana. Se esconderam atrás das plantas do jardim até dois guardas passarem. Foram para traz da mansão e subiram em uma janela baixa que dava para um corredor longo, enfeitado com armaduras em cada parede.
         Deram alguns passos e viu duas sombras se aproximando no outro corredor que se encontrava com o que eles estavam. Correram para traz de uma estátua e deram de cara com uma moça de cabelo preto e olhos azuis acinzentados. Ela vestia um vestido vinho com decote, mostrando parte de seus seios fartos, com um espartilho preto apertando sua cintura.
         Todos deram um “Ah” baixo.
                  — Quem são vocês? — Sussurrou ela.
         — William Maheu e Luke Sullivan. — Disse Luke apontando. — E você?
        — Sou Emmanuelle Hudson. Ladra. Creio que vocês são os mercenários contratados pelos cidadãos.
         — Como sabe? — Perguntou Will.
         — A garçonete, Julie, é minha amiga. — Ela os olhou com um sorriso malicioso. — Vocês podem ser de uma grande ajuda para mim.
         — Como? — Perguntou Luke.
         Ela saiu de traz da estátua. Luke e Will a olharam curiosos.
         — GUARDAS! — Ela gritou.
         Luke e Will ficaram paralisados de surpresa. Ela piscou para eles e correu para a janela, pulando-a.
         — QUE MERDA FOI ESSA? — Gritou Luke saindo de traz da estátua.
         Will sacou sua espada mantendo-se firme.
         — Parados! — Gritaram dois guardas no fim do corredor.
         Luke pulou em cima deles esmurrando. Will foi em sua ajuda, vários outros guardas apareceram.
         — Aquela mulher. — Grunhiu Luke.
         — Corra. — Avisou Will.
         Correram por várias portas e entraram em uma qualquer. Dentro havia um quarto gigantesco com vários móveis luxuosos. Punchart estava na janela, se virou rapidamente. Aparentava uns quarenta anos, poucos grisalhos e muito bem vestido.
         — Quem são vocês?
         — Luke, bloqueie a entrada.
Luke derrubou um armário gigantesco em frente a porta. Em seguida os guardas começaram a bater.
         — Somos mercenários, Tomas Punchart, e viemos capturar você. — Disse Will.
         Ele riu.
        — Pessoas ingratas. Eu os governo com severidade, tornar um futuro melhor, e contratam mercenários para me capturar? — Will e Luke apenas o fitava em silêncio.          — Totó. — Chamou Punchart.
        Um cachorro negro de três metros de altura saiu de trás das cortinas da cama. Ele possuía três cabeças.
         — Que porcaria é essa? — Resmungou Luke.
         — Totó, pega. — Ordenou Punchart.
       O cachorro foi com tudo, rosnando e mordendo. Luke e Will desviaram cada um para um lado.
         — Pega a cabeça de lá que eu pego a de cá. — Disse Will desembainhando a sua katana.
         Uma aura azul começou a rodear as mãos de Luke.
         — Pode deixar. — Disse Luke.
         Luke saltou na cabeça esquerda e Will para a direita. O cão não se moveu, já que cada cabeça queria atacar um. Luke acertou um murro no focinho da cabeça direita de Totó, que balançou tonto. Will cravou sua espada no pescoço da outra cabeça, que gemeu de dor. Luke saltou para a cabeça do meio e socou a cabeça até que o cachorro atingisse o chão. Will pulou por cima dele e passou sua lamina no pescoço de Totó, e a cabeça do meio rolou. As duas outras cabeças grasniram e morreram esgotadas.
         Punchart olhava apavorado.
     — Diga aos seus soldados que estão demitidos, Punchart. — Disse Will. — Se quiser sair vivo daqui.
        O dia estava clareando quando o dono do bar abriu. Não demorou muito para que vários clientes chegaram e se sentaram. A bela garçonete Julie e Emmanuelle também entraram e esperavam no balcão. Todos transpiravam um ar tenso.
         A porta se abriu. Vários estavam crentes que seriam os soldados de Punchart para capturá-los e até executá-los. Mas o que atravessou a porta foi o próprio Punchart, machucado, e com as roupas amassadas, amarrado e amordaçado. Ninguém podia definir seu semblante. Era fúria e medo ao mesmo tempo. Todos ficaram paralisados, temerosos.
         — Está aqui. — Disse Will da porta. Sempre sério.
         — E os guardas? — Perguntou o dono do bar.
         — Tomas os demitiu. Eles deram uma surra nele e partiram. — Disse Luke sorrindo.
         As pessoas gritaram em comemoração. Ofereceram cerveja e comida aos dois. Depois de algum tempo Will pegou o dinheiro do dono do bar que se apresentou como João.
         — Foi um prazer trabalhar para vocês, senhores. — Disse Luke se preparando para sair.
         — Nós que agradecemos, Mercenários. — Disse João.
         Will saiu e Luke ia puxando a porta quando alguém chamou. Se viraram.
      — Eu vou com vocês.
      Era Emmanuelle Hudson, com seu sorriso brincalhão.
      — Você! — Disse Luke.
      — Por que quer ir conosco? — Perguntou Will.
      — Vocês me ajudaram muito ontem a noite. E com a distração de vocês, imaginem quanto vou faturar. — Disse ela com um brilho nos olhos.
     — Você quase nos matou! — Interveio Luke furioso.         — Não vai com a gente.
    Ela o fitou emburrada, se dirigiu para Will com uma carinha de piedade e biquinho.
      — Will, você vai me levar, não vai? — Pediu a ele.
    Will a olhou um pouco assustado e tímido. Fechou a cara e virou o rosto.
      — Por mim, pode ir. — Disse ele indo para o carro.
      — QUÊ? — Perguntou Luke indignado.
     — Dois contra um. — Ela piscou para Luke e foi para o carro.
     Luke franziu a testa e foi atrás.

 — Ei! Esperem aí! Isso não acabou!


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Notas finais do capítulo

*Ravens é a moeda do mundo de Luke. ♥
Qualquer dúvida podem perguntar. :3



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