Gabriele e Tomas escrita por Pirra08, Villen


Capítulo 2
Capítulo 2




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O dia começara bem quente. Quando chegou na cozinha dona Ilda já havia preparado o café, então ele se sentou a mesa com a mãe que por sua vez estava tagarelando algo sobre a vida do padeiro da esquina, mas ele não conseguia acompanhar pois estava muito feliz em poder ter a oportunidade de vê-la outra vez. Comeu com uma agilidade que até ele desconhecia e saiu pela porta, só eram três casas após a dele mas parecia que quanto mais corria mais a casa dela se distanciava.

Quando tocou a campainha, seu coração parecia querer pular para fora de seu peito. Dona Aura, a mãe de Gabi, atendeu a porta, sempre com aquele sorriso bonito.

—Oi, dona Aura, a Gabriele esta? — perguntou com curiosidade.

— Esta sim Tommy, querido, só não sei se ela vai poder te ver pois ela está para sair hoje e não sei se vai ter tempo para visitas por uns dias. Ela está resolvendo várias coisas sobre a questão da clinica que quer abrir, mas quer tentar vê-la? — Disse dona Aura, enquanto Tomas assentia.

Então ele entrou observando tudo ao seu redor. A casa parecia igual ao tempo em que visitava a sua Gabi. Então dona Aura desceu as escadas já falando que ela estava vindo e que ele sentasse para esperar. Mas o nervosismo dele o estava deixando inquieto. Ele queria encontrá-la logo e acalmar seu coração.

Dona Aura se retirou para a cozinha, deixando-o momentaneamente sozinho. Depois voltou com um copo de leite e alguns brioches em um pratinho, e começou a falar enquanto Gabriele não descia. Perguntou com o que ele trabalhava então ele teve que explicar que era uma empresa que fazia trabalhos terceirizados para outras empresas, explicando que tinha que entrar em contato com outras empresas e vender os seus produtos , que na verdade eram serviços.

Ela não cansava de fazer mais e mais e ele já estava quase que entrando em parafusos, quando de repente ela disse que precisava ir a cozinha e ele suspirou aliviado. Foi então que ao olhar para as escadas viu que Gabriele descia, e seus olhos oscilavam entre confiança e timidez. Ele só queria dizer a ela que estava tudo bem é que ele era o mesmo Tomas que ela conhecera, que ele ainda era o seu Tommy.

Só que ela não era mais a Gabriele que ele havia conhecido: seu corpo antes meio franzino agora estava completamente remodelado e ela era dona de um busto parcialmente cheio com uma cintura fina e pernas grossas, seu rosto que antes levava os óculos redondos e também o aparelho agora estava com uma maquiagem leve, sem a incômoda armação dentária e embora ainda precisasse de óculos , os de agora tinham a armação mais fina e delicada.

— Gabriele...- fora tudo o que ele conseguira dizer naquele momento.

Se ele já a achava linda antes, agora ela estava perfeita. Enquanto permanecia embasbacado com a deslumbrante visão que tinha, ela lhe sorriu e seu coração pareceu querer sair pela

boca. Foi como um momento mágico, tudo pareceu parar ao seu redor. E quando ela terminou de descer, que fez que ia em sua direção, ela disse:

— Mãe, você pode me trazer um copo com água? Preciso correr para o escritório do Anderson. - ela disse caminhando em direção a porta da cozinha, ignorando-o por completo. E toda a mágica, todo o transe se desfez trazendo Tomas para a realidade com uma dor muito forte no peito.

Ele a observou ficar parada em frente a cozinha, atônito e chateado com o fato de ela não ter lhe dado importância. "Gabi....Ah, Gabi... Não faz isso. Me deixa explicar tudo, me deixa consertar as coisas entre nós.." Ele pensou, mas ainda sem conseguir externar o que queria de fato.

Dona Aura entregou o copo para Gabriele e saiu dali, indo para a área de serviço. Ela logo pôs-se a beber, evitando ao máximo olhar para Tomas, que agora estava na porta da cozinha. Como ele pode não ter mudado nada? Com exceção ao terno elegante que trajava, ele ainda tinha o mesmo olhar sério e a mesma suavidade na voz. Ela sentiu seu coração derreter ao ouvi-lo chamar seu nome, mas não iria entregar os pontos facilmente. Estava magoada, e quatro anos não haviam sido o suficiente para apagar a mágoa de seu peito.

—Gabi... Você não lembra mais de mim?

—Olha Tomas, não é por nada mas eu estou com muita pressa. Muita mesmo. Sem querer ser grossa mas você escolheu um péssimo horário pra passar aqui em casa. E quanto a sua pergunta, como poderia me esquecer Tomas? Só fazem quatros anos que fui embora. Não é tanto tempo. Enfim, minha mãe disse que eu tinha visita mas não me disse quem era então- ela botou o copo na pia e se virou para encará-lo- O que você quer? Esta precisando de alguma ajuda em algo? — A voz de Gabriele saiu tão áspera e fria quanto ela imaginara, mas ela não se importou. Como ela poderia se importar com ele?

Ele teve a cara de pau de beijar outra enquanto todas as pessoas ao seu redor gritavam que ela havia menstruado depois de uma tramoia ridícula, enquanto a humilhavam e a menosprezavam. Como podia se importar se na hora que ela mais precisou dele, ele estava se divertindo com a pessoa que havia armado tudo aquilo para a garota que ele dizia ser sua namorada? "Como eu poderia esquecer que o meu coração era seu? E como esquecer o que me fez Tommy? Eu amo você, sempre amei e você só me machucou, me magoou."- ela pensou, seu coração acelerado por todo o misto de sentimentos que sentia no momento.

Então ela caminhou lentamente em sua direção, passando por ele e chegando ate a porta da cozinha. E cada vez que seus olhos se encontravam, ela deixava transparecer neles toda a sua tristeza, sem que sua expressão indiferente sofresse nenhuma alteração. E eles ficaram por alguns minutos assim, apenas se encarando. Tanto a ser dito, tanto a ser explicado, a ser esclarecido. Ela precisava dele, assim como ele precisava dela. Ele suspirou e abriu a boca para falar algo mas fora interrompido pelo som da campainha. Ela piscou algumas vezes e fora atender a porta, apenas para sentir um baque no estômago e uma vontade insana de agarrar um pescoço. Na sua frente a pessoa que ela menos queria rever: era a Sandra.

"COMO ESSA GAROTA SE ATREVE A VIR AQUI?" -Pensou Gabriele se controlando ao máximo para não pular no pescoço da perua.

— Oie, me disseram que você havia voltado. Então eu vim confirmar e também perguntar se você iria participar do reencontro deste ano. — Disse Sandra com confiança e uma alegria que dava nojo em Gabriele. Na verdade tudo nela dava nojo. A maquiagem exagerada, o decote muito grande e o vestido ridiculamente curto. Para completar, havia o ar de superioridade que ela portava. Em outros tempos, se Gabriele a visse passar na rua iria querer logo correr e chorar, mas ela não era mais daquele jeito. Não, senhor. Ela havia mudado, e a vontade exata no momento era de arrastar aquela cara pegajosa no asfalto.

Ainda sem acreditar que aquela garota estava ali, e pensando mil e uma coisas, ela ficou parada. Não respondia, não piscava nem nada. Então a Sandra estralou os dedos para chamar a atenção de Gabriele, como se fosse um cachorrinho, e foi ai que Gabriele reassumiu sua pose indiferente e sem pensar duas vezes e respondeu:

— Sim, confirme minha presença, agora se me dão licença- ela se virou para Tomas que ainda estava dentro de casa- Eu preciso mesmo sair, tenho horário marcado e não me atrasarei, tenham um ótimo dia!

Sua voz saiu de forma firme, embora ela não estivesse assim. Depois de tanto tempo havia reencontrado o homem que tanto amava. Será que ele havia ficado contente com sua volta? Ou havia ido ali só pra debochar? Na verdade ela não havia deixado ele falar então, será que ela havia extrapolado? Ele era o único com que ela sempre se importara. E embora não fosse admitir isso, ela havia ficado feliz em vê-lo. Mas ela? Por que ela tinha que aparecer? Maldita Sandra... Ela não podia simplesmente ficar na dela? Tinha que aparecer justo naquele momento? Eram muitos questionamentos, mas ela realmente precisava se conter, esquecer e encontrar-se com o Anderson, seu advogado. Ele a estava ajudando com os papéis para abrir sua clínica.

Ainda na casa de Gabriele, Tomas havia levado um susto ao notar a presença de Sandra, mas a ignorou por completo e tentou correr para falar com Gabriele que já estava indo embora em um táxi, mas se ela havia sido fria antes da garota aparecer, agora ela era um iceberg.

Sandra saiu e se encostou nos ombros de Tomas e disse:

— Ah Tommyzinho, ainda não entendeu que ela é inalcançável? Ela não quer mais você, o que fez com ela magoou demais. O jeito, Tommyzinho, é ficar comigo... hum? O que você acha?

Sandra usou de toda a sua sensualidade para atrair o moço, passando a roçar seu busto no braço dele. Mas Tomas não queria saber dos jogos de sedução de Sandra. Por causa dela, ele havia perdido a chance de falar com Gabriele. Então ele se afastou e respondeu:

— De você tudo o que quero é distância, já te disse, mas já que você parece não entender vou enfatizar: para mim você não é nada, garotas como você são dignas de pena. Vê se me erra. Fique longe de mim e da Gabriele.

Tomas usou de toda a sua ignorância, embora odiasse fazer isso. Mas Sandra era do tipo insistente e só assim se livraria dela. Ele então a deixou só e partiu direto para o trabalho, pois sabia que chegaria atrasado e que iria ouvir reclamações, e que ele teria que aguentar calado.


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