Sonhos de uma noite de verão escrita por Maria


Capítulo 37
Capitulo 37


Notas iniciais do capítulo

Não é miragem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/725938/chapter/37

A brisa da manhã balançava a seda da cortina que cobria a grande janela do quarto. O silencio era quebrado pelos sons do tráfego que parecia anormal para um inicio de dia. Há certa magia que envolve as manhãs que trás paz e serenidade. É como se por um momento seu cérebro esquecesse coisas importantes até se ajustar ao fato de que o dia está começando.  Quem sou? Onde estou? O que está acontecendo? O que eu fiz ontem? São perguntas que às vezes nos fazemos naquelas primeiras pontadas de lucidez quando despertamos.

Regina sorria extasiada deitada em sua cama. Seu cérebro realizava os primeiros sinais de que estava despertando, mas a morena ainda se mantinha de olhos fechados. Parecia que estava sonhando com algo tão bom que não queria acordar. Queria ficar ali, curtindo esse momento de alegria que não lembrava a última vez que o havia sentido. Abraçou seu travesseiro com mais força. Aquele momento de se ajustar a realidade sendo passado de seu cérebro ao seu corpo.

E então a memória veio e automaticamente seus olhos se abriram.

Regina instantaneamente aumentou o sorriso. Não era um sonho bom, por Deus era real. Seus olhos ainda embaçados do sono piscaram diversas vezes para se acostumarem com a visão diante de si. Emma estava virada para o outro lado. Seus cabelos espalhavam pelo travesseiro como uma cascata de cachos dourados emaranhados, o lençol branco cobria até seu quadril enquanto suas costas estavam totalmente nuas. A costela despontava através da pele e a morena sentiu vontade de passear os dedos por aquele caminho tão bem desenhado.

Movimentando-se lentamente esticou seus braços até que as pontas dos seus dedos pudessem tocar aquele pele macia como seda fazendo o caminho de baixo para cima e depois de cima para baixo. Na segunda vez que fazia o percurso sentiu a pele da loira arrepiar e um ronronar gostoso vir abafado pelo travesseiro. Regina sorriu.

—Continua vai. – A voz não passava de um sussurro e Emma se ajeitou nos travesseiro se virando assim que disse. Regina não tinha certeza se a outra estava acordada ou não, mas o lençol havia ido um pouco mais para baixo e a loira estava de bruços na cama. Era uma visão e tanto. A morena desceu a boca até a pele exposta da outra e o caminho que antes era traçado com os dedos foi feito com os lábios.

Novamente Regina começou de baixo, roçou seus lábios na base da coluna de Emma e foi subindo pela linha de sua coluna até seu pescoço onde deixou sua boca demorar. A morena se acomodou parcialmente por cima da loira colando seus corpos passando seus dedos pela pele pálida do braço da outra.

—Acorda dorminhoca. – disse suavemente dando selinhos na nuca da outra afastando seus cabelos para cima. – Temos um tempinho antes de uma reunião que tenho na empresa com minha irmã.

—Humm. – Emma resmungou sobre os travesseiros.

—Sei que a gente dormiu bem pouco, mas eu queria aproveitar esse iniciozinho de manhã com você. – Regina disse com a voz manhosa sentando na cama enquanto seu dedo agora bailava perto do seio direito de Emma.

A loira sorriu ainda de olhos fechados virando seu corpo na cama quente e macia. Swan esfregou os olhos com as mãos e se espreguiçou como um gatinho manhoso derretendo o coração de Regina com a cena. Finalmente as orbes verdes foram abertas e Emma sorriu em contemplação pelo que via. A morena acima de si mordia os lábios num sorriso tão lindo que a loira queria guardar essa cena para sempre. A pele nua brilhava e seus cabelos, há seus cabelos eram a coisa mais linda que a loira já havia presenciado.

—Eu poderia acordar todos os dias assim, sabia? – Disse suavemente levando sua mão para as madeixas castanhas para tentar colocar um cacho teimoso atrás da orelha da morena. – Você é linda. – Emma disse e seus olhos brilhantes transmitiam toda a verdade de suas palavras e além. Não que a morena precisasse da afirmação de alguém, mas Regina sentiu-se linda. Cada poro do seu corpo se sentiu querido, apreciado. Ali era ela na sua forma mais crua, na magia da manhã não havia espaço para fingimentos e Swan estava lhe dizendo que ela era linda. Não só de beleza em si, mas de alma e Regina permitiu-se sentir maravilhosa.

—Não mais que você. – Respondeu em um fio de voz baixando seus lábios de encontro aos da outra. Beijar Emma era o que lhe parecia certo por agora. Regina não confiava em si para dizer qualquer outra coisa sem começar a chorar de emoção. Começaram um beijo lento, daqueles que não se pode compartilhar com qualquer pessoa, que fazem o universo vibrar de alegria. Descanso bem vindo depois de um dia longo. Uma viagem há muito esperada. Chá em dia de chuva. Regina deitou aconchegando-se a loira que a recebeu de braços abertos. Ela queria aproveitar esses instantes antes da vida real a sugar desse sonho como um tapa na cara. Emma fazia carinho no cabelo da outra distraidamente, porém o som de buzinas a tirou de seu torpor e ela parou de acariciar Regina que prontamente reclamou.

—Regina, você disse que tem uma reunião hoje cedo, certo?

—Sim, mas ainda falta muito.

—Você chegou a olhar o relógio querida? – Emma disse carinhosamente.

—Não precisa, eu acordo cedo feito um próprio relógio.

—Acredito piamente nisso, mas isso ocorre quando você não passa mais de metade da madrugada gemendo no meu ouvido. – Regina gargalhou e Swan percebeu que daria o mundo para escutar esse som mais vezes – O sol me parece estar um pouco alto demais para ser tão cedo assim. – Emma completou.

—Como? – Regina levantou de súbito sentando-se ereta mirando a janela. Ela não podia ter dormido tanto assim e ainda estar sonolenta como estava. Regina nunca dormia mais que o necessário e nunca, nunca se atrasava. Virou seu corpo na cama procurando o celular com uma pequena pontada de desespero o encontrando no criado mudo.

—Meu Deus do céu Emma minha reunião com os acionistas é as dez e já são nove e cinquenta. – Disse desesperada. A loira assistiu uma Regina desesperada pular da cama e correr para o banheiro de onde saiu dois minutos depois com os cachos mais amansados provavelmente por conta de uma chapinha ou qualquer outra coisa que a mulher tenha. Viu quando Mills pegou o terno e já estava procurando um par de sapatos resmungando feito uma louca.

—Regina... – Emma tentou, mas a morena a ignorou. – Regina. – Emma tentou de novo vendo que a mulher estava em um transe frenético e parecia ter esquecido de algo bem básico.

—Agora não Emma eu estou muito atrasada. – Um par de Scarpin Christian Louboutin foi colocado no chão e a morena subiu neles com rapidez como se fossem sua segunda pele.

—Regina. – Emma falou de novo e a morena virou para ela já com o terninho dobrado no braço.

—Eu realmente não posso agora Emma. Desculpe estou atrasada. – Disse chegando à loira que estava na beirada da cama selando seus lábios apressadamente já virando para sair, porém foi segurada pela mesma. – Emma – reclamou – estou atrasada querida. -  A voz suave só era traída pela pontada de impaciência contida nela.

—Por mais que eu esteja amando o visual minha bravinha linda, acho que não pega bem ir a uma reunião assim. – Olhou a morena dos pés a cabeça – Se bem que conseguiria tudo que quisesse num look desses, ao menos comigo.

Regina olhou para si e queria abrir um buraco para se enfiar nele. Os saltos eram a única coisa que cobria alguma parte de seu corpo, o restante encontrava-se como veio ao mundo, nu.  Emma segurava o riso enquanto a morena tentava não surtar.

—Por tudo que é mais sagrado eu preciso colocar uma roupa. – disse indo em direção à porta que dava a antessala do quarto de hotel, mas parou quando ouviu o riso de Emma.

—Eu acho que suas roupas ficam por ali. – Regina suspirou derrotada jogando bolsa e blazer no chão. – Emma levantou da cama segurando a mulher pelos braços. – Você fica uma graça toda perdida desse jeito.

—Você me deixa perdida. Ainda mais assim. – Os olhos castanhos filmaram o corpo da outra e Emma riu mais ainda.

—Vai lá cobrir essa lindeza toda que só eu posso ver e deixa que eu ligo para Bex dizendo que você chegará um pouquinho atrasada. – Regina assentiu tomando seu rumo – Nossa que delícia. – Emma disse dando um tapa na bunda de Regina quando a morena lhe virou as costas.

—Não me provoca Swan. – Ouviu Regina dizer antes de discar o numero da amiga ruiva.

Quando Regina voltou já estava devidamente vestida com um vestido preto de recorte simples, um batom vermelho adornava seus lábios e a mulher gritava a um milhão de dólares. Encontrou Emma encostada no portal vestida com a camisa cinza do Mickey, segurava a bolsa de Regina e seu blazer, um copo para viagem em sua outra mão. Ela sorria para a morena que sentia todo seu mundo sorrindo.

—Aqui, pedi um café para você não ir à cova dos leões de barriga vazia.

—Obrigada. – Deu um selinho nos lábios da outra.

—Não tem de quê. Vai que Bex está enrolando todo mundo dizendo que ficou presa no trânsito. – Regina assentiu e cainhou até a porta que saía para o corredor. - Eu te amo. – A porta já estava fechada, mas Emma escutou o ‘eu te amo mais’ vindo do outro lado completado por um “e não ouse pegar sua blusa de volta.”

Emma riu gostosamente de dentro do quarto se abraçando à blusa que cobria uma pequena parte de seu corpo. Ficou algum tempo encostada no batente da porta olhando por onde Regina havia saído. Ainda parecia um sonho tudo aquilo, mas seus músculos doloridos a faziam lembrar que não, aquilo tudo era real. Maravilhoso e real.  

Cada olhar, cada gesto, cada palavra sussurrada ao pé do ouvido pareciam reforçar a base daquela relação. Como se fossem vergalhões construindo o alicerce necessário para que ambas pudessem tocar a vida para frente. Cada vergalhão era uma dúvida a menos. Obviamente ainda faltava muito a ser conversado, mas elas possuíam o que agora julgavam o mais necessário; vontade. Vontade de se entregar uma a outra, vontade de construir uma vida lado a lado, vontade de deixar o passado para trás. Esfregando os cabelos e sorrindo para si mesma Emma começou a dar uma geral na bagunça que deixaram para depois rumar para casa.

—-**--

O cenário ainda era o mesmo. As paredes de vidro ainda lhe davam uma visão avantajada da ilha de Manhattan e a cacofonia das buzinas era suprimida pelo isolamento acústico de sua sala. Tudo parecia estar exatamente igual e ainda assim era infinitamente diferente. Regina era quem estava diferente. As paredes que antes a sufocavam hoje não mais a incomodam e tudo porque era ela que se sentia livre, de dentro pra fora.

A reunião não havia sido fácil, obviamente. Mas ainda assim o humor da Mills mais nova não havia se alterado nem um pouquinho. Ela estava radiante naquela manhã e se possível seu sorriso aumentou ainda mais com a notificação que apareceu na tela de seu celular. Abriu a mensagem de Emma “Ainda posso sentir seus lábios sobre os meus como uma coreografia que eu jamais quero parar de dançar.” Regina suspirou olhando para a tela do seu celular e mordendo o lábio inferior. Céus, ela já morria de saudade de Emma.

—Pela sua cara de ‘estou nas nuvens’, pelo telefonema que recebi hoje cedo, você e aquela branquela cabeça dura se acertaram. – Bex estava encostada o batente da porta sorrindo para a irmã que parecia querer entrar no celular.

—Não chame ela assim. – Ralhou Regina que havia se assustado com a presença da outra.

—Já que não negou é porque se acertaram mesmo. E ela é branquela, oras. – Rebbeca entrou de vez na sala ignorando a fala da irmã. – Conte-me tudo.

—Não há nada que contar Rebbeca. E saiba que é uma branquela falando da outra.

—Deixa de ser chata. Eu achei que tivesse me perdoado. – Usou sua melhor cara de piedade.

—Eu te perdoei, mas isso não quer dizer que eu queira te contar detalhes da minha vida íntima. – Claramente não funcionava com Regina.

—Ah, para com isso. Pra que servem as irmãs se não para saber detalhes pessoais uma das outras? – Regina arqueou uma sobrancelha – Se não me contar vou perturbar a vida da Emma até ela me soltar se você é boa de cama ou não.

—Você não se atreveria! – Regina disse chocada olhando para irmã em alerta.

—Experimente. – A ruiva cruzou os braços na frente dos seios.

—Rebbeca!

—É só me contar se aqueles braços musculosos cumprem tudo que prometem. - Replicou em tom obvio e Regina sentiu suas bochechas irem esquentando gradualmente ao se lembrar de como aqueles braços músculosos cumprem e muito bem tudo que prometem. – Ahá. Eu sabia. – Gritou vitoriosa – aqueles braços te pegaram de jeito então.

—Se você falar dos braços da minha namorada de novo Robin ficará órfã. – a gargalhada que a irmã soltou provavelmente foi ouvida no primeiro andar. – E a senhorita ficará só na imaginação de como aqueles braços e o resto do corpo todinho cumprem o que prometem. – Regina passou a mão na sua bolsa e deu uma piscadela para a irmã antes de seguir para fora.

—-**--

—Não é justo. – Henry repetiu pela enésima vez cruzando seus pequenos braços na frente do corpo enquanto Emma apressava o passo para acompanhá-lo carregando sua mochila do homem aranha nas costas.

—Henry. – Emma disse como em um aviso para o garoto.

—Mas não é justo só você ver a Regina. Por que você não me chamou? – Emma teve que sorrir ao se lembrar do motivo pelo qual seu filho não foi convidado para ir com ela ontem visitar Regina. Fez ainda uma nota mental para matar Ruby que disse ao seu filho onde ela teria ido.  – Ela é minha amiga também. – Enfatizou para demonstrar todo seu desgosto pelo fato de não ter sido convidado para estar com Regina e apertou o passo para andar na frente da mãe. Um perfeito irritadinho. Emma iria responder quando seu celular vibrou em seu bolso.

—Ei! – Sorriu ao atender a ligação da pessoa que era motivo da sua conversa com seu filho. – Não. Eu vim pegar o monstrinho na escola. Ele está bem, mas está bem chateado por não ter sido convidado para ir ao seu encontro ontem. – A loira disse e se maravilhou com a gargalhada rouca e sexy que ouviu do outro lado ligação. – É. Eu sei. Mas acho que ele não quer falar contigo não porque ele saiu andando na frente e parece estar meio emburrado Regina. - Emma disse mais alto para que seu filho pudesse ouvir principalmente o nome da morena. – E se ele está bravo comigo acho que está bravo com você também.

O pequeno Henry até queria continuar andando, mas era Regina que estava falando com sua mãe e ele queria muito falar com Regina, mesmo que isso significasse que teria que voltar alguns passos e se render.

—Eu quero falar com a Regina sim. – Ele disse tímido com uma voz cantada de criança pidona e a loira passou o telefone a ele - Oi – Henry dizia tímido perto de Swan – porque você e minha mãe não me chamaram ontem? – disse baixo e realmente triste fazendo Emma sentir uma pontada de pena do garoto – e vocês tiveram uma conversa de adultos? – perguntou o garotinho torcendo o nariz – Conversas de adultos são sempre chatas. – E Emma teve que morder os  lábios para não rir. Crianças podem ser tão inocentes. – Desculpo. Eu nem gosto de conversa de adultos mesmo. – Henry ficou em silencio por algum momento e Emma se pegava imaginando o que Regina poderia estar falando com o menino que de repente se virou para ela.

—Mãe, eu posso ir a um piquenique com a Regina? – Emma ergueu a sobrancelha curiosa, mas assentiu, devia isso ao filho. Com o consentimento da mãe voltou a conversar com Regina. – Minha mãe deixou eu ir com você Regina. – o menino escutava atento – não sei. – ficou mais um tempo em silencio – tá, tá bom. Beijo Gina. – Henry passou o telefone novamente para a mãe. Emma que percebeu que a morena permanecia na linha voltou a falar com ela.

—Regina?

—Parece que a senhorita está convidada para nosso piquenique senhorita Swan! – A voz rouca da morena ainda causava calafrios na mulher loira.    

—E havia a possibilidade disso não acontecer?

—Certamente, foi bem difícil convencer o homenzinho que deveria nos perdoar. – Emma riu – para nossa sorte Henry não é muito fã da tal conversa de adultos.

—Graças a Deus por isso então. – Ambas riram com vontade.

—Eu vou ter que esperar até sábado para te ver? – Regina perguntou sem fôlego e Emma riu suavemente. – To sendo boba não estou?

—Querida, um dia é um século sem você.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijo beijo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonhos de uma noite de verão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.