O Jogo do Desafio Duplo - Anna & Leoa escrita por Leonardo, Hastings


Capítulo 2
One da Leoa - Como Um Lar


Notas iniciais do capítulo

Desafio:

Título: Como Um Lar
Mínimo/Máximo de palavras: 700 - 1.200
Tema: Amor Proibido
Música: 18 - One Direction
Personagens: Eduardo de Almeida, Luísa Alves, Pedro Amorim, Bianca Sanches



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Como Um Lar

Hoje é um dia maravilhoso pra mim, meus amigos e minha namorada. Nosso primeiro dia no nosso apartamento minúsculo. Pode parecer estranho pra quem está lendo que quatro jovens estejam tão felizes de alugar um lugarzinho tão pequeno, mas pra gente que estava vivendo em uma barraca nos últimos três meses, mano, isso aqui é uma castelo.

Pera, eu acho que comecei a história muito adiantada. E também nem me apresentei, né? Que vacilo, foi mals. Rs.

Meu nome é Bianca. Bianca Sanches. Entretanto, como um pequenino spoiler sobre minha adorável pessoa, podem me chamar de Bi.

Sei o que deve estar pensando agora. “Como assim vocês estavam morando em uma barraca?”. Pois é, galerinha, a vida não é nada fácil pra algumas pessoas. E acho que nós ainda fomos relativamente sortudos por ter a barraca e alguns cobertores. De novo tenho quase certeza do que se passa na sua mente “tá, Bi, para de enrolar e fala logo o que aconteceu com vocês”.

Começou com uma reuniãozinha social na casa do meu amigo Pedro. Era pros pais dele estarem fora em um jantar de comemoração de bodas de porcelana, então o P chamou a gente pra ir lá ver Netflix, comer besteira e beijar um pouco já que nas famílias que tínhamos, se assumir não era uma opção. Só que nem a própria esposa aguentava aquele velho nojento do senhor Amorim por muito tempo e eles voltaram mais cedo e pegaram a gente no flagra.

MANO! Foi um quebra pau sinistreira.

O senhor Amorim gritou “que porra é essa?” e ficou todo vermelho de raiva enquanto fechava os punhos. O P olhou pra onde eu estava com a Luísa (que é minha namorada, óbvio) e disse “corram. Agora!”. Mano, ele não precisou falar duas vezes, peguei a mão da Lu e fiz cosplay de flash. Segundo o Du (Eduardo, minha linda bicha de estimação e namorado do P, óbvio 2.0), assim que a gente saiu, o velho nojento partiu pra cima do P e começou a bater muito, mas tipo muito mesmo nele. O Du todo desesperado sem saber o que fazer pegou a televisão (sim eu disse a fucking televisão!!!) e quebrou nas costas do senhor Amorim. Vários gritos e ameaças depois meu amigo foi chutado pra fora.

Quanto a mim e minha namorada, corremos até estar bem longe e paramos um pouco pra pensar, sabíamos que o Pedro muito provavelmente, tipo quase certeza, ia ser expulso de casa, por isso cada uma separou logo tudo que podia (cobertor, comida, a famosa barraca e tals), enfiamos em mochilas e escondemos onde ele pudesse pegar depois.

Só que eu e o Du rodamos nessa história também. Porque não basta surrar o filho, expulsá-lo de casa e destruir a própria família em nome da moral e dos bons costumes, tem fazer isso com a família dos outros. O senhor Amorim ligou pros nossos pais, contou o que nós estávamos fazendo naquela noite e aí deu merda. O Du ainda tava no hospital com o P quando recebeu uma ligação do senhor Almeida dizendo que ele nem precisava voltar pra casa. Já os meus pais gritaram comigo me chamando de coisas como “abominação” “aberração” “ovelha negra da família” “sapatão nojenta” e bla e bla e bla. Enfim, me chutaram pra fora também. E, mano, não é como se eu fosse querer ficar depois de ouvir tudo isso da boca de gente que deveria me amar acima de tudo.

O caso da Luísa foi um pouquinho diferente. Ela é transexual e os parentes dela tavam tentando aceitar e começar a tratá-la pelo gênero certo. Mas quando o senhor Alves soube que a Lu estava ficando com uma garota, ficou super feliz achando que “o filhão” dele tinha voltado “ao normal” e a manteve em casa, só que tanto ele quando o resto da família estavam desrespeitando totalmente a identidade dela.

Minha namorada se provou uma verdadeira guerreira, e uma pessoa que ama demais seus amigos. Ela aguentou o máximo que pode ficar nesse ambiente só pra pode ajudar a gente com comida e levando as poucas roupas que a gente ainda tinha pra casa dela pra lavar e assim a gente não parecia tão maltrapilho pra procurar emprego. Era muito doloroso quando ela chegava chorando ao ponto de não respirar direito por se sentir humilhada e mesmo assim fazer questão de voltar por nós.

Enfim, no final do mês passado o Du conseguiu um trabalho de empacotador em uma fábrica de gelo e o salário dele veio anteontem, por isso hoje vamos dormir debaixo de um teto de verdade, uhuuuuuuuu (dancinha mental da vitória rsrsrsrsrsrsrs, liga não, eu sou bem retardada). E eu também vou começar a trabalhar, serei caixa de um supermercado a partir de amanhã.

Assim que pegamos a chave do apartamento, Luísa quis vir conosco e nós obviamente a recebemos com braços abertos. Pra morar num lugar pequeno onde não tem nada além de quatro mochilas e duas sacolas de roupas jogadas no chão, seis pares de sapatos, um violão e alguns cobertores. E estamos mais que felizes agora, até pedimos uma pizza pra comemorar. O que é burrice porque até o nosso pagamento do próximo mês, qualquer dinheirinho gasto a toa pode fazer uma puta falta, mas a ocasião merece.

Sabe por quê? Nas nossas casas com um quartinho só pra gente, televisão, wi-fi, fogão, geladeira, máquina de lavar e tudo mais, nos sentíamos presos, como se estivéssemos meio que, sei lá... Amando errado. Sempre ensinaram pra gente que ser quem somos era ruim, feio, pecado... Algo proibido. Mas, mano, desde quando o amor é proibido?

O amor, seja em que forma vier, é simplesmente a coisa mais linda que existe. E eu descobri isso com a minha namorada linda, minha bicha diva de estimação e o segundo melhor amigo que veio junto no pacote e acabou me conquistando num piscar de olhos com piadas bestas e conversas espontâneas.

Então é óbvio que temos que comemorar porque pela primeira vez em 16 anos e meio (pra mim, pro Du é 18, pra Lu e o P 17), aqui sentados em circulo no chão frio e cantando 18 do One Direction enquanto a Luísa toca violão e esperamos a única pizza que vamos comer em muito, muito tempo, não nos sentimos morando só em uma casa. Sentimos de verdade Como Um Lar.


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