A Nerd e as Más Influências

Eu tinha acabado de sair da escola. Trabalho de geografia, algo que eu deveria fazer para entregar na próxima semana. Do lado de fora, Matheus estava lá. Veio em minha direção e me deu um beijo. Senti minhas bochechas arderem. Ele é meu primeiro namorado e é totalmente o oposto de mim. Eu gosto de ficar em casa; ele adora sair. Eu amo estudar; ele repetiu o primeiro ano do ensino médio. É o meu primeiro namoro; sabe-se lá quantas garotas ele namorou. Mas, de alguma forma, ele me conquistou. Conquistou pra caramba. Eu comecei a gostar dele como eu nunca gostei de ninguém antes. E, de alguma forma, um possível milagre, ele também gostou de mim.

— Como foi a aula, pequena? — perguntou, me tirando de meus pensamentos.

— Normal. Tenho mais um trabalho pra fazer. Acho que vou deixar para fazer hoje à noite. — respondi.

— Laís, por favor, pare de ser tão nerd.

— Não sou nerd! — bati com o pé no chão, vendo-o rir.

— Okay. Então, já que você não é nerd, você não irá fazer esse trabalho hoje à noite.

— Não? — fiquei confusa.

— Não. Tenho outros planos para nós dois.

Confesso, fiquei com um pouco de medo do que poderiam ser esses planos. Mas, a curiosidade tomou conta de mim, então aceitei.

— Okay, o que vamos fazer? — perguntei.

— Hoje é aniversário do meu irmão e ele vai dar uma festa. E você vai comigo.

O irmão de Matheus, Caio, fazia 18 anos. Eu sempre fui muito caseira, mas era um convite quase que impossível de recusar. Eu precisava ir. Mesmo que nunca tivesse ido numa festa de verdade antes... Talvez tivesse chegado a hora.

(...)

Matheus ficou de me pegar às 21h, então me arrumei. Não sabia direito que roupas vestir, festas não eram muito meu tipo. Mas eu ia na festa de Caio, por ser meu cunhado. Seria uma boa experiência; assim eu esperava.

Matheus chegou.

— Uau. Que linda a minha namorada.

Acho que nem preciso dizer que meu rosto adquiriu um tom um tanto quanto avermelhado.

— Você também está lindo. — respondi, com um sorriso.

Me despedi de meus pais e fui acompanhando Matheus para a festa. Não era muito longe dali. Mas eu adorava caminhar com ele. Tínhamos alguns poucos meses de namoro, mas era o suficiente para eu sentir coisas que nunca pensei sentir.

Chegamos. Um lugar enorme, com muitos adolescentes, parecia não haver adultos ali. Uma garota veio na nossa direção.

— Matheus! Quanto tempo. — cumprimentou-o. — Quem é? — se dirigiu à mim.

— Essa é minha namorada. Laís.

— Prazer. Ana Vitória. — ela estendeu a mão e eu correspondi.

— É um prazer te conhecer. — sorri.

— Eu vou pegar umas bebidas, vocês querem? — ofereceu Matheus.

— Não, não. Obrigada. — respondi.

— Eu quero! — Ana falou — Bebe também, é bom!

— Eu tenho só 15 anos, não posso ficar bebendo. — justifiquei.

— Não importa. É sempre bom coisas novas. Matheus, traz um drink pra ela também. — ela falou e ele saiu, não tive tempo de impedir.

Depois de alguns minutos, ele voltou com uma bebida que eu não sei bem o nome. Mas era boa. A minha primeira vez bebendo algo alcoólico, era um pouco estranho, mas era bom.

Fomos para a pista de dança, havia muitas pessoas lá. Todas aparentemente bêbadas, com copos nas mãos, algumas com cigarros.

— Olá, Caio! Parabéns! — disse, assim que o vi.

— Obrigado, cunhadinha! Aproveitando a festa? — perguntou, olhando para o copo em minha mão.

— Coisas de Matheus e de Ana Vitória. — ri — Mas sim, a festa está ótima!

— A Ana é terrível, cuidado! — brincou — Vou ali, fique a vontade. — ele sorriu e eu sorri de volta.

Depois de cantarem parabéns, o DJ começou a tocar músicas maravilhosas, coisas que acho que nunca ouvi antes. Na companhia de Matheus e Ana Vitória, eu bebi várias coisas, coisas que eu nunca pensei um dia experimentar. Nós também dançamos muito. "Dançamos", assim, entre aspas, pois ninguém sabia dançar de verdade, mas estávamos felizes demais para nos importar com isso.

Acho que, pela primeira vez na vida, eu fiz coisas que eu queria ter feito, mas nunca tive coragem. Resolvi sair de dentro da festa, fui para o jardim, tomar um ar. Não muito longe dali algumas pessoas fumavam. Nunca entendi o porquê de se drogar. Mas, se eles fazem, quem sou eu pra me meter? Eu, particularmente, prefiro acreditar que outras drogas como chocolate sejam mais gostosas do que maconha, por exemplo. E, talvez, eu estivesse pensando coisas do tipo por estar um pouco alterada, digamos, ahn, tipo... Bêbada? É, okay, eu estava bêbada. Dá pra acreditar? Laís Fernandes, a nerd do primeiro ano, namorando Matheus Novaes e bêbada em uma festa. Uau. Vi que alguém se sentou do meu lado. Era Ana.

— Laís, eu estava aqui pensando. Você namora o Matheus. Deveria saber que ele não é uma boa influência. — falou — Ele é uma má, uma péssima influência. — concluiu.

— É, eu sei. Estou bêbada, numa festa, sem responsáveis, por causa dele. Mas, fazer o quê? Eu sou apaixonada por essa má influência.

— Tem que ser amor mesmo pra aguentar aquele garoto chato, viu? — ela riu — Vai perto da piscina. Ele tá te esperando lá.

— Obrigada. — falei e olhei para a piscina, Matheus estava lá.

Ao me aproximar, o abracei por trás. Como era possível alguém amar tanto quem não tem nada a ver com ela? Destino.

Ele se virou para mim.

— Laís, eu queria te dizer umas coisas.

— Diga.

— Talvez eu não seja o cara que você sempre sonhou, mas eu tenho tentado melhorar. Por você. Eu fumava, lembra? Então, você não me conhecia, mas disse “fumar faz mal à saúde, coleguinha. Não estrague seus pulmões.” — sorri ao me lembrar desse dia — Não sei, acho que me apaixonei por você logo naquele dia. Você roubou meu coração, mas não precisa me devolver. E eu tinha acabado de sair de uma briga quando nos beijamos pela primeira vez. Você estava cuidando de mim. Como um anjo. Talvez você seja mesmo.

Ele era perfeito. Eu estava completamente apaixonada por aquele garoto.

— Então, saiba que eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas eu amo você, okay? E eu não tô falando isso só porque estou bêbado. — completou.

— Eu também amo você.— sorri e o beijei.

Voltamos para a festa, como dois adolescentes bêbados apaixonados. Matheus não me completava, porque eu não estava pela metade. Ele me transbordava porque me amava de tal forma que eu não conseguiria dizer em palavras. E eu posso dizer que aquela noite foi perfeita. Porque nós dançamos a noite toda ao som da melhor canção de todas.