A Profecia de Éter - A arma primordial escrita por George L L Gomes


Capítulo 1
Capítulo 01 - Captura da bandeira


Notas iniciais do capítulo

10 anos após a derrota de Gaia, os semideuses continuam a levar suas vidas cheias de surpresas no acampamento meio-sangue, até que um acontecimento durante a Captura da bandeira mudará para sempre a vida de todos, em especial, 12 semideuses.



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—Vamos? Eles disseram. Vai ser legal! Eles disseram.

Escondido atrás de uma grande árvore, que facilmente poderia ser morada de uma das ninfas da floresta, Angelo resmungava falando para si. Desde que aquela atividade havia começado o jovem rapaz se arrependia de ter aceitado o convite.

Embora para muitos a Captura da Bandeira fosse um dos eventos mais esperado da semana, para o semideus que chegara a menos de um mês no acampamento o jogo era dentre tudo que já havia visto o mais assustador e doentio. Ele estava aos poucos se adaptando a toda essa nova realidade no qual havia sido inserido. No mês anterior ele era apenas um adolescente que lidava diariamente com os problemas comuns como as notas da escola, os primos que o odeiam e o bullying. Agora ele sabia que era filho de um deus, que a morte da sua mãe pode não ter sido um acidente qualquer e que sua vida pode ser muito mais conturbada do que ele poderia um dia ter imaginado.

Angelo perdeu sua mãe quando tinha sete anos de idade. Agora, nove anos depois, ele sentia que as lembranças do rosto, do som da sua voz e o cheiro do perfume dela vinham se perdendo cada vez mais no passado. Após o acidente, um vazamento de gás que explodiu o pequeno apartamento onde eles moravam, o garoto foi morar com seu tio, o único parente vivo. Ele cresceu à sombra dos primos, dois anos mais velhos do que ele. Recebia apenas o básico, o que o fez aprender a ser humilde e apesar de todos os maus tratos que sofreu por parte dos gêmeos nunca se esqueceu do que sua mãe sempre lhe pediu: “Seja bondoso com as pessoas!”— as palavras repetiam-se em na  mente do semideus.

Respirando fundo ele apertou o cabo da espada em suas mãos. A arma era grande e acomodava-se de forma estranha nas mãos do moreno. O elmo que deveria proteger a cabeça do rapaz há muito havia sido abandonado e somente a armadura, que parecia grande demais para ele, o protegia de possíveis ataques. O garoto já tinha perdido a noção de quanto tempo havia se passado desde o início da Captura a bandeira.  A única coisa que tinha noção era que quando o jogo teve início e todos aqueles semideuses partiram em sua direção com armas em punho, ele havia corrido o mais rápido que suas pernas conseguiram. Covarde? Ele preferia pensar que era mais habilidoso fugindo do que lutando.

De fato ele só havia entrado para o time azul porque faltava um integrante e o líder do grupo o havia convidado. E como ele poderia recusar o pedido justamente daquele semideus? Angelo acreditava que se aquele garoto pedisse para que ele se jogasse aos cães infernais, ele só perguntaria como o filho de Apolo gostaria que ele caísse. Desde sempre Angelo teve consciência da sua atração por garotos, mas nunca havia se apaixonado por nenhum. Bem, isso mudara depois que ele chegou ao acampamento. Ele imaginava o que sua mãe diria...

Ela sempre soube da forma de amar que o garoto possuía e jamais o julgou por isso. Para a Sra. Oliander todas as formas de amor eram lindas e válidas. Somente depois que o rapaz passou a morar com seu tio foi que ele conheceu o que significava preconceito e intolerância. Agora ele via-se ali no meio de um campo de batalha, tentando não ser esmagado pelo time adversário e procurando uma bandeira.

Pelo que ele havia entendido o jogo era simples: O objetivo era capturar a bandeira do time adversário e sobreviver durante o processo. Escutou no início do jogo que era permitido quase tudo, exceto danos letais ou que pudessem invalidar permanentemente outro competidor. Angelo se perguntou como os semideuses conseguiriam distinguir, em meio ao calor da batalha, um golpe que poderia invalidar só por um tempo ou para sempre.

    Ele estava no time Azul, o que significava que a bandeira que deveria ser capturada era a bandeira Vermelha. O rapaz não estava de fato empenhado em encontrar a tal bandeira. Aquele jogo era levado muito a sério e ele tinha sido alertado sobre a eterna rivalidade dos times.  Atena contra Ares, Zeus contra Hades, Afrodite contra Demeter, enfim, semideuses e suas discordâncias.

    O semideus foi tirado dos seus pensamentos quando escutou passos vindos à sua direção.  Não querendo descobrir se era de um amigo ou inimigo correu para longe de onde estava, tomando o cuidado de mudar de direção a cada cinco metros, tentando de alguma forma não deixar um rastro aparente. O garoto só voltou a parar quando viu mais à frente um semideus do exército inimigo. Rapidamente escondeu-se atrás de uma árvore e observou.

    O outro semideus ainda mantinha o elmo sobre a cabeça e sua blusa vermelha estava suja e rasgada em vários pontos. A armadura que deveria protegê-lo há muito tempo não estava mais em seu tronco.  Angelo logo percebeu que aquele rapaz havia enfrentado uma luta difícil. Com a respiração ofegante o rapaz do time vermelho, que não era muito maior do que Angelo, descansava com o corpo curvado, apoiando as mãos nos joelhos, tão exausto que havia cometido o erro de baixar a guarda. O garoto sequer percebeu a aproximação das sombras à suas costas. Porém, Angelo percebeu!

    As sombras deslizam rapidamente pelo chão até chegar próximo do guerreiro adversário. Ang assistiu assustado uma moça sair de dentro do véu de escuridão já com a espada em punho, levantada acima da cabeça, pronta para cravar o metal às costas do outro que ainda descansava. Angelo Oliander podia ser um novato no acampamento, mas tinha certeza que aquele tipo de golpe era traiçoeiro e que não era um ataque de invalidez temporária. Agindo por impulso ele saiu do local onde estava escondido, gritando sem pensar duas vezes. -Cuidado!

Como um filme em câmera lenta o moreno viu a semideusa que surgiu das sombras hesitar tempo suficiente para que o competidor do time vermelho pudesse virar e defender-se do golpe, colocando o escudo à frente do corpo. Ambos os combatentes olharam para o rapaz e pela primeira vez ele pode ver o rosto dos semideuses à sua frente. Maior foi o seu espanto quando ele deu-se conta que ajudara o semideus do time adversário contra o ataque daquela  semideusa do time azul.

A menina das sombras o olhava com fúria e desprezo. –Mais que droga! Somos do mesmo time seu novato idiota. Você vai se arrepender por isso! – ela gritou, lançando sobre Angelo um olhar tão ameaçador e frio que o fez sentir como se sua alma estivesse sendo congelada.

—Hey, prole de Hades! Por que não ameaça alguém do seu tamanho. – gritou o semideus do time vermelho, atacando a semideusa em seguida. Sem sequer olhar para trás e ainda fitando Angelo, a filha de Hades voltou a desaparecer nas sombras, fazendo com que o seu oponente apenas cortasse o ar à sua frente. Angelo ainda parado em seu lugar tentava mexer suas pernas enquanto tomava a certeza de que sua atitude havia comprado sua morte.

    Quando ele chegou ao acampamento o filho de Apolo que o acompanhou até o momento da reclamação divina, que ocorria sempre na primeira noite dos semideuses no acampamento, o alertou de cinco coisas sobre o acampamento:

1º Nunca ande desarmado. Apesar de estarem vivendo um tempo de paz, nunca sabe-se quando um monstro louco pode surgir.

2º Nunca olhe, desafie, enfrente ou faça qualquer coisa que atraia a atenção de Ravenna Whitmore, a filha de Hades, a menos que você queira conhecer o pai da moça no submundo.

    Ele acabara de ignorar o segundo aviso.

—Obrigado, novato! –as palavras surgiram de uma voz rouca. A voz do semideus do time vermelho assustou Ang que sequer viu quanto o rapaz havia se aproximado. Oliander apertou mais forte o cabo da espada apontando para o outro a sua frente, que vendo a atitude do garoto sorriu.

—Calma. Não vou te enfrentar! Por mais que eu não queira admitir, você salvou a minha vida e eu te devo uma. – depois de uns segundos de espera, continuou. - Não gosto de dever nada a ninguém, então se precisar de alguma coisa qualquer dia desses, me procure.  – falou enquanto guardava a espada e estendia a mão agora livre para cumprimentar Angelo.  –Victor Morgan, filho de Ares.

    Angelo demorou alguns segundos para associar as palavras e atitudes do outro semideus, estendendo a mão e aceitando o cumprimento assim que passou a surpresa inicial. -Angelo Oliander, filho de Poseidon. – disse de forma meio tímida percebendo a já esperada cara de surpresa do outro semideus. Ang já estava acostumado àquela reação. Assim como os filhos de Zeus e Hades, os filhos de Poseidon eram algo raro e anormal no acampamento por causa do acordo antigo que os três grandes deuses haviam feito tempos atrás de não mais terem filhos com mortais. Ele assim como Ravena Whitmore, filha de Hades, era prova de que os deuses nem sempre cumpriam com suas palavras.

—Então, você é tipo irmão do Per...

—Meio que isso! – Angelo interrompeu, já prevendo o que o filho de Ares iria perguntar. – Não o conheço. E também nunca o vi ou os amigos dele, só pra constar. - disse por fim.

—Deve ser uma droga ser você moleque. – respondeu o outro garoto, rindo de forma debochada. Angelo franziu o cenho sentindo-se ofendido com o comentário. Fitou com mais atenção o semideus a sua frente percebendo que ele era bonito até. Olhos claros, pele branca, mas bronzeado por causa do sol, rosto triangular e de traços bem marcados e sérios. Boca muito vermelha e lábios bem contornados. Esguio, porém com músculos bem definidos, o que dava a aparência bem imponente ao garoto. Angelo chutou que o filho de Ares devia ser um ou dois anos mais velho do que ele, 17 ou 18 anos talvez.

—O que foi? – perguntou Victor, notando que o filho de Poseidon o observava.

—Nada! – respondeu Angelo, ficando vermelho por ter sido pegue na sua observação.

—Você é esquisito. Por que traiu o seu time? – quis saber.

—Eu... Eu não sei. Ela ia te atacar pelas costas e não achei que seria certo. – começou respondendo.  – Além disso, nem percebi que ela era do time azul, muito menos que era aquela garota. – completou, enfatizando o fato de ter traído não somente o time azul, mas também a filha mais perigosa de Hades.

—Bem, temos uma bandeira para capturar. É melhor você seguir pelo lado norte da floresta. Colocamos menos armadilhas por lá. – Victor falou sacando novamente a espada e correndo na direção sul antes mesmo de terminar a frase. Angelo apenas o olhou partir, demorando ainda algum tempo no mesmo lugar antes de correr na direção norte, conforme havia sido orientado pelo filho de Ares.

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Ravenna surgiu das sombras no canto mais escuro e fechado da floresta. Aquela região era onde as árvores eram mais altas e as copas mais fartas, de forma que qualquer um que olhasse para cima não conseguiria ver o céu através das folhas.

Ela sentia-se cansada. Viajar pelas sombras exigia muito do seu corpo, da sua mente, da sua energia. Apesar de ser um poder inerente aos filhos de Hades era necessário ter muita experiência para poder realizar esse tipo de viagem tantas vezes em intervalos tão pequenos. Porém, ela sabia que somente dessa forma conseguia ter uma vantagem sobre o filho de Ares.

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Victor Morgan era dentre todos os campistas o único que conseguia lutar de igual para igual com a semideusa e isso o fazia seu maior rival e ela havia perdido a chance de vencê-lo por causa de um novato. Sua fúria alcançava o ápice. Enquanto descansava e preparava-se para voltar a Captura da bandeira a prole do deus do mundo inferior imaginava diferentes formas de fazer o semideus traidor pagar pelo que havia feito. Ela sequer sabia quem ele era, qual era o seu nome ou seu progenitor e isso pouco a importava. A única coisa que ela sabia era que o pirralho de cabelos cacheados iria se arrepender pelo resto da sua curta vida do momento em que se colocou no caminho dela.

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    Respiração ofegante. A semideusa conseguia ouvir os próprios batimentos cardíacos. Sentia os músculos reclamar, mas sabia que não poderia parar. Pelos seus cálculos o Captura a bandeira já estava encaminhando-se para os cento e vinte minutos, o que significava que o time vermelho já estava próximo da bandeira azul. Ela não podia perder mais tempo, precisava encontrar a bandeira vermelha o quanto antes. Ela traria mais uma vez a vitória para o time azul. Caso eles vencessem, essa seria a quinta semana seguida e eles permaneceriam invictos. -Encontrarei essa maldita bandeira ou não me chamo Luana Mond! – sussurrou a semideusa.

Sendo ela filha de Atena, deusa das estratégias de batalha e da sabedoria, havia orquestrado todo o plano para aquele Captura a bandeira. Esperava, pelos deuses, que os seus companheiros estivessem seguindo suas ordens. Luana sabia que se todos fizessem exatamente como ela havia orientado logo eles estariam comemorando mais uma conquista e quem sabe na próxima vez ela não fosse nomeada líder do grupo. Não que ela tivesse qualquer coisa contra Rafael, prole de Apolo, apenas sabia que ela era quem mais se dedicava às vitórias e eram os seus planos que eles seguiam.

    Luana era uma semideusa experiente. Chegou ao acampamento quando tinha doze anos, já ciente de tudo que a aguardava. Seu pai nunca escondeu que ela era filha de uma deusa grega, preparando-a para tudo que possivelmente enfrentaria. Isso já fazia cinco anos!

    A loira olhou ao redor reconhecendo o ambiente. Sem parar de correr marcou com a ponta de sua lança uma árvore a sua esquerda. Seus aliados saberiam o caminho que deveriam seguir. Seus inimigos dificilmente notariam o sinal, pois cada marca era diferente da anterior, seguindo uma ordem e padrão que somente o time azul conhecia. A prole de Atena aproximava-se cada vez mais do extremo sul da floresta. Conhecendo o time vermelho e a estratégia dos filhos de Zeus e Ares, líderes do outro time, Luana tinha certeza que eles haviam escondido a bandeira em algum lugar por ali. Não demorou muito para que ela tivesse a certeza.

    Poucos metros à sua frente ela viu o objeto sinalizando a sua posição. Á frente da bandeira, duas semideusas montavam guarda! -Típico. – disse sorrindo e caminhando despreocupadamente em direção às guardas. Assim que foi notada pelas adversárias Luana tirou o elmo, apoiando-o debaixo do braço direito. Sua lança firme na mão esquerda. – Olá gêmeas! Que surpresa ver que o time vermelho colocou logo vocês para proteger a bandeira. - falou com verdadeira admiração na voz. – Ou seus líderes estão muito confiantes que vão vencer ou... - antes de terminar a frase, Luana percebeu o que aquilo significava.

    Sem perder tempo a loira pegou o dracma de ouro que guardava preso em um colar no pescoço, jogando-o para cima. Os segundos que o objeto levou para girar no ar e transforma-se em um escudo de batalha dourado foram suficientes para as primeiras flechas atingirem o local onde a semideusa estava.

    A filha de Atena pegou o escudo antes que ele caísse no chão, protegendo-se da chuva de flechas no momento em que ela se intensificou. Ao seu comando o escudo expandiu-se, aumentando assim a sua proteção. –Merda! – Reclamou, sentindo o impacto das setas no escudo.

    O braço de semideusa queimava e ela soube, sem precisar olhar, que fora atingida de raspão em algumas partes do corpo pelas primeiras flechas disparadas. Mentalmente agradeceu à Atena o fato de os atiradores do time vermelho serem bestas que havia sido armadas e escondidas nos arbustos e não atiradores de verdade, como os filhos de Apolo.  Por sorte ou destino, os semideuses do chalé sete eram aliados do time azul.

    Luana sabia que após o ataque das flechas viria o ataque por terra.  A semideusa virou-se a tempo de ver as gêmeas se aproximando com rapidez. Seu escudo logo se retraiu a um tamanho ideal para combate. Lança e escudo na mão, Luana assemelhava-se a sua mãe vestida para o combate.  O elmo, antes preso debaixo do braço agora fora jogado ao chão.

    Sem esperar a investida das duas semideusas, a filha de Atena tomou a iniciativa projetando seu corpo para frente, atingindo a semideusa da direita com o escudo, enquanto deferia um golpe em arco com a sua lança em direção à semideusa da esquerda. O impacto projetado pelo seu escudo fez a gêmea da direita recuar alguns passos, atordoada com o golpe. Um pouco mais habilidosa, ou mesmo com um pouco mais de sorte, a semideusa da esquerda conseguiu escapar por poucos centímetros do golpe deferido com a lança pela filha de Atena.

    Vendo a irmã ser atingida pelo escudo da loira, a semideusa correu ao auxílio da outra. Luana prevendo a atitude da gêmea se pôs no caminho entre as duas. Agora em posição contrária, a lança projetava-se na direção da semideusa que fora atingida anteriormente pelo escudo.

—Todos no acampamento sabem que vocês não são boas combatentes meninas. Além disso, o pouco que sabem lutar o fazem juntas, como tudo na vida de vocês. – Luana sorriu prepotente. As afirmações eram verdadeiras, mas o objetivo de Luana era atingir emocionalmente as duas. – Vocês ainda completam a fala uma da outra? Isso é irritante. Ninguém nem consegue diferenciar qual de vocês é a Sun e qual é a Moon. E vocês nem são gêmeas idênticas!

—Eu juro que se você machucar a minha irmã, filha de Atena... – começou falando à gêmea que agora estava à direita de Luana.

—Eu acabo com você. – terminou a frase a semideusa que tinha a lança apontada na sua direção e que ainda sentia as dores causadas pelo impacto do escudo.

—Arg, irritante como eu disse!  -     Luana reclamou, girando sem sair do lugar, cruzando os braços durante a manobra, para em seguida estendê-los abertos atacando novamente.

    Dessa vez a semideusa que escapara anteriormente da lança não fora rápida o suficiente para escapar do ataque, sentindo a ponta da arma atingir-lhe o peito, cortando a malha da armadura, o couro e o tecido da blusa vermelha que vestia por baixo, arranhando o seio direito e parte da barriga, mesmo que superficialmente.

    A outra que acreditava que seria ela a ser atingida pela lança, novamente fora surpreendida pelo impacto do escudo, que dessa vez a desestabilizou lançando-a ao chão. -Podemos acabar com isso bem rápido. Vocês duas ficam paradinhas no canto de vocês, mostrando que os filhos de Hermes também possuem um pouco de esperteza! Deixem-me pegar essa maldita bandeira e pronto. Tudo acabado! O que me dizem?

    A semideusa que abraçava o próprio corpo fez menção de falar, porém, a atenção das duas filhas de Hermes e da filha de Atena foi atraída pela voz que surgiu de dentro da floresta. -Não pense que vai ser tão fácil assim Luana!

    A voz masculina vinha de um semideus alto e forte, que caminhava da floresta em direção as semideusas, com um exército às suas costas. A maior parte do time vermelho o acompanhava com espadas, lanças, arcos e escudos postos para a batalha. – Você está cercada. – concluiu o rapaz.

    Luana observou o exército às costas do porta-voz do time vermelho. Em seu rosto o mesmo sorriso confiante e nenhum sinal de medo. -Bela estratégia, filho de Hefesto! – elogiou.

—Ricardo. Meu nome é Ricardo Langston e você sabe disso, Luh. – respondeu o semideus, sorrindo largamente para a loira.  –Você sabe que o melhor a ser feito é se render. Portanto, largue as armas e ajoelhe-se.  – dito isto ele olhou para uma jovem loira que estava a sua esquerda, sinalizado algo que provavelmente já haviam combinado.

    A semideusa que o acompanhava entendeu o comando e sacando uma flecha de sua aljava empunhou o arco e caminhou na direção da filha de Atena, apontando a arma. -Sério? Colocar a novata, filha de Afrodite para me render? – perguntou Luana, incrédula. – A menina não consegue sequer segurar o arco sem tremer.

—Cala a boca, vadia! – cuspiu a filha de Afrodite, atirando a flecha a poucos centímetros dos pés de Luana. Surpreendida com a atitude da outra, Luana chegou a mexer o escudo para proteger-se, mesmo sabendo que não conseguiria ser mais rápida do que a seta. Ouviu ainda os murmúrios animados do time adversário mediante a cena.

—Corajoso da sua parte menina. Gostei da atitude! – falou passado o primeiro momento de susto.

—Samantha. – falou a filha de Afrodite.

—Samantha. – Repetiu o nome, confirmando com um balançar de cabeça. – Acho que a Samantha deveria ficar no seu lugar Ricardo! Quem sabe ela talvez deduzisse que eu não seria estúpida de vir para a toca de vocês sem o meu time! –falou Luana, assobiando alto, um som semelhante ao piar de uma coruja.

    Antes que o time vermelho pudesse processar as informações, diversos semideuses do time azul surgiram às costas do time adversário, saltando do topo das árvores onde estavam escondidos. Vários semideuses caindo como chuva azul em cima do exército vermelho.

    Correndo na direção de Samantha, a prole de Atena não deu tempo da garota se defender.  Com um soco ela levou a semideusa de Afrodite ao chão. – Isso é para você aprender a nunca mais chamar outra garota de vadia!

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Do outro lado da floresta, o líder do time vermelho aproximava-se cada vez mais do local onde ele acreditava estar escondida a bandeira do time azul.  Em seus olhos tempestuosos era possível ver a determinação que o movia. Nenhum semideus fora capaz de pará-lo até aquele momento. Vencer a Captura da Bandeira tornara-se questão de honra! Ele sabia que perder mais uma partida só enfraqueceria ainda mais a sua equipe. Gustavo não permitiria que isso ocorresse pela sexta vez.

Ele e Victor, seu braço direito no grupo, havia pensando em diversas estratégias para que tudo desse certo. Mesmo que ele e o outro semideus não se dessem muito bem, na hora de decidir os planos de combate eles entravam em sincronia.  Gustavo admitia que mesmo que o filho de Ares não fosse a pessoa mais sociável do acampamento, quando se tratava de batalhas ele era o melhor. Talvez pelo fato de seu pai divino ser o senhor da guerra.

Alguns minutos depois Gustavo percorreu um caminho íngreme, escorregando e deslizando até estar às margens de um dos trechos do rio que cortava o acampamento. Devido a dificuldade de acesso o local só costumava ser frequentado pelos semideuses mais aventureiros ou mesmo pelas ninfas. Não muito distante dali era possível encontrar a nascente daquelas águas.

Todavia, não foi uma náiade que o semideus encontrou ali. Do outro lado do rio ele viu a bandeira azul, balançando na direção do vento, sozinha. Vastergotland hesitou por algum tempo, sabendo que a situação estava fácil demais. Ciente de que só descobriria a armadilha quando investisse contra a bandeira, o semideus deu mais alguns passos em direção do objeto tão cobiçado.

Não foi preciso mais do que meio metro para que tudo ganhasse vida. Tudo mesmo! As folhas começaram a mover-se sobre os seus pés, as árvores pareciam dançar, um brilho intenso tomou conta do local e por alguns segundos tirou a visão de Gustavo. Com uma das mãos sobre a face o rapaz tentava ver o que acontecia ao seu redor. Em sua mão a espada longa era segurada firmemente. Quando a luz se foi e aos poucos tudo foi tomando forma novamente o rapaz reconheceu seus adversários.

Agora diante da bandeira ele via dois semideuses. A moça era pequena e magra, seus cabelos longos, ondulados e rebeldes combinavam perfeitamente com a sua pele parda, apesar da sujeira notável de terra. Os olhos amendoados eram redondos e traquinas. Ao seu lado estava um semideus alto, forte e indiscutivelmente bonito. Ele sorria largamente e tudo ao seu redor parecia brilhar um pouco mais do que o normal. Aqueles eram o príncipe e a princesa do acampamento, o casal maravilha. -Ellene e Rafael! – afirmou Gustavo, ainda parado em seu lugar. –Como vamos fazer isso? Da forma fácil ou...

Antes que pudesse terminar a sua pergunta, raízes irromperam do chão e como correntes se envolveram nos membros do semideus. Gustavo reagiu rápido cortando algumas delas antes que lhe prendessem, porém as raízes e também ervas daninha surgiam de todas as direções e tão logo o rapaz viu-se imobilizado e suspenso a alguns centímetros do chão. -Por que simplificar se podemos complicar?! – declarou o semideus, sorrindo com a situação. –Ainda bem que vocês não estão para brincadeira.

—Desculpa Gustavo! Você sabe que a Luana nos mataria se deixássemos você pegar essa bandeira! – a voz suave da semideusa tomou conta do local.

—Ellene isso é um jogo. Um lado ganha e o outro perde! – falou o semideus ao lado de Ellene, ainda com o sorriso brilhante nos lábios.

—Rafael está certo Ellene. E em jogos tudo o que importa é a força de vontade de ganhar. Então, tenho certeza que vocês vão perdoar-me também! - Mal o semideus pronunciou a última palavra uma sequência de raios irrompeu os céus, caindo no espaço onde Ellene e Rafael encontravam-se, atirando-os em direções distintas. O crepitar da eletricidade deu vida à Gustavo. Concentrando-se um pouco mais ele conseguiu fazer com que alguns raios caíssem sobre suas correntes naturais, soltando-o. -Obrigado pai. - disse baixinho, enquanto erguia a espada e corria em direção à bandeira, esperando chegar antes que os outros dois estivessem novamente de pé. Preferia não ter que entrar em combate com eles.

Ellene e Rafael eram os tipos de pessoas que conseguiam cativar praticamente qualquer um ao seu redor. Simpáticos, prestativos, bondosos, eles eram semideuses bastante experientes. Gustavo ouvira dizer que Rafael chegou ao acampamento logo depois que Gaia foi derrotada, dez anos antes. Ellene, um ano depois do filho de Apolo. Líderes dos seus chalés, sempre recebiam os novatos e os acompanhavam nos primeiros dias, independente da reclamação divina que acontecia sempre no primeiro jantar do semideus ao chegar ao acampamento.

O semideus filho de Zeus sentia-se próximo daqueles dois e tinha certeza que havia sido justamente por isso que Luana Mond, a líder do time os escolhera para proteger a bandeira. Não era comum do time Azul deixar apenas dois semideuses de guarda. Rafael era o líder do time, mas todos sabiam que quem sempre organizava os planos era a filha de Atena.  Qualquer um que tivesse chegado até a bandeira, exceto um ou dois semideuses em específico, iria sentir-se mal por ter que enfrentar aqueles dois. Ele estava à quase um metro de distância da bandeira, uma das mãos já estendidas para apanhá-la quando uma enorme planta surgiu do solo ficando no seu caminho. A Dioneia inclinou-se na direção do filho de Zeus fazendo-o parar onde estava. Se tinha algo que Gustavo detestava, esse algo eram plantas, ainda mais quando elas poderiam digerir pessoas.

O semideus era o tipo de pessoa que em vez de manter-se ignorante em relação aos objetos de seus temores, ele os estudava, assim saberia uma forma de agir quando os seus pesadelos o atacassem. Nesse caso, o seu pequeno conhecimento em botânica lhe dizia que aquela planta era uma espécie carnívora, que em geral se alimentava de insetos e aracnídeos. Porém, mutante daquele jeito, com o triplo do tamanho que deveria ter, ele sabia que poderia ser o novo prato na dieta da planta se desse mais alguns passos.

Ellene que se levantara, aproximou-se de sua criação, sorrindo de forma travessa. –Gostou da minha amiga, Gus? Não tinha certeza se daria certo já que não costumo criar esse tipo de planta, mas voilà.

—Se eu não tivesse uma ótima memória Ellene, até arriscaria dizer que eu havia contado a você do meu...

Antes de terminar a frase, Gustavo virou-se com a espada em riste a tempo de ver o bastão de Rafael no alto, pronto para o ataque. Jogando-se para o lado, o semideus filho de Zeus caiu girando sobre o corpo, pondo-se de pé logo em seguida, preparado para o próximo golpe. Gustavo tentava esquecer aquele sentimento que o impedia de atacar o filho de Apolo com tudo que possuía. Era visível que Rafael não estava hesitante como ele. -Ok, se é assim que vamos fazer... – Erguendo a espada Gustavo correu na direção do seu oponente.

    O semideus não chegou a concluir seu ataque. Antes disso, tudo ficou completamente negro. Uma escuridão profunda preencheu todo o ambiente e até mesmo o brilho do filho do deus da luz apagou-se. O filho de Zeus tentou perguntar o que estava acontecendo, porém descobriu que assim como a sua visão, sua voz também desaparecera completamente.

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    Quando a filha de Atena explicou para o time Azul o plano de percorrer parte da floresta pulando de árvore em árvore como macacos, muitos campistas acharam loucura. Esses semideuses tiveram completa certeza que o plano era insano quando Luana Mond os informou também que no momento decisivo do Captura da Bandeira eles teriam que saltar do topo das árvores em cima do exército vermelho. Dentre todos os semideuses, apenas um adorou o plano. E este era Kaleb Agron.

    Não era de se estranhar que o semideus gostasse da ideia. Todos no acampamento conheciam Kaleb por três motivos em especial: sua bipolaridade, sua habilidade em contrabando de tudo que fosse considerado ilegal no acampamento e principalmente, por sua loucura. Apesar de não ser um combatente habilidoso, o semideus sempre participava do Captura da Bandeira e vencia aqueles que se colocavam no seu caminho dos jeitos mais esquisitos e até mesmo assustadores que se possa imaginar.  Esses eram alguns dos motivos que faziam com que Luana detestasse ter o rapaz no time, mas como era Rafael quem decidia quem participava ou não, ela não podia fazer nada. Para a semideusa, o líder do time azul era muito emocional, coisa que ela não conseguia ser.

    Mesmo não confiando no semideus louco, Luana o incubira de liderar a parte do exército que caminharia nas alturas. Por todo o caminho Kaleb permaneceu eufórico, pulando de uma árvore para outra, atirando freneticamente as cordas com ganchos, um após o outro, muitas vezes antes mesmo de chegar à próxima árvore.     As cordas eram semelhantes às usadas em rapel e escalada. Capazes de aguentar bastante peso, suas pontas eram compostas por ganchos que se fixavam em diferentes superfícies, incluindo a madeira das árvores.

    Quando ele e todos os demais chegaram ao local indicado pela filha de Atena, que foi marcando o caminho que percorreu conforme havia combinado, puderam assistir com uma visão privilegiada a luta da semideusa com as gêmeas filhas de Hermes.

    Kaleb conhecia bem as duas e já havia feito muitas coisas proibidas e loucas na companhia delas, chegando até á sentir um pouco de pena quando as viu ser atacada pela semideusa filha de Atena. O sentimento logo passou e ele voltou a se divertir vendo-as ser golpeadas com o escudo e a lança.

    Tentando manter-se o mais oculto possível entre as folhas, o semideus quase colocou tudo a perder quando viu o exército do time vermelho se aproximar sorrateiramente. Ele preparou-se para saltar da árvore quando percebeu que nenhum outro componente do seu time o fez. Todos permaneceram imóveis, apenas observando. -Que porra vocês estão esperando? – perguntou, mais alto do que deveria.

    Uma semideusa de olhos coloridos levou o dedo à boca em sinal de silêncio, clamando com os olhos de cores diferentes para que o outro se calasse. Movendo os lábios sem produzir som algum, ela tentou informar algo para Kaleb. -Quê? – Perguntou ele, um pouco mais baixo do que antes. – Fala alto, desgraça! Eu não sei ler porra de… - A semideusa apontou a espada para ele antes que o rapaz terminasse a frase. –O sinal! Temos que esperar o sinal, seu imbecil! – Sussurrou a garota. --Sim, claro! O sinal. Eu sabia, meu anjo. Obrigado pela sua atenção e delicadeza em me... – falou ele de forma doce e sincera, quando foi interrompido pelo piar de uma coruja.

Antes de qualquer um, o semideus se jogou em direção ao time vermelho. Kaleb estivera tão ansioso com aquele momento que sequer lembrou-se de amarrar-se na árvore antes de saltar, agora caindo em queda livre.

    A altura de seis metros diminuiu em segundos e logo o semideus caiu em cima de dois soldados, derrubando mais um no processo. Seu corpo foi tomado por dor e seu pulso esquerdo estava em um ângulo impossível quando ele levantou, sorrindo com os dentes tingidos de sangue. Se o sangue era dele ou de algum dos soldados que ele nocauteou ninguém nunca soube. Kaleb apenas fez uma nota mental para que da próxima vez que saltasse de uma árvore em direção a um exército, lembrar-se de fechar a boca.

    Pouco tempo depois os outros semideuses do time azul surgiram dos céus, iniciando uma grande batalha contra o time vermelho.  Agora que havia conseguido o que queria, Kaleb procurou uma rota de fuga. Seu objetivo nunca fora lutar contra os adversários, ele queria apenas saltar de uma árvore.

    Lembrando-se do seu pulso quebrado quando tentou pegar o cantil de vinho, preso e escondido as suas costas, que ele jurava para qualquer um ser suco de beterraba, gritou de dor amaldiçoando todos os deuses que ele conseguia lembrar o nome e isso atraiu atenção de um semideus do time vermelho, que com o machado levantado acima da cabeça, correu na direção dele.

—Porra, fudeu! – disse, olhando para os lados antes de virar às costas e correr na direção contrária que o adversário, desviando de espadas, flechas e lanças que apareciam de todos os lados em meio à batalha. O rapaz chegou até mesmo a empurrar os semideuses que por alguma razão se colocavam na sua frente, conscientemente ou não, sem se importar com a cor da camisa que eles vestiam. Kaleb chegou a ver que em uma dessas atitudes facilitou a espada de um guerreiro penetrar o ombro daquele que ele empurrou, quando o pobre coitado foi jogado para frente em direção ao metal.

    Com o seu adversário ainda à sua cola ele percebeu que inevitavelmente teria que lutar. Seu tirso preso à cintura o aguardava, mas ele sabia que precisaria das duas mãos para manuseá-lo. Consciente disso ele parou, escorou-se em uma árvore e esperou o adversário. O semideus que o perseguia era um filho de Melinoe e Kaleb sabia que aquela perseguição era bem pessoal. Lembrava-se de ter aprontado alguma coisa com o rapaz, deixando-o extremamente chateado, embora não conseguisse recordar-se exatamente o quê. O que fosse era motivo suficiente para que o garoto quisesse matá-lo agora. -Olá! Você cortou o cabelo? Me parece diferente... – Kaleb falou sorrindo.

—Você vai me pagar agora, seu louco! –rugiu o outro semideus.

—Desculpe, não lembrava que estava devendo a você. –falou com visível confusão no rosto, logo voltando ao sorriso largo e doentio. – Sabe como é!  A maior parte das vezes são as pessoa que me devem. Dinheiro, ouro, favores...

—Vou te matar, bastardo! - vociferou o filho de Melinoe.

—Vai nada! Se fosse mesmo me matar, já teria feito. Em vez de ficar aí parado, me olhando com essa cara de cu e falando merda, poderia ter atirado seu machado na minha cabeça. Ou poderia ter vindo até aqui e me partido ao meio. Podia até mesmo ter convocado um poder da sua mãezinha e arrancado a minha alma. Vocês podem fazer isso, não é? – indagou por último, erguendo uma das sobrancelhas, assustado com a possibilidade que havia sugerido. – Enfim. Podemos pular a parte chata? Não gosto desses diálogos chatos de revista em quadrinho.

    O filho de Melinoe pareceu não acreditar nas palavras que o semideus à sua frente proferia. Passado a incredulidade inicial, apertou com mais força o cabo do machado até os nós dos dedos ficarem quase transparentes e investiu contra Kaleb.

—Espera! – gritou o semideus, erguendo o braço cujo pulso estava quebrado a frente do corpo. Vendo que seu pedido fora atendido pelo outro, como ele acreditava que seria, continuou. – Antes que você me mate, quero perguntar a você uma coisa. –Esperou até ver que podia prosseguir. – Sabe quais são as últimas palavras de alguém antes de se tornar um fantasma?

    O semideus encarou Kaleb com curiosidade e dúvida nos olhos. Sendo ele filho da deusa dos fantasmas e oferendas fúnebres, esperava saber a resposta. Involuntariamente balançando a cabeça, deu espaço para que o outro respondesse. -Eles dizem... Inferno! – Gritou a plenos pulmões ao mesmo tempo em que com a outra mão puxava o seu pulso para a posição normal, recolocando o osso no local.

    Acompanhado do grito gutural veio uma escuridão profunda.

    Kaleb achou por um instante que havia desmaiado, mas percebeu que apesar da dor ele ainda continuava acordado. Pensou que tivera ficado cego, mas de alguma forma sabia que não. Ele conseguia ver a escuridão. Sentia o frio congelar suas entranhas. Os músculos tremiam involuntariamente. Talvez a prole de Melioe tivesse usado um de seus poderes. O semideus filho de Dionísio descartou a possibilidade assim que tentou falar e viu que não havia voz. Um fracote como aquele que o ameaçava não seria capaz de algo tão grandioso. Nem mesmo o som da batalha que acontecia ali próximo a ele podia ser ouvido. Tudo fora engolido pelas trevas.    Surpreso, Kalebe Agron percebeu que estava experimentando uma sensação nova. Pela primeira vez em sua vida o semideus estava sentindo medo.


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