Over Game escrita por Kang SoRa


Capítulo 12
A Fera Penosa


Notas iniciais do capítulo

Annyeong~
Demorou mais saiu.
Novamente, perdão por isso.
"Novamente" ou "como sempre". Escolham vocês.



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— Pera, deixa eu entender... - falo, enquanto me levanto. Minha perna fraqueja e eu quase caio, se não fosse pela mão de Hongbin que me agarra e me impede de ir com a cara no chão. De novo, no caso - Você não me leva para um hotel com medo de que um escândalo comece, mas nem hesita em me trazer para sua casa? Isso não faz sentido!

— Claro que faz! Tem uma grande diferença entre ir para um hotel e te trazer para a minha casa!

— E qual é mesmo?! Pelo que eu me lembre nós estamos num relacionamento… - falo, demorando-me na última palavra, carregada de ironia.

— Ah, é verdade! - ele faz uma cara de desprezo - não tem como uma criança saber a diferença entre sexo casual e um relacionamento!

Palavras erradas, meu caro. Muito erradas.

— Ah, é verdade - começo, na minha melhor forma de desprezo em forma de aegyo — Eu realmente não sei nada sobre isso, ahjussi. Você quer me ensinar?

Percebo sua expressão raivosa quando ouve o “ahjussi”. Entretanto, quando eu termino de falar, ele fica parado, inexpressível. Daí, ele cora.

Sim, ele cora.

— Por que vo…? - começo a perguntar para o ar, mas aí eu me dou conta do que falei - YAAA, VOCÊ ESTÁ CORANDO POR CAUSA DISSO?! QUE TIPO DE IDIOTA É VOCÊ?!

— OLHA QUEM ESTÁ FALANDO!!! SUA CARA ESTÁ MAIS VERMELHA UMA BERINJELA!!!

— QUE TIPO DE COMPARAÇÃO É ESSA, CARA?!!! VOCÊ JÁ AO MENOS VIU UMA BERINJELA?!!!

Depois da gritaria, um silêncio eterno se instaura. Enquanto olhamos um para cada lado, resolvo que ele se tornou insuportável e aponto para a janela, soltando:

— Visão maneira.

— Valeu. Comida?

— Pode ser.

 



Truu… Truu

O barulho do celular de Hongbin vibrando ao seu lado, corta o silêncio que perpetuava reinando na mesa onde estamos comendo. Ele pega o celular e vai para o quarto, o único do apartamento, consequentemente, o mesmo em que estava a alguns minutos atrás.

Hyung…? - consigo ouvir fracamente a voz de Hongbin do quarto.

Olho do meu prato, uma sopa que parece morta, para o de Hongbin, um autêntico lámen. Foi ele quem pediu a comida, alegando que eu precisava comer algo “condizente com meu estado de saúde”. Certeza que ele usou a situação só para tacar hate em mim.

Foda-se.

Pego o lámen dele e começo a comer. Compreenda, eu não tenho nenhum motivo para não fazer isso. Termino de comer, levanto da mesa, passo pelo sofá - desviando de uns cacos de cerâmica no chão, restos do que já deve ter sido um vaso - e sento no chão com a cara quase grudada na imensa janela, que segue o mesmo princípio do quarto.

O apartamento de Hongbin, como já falei, é simples para um idol, o que não o impede de ter um ar de sofisticação. Tem uma cozinha, ligada a sala de jantar por uma ilha - daquelas metade pia, metade bar - que segue para uma sala de tamanho modesto, mas que fica impressionante com a vista.

Enfim, é um bom apartamento. Eu moraria aqui. Obviamente, tirando o fato de que alguém já mora aqui, de que esse alguém é Hongbin e de que tem uma imensa mancha de xixi no sofá. Tirando isso, de boas.

Continuo sentada no chão, tentando descobrir quantos andares tem o prédio mais próximo, quando percebo Hongbin saindo do quarto. Já me antecipando para o que virá, tampo os ouvidos com os indicadores.

— PORRA!!! ESTÁ VIRANDO PESSOAL AGORA!!! - ouço-o gritando, mas bem mais abafado.

Não preciso olhar, pois sinto que ele me olhou e sei que ele está vindo na minha direção. Pode parecer doideira, mas tenho a sensação de que a gente se entende. Nós sabemos como foder com a vida um do outro. Que meigos, não acha?

Sinto meu corpo sendo erguido e virado. Agora, estou em pé com as minhas costas apoiadas no vidro atrás de mim.

Putaquemepariu.

Eu não tenho medo de altura ou, pelo menos, não tinha. Experimenta estar na minha situação que você vai entender. Mais um pouco e consigo enxergar até o andar de baixo.

— ESTOU FALANDO COM VOCÊ!!!

Minha expressão varia entre olhar para baixo em desespero e olhar para ele com desprezo.

— Eu ouvi. Dá para abaixar o tom?

Os braços que antes estavam nos meus ombros agora estão em cada lado da minha cabeça. Estou numa walltrap ou é impressão minha?

— O que você tem contra mim?!! - ele abaixa o tom, mais pelo fato de estarmos perto que por uma possível preocupação com a saúde dos meus tímpanos.

— Pelo amor de Deus, o que eu te fiz?!!

— Bom você me disse que agora é pessoal - foco nos olhos dele, o que se torna uma árdua tarefa quando você tem em mente que há um precipício atrás de você - Fala sério, quando não foi?!! Eu não gosto de você, você não gosta de mim. A gente se odeia.

— Por quê?

— Hum?

— Por que você me odeia?

Fico olhando para ele, enquanto a raiva cresce em mim. Quanto mais eu demoro, mais eu percebo que não sei a resposta para sua pergunta. Percebo que não sei porque eu o odeio. Não sei nem se o odeio, para começar.

Percebo que a raiva que cresce em mim, não é destinada a mais ninguém além de mim. Odeio o fato de estar igual a um haterzinho de merda, que não sabe os porquês, mas insiste nas suas verdades. Odeio o fato de estar me equiparando a um ser desses. Odeio o fato de usar o verbo “estar” ou “equiparar” quando, na verdade, eu sou um desses.

Mas sobretudo, odeio o quanto essa conversa que para ele parece nada, faz com que eu reflita tanto. Não gosto dessa falta de reciprocidade. Eu a odeio.

Odeio o quanto esses pensamentos fazem com que eu me lembre de que não sou melhor que lixo. Também odeio o quanto essa conversa me recorda o que, há muito, já assumi para mim mesma:

O fato que que, na verdade, eu me odeio.

— Eu não te odeio.

As palavras dele ecoam na minha cabeça. A forma com que parecem ter um time perfeito me deixa incomodada. Sinto que ele sabe o que se passa na minha cabeça e isso me deixa desconfortável.

O modo com que me olha não melhora a situação. Seu olhar é calmo e gentil, mas consigo ver algo a mais nele. Vejo pena.

Desvio os olhos, num movimento automático de rejeição. Nunca quis que alguém sentisse pena de mim, bem como não quero que alguém sinta pena de mim. Tenho meu orgulho bem montado e firme.

Ou era assim que pensava. Porque, quando olho em seus olhos novamente, adentrando além da superfície e vendo, nas profundezas, a sinceridade deles, eu percebo.

Eu quero a pena dele.

— Eu também não te odeio.


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Notas finais do capítulo

"A vontade de rir é grande, mas a de chorar é maior" - Juão Paulo, o merda.
Fica a reflexão.



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