Who You Are escrita por anonimo403998


Capítulo 9
Capítulo 9 – Planos para um futuro próximo




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Era quarta-feira. Como eu havia previsto minhas mães só chegaram em casa ontem tarde da noite. Assim que chegaram foram ao meu quarto, conversamos alguns minutos, elas me abraçaram muito e então fomos dormir. Ao menos eu fui dormir. Pela manhã nenhuma das duas desceu e eu não as incomodei, fiz minha corrida na esteira, tomei meu café e saí para a escola.

No final do período de história e durante o intervalo eu e Jill conversamos e eu contei sobre as duas estarem de volta. Falei que ela poderia visitar para conhece-las qualquer dia que ela pudesse. Ela me disse que tentaria uma folga o mais rápido possível e que se não conseguisse talvez pudesse nos fazer uma visita no domingo. Pude notar que ela ainda parecia retraída enquanto conversava comigo. Antes do almoço acabar vi alguém acenar para ela e Jill respondeu erguendo a mão e sorrindo. Reconheci o grupo que parecia chamar por ela. Eram alguns dos que o resto da escola chamava de “esquisitos” apenas por terem um estilo diferente. Eu os achava interessantes, sempre via como muitos deles eram incrivelmente inteligentes.

Ela se despediu de mim e se juntou a eles, assim que ela parou uma garota passou o braço pela cintura dela, por baixo da jaqueta de Jill. A menina tinha o cabelo castanho escuro na altura dos ombros e usava um all star preto, jeans brancos e uma camisa de flanela xadrez. Jill deixou o braço sobre os ombros dela e ambas se integraram a uma conversa do grupo rindo e interagindo com todos. Talvez James esteja mesmo certo sobre a sexualidade de Jill, mas isso não era assunto meu e nem dele. Elas poderiam apenas ter se tornado grandes amigas, não cabia nem a mim nem a ninguém especular.

Segui pra casa. Os carros de ambas estavam na garagem então fui entrando pela cozinha e avisando que cheguei, mas não tive resposta de nenhuma delas. Presumi que estavam no quarto e ri sozinho. Deixei as chaves em cima da mesa e subi as escadas em silencio para não atrapalhá-las. No ultimo degrau ouço risos e, quando me viro vejo a porta no final do corredor aberta.

— Ok – ouvi Erika falar parecendo que estava segurando o riso – Talvez você tenha razão e eu deva mesmo me aposentar dos octógonos – ela completou e eu podia sentir o sorriso dela na forma com que falava.

— Daí poderíamos finalmente tentar a inseminação – disse Alex parecendo sonhadora – Não tem como tentarmos com ambas tendo a rotina que temos.

Não pretendia ouvir escondido, mas o assunto me deixou muito curioso e decidi me aproximar ao invés de seguir para meu quarto. Podia ver a porta no fim do corredor bem aberta e sempre foi um acordo entre nós que, quando a porta estiver aberta, eu sempre posso me aproximar do quarto.

— Só não entendo porque que tem de ser eu a engravidar – falou Erika e eu finalmente entendi sobre o que elas falavam.

— Porque eu quero mais um par de olhos azuis dentro dessa casa – pude ouvir Alex dizer e logo depois cheguei na porta do quarto.

Elas estavam deitadas na cama, Erika com as costas apoiadas em vários travesseiros usando uma camisa de basquete larga e Alex sobre as pernas dela se inclinando para cima. Elas estavam se encarando com devoção e eu não pude deixar de sorrir ao ver como o amor delas permanecia firme depois de tantos anos. Percebi que elas não haviam me notado por estarem distraídas se olhando e resolvi me pronunciar.

— Então, querem dizer que eu vou ganhar um irmão? – perguntei com os braços cruzados me encostando na porta aberta.

— Arthur? – elas me notaram ao mesmo tempo, mas foi Erika quem falou – Não é bem isso. Querido não entenda errado por favor – ela pediu e eu vi como a expressão das duas se tornou culpada.

— Isso – falou Alex se sentando na cama e me encarando também – Estávamos apenas cogitando a possibilidade, não é nada sério nem decidido. Foi apenas uma possibilidade que nos surgiu.

— Mãe, qual o problema de vocês quererem outro filho? – eu perguntei confuso, não entendia o porque delas estarem agindo como se aquilo fosse errado.

— Arthur – chamou Erika me estendendo a mão – Vem aqui meu garoto – ela pediu e eu me aproximei subindo na cama com elas e me sentando do lado vago de Erika que segurou meu rosto me encarando com os azuis iguais aos meus – Nós não precisamos de outro filho, temos o melhor filho que poderíamos pedir. Foi só um pensamento aleatório. Nós amamos ter você como filho.

— Sua mãe tem razão – Alex falou fazendo carinho no meu cabelo – Não precisamos de outro filho.

— Mães – eu disse sorrindo e entendendo o porque daquilo tudo – Vocês acham que eu seria contra a vocês terem um filho? – perguntei com um sorriso de lado mudando meu olhar de uma para outra e vendo as duas abaixarem a cabeça confirmando sem dizer nada.

— Nós amamos você Arty – disse Alex – Não queremos que se sinta mal. Muito menos que pense que iriamos querer trocar você por outro bebê.

— Mãe! – falei deixando meu sorriso aumentar – Eu nunca pensaria nisso – disse segurando as mãos das duas e juntando elas entre as minhas palmas – Eu amo vocês duas. Vocês são minhas mães não importa o que qualquer outra pessoa poderia dizer. E eu amaria ter um irmãozinho ou irmãzinha. Eu nunca me sentiria trocado porque sei o quanto vocês duas me amam. E sei também que as duas tem muito amor ainda sobrando, eu amaria dividir ele com mais um filho de vocês.

Alex começou a chorar e eu e Erika rimos baixinho, mesmo que ela também tivesse os olhos azuis marejados. Abracei Alex e Erika abraçou a nós dois ao mesmo tempo, o tipo de abraço que nos vazia sentir seguros e protegidos. Eu fui muito sincero, sabia que elas nunca me trocariam. Mas sabia também que elas tinham o direito de viver essa experiência. Serem mães de seus próprios filhos, poder carrega-los e acompanhar a gestação do seu início ao fim. E eu, mais do que ninguém, queria estar lá por elas, e pelo meu irmão ou irmã. Apesar de nunca ter pensado a respeito me vi morrendo de vontade de ter irmãos. Lembrei das histórias que Erika me contava sobre meu pai e soube naquele instante que queria ser um irmão mais velho tão incrível pro filho delas quanto meu pai foi para Erika.

— Você é a criança mais maravilhosa que esse mundo já teve sobre ele – disse Erika beijando meus cabelos logo antes de nos soltarmos.

— Eu não sou mais criança, mãe – falei rindo e elas riram comigo.

Eu nunca me importei nem nunca me importaria com elas me tratando como bebê ou criança. Sabia que isso era apenas o amor delas por mim e não ligava para essas formas de tratamento. Ao menos não mais. Riamos por nos lembrarmos dos meus 10 anos em que eu não suportava ser chamado de bebê ou criança. Sorri enquanto elas se olhavam e soube que elas estavam revivendo essas memórias. Dei um beijo na testa de cada uma e me sentei entre as duas passando meus braços em volta dos ombros delas que me abraçaram e se deitaram sobre mim.

— Então, porque não me dizem o nosso planejamento – falei sorrindo e olhando para Erika – Vai mesmo se aposentar?

— Dos octógonos. Manterei minhas aulas na academia, mas ainda tenho uma luta planejada – ela disse deitando a cabeça no meu ombro – Já está tudo arranjado e marcado. Tenho que lutar mais essa vez. Mas posso falar com Melissa ainda hoje, pedir para ela preparar um anúncio sobre minha aposentadoria. Eu teria que falar com a administração do UFC. Eles podem pedir mais algumas lutas antes, apenas para finalizar meu contrato.

— Ou podem negociar apenas sua saída das lutas – falei dando minha opinião – Eles podem querer que você continue como atleta deles para propaganda e divulgações de outras coisas. Se encerrarem seu contrato de vez seria mais difícil contratarem você para publicidade ou algum outro evento não é?

— Ele tem mesmo razão – falou Alex fechando os olhos enquanto segurava minha mão – Melissa quem vai acertar tudo isso. Você sabe o quanto ela esteve atarefada com os gêmeos e Nina nos últimos anos. Agora Nina está com seus 10 anos, acho que Mel iria gostar de ter um pouco de tempo pra ela agora que os filhos estão mais independentes.

— Mãe, você sabe que tia Mel não tem tempo nem pra respirar e não por culpa do serviço – disse rindo comigo mesmo e fazendo as duas rirem também – Os gêmeos cresceram, mas continuam sendo incontroláveis e necessitando de supervisão constante.

— Capaz da Nina ter mais responsabilidade que os dois – disse Erika ainda rindo – De toda forma, Melissa quem saberá o que fazer.

— Tentaríamos a inseminação assim que sua mãe fizesse a última luta – falou Alex olhando para Erika com um sorriso – Eu não tenho como encerrar minha carreira, ao menos não nos próximos dois anos. Temos uma turnê de divulgação do próximo single programada e o próximo álbum vai entrar em processo de finalização. Com certeza teremos mais uma turnê de meses. Mas dependendo de como as coisas acontecerem posso adiar o lançamento do CD pra acompanhar a gestação. Ou adiar o início da turnê ou qualquer outra coisa.

— Está mesmo decidido que serei eu a engravidar então – riu Erika.

— Você será uma grávida linda meu amor – sussurrou Alex e eu sorri com os planos que elas já faziam.

— Decidido! – eu disse um pouco alto e as duas riram – Terei um irmão – sorri largo e as duas riram da minha empolgação.

Eu definitivamente vou amar ser o irmão mais velho.


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