Rosa Negra escrita por Nirv


Capítulo 1
Capítulo 1 - Gralha Azul


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, espero que gostem, eu adorei a ideia. Acho que é uma das minhas melhores one-shots até hoje.

Me baseei na musica Comatose do Skiller, pra quem quiser ouvir...

Beijos e muito brigadeiro pra vocês.



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(N/A: Escutem isso enquanto leem; https://www.youtube.com/watch?v=GVm8pFDxUjU ) 

A maquina Bipa. Você está em coma.

Olhos suavemente fechados, mãos descansando ao lado do corpo, camiseta Branca, Calça de moletom, Cabelos com o azul desbotando, sobrancelhas a fazer. Você dorme profundamente, e sabe que não deveria pensar, cogitar, imaginar, refletir, julgar, não importa o nome. Você apenas não deveria.

A maquina Bipa. Você está em coma.

Estudante de Medicina. Você fez psicologia. Tem que certeza que não deveria estar consciente. Seu tronco cerebral e tálamo não deveriam estar mandando reações químicas para o cérebro, não deveria haver consciência, mas tem.

A maquina Bipa. Você está em coma.

A porta abre lentamente. Seu coração bate no ritmo dos passos, até que a pessoa se aproxima de sua cama. Você ouve o farfalhar das folhas, provavelmente flores, batendo uma contra as outras. Sem odor, elas atiçam sua curiosidade apressadamente. Quais flores seriam? Rosas? Girassóis? Copo de leite? Sua mãe falava que você era uma mistura dessas 3. Copo de leite para pele, mamãe não gostava de te chamar de Branca de Neve. Rosas para personalidade, com diferentes variações, cores e sentimentos. E por fim Girassol, ela dizia que era por que você sempre seguia aquilo que atiçava sua Curiosidade, que te fazia amar incondicionalmente.

A maquina Bipa. Você está em coma.

Você escuta a porta batendo, a pessoa foi embora, sem falar, tocar, sentir. Você apenas fica. Fica em coma, deitada, dormindo, ouvindo a maquina Bipar, contando cada um dos sons que ouve. Você sente raios de sol se espreguiçando pelas frestas de uma provável cortina. Sente o calor em sua pele. Você sente vontade de se espreguiçar, mas não pode. Não poderia nem estar com essa vontade. Você sente seus músculos da mão formigando, dormentes.

A maquina Bipa. Você está em coma.

Outra pessoa entra no quarto. Passos largos, calmos, sapatos silenciosos. Diferente da Anterior, essa pessoa faz barulho. Ela pega uma cadeira, e arrasta para perto de ti. Você sente a respiração dela perto do seu corpo. É um homem. Ele começa a falar.

A maquina Bipa. Você está em coma.

“Sabes, não esperaria lhe ver assim. Seu cabelo azul está desbotando. Você não é a mesma sem o azul, sem a cor em ti. Azul para ti sempre representou sua felicidade sem causa. Isso é tão belo. Azul, uma das cores mais tristes, a cor que para a maioria lembra desanimo, infelicidade, te fazia ficar feliz. O Azul te tornava livre. Lembro quando não foi aceita em alguns consultórios por causa do cabelo... Então você montou o seu, inteiro azul, obviamente.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

“Suas sobrancelhas a fazer... Você mesma sempre as fez, odiava os pelinhos que saiam a mais, que ficavam de sobra. Essa camiseta... Não tem estampa nenhuma, nenhuma cor, nenhum traço dos teus desenhos, e você sabe como eu sempre amei tuas camisetas, aquelas que você mesma fazia. Tuas camisetas de bandas, jogos, livros, coisas que só você entendia, aquelas palavras estranhas, das línguas mais desconhecidas.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

“É tão triste te ver assim. Seus olhos não abrem, e você ama tanto ver, não quero imaginar como a tua cabeça está reagindo a tudo isso, essa falta de cores, essa escuridão.  Você ama cores, ama luz. Mas não gosta de calor... Haja quem te entenda! Por que eu não consigo. Também não consigo imaginar você sem sentir o gosto do seu brigadeiro, que você faz todo santo dia quando chega do trabalho.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

“É estranho não te ver em posição ereta sabia? Tu eras tão viciada nos Chakras, fazia aquela tal de Medidação Chakra dhyana de longos 21 minutos todo santo dia. Imagino que esteja sendo difícil para ti ficar ai deitada sem fazer nada por todo esse tempo...”

A maquina Bipa. Você está em coma

“Sinto falta dos teus gritos no banheiro. Nunca entendi por que você tomava banho quente, e depois uma ducha fria. Você me falava que era para uma tal de “Reprogramação celular”. Eu sempre te achei uma doida, maluca, quase te levei no psiquiatra algumas vezes alias. Você não gostava do termo “Alma Gemea” mesmo viciada em filmes que usavam o termo de monte. Teus filmes amorzinho água com açúcar”

A maquina Bipa. Você está em coma

“Tua playlist era a melhor. Você passava por Mantras, alias, era viciada em Gayatri. Sim eu lembro. Enfim, você passava por Mantras, Taylor Swift, Supercombo, Flyleaf, Skillet, Bring Me the Horizon, Ariana Grande, Scracho, Slash, e Legião Urbana. Tudo no mesmo dia. Tua playlist era tão bagunçada quando tua cabeça.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

“Dança. Acho que eu devo estar sentindo tanta saudades quanto você provavelmente está. Era lindo te ver acordando  e dançando pela casa com um Chalé Dourado com um mantra que eu não lembro o nome. Você nunca fez aula nenhuma, não entendo essa sua fixação por dança. É tão... Espontâneo.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

Você escuta tudo com clareza, sentindo lagrimas molharem a parte interna do teu braço, onde fica a sua tatuagem dos Chakras. Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Índigo e Violeta. Nascimento, sexualidade, Sabedoria, Emocional, Comunicação, Conhecimento, e Ligação ao divino. Base da Coluna, Genitais, Umbigo, Coração, Garganta, Terceiro Olho, e Topo da cabeça. Você tem todos eles alinhados. Os sete.

A maquina Bipa. Você está em coma.

 Salgado. A lagrima é salgada. Ele sempre foi de salgados. Tua mente busca por uma maneira de mostrar que escuta, que entende, compreende. Procura por uma maneira de dizer algo. Um oi, um apertão, uma piscada, um tipo de respiração, um sinal de fumaça. Mas você não consegue. E ele continua.

A maquina Bipa. Você está em coma.

“Queria poder te contar histórias como você me contava. Você escrevia nossa história como se fosse um conto de fadas, um filme água com açúcar, um livro de romance. Sua palavras sempre foram tão belas. Queria te contar a nossa historia pela minha visão, como você fazia para mim sempre que eu estava mal.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

“Mas eu sou horrível com palavras. Com dança. Com tintas. Com papeis. Com cores. Com História. Com psicologia. Com romance. Com gestos. Com tudo que você mais ama. Fui horrível contigo. E peço desculpas por isso, minha Alma Gêmea. Estás livre Minha Gralha Azul.”

A maquina Bipa. Você está em coma.

Ele se levanta, beija sua mão, e vai embora em passos pesados e silenciosos. Seu braço deixou de receber a luz do sol que passava pelas frestas de uma cortina que você sabia que estava no lado esquerdo do cômodo. Você escuta a porta bater de leve e ele deixa o quarto.

A maquina Bipa. Você fica inconsciente.

Escuro. Frio. Amedrontador. Silencioso. Solitário. Está de Noite. Você abre os olhos. Levanta a mão, e tateia a parede a procura de luz. Você levanta e olha para o quarto. Realmente existe uma Janela com persianas. Abaixo da Janela você reconhece sua mala de viagens, e ao lado, uma porta, provavelmente para o banheiro. Olhando para frente você vê um pequeno sofá, marrom, com dois lugares. Você direciona seu olhar para o lado esquerdo do cômodo onde vê uma Rosa negra descansando na cabeceira da maca, ainda em botão. Você fita a Rosa, deita, e fecha os olhos. Vou para ti, Sol.

A maquina não Bipa. Você não está em coma.

“Estado de coma. Não posso acordar sem uma overdose de você”


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Notas finais do capítulo

Estou aberta para ler, ouvir e responder a todas as interpretações do final com muito amor e brigadeiro.

Vejo alguns de vocês nos comentários.
Adios, Mafe



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