Pov’s Melanie

Ouço sons de passos pelo quarto, tento forçar meus olhos a se abrirem, mas eles não me obedecem, não é necessário eu abrir os olhos para saber quem é, só poderia ser uma pessoa.

— Sean – Falo com um sorriso, mas minha voz saí baixa.

— Melanie – O sinto correr e se ajoelhar do meu lado, com muita dificuldade consigo abrir os olhos – Como você está se sentindo? Está com dor? Está com frio? Quer mais uma coberta? – Ele pergunta rápido enquanto arruma a coberta em cima de mim. A única coisa que consigo fazer é rir baixo.

— Você fica fofo, quando está preocupado – Deixo escapar. Ele para de arrumar a coberta e me encara. E no momento que vejo seus olhos azuis esverdeados me encarando, sinto minhas bochechas queimar e puxo a coberta para cima para esconder o meu rosto.

Ouço sua risada e ele puxa a coberta do meu rosto.

— E você fica fofa, quando está com vergonha, agora estamos quites – Ele diz me deixando com mais vergonha, me viro para o outro lado escondendo meu rosto no travesseiro, ele tenta me virar para ele, mas eu não deixo.

— Não – Resmungo apertando meu rosto contra o travesseiro mais ainda.

— Deixa de graça, você precisa comer – Ele fala e minha barriga ronca.

— Tá, mas só por que minha barriga está fazendo barulho – Digo levantando meu rosto, ele dá risada e se põe de pé. Quando eu me sento na cama, a coberta escorrega e eu vejo que não estou vestindo as minhas roupas, acho que ele vê meu olhar de confusão, pois logo explica.

— De manhã quando vim ver como você estava, você não parava de espirrar e tossir e estava com muita febre, então tive que te dar um banho gelado, e como sua roupa estava molhada de suor, eu peguei uma bermuda e uma camisa no meu closet e te vesti com elas – Ele explica.

— Obrigada, eu acho – Digo confusa.

— De nada, agora vamos descer para comer – Ele diz e eu me ponho de pé, e vejo que sua camisa fica como um vestido para mim, a bermuda fica larga, mas a amarro com os cordões. Quando saímos do quarto ele me olha de cima a baixo parando o olhar em meus pés descalços – Espere aqui – Ele diz, saí andando e entra em uma porta mais distante, saindo de lá com algo em sua mão, que eu consigo identificar como um chinelo quando ele já está mais próximo, ele os coloca no chão a minha frente.

— Não preciso de chinelos – Digo e tento andar até a escada, mas ele me segura delicadamente pelo braço.

— Use-os, não quero que você piore novamente – Sean diz – Você não sabe o quanto eu fiquei preocupado com você quando te vi naquele estado – Completa, e eu me dou por vencida calçando os chinelos.

— Posso comer agora? – Peço e ele solta meu braço. Descemos até a cozinha e eu me sento em um dos banquinhos que tem na bancada, Sean começa a preparar alguma coisa para comermos, quando pronto ele coloca sobre a bancada e eu descubro que são panquecas, um prato cheio delas, e com morangos, logo depois ele coloca os pratos, os talheres, os copos junto com uma jarra de suco de laranja, guardanapos e um pote de calda de chocolate.

Ele se senta do meu lado e coloca três panquecas no meu prato e três no seu, junto com alguns morangos, logo depois serve o suco e começa a comer, já eu pego o pote de calda e o viro em cima das minhas panquecas, lambo os lábios quando vejo a calda caindo, quando as panquecas estão quase cobertas, Sean tira o pote de minhas mãos e eu o encaro.

—Isso já é o suficiente – Ele diz pondo o pote de volta na mesa.

— Não, eu... – Tento pegar o pote novamente e ele o coloca fora do meu alcance - Mas, mas...

— Chega de chocolate – Ele diz e eu fico emburrada.

— Chato – Digo e começo a comer.

Quando terminamos de comer ele coloca as coisas na pia e começa a lavar a louça, continuo sentada e fico encarando suas costas, olho para o lado e vejo a calda de chocolate, me estico sobre a bancada, agarro a cobertura e sento novamente.

Olho para suas costas e vejo que ele está distraído com a louça, abro a tampa do pote e coloco um pouco de calda em meu dedo, levando o dedo a boca logo em seguida. Continuo a fazer isso enquanto ele lava as coisas que usamos.

— Então já sabe o que vai fazer? – Sean pergunta, mas eu estou distraída demais para prestar atenção – Melanie – Chama.

— Hum? – Indago colocando mais calda no dedo.

— Eu perguntei se você já sabe o que vai fazer – Ele repete e se vira – Melanie – Briga tirando o pote de calda da minha mão e o guardando de volta no armário – Vá lavar a mão – Ele diz, mas ao invés disso, levo o dedo à boca novamente o chupando até não ter mais nenhum requisito de chocolate.

— Pronto – Digo quando tiro o dedo da boca.

— Pronto nada, vá lavar a mão – Fala sério, me levanto e começo a andar até a pia – Coloca o chinelo – Diz ainda sério e eu bufo.

Volto e coloco o chinelo que fica grande no pé, e refaço o caminho até a pia, lavo minhas mãos e depois de limpas as ergo mostrando para ele.

— Feliz? – Pergunto.

— Você está molhando o chão – Fala olhando para minhas mãos agora molhadas que estão pingando, rolo meus olhos para ele secando minhas mãos na camisa que estou vestindo, deixando marcas de molhado nela.

Sento-me novamente no banquinho e ele fica de pé do outro lado da bancada.

— Você ainda não me respondeu – Sean fala.

— É por que eu não sei o que fazer – Digo chacoalhando meu ombro.

— Em primeiro lugar: como você veio para aqui, sendo que você não tem nada por aqui, nem família e nem amigos?

— Eu tenho você agora – Sussurro abaixando a cabeça na esperança dele não ouvir.

— Você já disse que pegou um avião, certo? – Pergunta e eu assinto – Mas por que você pegou um avião?

— Eu estava fugindo.