Pov's Sean

Estaciono o carro na garagem e o desligo, apoio os pulsos no volante olhando para as sacolas no banco de trás, eu havia perdido a minha cabeça, Melanie irá surtar ao ver tudo isso, provavelmente tentara ir embora novamente, eu não a culparia, que tipo de cara saí comprando o mundo para alguém, balanço a cabeça e rio “Qualquer cara que chama a Megan para ajudar a fazer compras”.

Desço do carro abrindo a porta de trás pegando as sacolas, entro pela porta da cozinha colocando as sacolas em cima da mesa de jantar, coço a cabeça olhando para elas, como explicaria isso para ela?

— Melanie – Chamo ao subir as escadas, ouço o som de algo caindo no chão e uma porta se fechando no mesmo instante em que ela responde.

— No quarto – Sigo para o seu quarto enquanto retiro o paletó, a porta está encostada, ao entrar a vejo encostada na porta do closet me encarando – Você chegou cedo – Ela diz colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Sim, saí do trabalho mais cedo para fazer algumas coisas e resolvi voltar para casa logo depois – Ela ainda me encara – O que você tem feito? – Pergunto desconfiado.

— Você deve estar cansado, está quente hoje né? – Ela ignora minha pergunta – Já sei, vou descer e pegar algo para você beber – Fala e passa voando por mim antes que eu possa dizer alguma coisa.

— Melanie, não – A sigo, mas é tarde demais, ela já está na sala, ela encara as sacolas e me encara em seguida confusa.

— O que é tudo isso?

— Você não deve correr em escadas – Brigo, por que não sei o que mais dizer.

— Desculpa – Ela diz olhando para baixo, mas levanta a cabeça em seguida – Você as desceu correndo também – Me acusa estreitando os olhos.

Abro a boca para dizer alguma coisa, mas tudo que saí é uma risada, ela me acompanha rindo também. Vou até a mesa e puxo uma das sacolas, uma das sacolas com as minhas coisas, para perto de mim, tiro a camisa social de dentro a colocando em frente ao meu corpo.

— O que você acha? – Pergunto, ela anda para mais perto da mesa e se senta em umas das cadeiras me avalizando.

— Roxo? – É a única coisa que ela diz, o que me faz rir novamente – Você saiu mais cedo para fazer compras? – Ela pergunta virando a cabeça confusa.

— Sim, comprei umas coisinhas – Digo e ela olha de mim para a mesa e vice-versa.

— Umas? – Rolo os olhos sorrindo, podia imaginar Mike ao seu lado falando a mesma coisa.

— Eu exagerei um pouco – Ela me olha novamente enquanto tiro um sapato social de outra sacola, os mostro para ela que contorce a boca.

— Você só se veste desse jeito? – Melanie pergunta, agora sou eu que a olho confuso – Você sabe, sempre arrumado e sério.

— Na maior parte do tempo, é o meu trabalho parece sério – Digo e pesco uma sacola a esticando para ela – Aqui, abra uma delas.

— Posso? – Assinto com a cabeça. “Pode fazer o que quiser, só não surte e fuja novamente” Ela olha para a sacola e coloca a mão dentro. “É normal, são só presentes, pessoas gostam de presentes, certo?” Ela retira a mão de dentro da sacola, é um moletom com o desenho do rosto de um coelho, ela o olha.

— É para você – Falo a analisando, ela continua o olhando – O que você acha?

— Para mim? – A voz dela saí baixa, os olhos ainda no moletom.

— Você gostou? Comprei algumas coisas para você. Presentes – Explico olhando para as outras sacolas na mesa, seria um dia longo – Se você não gostar, podemos ir trocar por outras coisas – Sugiro e é quando ouço soluços, meus olhos voam para Melanie que segura a blusa em seu colo enquanto lagrimas descem por seu rosto.

Vou até ela e seguro o seu rosto com minhas mãos, ela vira o rosto me fazendo solta-lo.

— O que foi Melanie? Por que está chorando? – Tiro o moletom e a sacola de seu colo, os colocando no chão, ela olha a mesa, os olhos indo de sacola para sacola, ela ainda chora – Melanie, fale comigo – Peço.

— Presentes? – Assinto e ela olha para o moletom no chão, os olhos confusos – Por quê? – Ela pergunta, e eu não tenho uma resposta, coço a cabeça.

— Eu achei que já que você vai ficar aqui por um tempo, você iria precisar de mais roupas e essas coisas de garotas – Tento – Tudo bem se você não as quiser, foi só uma ideia – “Um impulso incontrolável” Me corrijo em pensamento, Melanie ainda chora, ela tenta dizer alguma coisa que saí inaudível, ela tenta mais algumas vezes, parecendo sempre mudar de ideia sobre o que dizer.

— Eu nunca – Pausa, seus olhos voam para as sacolas – Você não – Pausa, olhos em mim agora – Muito – Pausa, olhos no moletom, ela se abaixa o pegando – Eu não – Ela respira fundo e olha para baixo.

— Você está bem? – Pergunto colocando minha mão em seu rosto, limpando as lagrimas com meu dedão, ela assente e olha para mim, e então eu vejo em seus olhos, ela não chora por estar triste ou assustada e sim por gratidão, ou algo parecido com isso, sorrio para ela me esticando e pegando outra sacola da mesa – Tente essa.

Ela olha para mim pegando a sacola cautelosa, ela a abre retirando um chinelo de dentro, ela me olha erguendo os chinelos na altura dos meus olhos, eu rio a fazendo rir junto. Nós ficamos na sala de jantar por um tempo, abrindo algumas sacolas, ela ainda continha o mesmo olhar no rosto, quando certas sacolas começarem a serem abertas, decido que é um bom momento para subi-las e a deixar abri-las com mais privacidade em seu quarto, depois dela tirar uma lingerie de dentro de uma delas e me encarar, me fazendo tossir descontroladamente.

 – Vamos levar as coisas lá pra cima, aí você pode terminar de abrir as coisas e já arruma as coisas no closet do jeito que você preferir – Ela tem um sorriso bobo no rosto ao concordar olhando para todas as coisas espalhadas pela mesa e pelo chão.

Me levanto do chão estendendo a mão para a ajudar, nós subimos as coisas para o quarto dela, quando abrimos o closet para colocar as sacolas dentro vejo sua mochila caída no meio dele, ergo minha sobrancelha para Melanie que fingi não me notar a olhando.

Quando estou saindo de seu quarto, Melanie segura meu braço me fazendo olhar para ela que olha para baixo.

— Obrigada.

— Sem problemas – Digo o que a faz me olhar.

— Não, é sério, obrigada – E então eu vejo novamente aquele mesmo olhar em seu rosto.